A maneira com que a Marinha argentina
procurou esconder o que - se tornara impossível ocultar com o passar dos dias e a falta de qualquer
sinal da tripulação do submarino sinistrado, já representava um sinal de culpa
das autoridades.
O Estado procura
economizar nos gastos orçamentários cortando nas dotações das forças
militares.
O comunicado da Marinha foi lido
ante os familiares que esperavam num salão da Base Naval de Mar del Plata, mas
a leitura não pôde ser concluída porque quando se ouviu a palavra "explosão" houve fortíssima reação.
"Foi
caótico, um desastre, gente que gritava e outros que tinham de ser contidos
porque quiseram agredir os porta-vozes".
A pergunta que todos os familiares
dos acidentados não podem calar é "Porque não nos disseram antes que tinha
ocorrido uma explosão?"
Quando a farsa acabou - no momento
em que o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, que antes, com os seus
comunicados, que pouco ou nada acrescentavam sobre o desastre, terá engambelado,
decerto cumprindo ordens - o que é a regra dentre os militares, qualquer que
seja a força que integrem - e quando chegou o momento de explicar a "anomalia
hidro-acústica" (termo que logo
seria entendido como 'explosão'.
Depois de tantos
rodeios, a 'verdade' para a advogada
Leguizamón: acabaram de dizer-nos que a explosão foi na quarta-feira, às
onze horas (dia do último contato por rádio) que aí houve a explosão e o
incêndio, e o submarino afundou a três mil metros (de profundidade). Esta foi a
explicação, que, segundo eles, acabam de saber, mas não acredito que não
soubessem.
A mulher do cabo
Fernando Santilli, Jessica Gopar, disse que ainda que não espere muito das
autoridades, cabe ao Presidente
Macri dar explicações.
O longo silêncio
ou a tentativa de ocultar o que não pode ser ocultado, de parte das autoridades
argentinas, é o grande desafio que o Estado argentino tem que enfrentar. E
Jessica Gopar, a esposa do cabo Santilli,
um dos desaparecidos, sumariza o drama desse mutismo: "Não posso acreditar
que tenham sido tão cruéis de não nos informar, de deixar que passassem oito
dias . Não posso acreditar."
( Fonte: O Globo )
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