sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O que houve com o Ara San Juan ?

       

          A maneira com que a Marinha argentina procurou esconder o que - se tornara impossível ocultar  com o passar dos dias e a falta de qualquer sinal da tripulação do submarino sinistrado, já representava um sinal de culpa das autoridades.
          O Estado procura economizar nos gastos orçamentários cortando nas dotações das forças militares. 
           O comunicado da Marinha foi lido ante os familiares que esperavam num salão da Base Naval de Mar del Plata, mas a leitura não pôde ser concluída porque quando se ouviu a palavra  "explosão" houve fortíssima reação.
            "Foi caótico, um desastre, gente que gritava e outros que tinham de ser contidos porque quiseram agredir os porta-vozes".
            A pergunta que todos os familiares dos acidentados não podem calar é "Porque não nos disseram antes que tinha ocorrido uma explosão?"
            Quando a farsa acabou - no momento em que o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, que antes, com os seus comunicados, que pouco ou nada acrescentavam sobre o desastre, terá engambelado, decerto cumprindo ordens - o que é a regra dentre os militares, qualquer que seja a força que integrem - e quando chegou o momento de explicar a "anomalia hidro-acústica"  (termo que logo seria entendido como 'explosão'.
             Depois de tantos rodeios, a 'verdade' para a advogada  Leguizamón: acabaram de dizer-nos que a explosão foi na quarta-feira, às onze horas (dia do último contato por rádio) que aí houve a explosão e o incêndio, e o submarino afundou a três mil metros (de profundidade). Esta foi a explicação, que, segundo eles, acabam de saber, mas não acredito que não soubessem.
             A mulher do cabo Fernando Santilli, Jessica Gopar, disse que ainda que não espere muito das autoridades, cabe ao Presidente Macri dar explicações.
             O longo silêncio ou a tentativa de ocultar o que não pode ser ocultado, de parte das autoridades argentinas, é o grande desafio que o Estado argentino tem que enfrentar.  E Jessica Gopar, a esposa do cabo  Santilli,  um dos desaparecidos, sumariza o drama desse mutismo: "Não posso acreditar que tenham sido tão cruéis de não nos informar, de deixar que passassem oito dias .  Não posso acreditar."     


( Fonte:  O  Globo )

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