Hoje o
destaque do New York Times é a decadência do comércio de vizinhança de
Nova York.
O que
antes era uma das principais características da metrópole estadunidense - o
pequeno comércio vicinal - que tornava acessível a seus moradores tantos
artigos do dia-a-dia, com as suas lojas
de esquina, a oferecerem um pouco de tudo,
está lenta, mas inexoravelmente, desaparecendo.
É uma
retirada por vezes encabulada, que se esconde em cartazes discretos, a
oferecerem espaços para alugar.
Será
um passado que não mais tem forças para sustentar um movimento viável e que,
muita vez se dissimula em anúncios pressagos de oportunidades disponíveis.
De
certo modo, são recantos que se descaracterizam, à medida que como cicatrizes
mal-disfarçadas, surgem nos quarteirões fantasmas de antigas, movimentadas
lojas de bairro, que trazem na poeira do
abandono o estigma de
um passado que, por um tempo,
quiçá demasiado tempo, se tenha insurgido
contra o súbito deserto de fregueses, antes tão comuns, e agora, traído pelas
portas fechadas, pela patética
pasmaceira da hora que de repente passou, virando
mais esgar do que sorriso, do acanhado, buliçoso comércio de bairro, que
sabe-se lá quando, vira outro recanto de velhas sombras, que sob o mortiço
olhar de rugosos, cansados vendedores de um pequeno comércio que, por falta de
público já secou, ainda que não saiba do
triste evento que não houve, e pareça tenha raiva de quem, por não saber,
inadvertidamente soe as velhas campainhas
para quê ?... para nada!, como dizia um outro poeta que pouco, muito
pouco terá a ver com essa estória, de um canto que sem ser rico, ainda parecia
estar bem, sim senhor, até que de repente baixe a cruel certeza da
irrupção do maldito progresso.
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