domingo, 15 de novembro de 2020

As verdades da Eleição americana de 2020

Por onde se olhe e se busque entender a eleição que acaba de silenciosamente afundar o transatlântico Trump, como se verifica na importante matéria do hodierno New York Times, tanto o observador da política em geral, quanto aquele que nervosamente acompanha a evolução do mapa sócio-político, ambos terão ocasião tanto de esfregar as mãos em cenas de contentamento específico, quanto de ponderarem sobre a falta de prognósticos gerais, em campos igualmemte singulares e relevantes. Pois em verdade a América - como os estadunidenses se comprazem em chamar-se - adentra um desfiladeiro em que as contestações irrompem em cada canto e recanto, e ao invés de verdades generalizadas e reconfortantes, os dois Partidos adentram um desfiladeiro de incertezas. O Presidente Donald Trump, pela sua campanha, e sistemático recurso a inverdades, contribuíu de forma inegável para o respectivo fracasso de sua candidatura. Toda corda que se retesa demasiado tende a romper-se, e dado o formato que ele buscou imprimir para o Grand Old Party, teria que forçosamente resultar no fiasco eleitoral que se revelou em tantos estados americanos. Se no passado, a rédea curta de Trump e a tentativa de tirar o viço da criação no partido de Lincoln iria resultar em fenômenos que seriam incríveis para gerações passadas, com o aparecimento de linhas políticas no GOP que favoreciam abertamente posturas políticas que contrariavam, na área partidária de criação doutrinária,e que resultavam na adoção de enfoques de quase extrema-direita adotados por Trump e associados. Tal sinal não pode ser minimizado. Quando ideias do carro-forte do partido são ativamente contestadas por outras expressões do mesmo partido, foi exatamente o que a campanha de Trump enfrentou em suas relações com os segmentos que normalmente se alinham com as correntes de apoio à velha direita republicana. No entanto, o caráter fascistóide das posturas de Trump, se aglutinariam segmentos importantes da extrema direita, fariam com que o Grand Old Party viesse pagar, na figura de seu campeão de turno, o pesado preço de ter de coexistir e inclusive sofrer as consequências de uma militância a quem indispunha de forma crescente a linha fascistóide do candidato, e o seu pouco apreço pela democracia. A linguagem do candidato republicano, e as suas posturas de ultra-direita (com detalhes sórdidos e decerto reveladores, como a circunstância de exacerbada mesquinharia, como não só na transformação da justiça de fronteiras (com letra minúscula) para lidar com os infelizes que tangidos pela falta de recursos -para não dizer a miséria - se aventuravam a tentar vencer as muralhas que Trump colocara no seu caminho, e sem esquecer o sórdido detalhe de incluir entre as penas cominadas contra tais infelizes criar a separação entre os pais e os próprios filhos menores, numa condenação cujo caráter mofino afasta em um trompaço qualquer caráter humano na bestialidade da pena, que chega a ponto de destruir famílias e de separar os filhos menores dos progenitores. Há gestos que por si só se auto-incriminam. Por acaso, o leitor pode encontrar nesse sórdido intrincado algo que defina com mais força uma tal crueldade, que ao ousar valer-se, como um criminoso comum, de tais métodos, não hesita em charfurdar na lama de uma punição que diz mais sobre a autoridade coatora do que sobre os desgraçados por causa da forma revestida pela repressão em causa que, pelas próprias características, já chafurda em um inferno dantesco. Mas deixemos de lado esse pobre Donald Trump, que se tem contribuído para retardar o veredicto final da histórica Eleição americana, não logrará alcançá-lo de forma ilimitada. Como já referi neste blog,o próprio Trump beirou reconhecer a própria derrota, porque a verdade se contrariada, tenderá a vencer seja por uma observação imprevista, e até mesmo por um freudiano slip of the tongue. Tanto para os respectivos comensais, quanto aqueles que não tem ideias nem expressão própria, a rotina e a monotonia de uma situação artificial, em que a realidade seja contraditada, a verdade tenderá a aparecer de uma forma abrupta, pois a ficção, pelos seus característicos impositivos, ela tende a transgredir com a realidade ambiente, e será assim pela própria anormalidade de sua condição que a verdade irromperá. (a continuar) ( Fonte: The New York Times )

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