quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Decisão polêmica de Gilmar Mendes

                                                             
        O  Ministro Gilmar Mendes, do STF, atendeu ontem a  um pedido da defesa de Sérgio Cabral e suspendeu a transferência do ex-governador do Rio para um presídio federal em Campo Grande (MS).
        A mudança havia sido determinada pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, do Rio, que é responsável pelas ações da Lava Jato no Rio de Janeiro, e confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região.
        O pedido para que Cabral fosse enviado a uma penitenciária de segurança máxima fora do Rio partira do MPF após o ex-governador afirmar, em depoimento a Bretas, ter a informação de que a família do magistrado negocia bijuterias. Na ocasião, o juiz afirmou que a menção a seus familiares poderia ser subentendida com algum tipo de ameaça.
         Para Gilmar Mendes, contudo, não há nada de "relevante" no fato de Cabral ter citado em depoimento que familiares de Bretas vendem bijuterias. Na decisão, o ministro alega que a menção à atividade profissional da família do juiz "não só é exercida publicamente como foi publicizada pelos próprios membros da família Bretas".
         "Não há nada de indevido no interesse do preso pelas reportagens sobre a família de seu julgador. Tampouco o acesso do preso à notícia é irregular. Na forma da Lei de Execução Penal, o preso tem direito a manter 'contato com o mundo exterior', por meio de leitura e de outros meios de informação", aduziu o ministro.
          Ainda na avaliação de Gilmar, a eventual transferência para esta- belecimento federal de segurança máxima é "medida excepcional" e, no caso de Cabral, não seria justificada. "O fato de o preso demonstrar conhecimento de uma informação espontaneamente levada a público pela família do magistrado não representa ameaça, ainda que velada. Dessa forma, nada vejo de relevante na menção à atividade da família do julgador", afirma Gilmar em seu despacho.
              No contexto, não é a primeira vez que o Ministro Gilmar Mendes reverte uma decisão do juiz Bretas. Além de suspender a transferência de Cabral, Gilmar já havia revertido prisões decretadas pelo juiz fluminense - as mais polêmicas, em relação ao empresário Eike Batista e ao empresário Jacob Barata Filho, conhecido como "Rei do ônibus".


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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