É oportuno ter presente que a Câmara de
Representantes desde 2010 tornou-se um verdadeiro dinosauro da direita
americana. Tal se deve notadamente ao politicamente desastroso biênio inicial
do jovem Presidente Barack H. Obama.
Os seminários na Casa Branca não foram
um freak fenômeno, mas indicação de
certo distanciamento da realidade da política de parte do novo presidente.
Com a exceção da aprovação da Lei do
Tratamento auto-custeável da Saúde (ACA),
e da Lei de Incentivos à Economia, o primeiro biênio de Obama mostraria esse
relativo afastamento do dia-a-dia da política, em peculiar atmosfera que é
apropriadamente descrita pelo livro de Ron Suskind, Confidence Men (homens de confiança), em que essa ambiência é recriada,
ajudando a entender a débacle da
primeira eleição intermediária, na qual os democratas perderam a Câmara de
Representantes. Se o Senado seria, entrementes, mantido, essa ambiência influenciaria o lider Mitch McConnell a fazer a desastrada promessa
de criar as condições para que Barack Obama fosse presidente de um só
mandato...
Por fortuna, a predição do líder
republicano não se realizaria, embora por uma série de circunstâncias, a
começar pelo gerrymander generalizado
em estados de maioria do GOP, Nancy Pelosi não mais voltaria para a presidência da Câmara de
Representantes. A maioria do GOP por seis anos na Câmara representou,
outrossim, portentosa barreira para o
programa legislativo democrata, que só pôde ser implementado durante o biênio
inicial, com a grande conquista do Obamacare (essa designação, dada
pelos republicanos, com intúito pejorativo, ao cabo se generalizou, chegando
quase a perder o seu ranço
preconceituoso do Tea Party).
Atualmente, prevalece no que tange
à Câmara de Representantes atmosfera de fim de reino (no caso,
republicano), depois do longo - e não
marcado pelo brilhantismo - domínio da Câmara Baixa pelo Grand Old Party.
Segundo aponta reportagem do New York Times, são 27
republicanos na Câmara que ou já a deixaram, ou anunciaram as respectivas renúncias ou
declararam que se encaminham a assumir posições mais importantes.
Por outro lado, prevalecem os
ventos que anunciam o fim do longo período de controle da Câmara pelo Partido
Republicano. Tudo isso junto cria típico ambiente de fim de reino.
Quando se congrega uma atmosfera
que antecipe o fim de supremacia que decerto não se traduziu pelo excesso de
brilho, pode haver no caso que se
configure a expectativa de um retorno democrata, seja com Madam Speaker Nancy Pelosi,
seja com outro representante democrata. Por certo, essa longa
permanência dos republicanos no mando da Câmara de Representantes acaba por
contribuir para que se desfaça a aura associada ao poder, e a respectiva
consequente capacidade de renovação.
De todo modo, a Câmara perdeu
tanto durante a permanência do deputado John Boehner, do Ohio, quanto de seu sucessor Paul Ryan, a vivacidade e o brilho
que a tinham caracterizado em anos anteriores.
É de verificar-se se um novo ciclo há de começar, com a Câmara
de Representantes recuperando uma porção do brilho e da contribuição ao Poder
Legislativo que deixara de evidenciar durante o período que se inicia com o
segundo biênio do Presidente Barack Obama.
(Fontes:
Confidence Men, de Ron Suskind; The New York Times )
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