segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Intubado, Maguito é eleito

           O pleito  de 29 de novembro de 2020 apresenta no transcurso de seu segundo turno algo que evoca  a eleição interiorana, como nos surge no estranho episódio da eleição do prefeito de Goiânia, Maguito Vilela.

          Como noticia a Folha , internado e sedado no Hospital Albert Einstein, para tratamento da Covid 19, o ex-governador  Maguito  Vilela (MDB), foi eleito em dois turnos prefeito de Goiânia.  Maguito obteve 52,60% dos votos válidos, ante 47,40% de seu adversário, o senador Vanderlan Cardoso (PSD).

           Na verdade, o político Maguito Vilela não sabe que foi eleito  A todo o processo - desde o dia quinze, data do primeiro turno, quando foi intubado por causa de uma piora inflamatória e infecciosa  nos pulmões - ele permanece alheio, mergulhado neste sono hospitalar induzido, longe da realidade circunstante. 

             Assim, as equipes médicas e de enfermagem  o atendem como se fora um vegetal - nessas condições  o ex-governador não tem contato com a realidade circunstante. 

             Compõe o quadro o vice-prefeito eleito, Rogério Cruz (Republicanos), é pouco conhecido pela população, mas poderá assumir os primeiros dias de gestão na capital.

              Cruz  é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus e está no segundo mandato de vereador de Goiânia. Ele declarou à Justiça Eleitoral  patrimônio no valor total de R$ 81,39.

               Durante o segundo turno, a campanha do contendor Senador Vanderlan  Cardoso - que teve o apoio do governador Ronaldo Caiado (DEM) - endureceu críticas contra o vereador e destacou que ele não tinha capacidade para governar, mas que ocuparia a prefeitura por causa da internação  de Vilela. 

                Maguito já ficara à frente de Cardoso no primeiro turno, quando recebeu 36,02% dos votos válidos, ante 24,67% do adversário.


( Fonte: Folha de S. Paulo )

Fux conduz no STF linha de contraponto ao Planalto?

        No seu turno à frente do Supremo, o Ministro Luiz Fux marca linha progressista, em contraponto à pauta conservadora do Planalto.  Assim, em contraposição à linha conservadora do Palácio, Fux contraria a linha de Dias Tóffoli, seu antecessor,  que mostrara proximidade com o presidente Bolsonaro, eis que Fux vem mantendo  postura distante, sem trocas de afagos públicos. 

       Dessarte, em menos de três meses na chefia  do Poder Judiciário, Fux já instituíu cotas para negros em estágios na Justiça, criou observatório no Conselho Nacional de Justiça para questões conexas ao meio ambiente e costurou  mudança no Regimento do STF para evitar novas derrotas da Lava Jato em julgamentos. 

        Com efeito, os contrastes entre Fux e Bolsonaro ficaram explícitos na semana passada. Responsável por definir os casos que serão analisados pelos colegas nas sessões plenárias, o atual presidente do STF  colocou na pauta do Tribunal um caso que discute se a injúria racial (ofender alguém por motivo de raça e cor) é uma espécie de racismo, v.g. crime imprescritível, inafiançável e sujeito a pena de reclusão.

         O citado julgamento foi agendado por Fux após a comoção provocada pela morte de João Alberto Freitas (escândalo no Carrefour), homem negro assassinado em armazém do Carrefour, em Porto Alegre, na véspera do Dia da Consciência Negra. Por sua vez, Bolsonaro - e seu Vice-Presidente -  negaram exista problema de racismo no Brasil.  

         O tema também ganhou tratamento prioritário de Fux no Conselho Nacional de Justiça, órgão responsável não só por punir juizes, senão por desenvolver políticas que melhorem o funcionamento da Justiça.  Uma das primeiras medidas aprovadas pelo CNJ, sob a gestão Fux, foi a reserva de pelo menos  30% das vagas de estágio na Justiça para candidatos negros.

            Por sua vez, o presidente Bolsonaro já declarou reiteradas vezes ser contrário a ações afirmativas nesse sentido: "Nossa gestão se baseia em cinco eixos: a proteção dos direitos humanos e do meio ambiente; a garantia da segurança jurídica para a otimização da economia, o combate à corrupção, o acesso à justiça digital e o fortalecimento da vocação constitucional do STF."

             Segundo elementos colhidos pelo Estadão, a agenda do ministro do STF não é uma resposta direta a Bolsonaro (nem tentativa de oposição ao Planalto) mas expõe que "os princípios e as prioridades" de cada um são diversos. Assim, como o jornal deduz , Bolsonaro e Fux manteriam  convívio  meramente protocolar e institucional.

             Dadas as características de Bolsonaro e aquelas do atual presidente do STF, o relacionamento dos dois tenderá a contrapô-los. De qualquer forma os contatos serão diversos daqueles da linha que prevalecera no tempo de Dias Tóffoli.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Paes e Covas vencem; Brasil derrota PT e Bolsonaro

 Como se antecipara,  Eduardo Paes (DEM) levou de roldão Crivella, que foi rechaçado pelos cariocas. A  este último de nada valeu agarrar-se no presidente Bolsonaro, que de resto, no segundo turno, colecionou negações àqueles candidatos cuja candidatura favorecera.

      Em São Paulo, venceu  Bruno Covas (PSDB), reelegendo-se para a prefeitura, em desempenho que o fez avantajar-se na Paulicéia e alhures. No seu discurso da vitória, ele se manifestou contra o negacionismo (Bolsonaro).  Também cresce, em consequência, o governador  de S. Paulo, João Dória.

      O segundo turno das eleições municipais não teve problemas - como o ataque hacker do primeiro -  e marcou a confiabilidade da tecnologia adotada há décadas por nosso tribunal eleitoral.

       Outro aspecto que marcou a eleição de ontem, foi a derrota do Partido dos Trabalhadores. que não elegeu prefeito em nenhuma capital brasileira. O embate entre João Campos (PSB) e Marília Arraes, do PT, selou a perspectiva de vitória  do Partido dos Trabalhadores,  pois esse embate entre primos (Arraes) terminou mal para Marília.  

       De igual modo, outro grande nome da esquerda, a deputada Manuela D'Ávila (PCdoB), após dura peleja, foi derrotada pelo deputado estadual gaúcho Sebastião Melo (MDB), que obteve  54,63% , contra 45.37%.

         O cientista político Rodrigo Stumpf Gonzalez (UFRGS)  afirmou que a vitória do emedebista não representa "literalmente nada de novo". "Melo fez um discurso se aproximando da direita para ganhar, mas na eleição passada estava com a Juliana Brizola (PDT), que hoje estava com a Manuela. (...) "A esquerda terá de repensar suas estratégias. Entrar dividida para se unir no segundo turno não funciona mais."  


Fonte: O Estado de S. Paulo

sábado, 28 de novembro de 2020

No Rio, Covid cresce entre jovens

        A desenvoltura dos jovens - idade entre vinte e vinte e nove  anos -  colocou no Rio de Janeiro esta faixa etária nos quinze por cento das pessoas que foram tratadas por Covid-19, entre 25 de outubro  e 21 de novembro, o que contrasta com os 9,4% que tal faixa etária ocupara no auge da epidemia na metrópole carioca, entre abril e maio.

         Essa involução  corresponde à desenvoltura da juventude, em bares lotados e muitas festas e baladas. Dessarte, circulando nesses ambientes e inferninhos noturnos, os jovens estão contraindo e disseminando mais  o vírus, como refere a prefeitura. 

         Tal movimentação da juventude se realiza como se a "normalidade" houvesse voltado, e  o perigo do contágio fosse eventual ameaça do passado. Posto que tal não seja o caso, sem embargo, a prefeitura não cuida de dissuadir os jovens desse perigoso mergulho nas festas noturnas, como se a "normalidade" já estivesse de volta. 

           A exemplo de Pilatos, a autoridade municipal lava as mãos, como se não lhe coubesse a missão de conter excessos e as fatais oportunidades desse comércio de enganosos folguedos, que podem trazer muito sofrimento.

            Essa mesma atitude de estranho distanciamento também a encontramos no que tange às praias da Zona Sul.  Como venho referindo desde algum tempo, as chamadas "proibições" municipais não cuidam de afastar os banhistas dessas praias. Sôfregos de sol e mar, esse público, em que predominam os jovens, se ajunta, como se as praias lotadas não lhes recordassem do perigo que tais ajuntamentos trazem. 

              E a autoridade que deveria estar presente, ela se marca pela ausência.

               Com efeito, em outras aglomerações de jovens, tanto na Itália, quanto na Espanha e na França, já se assistira a tais movimentações de um público ávido de fruir dos jogos e das alegrias próprias dessa idade. Nesses tempos sombrios - que o fulgor das areias e as cores do mar dissimulam - confrange que cale a Autoridade e não advirta a gente jovem de o que se esconde no aceno das festas e nos ajuntamentos nos banhos de mar. 

                A esse ominoso silêncio se contrapõe o hospital de campanha do Rio Centro, único ainda ativo na cidade, que em contraponto a tal vontade de fruir do sol e da natureza,  já está lotado de pacientes que lutam pela vida, na azáfama da casa de saúde, uns nas UTIs, enquanto a outros, pela falta de vagas no nosocômio repleto, resta apenas aguardar, na espera sofrida que cabe aos pacientes que chegaram atrasados ao portão da esperança. 


( Fonte: O Globo )

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Perspectivas Eleitorais (2)

    Segundo assinala  O Globo, a eleição para a prefeitura de São Paulo confirma um abismo geracional. Nesse sentido, os mais jovens apontam majoritariamente Guilherme Boulos, do PSOL, enquanto os mais idosos  apostam no Prefeito  Bruno Covas, do PSDB.

    Dessarte, de acordo  com pesquisa do Ibope,   Boulos lidera  entre os eleitores de 16 a 24 anos, com 50% das intenções de voto. Já o tucano é o preferido daqueles com mais de  55 anos, com 62% (nesse sentido, o Datafolha aponta cenário semelhante).

     Dadas as características etárias do confronto em S. Paulo, o fator idade tem preocupado as campanhas em S. Paulo. Nesse contexto, a campanha de Covas acredita  que a abstenção histórica registrada no primeiro turno (29%) foi responsável pela vitória mais apertada do tucano, ao contrário de o que apontavam as pesquisas na véspera - assim, os votos válidos nas urnas (32%), contra 37% de intenção de voto  nos levantamentos .

     Contudo, as pesquisas de intenção de voto têm apontado o oposto; com efeito, são os jovens os que mais dizem que se ausentarão da eleição por causa do temor com a infecção pelo coronavirus. De acordo com o Ibope, 6% dos mais jovens declaram que não votarão por causa da pandemia.  Já entre os mais velhos, essa estatística cai para 2%.


 ( Fonte: O Globo )

PERPECTIVAS ELEITORAIS

      No Rio,   Eduardo Paes (Dem) continua a crescer contra o atual prefeito, Marcelo Crivella (Republicanos).  Este último admite que não tem dinheiro para pagar em dia  a primeira parcela do 13º salário, de 174.437 servidores da ativa, aposentados e pensionistas. Como se sabe, por lei, a primeira metade do pagamento tem de ser quitada até a próxima 2ª , dia trinta,  um dia depois do segundo turno das eleições.

      A declaração em tela  foi dada à TV Record - eis que Crivella foi entrevistado por essa emissora após o candidato do DEM, Eduardo Paes, negar convite para um debate.

       Na mesma entrevista, Crivella também afirmou ser contrário à vacinação obrigatória contra a Covid-19, no que toma posição que se alinha à postura com tendência negativa de Bolsonaro no que tange a aplicação da vacina. Para uma intervenção em prol da saúde pública, desperta no mínimo espécie que se queira retirar o caráter obrigatório da  vacina, dado o manifesto bem público que a sua aplicação promove. 

             Por outro lado, segundo Crivella, o pagamento do 13° depende de ele (prefeito) conseguir um adiantamento de receitas de royalties do petróleo. Para tanto, ainda segundo o prefeito, ele carece de que o Tribunal de Contas do Município  aprove a operação.   

              Nesse sentido, o presidente do TCM, Thiers Montbello, sustenta que Crivella quer fazer uma operação de crédito e ressaltou que os royalties não podem  quitar folhas de pagamento. 

               " O prefeito está no comando da cidade há quatro anos.  Já deveria saber que recursos de royalties não podem ser usados para honrar pagamentos da folha mensal ou o 13°" - disse Montbello.  

               Diante do retrospecto e dada a consequente mudança de discurso, não surpreende que pelo andar das pesquisas Paes chegue a 55% das intenções de voto, contra pífios 23% de preferências para o atual prefeito Crivella...

( Fonte: O Globo )

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

A Covid registra outro macabro record

      Ontem, 25 de novembro, o mundo registrou o maior número  de mortes por Covid-19 em um único dia.  Já avançado no ano, é decerto macabra mostra que muito falta para que o combate médico a esse flagelo da Humanidade possa ser considerado próximo do fim.

        Já no Rio de Janeiro, continua o afluxo de pessoas às praias, como se as aglomerações fossem coisa  de somenos. Em Ipanema, há muita gente, um reflexo de desatenção e falta de mínima precaução, logo nesse momento em que as emergências médicas nos hospitais estão lotadas, sob o peso do afluxo das vítimas do Corona vírus.

         Sabemos que a hora não é de baladas à noite, e de praias cheias.  Mas o observador tem a impressão que o momento é de folguedo e de festança. Uma administração responsável cuidaria de colocar bandeiras vermelhas para marcar a gravidade da hora, mas que se pode esperar do prefeito senão falsas notícias e providências como as referidas no meu blog, em que se relata da oportuna decisão da Justiça em barrar notícias falsas propaladas pelo atual Prefeito (tentando prejudicar o respectivo concorrente).

          O povo carioca deveria ser conscientizado da gravidade da hora, mas procede de forma irresponsável, como se a emergência dessa grave ameaça não estivesse de volta não só na Europa e nos Estados Unidos, mas também em Pindorama.

           Mas voltemos à ameaça geral. O número de óbitos cresceu no mundo puxado pelos Estados Unidos, com mais de dois mil apenas naquele país, O incremento na terra de Tio Sam pressionou a inchação de casos mortais, com mais de dois  mil óbitos por dia nos Estados Unidos.  Mas as estatísticas macabras não sinalizam apenas os States do Presidente Trump, mas também em outros países tanto como o Brasil e México, quanto Reino Unido, Itália e França, rompendo o "recorde" anterior de vinte de novembro com onze mil, oitocentos e quarenta mortes. 

            No presente quadro, a doença já matou 1,4 milhão de pessoas na Terra- e só neste mês de novembro foram duzentas mil. Para os especialistas, "a tendência é de muito crescimento se não houver mudança na maneira como os governos e as pessoas estão lidando com essa pandemia", disse a  epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute. Nesse contexto ela alertou para o fato de que, embora as pesquisas sobre as vacinas estejam avançadas,  ainda falta tempo para que de fato haja a imunização.

             Por outro lado, para o médico Márcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica do Hospital Universitário da USP há outro agravante: "A pandemia está muito mais difusa, não tem apenas em um lugar só.  Antes o pico se concentrava em alguns países da Europa e em New York." Agora está em todo o território estadunidense, do México, do Brasil, em muitos países da América do Sul e em  várias regiões da Europa."

           Tenha-se presente neste contexto o número de mortes per capita. A Bélgica seria o país mais afetado, com 1,3 mil óbitos para cada milhão de habitantes., Em seguida, vem o Peru, com 1,1 mil mortes por milhão - o que já mostra como o vírus se globalizou.

            Por outro lado, o médico Bittencourt assinala um aspecto relevante: políticos e imprensa não têm dado mais visibilidade ao tema como no começo da pandemia, o que fez com que muita gente tenha a sensação de que a doença é  hoje menos grave de o que já foi.

            Já  Fátima Marinho, conselheira da organização global de saúde Vital Strategies  afirma que as estimativas indicam que haverá  2,75 milhões de mortes até março de 2021 - o que significa o dobro do registrado até agora. "São estimativas com base no cenário que temos hoje. Pode ser pior, mas melhor não será, porque as medidas já estão tardando a serem implementadas", disse ela.  "A tendência é preocupante porque a situação já estava mal resolvida. A segunda onda já está no horizonte e é visivel: é apenas uma questão de tempo e ela vai acelerar com as festas de fim de ano, com maior circulação de pessoas pelo Brasil."

                Na sexta-feira, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, afirmou que foram  notificados mais casos de infecção pelo coronavirus nas últimas quatro semanas do que nos seis meses iniciais da pandemia.

                  Tedros destacou preocupação, sobretudo no Hemisfério Norte, na Europa e nos EUA, com o grande número de pessoas internadas nas UTIs de  hospitais. Em razão do frio do inverno, que faz com que as pessoas fiquem mais tempo em ambientes fechados, ele admitiu o temor de um colapso nas redes nacionais de saúde. A situação pode ficar ainda mais grave nos USA, eis que hoje se celebra o feriado de Ação de Graças, quando por tradição muitas famílias se reúnem dentro de casa.

                  Na Europa, que já  vive  nova onda de contaminações, alguns países - como França e U.K. - já fazem planos para nova reabertura. Ontem, a presidente da Comissão Européia, Ursula von der Leyen, afirmou que os primeiros cidadãos europeus poderão ser vacinados antes do fim de dezembro.

                   Segundo ela afirmou "até o momento a Comissão Europeia firmou contratos  com 6 companhias para compra de vacinas.  Os primeiros cidadãos europeus poderão estar vacinados já antes do fim de dezembro. Por fim, há uma luz no fim do túnel".  Nesse sentido, ela encareceu os governos das 27 nações que formam a UE que se preparem para receber as vacinas e assim colocá-las à disposição de toda a população.

(Fonte: O Estado de S. Paulo )

 

Justiça proíbe material de Crivella

        Justiça  Eleitoral  determinou a  25 do corrente que a campanha do Prefeito Marcelo Crivella seja impedida de distribuir na cidade panfleto com falsas acusações contra Eduardo Paes (DEM) , que é igualmente candidato no segundo turno da eleição municipal. A decisão judicial determinou ainda que o material de campanha seja apreendido pela equipe de fiscalização, esteja ele sendo distribuído  nas ruas ou  em produção na gráfica responsável. O descumprimento pode acarretar multa de R$ 50 mil  a Crivella.

        A propaganda em tela que começou a ser entregue no fim de semana, usa o apoio que Paes recebeu de integrantes do PSOL para afirmar que ele seria defensor da legalização do aborto, da liberação das drogas e da distribuição de um suposto "kit gay" nas escolas municipais. O ex-prefeito não atua  politicamente a favor de nenhuma dessas pautas. A peça inclui também a imagem do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) que anunciou voto em Paes no 2o. turno. 

          Atendendo a um pedido da defesa de Paes, a juíza Luciana Mocco Moreira Lima afirmou que o "apoio crítico" anunciado por Freixo ao ex-prefeito "não possui o condão de transferir para esse candidato a adesão das pautas e ideologias defendidas por ele".

            A magistrada destaca ainda que o panfleto se torna inverídico ao afirmar que Paes também  é favorável as pautas listadas. A magistrada, de resto, observou que não há sequer "notícia de aliança formal" entre Paes, Freixo e o PSOL. Na visão da juíza, o panfleto, assim como a defesa de Crivella, não demonstra que o adversário está vinculado às questões envolvidas na propaganda.

              No fim de semana, os panfletos foram distribuídos em arredores de igrejas, inclusive por  um funcionário da prefeitura, Marcio Giglio Pimenta, nomeado administrador regional da Ilha do Governador, e atualmente em férias.


( Fonte  O Globo )

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Luta contra a Pandemia ?

Provoca espécie que o Governo Bolsonaro não gaste recursos que foram aprovados para combater a Pandemia. Como noticia em primeira página a Folha assinala nesse sentido,que Consultoria de Orçamento da Câmara de Deputados lista pelo menos dez ações do Governo Bolsonaro que não progrediram, apesar da imediata abertura de créditos extraordinários, que foram liberados por Medidas Provisórias dentro do assim chamado Orçamento de Guerra. Por outro lado, o dispêndio mais expressivo e notório do período em tela é o chamado Auxílio Emergencial, que já soma R$ 275,4 bilhões. O emprego de tais recursos, distribuídos para cidadãos de baixa renda, mormente no Nordeste, tem contribuído para a substancial elevação da popularidade do Presidente Bolsonaro, junto as classes C e D do povo brasileiro. Tem a atual administração presente o cotejo com a Bolsa Família, que caracterizou o esforço da Administração petista quanto aos níveis de renda mais baixos da população. Em outras frentes, no entanto, o Executivo presidencial não tem conseguido usar os recursos destinados para mitigar os efeitos da emergência sanitária . Em maio último, por exemplo, a Presidência não conseguiu usar os recursos destinados para mitigar os efeitos da emergência sanitária que assola o nosso País. Nesse quadro específico, v.g., o Ministério da Saúde - que é dirigido, como se sabe, por um não médico, foi autorizado pelo Congresso a contratar cinco mil profissionais, a um custo de R$ 338,2 milhões. Sem embargo, apesar da situação emergencial do País em termos da incidência de Covid-19 o custo geral sequer chegou a perfazer R$ dezesseis milhões. Como se sabe, o Ministério da Saúde, cujas tribulações começaram com o afastamento por razões fúteis do Ministro Mandetta pelo Presidente Bolsonaro, ora se acha sob a direção de um membro das Forças Armadas. Nesse contexto, o Congresso Nacional convidou o Ministro Eduardo Pazuello, que é militar, para uma audiência... É de notar-se que apesar de seus esforços, valendo-se do bom senso esse profissional castrense,se tem empenhado em dirigir o Ministério da Saúde. Sem embargo, o presidente Bolsonaro não semelha muito disposto para auxiliá-lo nos seus esforços, chegando mesmo a cancelar uma iniciativa dentro do esquema de combate à pandemia do referido militar. Como a ação presidencial pareceu a muitos abrupta, cancelando operação aprovada pelo ministro Pazuello, o Presidente, sem voltar atrás ao parecer, foi à Secretaria da Saude para abraçar o seu antigo companheiro de armas, como se tal bastasse para colher de seu subordinado a satisfação com tratamento brusco, que anulara na prática a iniciativa decerto meritória de seu companheiro de Armas... (Fonte: Folha de S. Paulo )

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Papa Francisco e a Amazônia

Jorge Mario Bergoglio, nascido em 17 de dezembro de 1936, é o 206º S umo pontífice da religião católica, e foi elevado ao papado a treze de março de 2013, como Papa Francisco. Assinale-se que o arcebispo Bergoglio já participara do conclave anterior, em que fora eleito como Sumo Pontífice o Papa Bento XVI (Papa Ratzinger). Nesse mesmo conclave que elegera Papa Ratzinger, o Cardeal de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, já obtivera cerca de dez votos. Como se sabe, Bento XVI renunciaria, por motivos de saúde, ao papado, sendo sucedido pelo Cardeal de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio que assumiria o posto de Sumo Pontífice como Papa Francisco, para tornar-se, a treze de março de 2013, o novo sucessor do primeiro Sumo Pontífice, o Apóstolo Pedro.na qualidade de 266º Sumo Pontífice da Religião Católica. O primeiro Papa latino-americano tem demonstrado grande interesse pela Amazônia, dado o desafio que essa grande região apresenta não só para a América do Sul, com a necessidade da defesa da maior floresta do planeta, e não só pela sua extensão geográfica, mas também para as exigências da evangelização dos indígenas que são os seus primeiros moradores, e nesse contexto, convocou um Sínodo para a Amazônia. A despeito de vozes contrárias a tal Sínodo - notadamente no alto clero europeu - a discussão dos temas pertinentes a essa grande região topográfica ofereceu a necessária oportunidade para o continuado aprofundamento do tema. Não é por certo de desconhecer-se a magnitude que o problema apresenta. Todo o esforço que possa ser empenhado será sempre da maior oportunidade. Não se pode decerto desconhecer da magnitude do desafio que vem sendo apresentado a essa grande e relevante região geográfica, que é não só parte preponderante dos pulmões do Planeta Terra, a que não se pode contribuir, através de ignara destruição ao que importaria para a consecução de um crime contra a criação, através de savanização da área oriental, ocupada notadamente pelas planícies do estado do Pará, e no que tange à Amazônia própria as exigências imperiosas de uma reação para o bem, em que se retome o caminho seguido até há pouco por amazonistas e ecólogos de boa cepa - que não deve por certo desmerecer do apoio da Igreja Católica, que é a de Cristo, que luta com as santas armas do Bem e da Fé, não só pela preservação dessa fonte até hoje inexgotável dos chamados Rio Voadores, a par dos Bons Ventos e Bons efeitos climáticos que não está na soez transformação de uma grande e continental área que existe não só para o Brasil, mas para toda a Humanidade, através de suas florestas - que foram exploradas e estudadas, para sua glória imorredoura, pelo Barão Alexander von Humboldt, um dos grandes cientistas-exploradores dos séculos XVIII_XIX. Por uma infeliz conjunção, o meio-ambiente no Brasil está sofrendo um ataque de forças que unem a insídia - com o cínico esvaziamento da legislação ambiental - que ora se desvirtua pelo sistemático e maligno ataque das disposições dos órgãos competentes, ora ocupados por estultos defensores da desestruturação ambiental e que obedecem a outras Forças que não se afiguram como aquelas do Bem. Essa vandálica invasão, como a própria designação o indica, obedece a princípios bem diversos daqueles pelos quais se pautaram os grandes exploradores geográficos e estudiosos da Natureza, que honraram no passado, sob o signo de estudiosos e cientistas de nomeada, a nobre trilha dos botanistas, geógrafos e cientistas, e com apoio de governos de nomeada, que seguiram o interesse da comunidade amazônica, das diversas áreas e bacias que a circundam, sempre obedecendo à boa obra, aquela que não só defende, mas preserva o Meio Ambiente, que pode ser a Mãe-gentil do indígena, das populações lacustres e fluviais, e das tantas gentes que aí colhem o alimento precioso do equilíbrio florestal e da preservação de nosso patrimônio geográfico. ( Fonte e Estímulo ): a necessidade de que uma coalizão do Bem venha a seguir no caminho daqueles que no passado levantaram o pavilhao da Defesa dos Direitos da Comunidades indígenas, ribeirinhas e lacustres que respeitam a magnifica Natureza que Deus tem presenteado à Terra Amazônica. Que a boa Obra se faça sob o signo do Senhor e do Consequente respeito à Mãe Natureza.

domingo, 22 de novembro de 2020

Alemão: Década Perdida ?

Já atuando com o blog, a Operação Complexo do Alemão foi objeto de parte desse modesto blog de uma entusiasta acolhida, em que saudava a reimplantação da sociedade como um ganho de relevo na Operação levada a cabo pela governança Cabral como um esplêndido show off, em que se buscava dar um sentido mais do que simbólico ao avanço da Cidade - e por conseguinte, da metrópole - sobre o Complexo do Alemão, a que o público via com entusiasmo e, por que não dizer, orgulho de que o Rio oficial recuperasse o controle daquele enorme espaço, que se chama o Complexo do Alemão. A Operação incluíu tudo a que tinha direito o Povo do Rio de Janeiro, que deparava com orgulho - que hoje provoca risotas e escárnio - o avanço tanta da metrópole, quanto da própria cultura carioca sobre o enorme espaço montanhoso em que está o dito Complexo do Alemão. Estávamos no fastígio da governança Cabral e com o apoio de tudo o que imaginar-se possa (inclusive de tanques e veículos pesados das Forças Armadas) o velho Rio de Janeiro, com direito a hino e o escambau asseverava a sua (re)tomada de posse de que então se referia como o Complexo do Alemão, uma zona montanhosa, assinalada por Igreja ao cabo de enorme escadaria - que é ascendida, por vezes de joelhos, para cumprir promessas. Naquela cerimônia, com IBOPE altíssimo, as flâmulas, bandeiras e toda a parafernália festiva se mesclava a um dia de azul brilhante, em que os flocos de algodão que o céu por vezes recobriam se integravam na paisagem de uma jornada triunfal, para ninguém botar defeito. Os povos carioca e brasileiro formavam um cenário triunfalista, com agregações de bondinhos aéreos dentro de um espoucar tonitruante de um otimismo de gente sofrida, que vibrava com o manto de luzes em céu de brigadeiro. Naquele tempo, a crença era inabalável no avanço da Civilização e da Cidade Legal sobre os meandros e as montanhas antes ocupadas pela favela e tudo o mais que os casebres recobriam. Completava a atmosfera de oba-oba essa patética confiança de que desta vez será diferente. A Rede Globo colocou o Alemão como cenário de novela, tanto de longe, quanto de perto. Dessa forma, se implementava o que já se insinuara nos reclames e nos próprios enredos de novelas futuras, em que se inseria o Alemão como um espaço burguês a que também se aferravam. Esse velho-novo bairro virava espaço para os enredos de séries da Globo destinados a tempos mais nobres, no horário noturno. Dentro do oba-oba a que a programação noturna buscava levar à programação, o público era convidado para trazer às suas salas de estar retalhos daquele Alemão que se buscava inserir no espaço lúdico carioca. Sem embargo, houve uma cena que colhida pelas câmeras da TV acabaram por trazer para os espaços da Zona Sul, a presença de um Alemão inserido no dia-a-dia das novelas, que não parecia mandar uma imagem que não se enquadrava dentro do oba-oba que cercara domingo. Com efeito, já terminava o festão, quando as câmeras focaram em uma malta de bandidos que fugia das alturas da encosta do Alemão, correndo seja com as próprias pernas, seja na caçamba de camionetes, seja até em bicicletas e um enxame de lambretas, em grupelhos que chegavam a umas trezentas pessoas, e que desciam a encosta e os barrancos, lépidos e ligeiros, a correrem todos, pernas pra quê te quero, rumo à cidade grande que surgia mais abaixo. A impressão se chocava com o obaoba de antes, em uma autêntica desabalada fuga sabia-se lá muito bem de quê... A todos pareceu que se contemplava a carreira da mala-vita, que pespegava em um público até aquela hora um trecho de filme que de fato não se enquadrava naquele que ora se seguia, e aonde aparecia toda s escumalha de que o programa conjunto fora a própria antítese. Dessarte, na estrada de terra surge gente que não se enquadra no enredo anterior... No seu contraditório, tinha um pouco do grande Fellini aquela cena, eis que ela vinha a contrariar tudo aquilo que a Rede Globo anunciava, e a que os figurantes usuais trombeteavam, com o seu uníssono entusiasmo unânime de tantas matérias que nos contam estórias de que dona Realidade cuidará breve de apagar e de ridiculizar. E hoje, quem por acaso volte ao Alemão, vai ver de novo a favela com o tráfico e o escambau, apagadas depressa tanto as carreiras desabaladas, quanto o cortejo de bandidos, que faz muito já voltou a infestar as áreas do Alemão. Como dizia o outro: é preciso que tudo mude, para que tudo na verdade continue o mesmo... (Fontes: Rede Globo e festanças de um passado que acabou não sendo.)

sábado, 21 de novembro de 2020

Seis Capitais no Brasil com mais de 80% de ocupação de UTI

Conforme noticia a Folha de S. Paulo, a ocupação de leitos de UTI para pacientes mais graves de Covid-19 volta a preocupar, notadamente nas três capitais do Sul do País (Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis) É de assinalar-se que elas no início da pandemia, especialmente as três capitais do extremo sul: dessarte, tem 87,76% dos leitos ocupados em Florianópolis, 85,39% em Porto Alegre, e 82% em Curitiba. No Rio Grande do Sul, 74,9% das UTIs estão ocupadas. Dada a disponibilidade exibida por São Paulo, enquanto metrópole desse estado, que é o mais importante da Federação, com 2677 leitos de UTI, não tende a padecer das dificuldades que as outras unidades enfrentam. Assinale-se que o seu percentual de leitos ocupados, da ordem de 52%, nos dá idéia quanto à disponibilidade de leitos de UTI, o que confere ao paciente paulistano uma oferta que simplesmente inexiste no restante do país, como na própria Velha Cap (Rio de Janeiro), em que o percentual de leitos de UTI ocupados chega a 80%. Há 518 leitos existentes, contra os ditos 2677 disponíveis na Paulicéia, para uma ocupação efetiva de 52%. Como se verifica, os gargalos efetivamente colocam para os pacientes de Covid problemas que muita vez só poderão resolver se dispuserem de parentes em boa saúde, que tenham condições de fazer valer os direitos de idosos, jovens e particulares em uma praça como a de S. Paulo, em que a oferta ainda supera a procura. Como se verifica, nessa Segunda Onda do flagelo do Coronavirus - que ora ressurge, em muitos casos atiçado pela irresponsabilidade de boa parte de um público mais jovem, que circula pelas praias - no Rio de Janeiro - e em outras capitais sob o dúbio princípio de que as aglomerações e as baladas estão aí para serem aproveitadas, nisso contrariando às lições de outros países. A nave brasileira - emulando o anti-exemplo dado por Donald Trump nos Estados Unidos - sai de uma primeira onda, como se agora vá ser diferente. Embalados na velha crença de que a Segunda Onda não será para nós, transformamos um patético otimismo na velha toada de desta vez será diferente. A irresponsabilidade se veste com as cores e ardores da usual cega confiança, de que o otimismo extremado pode ser o sintoma mais inquietante Não é por acaso que a nave de Bolsonaro vá aumentando o número de óbitos, a exemplo de seu estranho ídolo Donald Trump. ( Fonte: Folha de S. Paulo )

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Será que Trump enlouqueceu ?

Se não enlouqueceu de vez, Trump deverá entrar para o folk-lore americano como a epítome do mau jogador, daquele a quem não repele recorrer aos métodos mais sórdidos e que no afã de recuperar a presidência, está disposto a afrontar todos os riscos, até mesmo aquele supremo do ridículo, em que uma lamentável figura da política mergulha em todos os truques possíveis, na sua desabalada corrida para querer transformar ressonante, para ele imsuportável tunda que recebeu do sorridente Joe Biden em uma desprezível "vitória de trapaceiro" em algum pífio saloon, em alguma parte perdida, de um Western de quinta categoria. Esse velho espectro de que a falsidade é uma característica comum, que principia na inexistente cabeleira loura, e de uma certa forma guarda o inquietante artificialismo do mau perdedor. O originalismo de Donald Trump está aí. Ele fará todo o possível para prolongar um mau filme, desde que ele continue a ser o seu protagonista. Ele não está preocupado em transmitir a imagem do bom político, a menos que tal signifique a sua eterna vitória. Que isso venha contra todas as expectativas, e contribua para alienar-lhe sempre mais o Povo americano, parece que não lhe importa. O seu ego monumental - essa laboriosa construção que lhe cobra, de forma incessante, a falta de qualquer senso crítico, de qualquer propensão eventual para o beau geste - menção que, de resto, lhe provocaria gargalhada similar à daquele personagem a quem não inibe à própria congênita insensibilidade a qualquer ato que possa revestir um resquício de nobreza de caráter. Na argila de Mr Trump, se pode ir mais longe, ainda que seja na tela, seja na vida real, pois o que se depara, quer no smirk ultrajante, quer na total falta de sentido de realidade - have you Mr Trump no sense of dignity left? - pode no próprio jogo alucinógeno em que - decerto fora do mundo e, certamente, longe de qualquer cousa que se assemelhe a um resquício de dignidade política - será o triste espetáculo do fim deplorável do projeto político, a que por uma série lamentável de circunstâncias, aparece diante desse mundo, vasto mundo, como o triste exemplo de comportamento que deixou o chão do ridículo para cair nas abomináveis profundezas de personalidade que consegue impressionar pela sua falta de qualidades mínimas em um político, como a de não perder o sentido do ridículo e por fim, como última companheira de uma viagem já sem esperança, a arisca sombra de o que resta de uma trajetoria tão deplorável quanto profunda e marcadamente preposterous. Mr Trump seria um personagem de algum filme, cujo diretor perdesse a esperança de deixar qualquer marca no público, e que sentisse ânsias do desespero pela falta desse personagem de eventual parecença com a realidade. Só mesmo um Fellini se disporia a enfrentar esse anti-desafio... Fontes: o Western americano, na paródia de Mr Donald Trump; Carlos Drummond de Andrade (Fazendeiro do Ar e Poesia até agora).

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Covid: Trump veta dados a Biden

É inqualificável, to say the least, a posição de Donald Trump que, sem importar-se com as implicações de uma política de sistemática tergiversação e adiamento, nos contatos com a campanha vitoriosa de Joe Biden, determinou que integrantes do Departamento de Saúde estão proibidos de cooperar com equipes do presidente-eleito Joe Biden, até que o presidente Donald Trump reconheça sua vitória. O nível de mesquinharia e de acintosa desfaçatez na exibição da respectiva perversidade atinge a decibéis que vão muito além do comum nas relações humanas. Que um candidato derrotado se valha de mostras abusivas para atrasar não o reconhecimento de uma realidade - o que já é patente, e não mais suscetível de dúvidas honestas - mas tão só para exibir um restante de inútil poder - cuja eventual manutenção não levará a nada, porque o caixão da derrota da candidatura de mr Donald Trump já faz parte do patrimônio histórico, não mais sendo suscetível de mudança. O que restaria a Mr Donald Trump, ao cabo de sua medíocre 45ª presidência, seria a oportunidade de mostrar, nos detalhes alguma perspectiva de eventual grandeza de caráter, facilitando no bom sentido o trabalho do vencedor e last but not least proporcionar ao Povo Americano a oportunidade que a nova equipe presidencial possa ser instrumental na atribuição de boas intervenções (aquelas que favorecem o contribuinte americano, que paga impostos, e deve ter o direito de um tratamento equo, e não de sofrer consequências de uma atitude que não passe de uma represália política pela simples circunstância de que se trata de um gesto mofino, que quer prorrogar artificialmente um prazo pela mera circunstância de que, em um pleito aberto e sem fraudes, não se pode moral e eticamente impedir de que o bem seja feito, mesmo que seja para apoiadores do novel presidente Joe Biden. Para esse ato vergonhoso de despudorada mesquinharia, não há qualquer justificativa, e é decerto lamentável que a falta de um espirito de mínima equidade seja a despudorada causa de um presidente derrotado. Com efeito, o que se costuma chamar de História tenderá a ser implacável por esse retrato de o que é realmente Mr Donald Trump, que se prova incapaz de mostrar qualquer migalha por menor que seja de grandeza de caráter e de espírito de um mínimo de fraternidade cristã, eis que essa granítica negativa corresponde a uma abismal incapacidade de auto-conscientização, de que para tudo há um limite, quando alguém deseja passar para a posteridade mais do que uma imagem deformada, em um testemunho de que a política, por mais árdua e combativa, deve ser humana, feita com grandeza e um espírito superior. Infelizmente, nessa transmissão de poder Mr Trump parece disposto, resoluto mesmo, a transmitir para a Sociedade Americana uma imagem de intolerância e mesquinharia. Pobre América se a falta de grandeza é levada a tal ponto! ( Fonte: O Globo, em primeira página )

Especialistas: no ar 2a. Onda de Covid ?

Enquanto na Europa - e em especial na Itália - grassa terrível onda da cruel Covid, os cariocas se divertem nas praias do Rio. Do meu distante ponto de observação, eu me preocupo com a inconsequência e a álacre displicência da gente que acorre em grande número às praias da Zona Sul. E sem embargo as aglomerações sao demasiado reais para serem ignoradas. O jogo de faz-de-conta multiplicou as aglomerações - que é o ambiente recomendado por dona Covid. Não se poderá ter ambiente mais conducente à propagação deste mal, de que muitos só tomarão consciência quando jogados em uma UTI. Quando li sobre a reação do Povo italiano e da maneira como o seu Governo se tem esforçado em sufocar o espasmo epidêmico - para que dramas como o da Lombardia não se repitam - eu apreciaria que um pouco desse espírito nos venha de ultramar, para que os intentos de vencer esse flagelo possam transmutar-se em imagens realistas de combate efetivo a tal desgraça moderna, que mais me parece - pela sua álacre inconsequência - querer imitar as tragédias do Medievo. Mas naquele tempo, a ignorância e a estupidez predominavam, pavoneando-se em meio a ameaças que lhes ficavam ocultas pela majestade das respectivas ignorâncias. A Peste era o emblema terrível do desconhecido, do ignoto, e de tudo aquilo a que a gente miúda ou grande não podia ter acesso. Atualmente, a ignorância primeva cede lugar à álacre displicência. Seja numa travessa do Leblon - que funciona como o redivivo convívio dos bons tempos da incúria - seja nas aglomerações irresponsáveis das praias - estejam em Copacabana, em Ipanema e nos lados mais próximos de São Conrado - na verdade elas se espalham como se imbuídas por espíritos pretéritos, que fazem de conta, ao que parece, aos montões de avisos municipais e até federais, todos,ao que parece, imbuídos daquele espírito que pelo visto ainda nos vem dos tempos álacres do Império, em que a nossa gente dizia que eram anúncios para inglês ver. Como se a gente brasileira carecesse de valer-se ainda daquelas ameaças para inglês ver, vale dizer o poder imperial no século XIX, que seria o único válido para infundir respeito no ignavo zé-povinho. Como se vê, pragas e pestes não são apenas criaturas do Medievo, sob as mantas da santa ignorância das multidões. Elas continuam muito vivas, agindo como se a praga maldita existisse para o Outro, e não para os próprios, que guiados pela displicência e a incúria, pensam poder navegar sem medo, nos mares - e praias - infestados por males que se pensa ameacem a outrem, mas nunca aos próprios, guiados que estes são pelos ares de uma sólida e acintosa ignorância. Antes, as multidões temiam forças espaventosas, de que cuidavam de estar ao largo. Hoje, para eles e elas o arrojo e a estulticie passa a valer como escudo. Outrora, a peste era o sinal terrivel que espaventava as gentes. Hoje, elas se acreditam acima dela, enfurnada que teria sido nos distantes campos do Medievo. Enquanto não for possível utilizar a vacinação em massa, os cortes nas inúteis e estúpidas aglomerações serão a única maneira de contra-arrestar essa praga da póa-modernidade. Mas como infudir-lhes aquele terror que votavam às casas e aos núcleos da peste ? A modernidade - ainda que lhes prive dos meios necessários e indispensáveis - não me parece ser uma boa professora, daquelas mestras de antigamente, que infundiam resspeito às classes com um mero fungar. Hoje, essas entidades são fumaças do passado. E como toda fogueira a que recobrem as cinzas da indiferença, nada há a fazer, eis que onde estão as autoridades de antigamente que vendiam caro o próprio abençoado medo que encarnavam ? Democracia é respeito à autoridade do Povo. O que fazer se não mais a escutam nem a obedecem ? Os vates do Medievo nos falam das neves de antanho. Où sont les neiges d'antan ? Ora não há neves nessa terra, nem nunca as houve. Quando irão acaso reinventar a velha autoridade de antigamente ? Essa autoridade que se aceita vira juízo e melhor do que isso, se trasmuta em saúde e esperança ! (Fonte: experiência cotidiana...)

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

A Temida Segunda Onda da Covid

Repercutem fracamente no Brasil os temores sobre uma nova onda da Covid - 19. E, no entanto, ao ver-se o vermelho tomar conta do mapa da doença no Brasil, tem-se a impressão, diante da reação da população, que a recrudescência na doença seria um problema que não lhe diz respeito diretamente. O problema no Brasil é que as inquietudes do corpo médico e científico parecem não afetarem a população em geral, que continua indo à praia e agindo, em grande parte, como se o problema não lhe dissesse respeito. Vejo, com certa inquietude, que essa postura não tem sido a de outros países latinos, como a Itália, que vem enfrentando um inquietante recrudescimento na Lombardia, entre outras regiões, e que, em consequência, tem seguido as injunções das autoridades sanitárias, porque o povo italiano já tem bem presente o quanto é importante, no combate a essa terrível doença, obedecer às instruções médicas, com vistas a diminuir a incidência do contágio. Há muito se fala no Brasil do perigo do recrudescimento da Covid. Pelo que vejo à distância nas praias cariocas, a população carioca continua a agir como se este perigo dissesse respeito a um outro espaço sideral... Temos um presidente que desdenha o uso da máscara, e considera, pelo visto, coisa de maricas preocupar-se com a doença. A própria desenvoltura o terá feito contrair a enfermidade, mas tanto a sua faixa etária, quanto a respectiva boa saúde o pouparam de ter de submeter-se a um longo período de internação. Nesse aspecto, pode-se considerar um enigma não resolvido essa sua atitude tão pouco realista de menosprezar essa tão terrível enfermidade. Basta assinalar-lhe o número de vítimas que continua aumentando. Será efeito de sua admiração pelo derrotado candidato a reeleição nos Estados Unidos, Donald Trump ? Pois se tal corresponde à verdade, Sua Excelência deveria repensar acerca da questão, que não é daquelas inter alios acta... Em geral os bons governantes têm uma postura pró-ativa em relação à respectiva população. Estranhamente, é outra a atitude do presidente Jair Bolsonaro, que em termos de liderança não tem contribuído para que a nossa população se conscientize do problema, e da necessidade de confrontar o desafio através do respeito às posturas médicas.É de esperar-se que quando as vacinas estiverem afinal disponíveis para os diversos segmentos da população a autoridade federal venha a constituir um fator positivo nessa ulterior fase, em que se descerra para o sofrido Povo brasileiro a oportunidade de proteger-se contra esse terrível flagelo. Afinal de contas, sermos o segundo país do mundo em termos de mortos por esse terrível mal - atrás apenas dos Estados Unidos de Donald Trump - não é decerto nada a ser imitado... ( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

O lamentável Trump

Por primeira vez, Trump admitiu ontem, oito dias depois do anúncio dos resultados da eleição presidencial estadunidense, a vitória do democrata Joe Biden, a qual, no entanto atribuíu a fraudes. Em menos de duas horas, no entanto, voltou a mudar de idéia, ao que não tinha admitido nada e que havia um longo caminho para que tal aconte- cesse. Mais tarde, ele voltaria a desdizer-se. Em entrevista ao programa Meet the Press, da NBC, o escolhido por Biden para ocupar o cargo de chefe de gabinete da Casa Branca Ron Klain, disse : "O Twitter de Donald Trump não torna Joe Biden presidente ou não-presidente. O Povo americano fez isso." Como se assinala Biden derrotou Trump ao vencer em uma série de Estados que o republicano - na eleição de que participou Hillary Clinton - venceria. Desta feita, foi diverso: Biden obteve 306 votos eleitorais (contra 232 de Trump) Biden também venceu no voto popular por uma margem de mais de 5,5 milhões de votos. Por fim, a equipe eleitoral de Trump tem entrado com ações legais que buscam anular os resultados em vários Estados, embora sem sucesso. Por outro lado, com a falta de provas que corroborem sua hipótese de que houve fraude, a maioria dessas acusações tem sido rejeitada pelos tribunais. (Fonte: O Estado de s.Paulo )

Eleição em Porto Alegre

A eleição na capital gaúcha, Porto Alegre, será decidida no segundo turno. A candidata Manuela D'Ávila (PCdo B), foi vice de Fernando Haddad (PT), na última eleição presidencial - em que Jair Bolsonaro prevaleceu, como se sabe. Nesse contexto, a candidata do PC do B e o ex-vice prefeito Sebastião Melo (MDB) irão para o segundo turno. A disputa é intensa e bastante apertada. Na apuração que os leva ao segundo turno, Melo tinha 30,70% dos sufrágios e Manuela 29,60%. Dado o seu caráter carismático, Manuela tem sido objeto de ataques virtuais durante a campanha, e nesse sentido a Justiça Eleitoral determinou na última segunda-feira que o Facebook, Instagram, Twitter e You Tube retirassem do ar cerca de meio milhão de compartilhamentos de conteúdo falso contra a candidata..(( . Fonte: Folha de S.Paulo )( (

Uma Eleição Atípica ?

Já se previa o efeito da pandemia, com atrasos provocados pela invasão de hackers - que foi, no entanto, neutralizada, malgrado a conjunção de forças negativas. A abstenção foi alta, passando de trinta por cento em algumas capitais, inclusive no Rio de Janeiro. No Rio, o candidato Eduardo Paes (DEM) confirma com 37% o anunciado favoritismo. Por sua vez, enfrentará no dia 29 do corrente o prefeito Marcelo Crivella (que teve o apoio do presidente BOlsonaro), e deverá perder para o favorito Paes. A candidatura de Crivella chegou mais longe do que fazia por merecer. E o apoio que receberá de Bolsonaro não lhe há de valer, porque dada a mediocridade de sua gestão na prefeitura carioca o próprio fôlego e eventuais apoiamentos nãolhe serão suficientes, eis que o carioca é tudo menos burro. No campo feminino, decepcionaram Martha Rocha (PDT) e a própria Benedita da Silva (PT), a despeito do apoio de Lula. Luiz Lima (PSL), com 180 mil votos também decepcionou o próprio eleitorado direitista. Talvez a maior surpresa negativa haja sido Clarissa Garotinho, do Pros, com apenas 12.178 votos. Para a Gaiola de Ouro, o vereador mais votado no Rio de Janeiro foi Tarcísio Motta (PSOL), que bateu o vencedor da vez anterior, Carlos Bolsonaro, o que já reflete a baixa na popularidade do Presidente Bolsonaro. Cesar Maia, pai do atual presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, Cesar já foi prefeito por tres mandatos. ( Fonte: O Globo )

domingo, 15 de novembro de 2020

As verdades da Eleição americana de 2020

Por onde se olhe e se busque entender a eleição que acaba de silenciosamente afundar o transatlântico Trump, como se verifica na importante matéria do hodierno New York Times, tanto o observador da política em geral, quanto aquele que nervosamente acompanha a evolução do mapa sócio-político, ambos terão ocasião tanto de esfregar as mãos em cenas de contentamento específico, quanto de ponderarem sobre a falta de prognósticos gerais, em campos igualmemte singulares e relevantes. Pois em verdade a América - como os estadunidenses se comprazem em chamar-se - adentra um desfiladeiro em que as contestações irrompem em cada canto e recanto, e ao invés de verdades generalizadas e reconfortantes, os dois Partidos adentram um desfiladeiro de incertezas. O Presidente Donald Trump, pela sua campanha, e sistemático recurso a inverdades, contribuíu de forma inegável para o respectivo fracasso de sua candidatura. Toda corda que se retesa demasiado tende a romper-se, e dado o formato que ele buscou imprimir para o Grand Old Party, teria que forçosamente resultar no fiasco eleitoral que se revelou em tantos estados americanos. Se no passado, a rédea curta de Trump e a tentativa de tirar o viço da criação no partido de Lincoln iria resultar em fenômenos que seriam incríveis para gerações passadas, com o aparecimento de linhas políticas no GOP que favoreciam abertamente posturas políticas que contrariavam, na área partidária de criação doutrinária,e que resultavam na adoção de enfoques de quase extrema-direita adotados por Trump e associados. Tal sinal não pode ser minimizado. Quando ideias do carro-forte do partido são ativamente contestadas por outras expressões do mesmo partido, foi exatamente o que a campanha de Trump enfrentou em suas relações com os segmentos que normalmente se alinham com as correntes de apoio à velha direita republicana. No entanto, o caráter fascistóide das posturas de Trump, se aglutinariam segmentos importantes da extrema direita, fariam com que o Grand Old Party viesse pagar, na figura de seu campeão de turno, o pesado preço de ter de coexistir e inclusive sofrer as consequências de uma militância a quem indispunha de forma crescente a linha fascistóide do candidato, e o seu pouco apreço pela democracia. A linguagem do candidato republicano, e as suas posturas de ultra-direita (com detalhes sórdidos e decerto reveladores, como a circunstância de exacerbada mesquinharia, como não só na transformação da justiça de fronteiras (com letra minúscula) para lidar com os infelizes que tangidos pela falta de recursos -para não dizer a miséria - se aventuravam a tentar vencer as muralhas que Trump colocara no seu caminho, e sem esquecer o sórdido detalhe de incluir entre as penas cominadas contra tais infelizes criar a separação entre os pais e os próprios filhos menores, numa condenação cujo caráter mofino afasta em um trompaço qualquer caráter humano na bestialidade da pena, que chega a ponto de destruir famílias e de separar os filhos menores dos progenitores. Há gestos que por si só se auto-incriminam. Por acaso, o leitor pode encontrar nesse sórdido intrincado algo que defina com mais força uma tal crueldade, que ao ousar valer-se, como um criminoso comum, de tais métodos, não hesita em charfurdar na lama de uma punição que diz mais sobre a autoridade coatora do que sobre os desgraçados por causa da forma revestida pela repressão em causa que, pelas próprias características, já chafurda em um inferno dantesco. Mas deixemos de lado esse pobre Donald Trump, que se tem contribuído para retardar o veredicto final da histórica Eleição americana, não logrará alcançá-lo de forma ilimitada. Como já referi neste blog,o próprio Trump beirou reconhecer a própria derrota, porque a verdade se contrariada, tenderá a vencer seja por uma observação imprevista, e até mesmo por um freudiano slip of the tongue. Tanto para os respectivos comensais, quanto aqueles que não tem ideias nem expressão própria, a rotina e a monotonia de uma situação artificial, em que a realidade seja contraditada, a verdade tenderá a aparecer de uma forma abrupta, pois a ficção, pelos seus característicos impositivos, ela tende a transgredir com a realidade ambiente, e será assim pela própria anormalidade de sua condição que a verdade irromperá. (a continuar) ( Fonte: The New York Times )

sábado, 14 de novembro de 2020

Trump: meio que reconhece a derrota...

O candidato perdedor - para o mundo em geral, mas não para ele próprio - no caso Donald Trump - que já no seu discurso na Casa Branca cometera tais "liberdades com a verdade", que levara as grandes Redes a retirarem o seu patrocínio do discurso presidencial, tal a sua apelação, inventando supostos abusos da campanha democrata, que levara as grandes Redes a não retransmitirem a sua oração, por fantasiosa em demasia, inventando abusos da campanha do rival democrata (e, por fim, vencedor ) Joe Biden. Dessarte as "denúncias" de Trump iriam cair na lata de lixo. Assim, as suspeitas de Trump tomavam emprestado denúncias sem fundamento e sem qualquer respaldo na realidade. Todos os graves "abusos" da campanha do democrata de Biden não tinham correspondência na realidade. Dessarte, somente uma pequena curriola continuou a repetir o mantra de Trump, de que sofrera a sua campanha gravíssimos ataques. Esses, no entanto, por um estranhíssimo capricho não apareceram em lugar nenhum... Vê-se de duas fontes da força do relativo poder do candidato derrotado a construir uma argumentação eivada de cabo a rabo de ficções e desavergonhadas mentiras, sem nada nos autos que pudesse confirmar os sonhos do candidato republicano, que não desejava separar-se das próprias ficções de que sofrera ataques de fraude eleitoral. Nada disso se confirmou na prática, no entanto. Como noticia o correspondente de O Globo, sem embargo, a verdade (ou a realidade) é tinhosa e pode reaparecer a cada inesperado momento, pois as armações ficcionais sóem ser perigosas e os pensamentos reprimidos podem reaparecer de repente e de forma inesperada (como sendo verdade -o que na realidade, são!), Como assinala uma nota em O Globo de hoje "Trump ignorou ontem (sexta-feira, treze !)", mas segundo o comentário de O Globo chegou o mais perto de reconhecer a derrota. "Em evento nos jardins da Casa Branca sobre a Operação Warp Speed (velocidade da dobra), criada para acelerar o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, Trump atacava os efeitos na economia das quarentenas decretadas pelos governos estaduais ("US$ 50 bilhões diários de perdas", quando comentou - "Este governo não vai adotar um lockdown, mas, o que quer que aconteça no futuro, quem sabe que governo estará no cargo, o tempo vai dizer..." Nesse caso específico, seu tom passou longe da vitalidade exibida nos últimos comícios da campanha ou em suas recentes postagens no Twitter, nas quais de maneira que não ocorrera nos Estados Unidos desde o século XIX, ele se nega a admitir a vitória do adversário democrata. 150 Mil Casos por Dia A fala de Trump acontece no pior momento em que os Estados Unidos se encontram, com cerca de 150 mil casos diários e mais de mil mortes a cada 24 horas. Na reta final da campanha, Trump na prática ignorou a crise sanitária e realizou uma série de eventos com multidões que foram, ao cabo, apontadas como involuntàrias responsáveis por milheres de infecções. A segunda onda, que infesta a Europa, foi "substituída" por efeitos práticos ligados à postulação de Trump, como causadores de uma outra segunda onda. Assim, cerimônias dentro da Casa Branca, como na indicação da juíza Amy Coney Barrett para a Suprema Corte, também são a provável origem de pelo menos 40 casos no alto escalão do governo, incluindo o do próprio Presidente (com a sua internação no Walter Reed Hospital. Dada a virtual ausência de medidas profiláticas em âmbito federal, especialistas alertam para o risco de que a terrível doença se espalhe ainda mais pelo país, pondo os já sobrecarregados sistemas de saúde à beira do colapso. Nesse sentido, alguns estados já começam a tomar medidas por conta própria, o que fizeram na primeira onda da doença, e assim novas quarentenas podem vir a ser decretadas. (Fonte: O Globo )

Militares na Política ?

No governo Bolsonaro, o comandante do Exército, general Edson Pujol, e o vice-presidente Hamilton Mourão deram declarações enfatizando a importância de que os militares fiquem separados da Política. Nesse contexto, declarou Pujol: "As Forças Armadas são instituições de Estado, permanentes. Não mudamos a cada quatro anos a nossa maneira de pensar e como cumprir missões", afirmou o general Pujol. A fala ganhou o imediato endosso de Mourão, que disse que a "política não pode entrar no quartel". Na mesma noite, na habitual rede social que frequenta - e cujo governo tem sete ministros militares - o presidente Jair Bolsonaro apressou-se em concordar com o general Pujol - que representa um grande nome da elite do atual governo. Com efeito, o general Pujol, quando intervém com suas declarações, costuma coletar apoios generalizados, mesmo que os eventuais partícipes do alto verde-oliva nem sempre reeditem na prática a respectiva concordância. A atual rusga entre os militares tem sido ocasionalmente aprofundada, pois são muitos os verde-oliva que, chamados pelo solícito Bolsonaro, trabalham no ministério presidencial, o que amplia as possibilidades de atrito. Nesse contexto, em que tantas teses são esgrimidas pela alta oficialidade, a Folha de S. Paulo - que não goza de especiais favores do governo Bolsonaro - reporta que o ápice da atual rusga foi a proposta do Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidido pelo vice Mourão, que prevê expropriação de propriedades em crimes ambientais. Nesse contexto, o presidente Bolsonaro respondeu que poderia demitir quem apresentasse tal proposta, a não ser que se tratasse de alguém indemissível." Compreende-se, no confuso quadro geral, a raiva da parte contrária, que continua a defender (em geral, nos atos, mas não nas palavras). No gabinete Bolsonaro, o ministro do Meio Ambiente aje na prática contra a sua área de proteção, como o tem demonstrado em muitas oportunidades, a exemplo de seu trstemente famoso conselho - em uma reunião do gabinete presidencial (que era para ser fechada ao público em geral) em que aconselhou a equipe governamental a servir-se da falta de atenção do público, a "deixar passar a boiada" nessas ocasiões, na prática inserindo disposições anti-ambientais. Tem-se idéia do pântano da Administração Bolsonaro, eis que o próprio ministro do Meio Ambiente é rabidamente favoral às medidas anti-ambientais... Essa postura é também abraçada - por razões que a verdadeira razão desconhece - pelo presidente Bolsonaro. Assim, o presidente saíu do sério com a proposta objetiva e apropriada do general Mourão. Talvez um dos enigmas da atual Administração é que Bolsonaro possa sair do sério diante da proposição do general Mourão, que dá forças e dentes às defesas do meio ambiente, castigando aqueles fazendeiros que contribuam acaso para a destruição da floresta amazônica... O general Mourão é ameaçado pelo Júpiter presidencial se abrir os horizontes da Amazônia, propondo medidas que efetivamente contribuam para a salvaguarda do bioma amazônico. Pois é esta a medida certa, e a tal se deve a desbragada e enfurecida reação de Bolsonaro! Ora, vá-se dormir com um barulho desses! É mais do que hora de tornar tal providência uma realidade, porque ela dá dentes à repressão contra aqueles empenhados no desmatamento amazônico ! (Fonte: Folha de S.Paulo )

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Alta de casos de Covid no Rio, São Paulo e outras nove capitais

A pandemia dá sinal de no Brasil querer imitar a Europa. Como não dispomos de rede comparável de contenção, como se verificou na Itália (notadamente), todo o cuidado é pouco. Nove capitais têm registrado preocupante avanço no avanço da infecção por coronavirus, que poderia levar a uma segunda onda da pandemia em nosso país, segundo a Fiocruz. Desses centros urbanos, os mais ameaçados são oito no Norte e no Nordeste. Por enquanto, persiste a dúvida sobre o reacendimento dos fornos da doença, que são reativados pelas aglomerações, reaberturas abusivas de espetáculos e más condições nas conduções urbanas. Infelizmente, em Pindorama, a realidade no papel é uma, e naquela dos fatos e dos seguidos desrespeitos às posturas municipais, outra. Ainda não está certo que nos apressemos em imitar os maus exemplos estrangeiros - exemplar no capítulo a presteza e a energia mostrada pela autoridades italianas, que mostraram, com belo desempenho, o quanto aprenderam no que tange às lições ministradas pelos surtos em várias regiões, e notadamente na Lombardia. Por sua vez, o setor científico ainda não tem certeza sobre a eventual ocorrência de uma segunda onda no Brasil, sendo no entanto óbvio que é preciso combater o contágio através de uma postura apropriada e pró-ativa. Para a propagação, nada melhor do que a displicência do público, como já se comprovou em reuniões noturnas em travessas boêmias do Leblon (Rio de Janeiro). Sem embargo,os dados hospitalares no Rio de Janeiro não estão de forma a infundir muita confiança. Nesse sentido, a rede hospitalar carioca tinha a onze de novembro corrente 95% dos leitos de UTI ocupados. Por sua vez, nos hospitais privados o atendimento a pacientes de Covid-19 cresceu 40% nas emergências nas últimas semanas. Nesse contexto, São Paulo apresentou um saldo de cinquenta por cento nas suspeitas da Covid, desde agosto. Como se sabe, há uma ressurgência na Europa, e na França, com a chegada espectral da chamada segunda onda, 25% das mortes se devem ao coronavirus. No Brasil, como é de resto sabido, a irrupção de uma nova e séria onda de contágios e internações derivadas, não pode ser excluída, por mais que a desejemos mantê-la longe. Pergunto-me se providencias foram tomadas para conter a "importação" do vírus através de viagens aéreas da Europa e de outros lugares onde esse maléfico virus grasse. São providências usuais e mesmo comezinhas para a contenção do recebimento desses males. Prevenir é algo que desde a irrupção dessa epidemia no Brasil não foi adequadamente feito, sem dúvida em função da postura estranha do Presidente que se nega a interferir no combate ao virus, seja por considerar a eventual vacina como não-obrigatória, e "maricas" todos aqueles que tomem excessivos cuidados com o vírus. O mais engraçado no capítulo e que a despeito dos arreganhos e das posturas, o seu trabalho tem sido mais no campo do desestímulo e das tentativas de desmoralização, que, ao cabo, somados os tristes episódios produzidos surge um arremedo de tentativa de desmoralização de uma ação mais eficaz, denominados de "maricas" aqueles que se preocupam em combater o mal... O Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, virou de repente colecionador de arrazoados de deputados que intentam acionar o mecanismo do impeachment no que tange ao governo de Jair Bolsonaro. Acho, pelo menos, estranha a postura do presidente Maia, porque o referido Bolsonaro tem de certo exagerado em diversos roteiros, que para muitos contribui para duvidar do bom juízo presidencial. Com um protetor como esse, e acumulando Sua Excelência motivos para que se duvide do bom juízo da mente presidencial, que me desculpem se reincido no ciceroneano "Até quando teremos de aguentar com todas as suas sandices e exacerbações ?"

Sobe rejeição a Bolsonaro

A má-avaliação do governo Bolsonaro aumentou nas cidades de Rio e S Paulo, segundo o instituto Datafolha. Na capital paulista, essa má-avaliação chega mesmo a 50% do eleitorado. Em suas ditas "lives" na reta final da campanha, o presidente já dera sustentação política a 58 candidatos de catorze partidos. O candidato Crivella tem desfrutado dessa sustentação, na qual Bolsonaro manifesta o seu expansivo apoio, em exibições dansarinas com o candidato à reeleição que deverá arrostar nesse fim de semana a avaliação de um tribunal superior. Com efeito, o péssimo Prefeito Crivella corre sério risco de ser eliminado por instância superior do Judiciário, no que tange à sua postulação de reeleição para a infeliz prefeitura do Rio de Janeiro. ( Fonte: O Globo )

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

A Crise em Hong Kong

A luta pela democracia em Hong Kong tem sido comprida e difícil. Por ocasião das negociações entre o Reino Unido e a China, quis o destino que acompanhasse missão diplomática à essa então colônia de Sua Majestade (em 1997), que se achava em processo de ser devolvida por Londres a Beijing, após duração de mais de século. Os naturais de Hong Kong se preocupavam então com que fossem mantidas as seguranças democráticas para a antiga colônia, que seria restituída à RPC. Ainda que colônia de Sua Majestade, Hong Kong fruía um estatuto especial, com o tempero da democracia - que uma vez ingerido abre novos horizontes. São os paradoxos da História. O velho imperio colonial de Sua Majestade Elizabeth II dera à população chinesa residente naquela ilha uma visão e uma ambiência democrática, e daí a preocupação de seus próceres em continuar a pautar-se por uma legislação de cunho e têmpero do Ocidente, com as características de sociedade democrática. A negociação entre Londres e Beijing se movia, com os representantes do Foreign Office empenhados em lograr a continuação da ambiência ocidental, com uma legislação que seguisse a pauta democrática do Ocidente. Nesse sentido, Londres buscava assegurar a visão pró-ativa que é própria dos ambientes da democracia ocidental. A princípio se acreditara possível que a sobrevivência de Hong Kong que passaria de colônia de Sua Majestade britânica à dependência do Império do Meio seria assegurada por conveniências recíprocas. Com efeito, pela sua condição de entreposto comercial e econômico, a vestimenta ocidental que lhe deixava a velha colônia tenderia a ser aceita pelo mercado, eis que haveria interesse de Beijing em coexistir com os costumes da antiga colônia, dada a presença afirmativa de Hong Kong no intercâmbio internacional. Sem embargo, a relativa liberdade da ex-colônia a princípio não obstaculizou a implementação de seu papel no comércio internacional. Também interessava a Beijing dispor de um entreposto em tais condições. Mas interesses à parte, mais uma vez se comprova para os regimes chamados fortes que eles na verdade são fracos e tendem a sentir-se impelidos a desrespeitar tudo o que porventura hajam prometido, dominados que são pelo temor que para eles representa a democracia. Dir-se-ia até que para os servos das ditaduras e de seu entorno (em que repontam as piores características do homo sapiens) a sua reação instintiva é aquela de desrespeitar tudo o que prometeram em termos de obediência às condições básicas do chamado acordo democrático. Vejam a reação de Carrie Lam, a favorita de Beijing ( e do regime imperante ), que enquanto representante do Poder Imperial sito no Continente curvou-se como serva que é desse Poder absoluto, e nessa triste postura carimbou as expulsões dos quatro deputados como "constitucionais, legais, razoáveis e necessárias". Para as ditaduras - como a de Jiping - a intervenção no Parlamento de Hong Kong, que determinou a prisão e expulsão de quatro deputados eleitos pela população da antiga colônia de forma livre, se realiza como se nada fora, mostrando, por conseguinte, que a convivência entre a Força Popular (consubstanciada nos deputados livremente eleitos) e o poder imperial de Beijing surge como impossível na prática. De resto, será por força dessa mentalidade de ultima ratio das ditaduras (sejam fascistas ou comunistas), que os partidários pro-democracia em Hong Kong se sentem cada vez mais perseguidos desde a entrada em vigor da Lei de Segurança Nacional, que foi aprovada sem sequer passar pelo Parlamento da ex-colônia. Tudo o que o governo ditatorial de Jiping quer, é, pelo visto, ver-se livre da "ameaça" da democracia em Hong Kong. Quanto mais autoritário o regime, maior será a sua inflexibilidade,no recurso do poder comunista da RPC de instituir uma draconiana lei de segurança nacional. Através da Lei de Segurança Nacional - aprovada sem passar pelo Parlamento local, na prática se ignora o princípio acordado pelos dois Países - Reino Unido e RPC -"um país, dois sistemas", que garantiria até 2047 uma série de liberdades inexistentes na China Continental. Nesse contexto, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab asseverou: " A decisão da China de remover arbitrariamente os parlamentares pró-democracia eleitos em Hong Kong representa mais um ataque ao alto grau de autonomia e às liberdades concedidas em Hong Kong pela declaração conjunta Reino Unido- China de 1997." E o ministro de Sua Majestade Britânica acrescentou, duas estocadas que hão de ser fortemente sentidas: "Essa campanha mancha a reputação internacional da China e mina a estabilidade de longo prazo de Hong Kong." Não poderia ser mais profunda e irretorquível tal assertiva. É o destino dos regimes dito fortes. O que lhes move é o próprio horror à democracia. E mais uma vez se comprova que os regimes autoritários pendem para medidass que objetivamente se afiguram negativas pelo próprio horror à democracia, que confundem como se fora a ameaça à sua respectiva capacidade de sobreviver. A ditadura chinesa escolhe uma vez mais abominar a democracia pelo que ela representa como suposta ameaça à sobrevivência de um regme repressivo e autoritário. Para o comunismo e seus servos não parece haver outra opção ... (Fontes: O Globo e experiência diplomática).

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Trump pensa o impensável ?

O fato de que Trump e seus aliados republicanos mais próximos se recusem a reconhecer a vitória de Joe Biden e da chapa democrata faz parte de uma contestação do candidato derrotado - que quebra com longa tradição na política estadunidense, e introduz atmosfera de acirramento da disputa política, com as suas potenciais consequências não só nas fileiras partidárias do GOP, mas também contribui - e bastante - para desvirtuar as relações em geral. O espírito do fair play sai obviamente de cena, pelo súbito introduzido constrangimento. O candidato derrotado prolonga de caso pensado o constrangimento - que é imposto aos militantes republicanos - e introduz o negacionismo na postura das estruturas republicanas e - o que não deve ser esquecido - incita na multidão dos respectivos simpatizantes um espírito belicoso, eis que Trump acena a seus seguidores, que não se trata de um simple arrufo, mas de uma reação a uma não precisada - mas concreta - ação de parte democrata que terá recorrido, para dar a vitória a Biden, não através aos recursos políticos normais - i.e., o convencimento dos eleitores, para obter a vantagem numérica por meio de recursos ilícitos (fraude). Ora, o mundo político americano sabe que tal não corresponde à verdade. Nesse contexto, uma primeira iniciativa de Trump, ainda na Casa Branca, não mereceu a participação das principais redes americanas de televisão - que se recusaram a sancionar através da sua retransmissão as acusações do candidato republicano derrotado. Dado o caráter genérico - sem qualquer fundamento factual - de tais acusações (e respectivas denúncias) a reação das principais Redes - e até mesmo daquela que acolhe habitualmente a direita mais extremada, representou um momento importante dentro do diálogo político. Sequer valeu para o presidente a circunstância de que o ato se realizava no contexto da Casa Branca. Esse repúdio informal de acusações descabeladas e sem apoio em fundamentos fáticos já representara uma implícita censura dos grandes meios de comunicação a serem induzidos a transmitirem conceitos e observações de que não desconheciam de sua total ausência de comprovações de observadores responsáveis. Essa "denúncia" do atual morador da Casa Branca representara uma censura implícita ao presidente Trump, na medida em que os grandes veículos formadores de opinião pública se recusaram - por falta de um mínimo de acusações de mérito - a permitir que o presidente em fim de mandato se valesse de sua eventual residência na Casa Branca para difundir acusações que são destituídas de qualquer fundamento. Essa postura de mau perdedor - daquele que sai de cena não se pejando de atribuir a derrota ao emprego de recursos reprováveis - não é felizmente uma característica da política americana. Dentro do reino do possível, o fair play prevalece. A par disso, a increpação de acusações graves sem qualquer fundamento factual constituía desde muito uma característica da política americana, na medida em que esse tipo de recurso era retirado dos discursos dos eventuais perdedores, dento do espírito de comity e de respeito mutuo que deve prevalecer. Evitar lançar acusações sem base, ao cabo de uma campanha eleitoral disputada, na qual os golpes baixos são evitados, dentro do lema do fair play, parece a muitos não só recomendável, mas na verdade mandatório. O presente comportamento das lideranças republicanas - a partir de seu chefe atual - constitui,por conseguinte, uma triste negação dos princípios do fair play, que condicionam a que se evite qualquer denúncia que não possa ser corroborada por circunstâncias e fatos reais e substanciais. Até a presente campanha, esses ditames em geral têm sido observados pelos dois grandes partidos. O bom perdedor não só recolhe as consequências de uma derrota infligida pelo embate dos argumentos e das propostas respectivas, mas também por uma alegada deficiência na capacidade de agregar apoio no público eleitor. Não é pequena mudança a negação do fair play, vale dizer a aceitação pela parte perdedora - ainda que de forma implícita - do eventual direito da parte ganhadora de fruir dos benefícios de sua supremacia ocasional, tendo sido capaz de congregar o apoio majoritário dos eleitores. Há um claro limite para o negacionismo sistemático. Dentro da praxis americana, selada por enésimas campanhas, a parte perdedora obedece o fairplay e reconhece a circunstância fática da prevalência de seu adversário, dentro do pressuposto que foi um embate leal, conforme às possibilidades humanas, e que a perte perdedora é suposta por conseguinte - como uma regra de política - acolher o direito da parte adversária de fruir das vantagens que adquiriu enquanto vencedor do bom combate. E tal comportamento foi contrariado frontal e deslealmente pelo chefe político - e candidato à reeleição - Donald Trump. Essa atitude do fair play - que é característica do bom combate e da política americana em geral - traz não só a contribuição para a superveniência de uma atmosfera bem-fazeja e que constroi para o futuro, porque não só não alimenta posturas negativas e falsas, mas também mantém uma atmosfera democrática, sem a poluição de uma competição eventualmente desleal que pode resultar em ressentimentos futuros. O fair play - além de evitar que se abracem falsos pressupostos e acusações infundadas, é por sua vez um construtor de um porvir mais promissor, pois não fomenta rancores nem ódios destituidos de conexão com a realidade política. É realmente triste que um político com a experiência de Donald Trump tenha vindo a recorrer a uma tática tão negativa e tão afastada da realidade da política estadunidense. É um segredo elementar da Política - sobretudo no que tange aos principais postos, mas não só a estes - que as campanhas políticas - que visam à conquista do poder democrático - devem cingir-se a regras não-escritas, mas não menos verdadeiras, e portanto, com igual força de convencimento - que se baseiam no respeito ao adversário e sobretudo à ética, porque ela é a principal base fundadora da boa política, aquela que se afasta das falsas acusações e da instilação do ódio, qualquer que ele seja.

Trump pensa o impensável

O Partido Republicano pensa o impensável, habituado que está às muitas vitórias no tapetão. Eis que, enfurnado na Casa Branca, o ex-presidente Donald Trump julga oportuno pensar o impensável.Terá acaso na lembrança a "vitória" de Bush sobre Gore, por uma mais do que questionável intervenção da Corte Suprema em favor da candidato George W.Bush contra o oponente democrata Albert Gore ? O caso é diverso no presente, quando Biden obteve a votação necessária para marcar o seu triunfo na disputa contra o candidato republicano Trump, que pleiteava a reeleição. Dessarte, que o Grand Old Party (GOP), como o Partido Republicano se auto-denomina, se aferre, por intermédio de seu candidato Trump, em pleitear uma incrível vitória no voto eleitoral, quando o sufrágio popular rasgou de par em par o papelão sobre supostas infrações que teria sofrido,na verdade faz parte da cartilha do GOP, que teima em pensar nas vias traversas, com que o Partido Republicano pensa "contornar" a inesperada votação que premiou a candidatura democrata. O Partido Republicano parece habituado a lograr suas "vitórias" no chamado tapetão, como foi o triste caso da "vitória" de George W. Bush sobre o democrata Albert V.Gore, em votação então da Corte Suprema (então com maioria republicana). Havia na época um impasse no processo eleitoral, o que possibilitou a intervenção da Corte Suprema, que ensejara vitória do candidato Bush que faria, em seguida, e seja dito de paso, um governo desastroso (guerra do Iraque, etc.). Agora o Secretário de Estado, Mike Pompeo, vem a público afirmar que, segundo o jornal O Globo, "haverá transição tranquila para um segundo governo Trump". Tudo não passa de incríver armação de Trump & Cia., que, à cata da perdida legitimidade, trancafiou-se na Casa Branca (de onde só sai para os jogos de golf). Enquanto o presidente Joe Biden - ao cabo de elegar-se por votação limpa e inconteste - declara que sua equipe continuará a elaborar as primeiras medidas de seu governo, forma-se dessarte um suposto problema, que é construído pela má-fé da curriola republicana - que apóia a cegueira voluntária de Trump, que depois de aludir a "graves violações" jamais em seguida precisadas, constrói pela própria negativa diante da realidade uma rationale que visa a auto-justificar-se. Na verdade, os analistas da imprensa vêem na atitude de Trump de "negar a derrota como 'um golpe em formação'. É tosca e não tem qualquer base na realidade. A própria "reação" de Trump, que jamais se serviu de algum argumento válido constitui a própria corroboração de mais uma tentativa republicana de ganhar no tapetão aquilo que perdeu no jogo aberto da política, e da própria reação da Opinião Pública americana, que não caíu nas balelas de Trump, e das supostas graves ofensas que jamais foram sequer colocadas no papel. Pela sua reação, que é a da realidade democrática, sufragada pelas urnas, o Povo Americano demonstra que passou o tempo das encenações pretéritas, que abriram caminho a triunfos no chamado Tepetão. Esse tempo já passou, o que o candidato Trump e seus poucos mas solícitos ajudantes semelham solenemente igorar. É lamentável, se não fosse de resto vergonhoso (Fonte:O Globo )

domingo, 8 de novembro de 2020

É hora de deixar a raiva para trás

Com o maior número de votos da História, o septuagenário Joe Biden foi declarado ontem Presidente eleito dos Estados Unidos. A vitória lhe foi trazida pelas últimas urnas da Pensilvânia, que é seu Estado natal além de ser o berço da Democracia Americana. Com isso, o democrata - que foi Vice-Presidente de Barack Obama - superou os duzentos e setenta votos no Colégio Eleitoral, perfazendo 273 votos eleitorais, indo além dessarte do número de votos necessários para sacramentar a sua eleição como presidente dos Estados Unidos da América. Ao ultrapassar o marco que até o presente lhe barrara a investidura, em nota após a confirmação do resultado, ele fez um apelo à união: "Com o fim da campanha é hora de deixar a raiva e a retórica dura para trás e nos unirmos como uma Nação." Um País dividido é apenas um dos desafios do novo Presidente. Nesse contexto, o candidato derrotado Donald Trump partiu para o negacionismo, a ponto de em suas palavras na Casa Branca haver dirigido acusações fantasiosas, com increpações tão fora da realidade que levaram todas as redes televisivas que cobriam o evento a suspender a transmissão (até mesmo a Fox News, que apoiara Trump!) do discurso do presidente em fim de mandato. A carreira política do moderado Biden já nos enseja um modelo de como esse líder democrático, com sua habilidade e moderação - que não excluem, porém, firmeza, quando essa postura se torna necessária - terá as condições indispensáveis para criar uma atmosfera de Justiça e da indispensável habilidade para poder contornar os óbices criados por condições anteriores de poder. O comportamento de Trump criou para o prócer republicano uma série de dificuldades, que só a plácida firmeza de Biden poderá neutralizar, eis que, como os observadores da Casa Branca puderam assinalar Trump perdeu o sentido da realidade, ao lançar inúmeras acusações, sem prova, de fraude eleitoral, como se a derrota que afinal lhe visitou após tê-lo poupado em tantas oportunidades não fora aquele momento da verdade a que o velho político pensara poder persistir em subtrair-se, ainda por um tempo, que é a Ilusão que costuma visitar aos políticos que pensando estar acima dessa Verdade, imaginam a possibilidade de ainda não perder o dom do ilusionismo. Na realidade, é um fenômeno que visita àqueles que pensam dispor da deusa Fortuna por tempo indefinido. O poder costuma livrar-se de forma drástica, e com a crueldade necessária para domesticar aqueles políticos que pensam possível prevalecerem contra o bom senso - que costuma ser a última defesa daqueles que se crêem isentos das determinações da Deusa Fortuna. Nesse contexto, o jogo de golf de Trump, saindo em cortejo de carros negros da Casa Branca é de um simbolismo que escapa ao velho líder político, ao pensar subtrair-se às próprias regras que só tornam maior e mais ridícula a própria queda. ( O Estado de S. Paulo )

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Eleição americana: o falso problema

Trump é um jogador antes de político, e quer transformar a eleição estadunidense em um verdadeiro jogo de poker, em que, de caso pensado, se desvirtua a política e se deseja apresentar esse prélio como se fora uma espécie de confrontação em que dois adversários que se confrontam no duelo típico do western americano. Mas tenha-se presente que esse duelo só é verdadeiro, enquanto metáfora, na qual, ao cabo de longa disputa, dois adversários se singularizam, colocando, ao cabo, as respectivas cartas sobre a mesa. O que não se deve esquecer é que essa aparente confrontação não passa de uma imagem que busca, mal ou bem, refletir um combate de idéias entre os dois principais políticos estadunidenses. Eles completam um longo caminho, em que as respectivas candidaturas se refletem e se desenvolvem. Se as comparações abundam, elas não nos devem fazer perder o caminho, eis que os dois líderes completam, nos seus respectivos papéis, alternativa presença política. Cada um joga com as cartas de que dispõe. Mas não se vá esquecer que se trata de uma luta que deveria ser apenas política, mas que as eventuais características de cada protagonista podem levar a intentar por artifícios, mais do que a própria força política, a buscar alterar o resultado, seja pelo jogo de fatores alheios à disputa eleitoral em si - se um dos representantes das forças em confronto se sentir objetivamente mais fraco - seja por um desafio digamos à antiga, em que cada jogador se crê representante da Justiça e da própria Maioria, e por conseguinte, tende a ser levado no calor da refrega a projetar mais força daquela de que realmente dispõe. Muita vez a imprensa - e hoje, através da tecnologia, essa metáfora se veste de muitos trajes, os quais podem ao cabo iludir não só ao público que nos respectivos representantes deposita fé, mas também pode vestir de luzes (e de sombras) que mais tendem a desfigurar, do que a representar o que um ulterior embate metafórico, em que dois campeões, engajados por forças que eles próprios imantam, semelham trazer para um campo que não é tão grande quanto a eles faz querer parecer, na verdade um combate de campeões aos quais movem poderes que lhes parecem maiores do que a própria realidade. Seria importante que presida à mente dos dois líderes que eles, ao cabo, representam forças que eles próprios imantaram na própria campanha, e que o propósito desse imenso jogo político que estã por chegar ao cabo, não passa daquilo que realmente é, uma contraposição pacífica de forças, que visa a determinar quem vence e quem é vencido, e para tanto existe um esquema de regras desde muito cumpridas, e que importa uma vez mais atender. É um jogo, ainda que democrático, e por conseguinte, como todo jogo ele segue a regras claras e inequívocas. Não há interesse em baralhar tais determinações, porque elas além de serem claras, vem sendo seguidas desde muito. Os dois jogadores podem crescer por conta das respectivas auto-imagens, mas na verdade o exercício é simples, quase singelo. Ao vencedor, vale dizer aquele que em meio à gritaria e poeira, reune o maior número de trunfos eleitorais, torna-se o reflexo do consenso vitorioso. Para isto, existem as maiorias eleitorais. É um processo que pode ter muitas vestimentas, mas que pela sua exibição da realidade tende a tornar-se irrefutável. Por isso, vamos ater-nos aos números. Eles, ao fim e ao cabo, por mais complicados que nos pareçam a princípio, tendem a prevalecer e apagar todas as dúvidas que os eventuais adversários disseminarem pelo caminho. As eleições tendem a ser tortuosas, mas os seus resultados costumam ser o porto seguro em que o respectivo veleiro acaba por concluir a vitoriosa navegação - na terra firme da vitória não há mais lugar para hipóteses e dúvidas. Com esta serodia manhã, acabam as dúvidas e as suas incômodas névoas. Ao desaparecerem as eventuais incertezas, o cenário se aclara e o sol da verdade há de brilhar com a sua habitual força. E que seja com o vigor, a ênfase e a segurança que costumam ser os trajes das longas caminhadas que o valor e o esforço de muitos tende a emprestar aquela inegável presença que, de súbito, se mostra aos muitos, dissipando dúvidas e falsos temores. Fonte: imprensa no sentido lato.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Eleição americana: Biden vs. Trump

O embate entre Joe Biden e o atual presidente Donald Trump constitui uma daquelas disputas eleitorais que podem marcar uma geração, dada a relevância das questões envolvidas. Não poderia haver maior diferença entre o expoente democrata Biden - e ex-Vice Presidente de Barack Obama - e o atual presidente Trump, um dos chefes de governo mais canhestros nos EUA, e cujo pouco apreço à ética e ao bom governo fomentou uma virtual dissidência no GOP, chegando ao ponto de que Trump passou a contar com uma vigilante oposição virtual dentro de seu próprio partido, e tal falta de apoio se deve à discordância quanto aos 'valores éticos' do atual morador da Casa Branca. Dada a sua falta de qualidades éticas, e aos procedimentos por ele empregados, muitos expoentes do GOP passaram a votar-lhe uma oposição continuada, motivada não por questões de partido, mas por motivações éticas e de princípio. No clima bipartidário que caracteriza os Estados Unidos, a existência de tais dissidências - causadas mais por razões éticas e de princípio - representa um fenômeno bastante raro, que de uma certa maneira traça um perfil pouco lisongeiro do atual presidente, na medida em que seu comportamento contribua para esse comportamento raríssimo, em que os seus característicos morais, éticos e o conjunto da respectiva personalidade venha a contribuir para que seguidores da cartilha republicana se sintam ética e moralmente incapacitados de apoiar um candidato saído das próprias fileiras do GOP, e tal sobretudo menos pela personalidade do que por suas características éticas e de temperamento, que o inviabilizam, na prática, a se ver apoiado por seguidores do mesmo partido, e tal por questoes de princípio e de ética política ! Uma grande maioria do eleitorado já votou - o sufrágio é depositado nos Correios - mas como o dia da eleição será amanhã, três de novembro (se não me engano) - há uma grande expectativa nos States (e no mundo), dada a relevância das questões envolvidas e, last but not least, pelas características desse processo americano, que ainda segue regras de fins do século XVII. Essa grande democracia terá forçosamente um dia de adaptar-se aos ditames do progresso. Condições especiais levaram os formuladores da Constituição Americana a esse sistema indireto - que podia ser um grande achado diante das enormes distâncias então enfrentadas pela jovem democracia estadunidense, mas que hoje representam um estorvo nos séculos da pós-modernidade, e que se prestam - e por vezes até amiúde - a favorecer os representantes de um partido - o Republicano - que teve diversos de seus candidatos eleitos à Presidência apesar de disporem de menor número de votos. O atual - o histriônico Trump - teve menos milhões de votos que a candidata Hillary Clinton, mas tal não o impediu de coletar os votos eleitorais necessários para tornar-se presidente, para vergonha da América. O desgoverno de Trump - que foi contestado por diversas razões e processos democráticos, como investigações extensas e até um impeachment pela Câmara de Representantes, de cujas consequências Trump só escapou porque os republicanos têm maioria no Senado. É esta maioria que, por ora, salvaguarda o Grand Old Party, mas que como toda instituição que leva a "eleições" pela Corte Suprema, como foi a "Nomeação" de Bush Jr., apesar de candidato minoritário, e que contribuiria em seguida para a desastrosa guerra do Iraque, que acarretou ao Tesouro americano prejuizo de bilhões e bilhões de dólares. Contra esse pouco encorajador fundo de quadro, esperemos que o candidato Donald Trump contribua pelos seus próprios defeitos para que a eleição de Joe Biden venha a ser selada pelo Povo Americano, vencidas as dificuldades que são criadas por esse processo artificial e setecentesco, que enseja o desvirtuamento do sufrágio popular. ( Fontes: O Globo, media estadunidense, e acompanhamento da política norte-americana )