domingo, 12 de novembro de 2017

Negociações pra valer entre Israel e Palestina?

                     
         Tudo é possível, até mesmo que os Estados Unidos presidam à implantação da Paz (esta mesma, com letra maiúscula) entre Israel e a Palestina.
         Tudo será possível,  apesar dos enormes obstáculos ? Até mesmo com o presidente Donald Trump, que se declara pró-Israel e é crassamente inexperiente em diplomacia?
          Há possibilidade de as negociações serem sérias, se o assistente sênior na matéria, seu genro Jared Kushner, é de religião judaica e também admirador de Israel?
          Há possibilidade de as negociações progredirem, com a má-fé de Benjamin Netanyahu presidindo a banca israelense? Terá ele condições de admitir um país palestino soberano coexistindo com Israel, se toda a sua existência política se tem fundado em desestabilizar a possibilidade da Paz?
           A História do conflito judeo-palestino se estende desde a criação das Nações Unidas, e a perseguição da Paz  se tem tornado cada vez mais difícil, a despeito dos muitos esforços em seu favor, chegando ao cume do otimismo no encontro dos jardins da Casa Branca, com as bênçãos do Presidente Bill Clinton  ao aperto de mãos entre Iasser Arafat e Iytzhak Rabin, em prol da Paz, acalentado pelas  conversações secretas na Noruega.
             Talvez esta tenha sido a maior oportunidade de autêntica Paz entre  a Palestina e Israel, em que ainda subsistia um campo para a esperança, não tingida pelo cinismo e pelo maldito fanatismo que levaria ao assassínio de Iytzhak Rabin, em 1995, por um egresso da extrema-direita israelense.
               Depois veio uma árida, longa estação, em que a direita israelense volta ao poder, e foi o tempo de Ariel Sharon,  com as consequentes Intifadas da reação palestina.  A direita após a súbita partida da ribalta do Premier Sharon, vitimado por um derrame, que o deixou em coma até a morte em janeiro de 2014,  ficou sob a direção do hábil - hélas, demasiado hábil,  Bibi Netanyahu que, com o apoio estadunidense e a inversão no poder respectivo, que se verificara desde os tempos de Kissinger, em que o Estado cliente passa a ter a virtual primazia sobre a direção desse magno problema, o que seria impensável  sob Dwight Eisenhower ou  John F.Kennedy.
                  Desde então, a relação palestino-israelense ficou, na prática, congelada, com Tel-Aviv exercendo relativa primazia, que se fundamenta em estranho equilíbrio: Israel avança sobre as terras que Resoluções do Conselho de Segurança atribuem ao lado palestino. Esse avanço tem o apoio dos Estados Unidos - não há diferenças de monta entre as posições democrata e republicana, por questões de química eleitoral, e isso é muito ruim para Washington, eis que o estado cliente passou a ter o controle da questão oriental, inclusive por conta da imigração de judeus americanos para as terras que são palestinas pelas determinações do Conselho de Segurança.  Todo esse poder de Tel-Aviv tem, no entanto, um alto preço, que é a situação de virtual pária internacional de Israel, eis que toda a própria capacidade de influência internacional desse país cliente de Washington se exerce às expensas da Superpotência.
                      Somente será possível quebrar essa stasis que hoje caracteriza a questão israelo-palestina se Washington reunir força política suficiente para reprimir os excessos de parte a parte. Hoje, a começar pelo Papado e o Grupo dos 77, a Palestina retém a maioria da opinião pública internacional quanto ao escândalo da invasão de suas terras por Israel. A paz só será possível diante do mútuo respeito entre as Partes, porque se Israel tem direito a assegurar a própria sobrevivência, a Palestina - que começou na prática a ser invadida desde a tristemente famosa declaração Balfour, de 1917 - dispõe igualmente do direito a ter o próprio território respeitado, o que na realidade não ocorre até hoje, desde as sistemáticas 'invasões' de colonos judaico-americanos, e a sua condição de terra dependente de Israel,  o que terá de terminar, se se deseja realmente que a Paz volte a reinar no Oriente Próximo.


( Fontes: A Tangled Web, de William Bundy; The New Yorker, The New York Review of Books; The New York Times)

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