quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O 'erro' de Janot e os irmãos do grupo J&F

                   
         Muita água já passou depois que Miriam Leitão escreveu  seu  pressago artigo "O Erro de Janot", a nove de julho de 2017.
        A CPI  mista da JBS aprovou a 31 de outubro a convocação do procurador regional da república Eduardo Pelella para depor na condição de testemunha. Assinale-se que, na gestão anterior, Pelella foi Chefe de Gabinete e braço direito do ex-Procura-dor-Geral da República, Rodrigo Janot.
         Assinale-se que o procurador em tela é um dos nomes da equipe  de Janot envolvidos  na operação com suspeita de irregularidades na condução do acordo de colaboração premiada do Grupo J&F.
         A Nação brasileira já ficara escandalizada com as liberalidades do ex-Procura-
dor-Geral eis que a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley se assinalara por perdoar-lhes as infrações cometidas - sem sequer que os referidos irmãos cumprissem um termo de prisão, condição até hoje sine qua non para todos os delatores premiados.  Se tal ainda não bastasse, para surpresa da Nação brasileira, sem que a delação houvesse sido formalmente concluída, seguiu-se a viagem da família para os Estados Unidos, em aeronave própria da família. Tampouco  tardou em vir à tona alegada operação irregular na Bolsa, com venda de ações do grupo J&F, com muitas suspeitas de lucro indevido para os irmãos Batista, dado o próprio conhecimento privilegiado.
           Além do procedimento inusitado do Procurador  Janot - o chamado "erro" na expressão de Miriam Leitão - também participara  na faixa do equívoco  o ministro do Supremo e responsável pela prestigiosa carteira da Lava-JatoLuiz Edson Fachin, que assentira às facilidades concedidas pelo Procurador-Geral na negociação da delação premiada da JBS, cujo propósito não pecava por falta de ambição: a PGR visava a nada menos do que a cabeça do atual Presidente da República,  Michel Temer.
            A ambição da Procuradoria-Geral em colher e, por conseguinte, derrubar o Presidente da República, acarretaria uma série de irregularidades na condução do acordo de colaboração premiada do Grupo J&F. Colhida pelo que parece do direito americano,  essa colaboração premiada  por colocar aparentemente no mesmo barco a Procuradoria - pensando poder obter o maior número possível de imputações contra o Presidente da República - e os suspeitos de crimes contra a Fazenda Pública, no caso o Grupo J&F,  levou a que esses últimos tentassem valer-se da boa fé dos procuradores gerais. Em consequência desse proximidade, o procurador-geral suspendeu parte dessa delação premiada após executivos do Grupo citarem o auxílio do ex-procurador  Marcello Miller, suspeito de fazer "jogo duplo" durante as negociações.

              Eduardo Pelella, "braço direito de Janot" já havia sido "convidado" pela CPI mista para responder a questões formuladas por parlamentares. Tratando-se apenas de um 'convite', Pelella pensou que poderia recusá-lo. Nesse sentido, justificou ele que, na sua qualidade de membro do MPF, tem direito ao sigilo.
              Como seria de prever-se, os parlamentares rechaçaram o argumento de Pelella. Diante da negativa,  eles aprovaram em votação simbólica um requerimento de convocação. Na avaliação dos congressistas, ele é obrigado a se apresentar  ao cole-giado, sob pena de ser submetido a condução coercitiva. Nesse sentido, o depoimento de Pelella foi agendado para o dia 7 de novembro.
              A convocação foi criticada pela Associação Nacional dos Procuradores da República, mas se prevê que o procurador em tela compareça.
               Mais difícil será ainda que a Comissão logre ouvir o próprio ex-Procurador-Geral,  Rodrigo Janot. Ele já teve convite aprovado pela CPI mista e, segundo o presidente  da Comissão, Senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) a intenção é marcar uma audiência no fim de novembro ou no início de dezembro p.f. "Está aprovado requerimento de convite de Janot. Vamos ver se ouvimos (Janot), deve ser depois do (empresário) Wesley Batista, dia oito de novembro, e do Pelella",  disse Ataídes. Ainda nesse sentido, um requerimento para transformar o convite em convocação foi apre-sentado pelo relator da CPI mista, deputado Carlos Marun (PMDB-MS).    Dentre o programa da CPI mista, os parlamentares convocaram igualmente o empresário Victor Garcia Sandri, do Grupo Empresarial Cimentos Penha. Sandri é próximo do ex-ministro do PT, Guido Mantega.
                 Nesse contexto, o empresário Joesley Batista, um dos donos do Grupo J&F afirmou, em acordo de colaboração premiada, que pagava suborno a Mantega por meio de Sandri para conseguir aportes do BNDES. Ainda nesse contexto, o ex-Ministro Mantega disse conhecer Sandri, mas nega ter cometido irregularidades.
                 Por fim, procurado pelos repórteres do Estado de S. Paulo, o procurador- regional da República, Eduardo Pelella, não quis comentar a sua convocação  pela CPI mista da JBS.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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