Tudo é possível, até mesmo que os
Estados Unidos presidam à implantação da Paz (esta mesma, com letra maiúscula)
entre Israel e a Palestina.
Tudo será possível, apesar dos enormes obstáculos ? Até mesmo com
o presidente Donald Trump, que se
declara pró-Israel e é crassamente inexperiente em diplomacia?
Há possibilidade de as negociações
serem sérias, se o assistente sênior na matéria, seu genro Jared Kushner, é de religião judaica e também admirador de Israel?
Há possibilidade de as negociações
progredirem, com a má-fé de Benjamin Netanyahu presidindo a
banca israelense? Terá ele condições de admitir um país palestino soberano
coexistindo com Israel, se toda a sua existência política se tem fundado em
desestabilizar a possibilidade da Paz?
A História do conflito
judeo-palestino se estende desde a criação das Nações Unidas, e a perseguição
da Paz se tem tornado cada vez mais
difícil, a despeito dos muitos esforços em seu favor, chegando ao cume do
otimismo no encontro dos jardins da Casa Branca, com as bênçãos do Presidente Bill Clinton ao aperto de mãos entre Iasser Arafat e Iytzhak Rabin, em prol da Paz, acalentado
pelas conversações secretas na Noruega.
Talvez esta tenha sido a maior oportunidade de autêntica Paz entre a Palestina e Israel, em que ainda subsistia
um campo para a esperança, não tingida pelo cinismo e pelo maldito fanatismo
que levaria ao assassínio de Iytzhak Rabin,
em 1995, por um egresso da extrema-direita israelense.
Depois veio uma árida, longa estação, em que a direita israelense
volta ao poder, e foi o tempo de Ariel
Sharon, com as consequentes Intifadas
da reação palestina. A direita após a
súbita partida da ribalta do Premier Sharon, vitimado por um derrame, que o
deixou em coma até a morte em janeiro de 2014, ficou sob a direção do hábil - hélas, demasiado hábil, Bibi
Netanyahu que, com o apoio estadunidense e a inversão no poder respectivo, que se verificara desde os tempos de Kissinger, em que o Estado cliente passa
a ter a virtual primazia sobre a direção desse magno problema, o que seria impensável sob Dwight
Eisenhower ou John F.Kennedy.
Desde então, a relação palestino-israelense ficou, na prática, congelada,
com Tel-Aviv exercendo relativa primazia, que se fundamenta em estranho
equilíbrio: Israel avança sobre as terras que Resoluções do Conselho de
Segurança atribuem ao lado palestino. Esse avanço tem o apoio dos Estados
Unidos - não há diferenças de monta entre as posições democrata e republicana,
por questões de química eleitoral, e isso é muito ruim para Washington, eis que
o estado cliente passou a ter o
controle da questão oriental, inclusive por conta da imigração de judeus
americanos para as terras que são palestinas pelas determinações do Conselho de
Segurança. Todo esse poder de Tel-Aviv
tem, no entanto, um alto preço, que é a situação de virtual pária internacional
de Israel, eis que toda a própria capacidade de influência internacional desse
país cliente de Washington se exerce às expensas da Superpotência.
Somente será possível
quebrar essa stasis que hoje caracteriza a questão israelo-palestina se Washington reunir força política
suficiente para reprimir os excessos de parte a parte. Hoje, a começar pelo
Papado e o Grupo dos 77, a Palestina retém a maioria da opinião pública
internacional quanto ao escândalo da invasão de suas terras por Israel. A paz
só será possível diante do mútuo respeito entre as Partes, porque se Israel tem
direito a assegurar a própria sobrevivência, a Palestina - que começou na
prática a ser invadida desde a tristemente famosa declaração Balfour, de 1917 - dispõe igualmente do
direito a ter o próprio território respeitado, o que na realidade não ocorre até
hoje, desde as sistemáticas 'invasões' de colonos judaico-americanos, e a sua
condição de terra dependente de Israel,
o que terá de terminar, se se deseja realmente que a Paz volte a reinar
no Oriente Próximo.
( Fontes: A Tangled Web, de William Bundy;
The New Yorker, The New York Review
of Books; The New York Times)
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