Muita água já passou depois que Miriam
Leitão escreveu seu pressago artigo "O Erro de Janot", a
nove de julho de 2017.
A CPI mista da JBS aprovou a 31
de outubro a convocação do procurador regional da república Eduardo Pelella
para depor na condição de testemunha. Assinale-se que, na gestão anterior,
Pelella foi Chefe de Gabinete e braço direito do ex-Procura-dor-Geral da
República, Rodrigo Janot.
Assinale-se que o procurador em tela é um dos nomes da equipe de Janot envolvidos na operação com suspeita de irregularidades
na condução do acordo de colaboração
premiada do Grupo J&F.
A Nação brasileira já ficara escandalizada com as liberalidades do
ex-Procura-
dor-Geral eis que a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley se
assinalara por perdoar-lhes as infrações cometidas - sem sequer que os referidos
irmãos cumprissem um termo de prisão, condição até hoje sine qua non para todos
os delatores premiados. Se tal ainda não
bastasse, para surpresa da Nação brasileira, sem que a delação houvesse sido formalmente
concluída, seguiu-se a viagem da família para os Estados Unidos, em aeronave
própria da família. Tampouco tardou em
vir à tona alegada operação irregular na Bolsa, com venda de ações do grupo
J&F, com muitas suspeitas de lucro indevido para os irmãos Batista, dado o
próprio conhecimento privilegiado.
Além do procedimento inusitado do Procurador Janot - o chamado "erro" na
expressão de Miriam Leitão - também
participara na faixa do equívoco o ministro do Supremo e responsável pela
prestigiosa carteira da Lava-Jato, Luiz
Edson Fachin, que assentira às facilidades concedidas pelo Procurador-Geral
na negociação da delação premiada da JBS, cujo propósito não pecava por falta
de ambição: a PGR visava a nada menos do que a cabeça do atual Presidente da
República, Michel Temer.
A ambição da Procuradoria-Geral em
colher e, por conseguinte, derrubar o Presidente da República, acarretaria uma
série de irregularidades na condução do acordo de colaboração premiada do Grupo
J&F. Colhida pelo que parece do direito americano, essa colaboração
premiada por colocar aparentemente
no mesmo barco a Procuradoria - pensando poder obter o maior número possível
de imputações contra o Presidente da República - e os suspeitos de crimes
contra a Fazenda Pública, no caso o Grupo J&F, levou a que esses últimos tentassem valer-se
da boa fé dos procuradores gerais. Em consequência desse proximidade, o procurador-geral suspendeu parte dessa delação premiada após executivos do
Grupo citarem o auxílio do ex-procurador
Marcello Miller, suspeito de fazer "jogo duplo" durante as
negociações.
Eduardo Pelella, "braço
direito de Janot" já havia sido "convidado" pela CPI mista para
responder a questões formuladas por parlamentares. Tratando-se apenas de um
'convite', Pelella pensou que poderia recusá-lo. Nesse sentido, justificou ele
que, na sua qualidade de membro do MPF, tem direito ao sigilo.
Como seria de prever-se, os
parlamentares rechaçaram o argumento de Pelella. Diante da negativa, eles aprovaram em votação simbólica um
requerimento de convocação. Na avaliação dos congressistas, ele é obrigado a
se apresentar ao cole-giado, sob pena de
ser submetido a condução coercitiva. Nesse sentido, o depoimento de Pelella foi
agendado para o dia 7 de novembro.
A convocação foi criticada
pela Associação Nacional dos Procuradores da República, mas se prevê que o
procurador em tela compareça.
Mais difícil será ainda que a
Comissão logre ouvir o próprio ex-Procurador-Geral, Rodrigo Janot. Ele já teve convite aprovado
pela CPI mista e, segundo o presidente
da Comissão, Senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) a intenção é marcar uma
audiência no fim de novembro ou no início de dezembro p.f. "Está aprovado
requerimento de convite de Janot. Vamos ver se ouvimos (Janot), deve ser depois
do (empresário) Wesley Batista, dia oito de novembro, e do Pelella", disse Ataídes. Ainda nesse sentido, um
requerimento para transformar o convite em convocação foi apre-sentado pelo
relator da CPI mista, deputado Carlos Marun (PMDB-MS). Dentre o programa da CPI mista, os parlamentares
convocaram igualmente o empresário Victor Garcia Sandri, do Grupo Empresarial
Cimentos Penha. Sandri é próximo do ex-ministro do PT, Guido Mantega.
Nesse contexto, o empresário Joesley Batista, um dos donos do Grupo
J&F afirmou, em acordo de colaboração premiada, que pagava suborno a Mantega por meio de Sandri para conseguir aportes do
BNDES. Ainda nesse contexto, o ex-Ministro Mantega disse conhecer Sandri, mas
nega ter cometido irregularidades.
Por fim,
procurado pelos repórteres do Estado de S. Paulo, o procurador- regional da
República, Eduardo Pelella, não quis
comentar a sua convocação pela CPI mista
da JBS.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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