sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Nancy Pelosi - Madam Speaker


                             
       Nancy Pelosi terá enfrentado muitas votações através de sua longa e exitosa trajetória parlamentar. O núcleo opositor à sua candidatura por fim vitoriosa não teve condições de impedir-lhe a vitória.
         Com a sua experiência e habilidade parlamentar representava um contrassenso confiar o posto de Speaker a alguém sem a sua provada experiência, em questões parlamentares, noções que são válidas tanto para  quem dispõe da maioria, quanto está em minoria.
         Minha impressão inicial viu-se confirmada, malgrado o grupo de opositores democratas a que as lides parlamentares hão de mostrar o erro que cometiam.

( Fonte: The New York Times )

Pezão honesto ?


                                              

         Foi o que muita gente pensou no início de sua Administração. Vice de Sérgio Cabral, o ultra-corrupto governador do Rio de Janeiro, que despontara como grande valor do MDB, hoje todos sabem como terminou a carreira do Chefe de Pezão.
           A campanha eleitoral de Pezão para assumir a governança do Estado enfatizou a suposta faceta bonachona do candidato. Apresentava Pezão visitando os pais, em família de classe média sem grandes voos.
            O jeitão de Pezão tratar os eleitores, com seu modo simples, que refletiria não um enfeite, mas a realidade do candidato. Muitos acreditaram.
             Não os incomodou a contradição entre ser vice de um governador havido como um dos grandes solitários valores do MDB - que há muito deixara de ser o partido de Ulysses Guimarães, o paladino da democracia que enfrentara os militares e que desaparecera da cena política, e que virara uma grande frente de medalhões - mas que jogara fora o futuro, embarcando numa louca rota de propinas e de orçamentos de obras públicas inchados (era tempo de Copa do Mundo, com os executivos de uma Fifa corrompida exigindo a transformação dos Estádios, para aparecerem mais modernosos)   .
                Além de desfigurar o Maracanã,  o estádio das multidões da Copa de Cinquenta, construíram muitos outros, para abrigar as chaves da Copa de Setenta. Hoje, quase esqueletos eles restam a lembrar-nos das ilusões do campeonato mundial, como muitos com dimensões fora de qualquer propósito para os respectivos locais, como a Arena das Dunas, e os estádios de Amazonas, Mato Grosso e  mais alguns, sem qualquer proporção para os seus públicos reais, lá estão perdidos nas suas arquibancadas vazias mas sempre modernosas.
                   A campanha eleitoral de Pezão - o vice "honesto" de Sérgio Cabral - deve ser inscrita naquelas modelo pela habilidade e capacidade de ilaquear o eleitorado.  Apresentou-lhe o seu jeito 'povão' e até foi ajudada pela Presidenta Dilma que condoída com os sapatos do vice de Cabral, conseguiu-lhe um par sob medida com o tamanho de acordo com seu apelido.
                     Às vésperas de terminar o mandato, a Lei invadiu-lhe o Palácio, para prendê-lo, pela mesma corrupção que carregara com o seu chefe, desde muito na cadeia, e com as róseas perspectivas da carreira política  no beleléu.
                       Surpresa! Pezão é igual ao chefe condenado! Acusado de desviar quarenta milhões de reais, a ele que mantivera pelos seus dois mandatos o 'esquemão' do chefe Cabral,  e que aumentara, por causa da inflação, o percentual das propinas de 5 para 8%,  a única regalia que os agentes lhe concederam foi ter o seu café da manhã de governador, antes de ser despachado para a cadeia.

( Fonte:  O Globo )

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

O guru de Bolsonaro ?


                                    
       O  filósofo de direita Olavo de Carvalho declara que o Presidente-eleito e os filhos têm "boa vontade" com ele, mas não há acordo ideológico.
          Carvalho é responsável  por indicar dois ministros do novo governo - Ernesto Araújo (Itamaraty) e Ricardo Vélez Rodriguez (Educação) - Olavo de Carvalho rejeita  o rótulo de ideólogo do presidente-eleito,  Jair Bolsonaro.  "É lenda urbana".
            Em entrevista ao Estado, Carvalho afirmou que há uma "dominação comunista" na educação brasileira e defendeu que seja feita uma "reunião de provas" sobre isso. Por conseguinte, disse  que é ingenuidade levar o projeto Escola Sem Partido para debate no Congresso. Para ele, "uma guerra cultural se vence no campo cultural".
            Olavo de Carvalho, que há 13 anos mora nos Estados Unidos, criticou ainda a imprensa brasileira e falou que a eleição de Bolsonaro "tem de ser respeitada".

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Habeas Corpus para Lula ?


                  
        Os incansáveis advogados do ex-presidente se empenham agora em fazer passar mais um habeas corpus para Lula, que deve ser julgado até dezembro pelo colegiado.
        O ministro Edson Fachin liberou o assunto para a pauta e sugeriu que o pedido seja analisado na sessão do dia quatro de dezembro, daqui portanto a seis dias.
         Qual o objetivo deste Habeas Corpus?  Apresentado no início de novembro corrente, o HC pede que seja reconhecida a "perda da imparcialidade" do ex-juiz federal Sérgio Moro, com a anulação de todos os atos do então magistrado no caso do tríplex do Guarujá (SP) e em outras ações penais que visam o petista.  A defesa entrou com o HC depois que o Juiz Moro aceitou o convite para ser ministro de Jair Bolsonaro. Caso o pedido seja atendido, resultaria na liberdade do petista...

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

A Decisão de Fux


                              

         Desta feita, o Ministro Fux surpreendeu positivamente o público, ao revogar o pagamento do chamado auxílio-moradia (o dito penduricalho), que por anos a fio o Ministro Luiz Fux, através de liminar, garantira para  pagamento para magistrados e integrantes do Ministério Público.
         Como seria de esperar, a despeito do substancial aumento que receberam os ministros do STF - o que é repassado a toda a vasta classe magisterial - muitas de Suas Excelências ainda pretendiam reter o dito auxílio-moradia, cuja legalidade é, no mínimo, duvidosa.
          O Ministro Marco Aurélio Mello avaliou positivamente a decisão de Fux, mas acentuou que  o plenário do STF  ainda não se debruçara sobre a legalidade do auxílio-moradia.  "Ele (Fux) sinalizou muito mais o problema econômico-financeiro. Haveria o direito ?  Nós não chegamos a nos pronunciar."

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

Os militares e Bolsonaro


                            

        Pouco a pouco vai crescendo o poder militar dentro do ministério do novo presidente. Da ala militar que se configurou a princípio,  a alta chefia do gabinete vai sendo ocupada pelo verde-oliva, em oficiais da reserva, que alcançam a quatro generais.
        Nesse sentido, Bolsonaro anunciou ontem que  o general da reserva Floriano Peixoto Vieira Neto poderá ir para a Secretaria de Comunicação Social  (Secom). A idéia é que o general cuide dos contratos de publicidade do Governo, área que preocupa  a equipe presidencial. A Secom ficará subordinada à Secretaria-Geral da Presidência, que será chefiada por Gustavo Bebianno.
         O Presidente também indicou que poderá levar a gaúcha Senadora Ana Amélia (PP-RS)  para ser a porta-voz do governo.
          Por sua vez,  o Presidente-eleito anunciou ontem  que serão vinte no máximo as pastas , justificando que foi preciso ampliar o número de ministérios "por uma governabilidade".  "( Até porque) não poderia sobrecarregar demais uma pessoa em um ministério e, por isso, refizemos alguma coisa e ainda assim teremos quase metade dos que estão aí".  Serão assim vinte as pastas. Inicialmente a ideia era que fossem  quinze, no máximo dezessete ministérios. 
              Nesse contexto, Bolsonaro tentou explicar a polêmica causada pela indicação do general Carlos Alberto dos Santos Cruz  para a Secretaria de Governo - que tem entre as suas atribuições  a relação com o Congresso.

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

A Luta de Nancy Pelosi


                              

       Diante do grupo de radicais que desejam alijá-la da Cadeira de Speaker da Casa de Representantes, Nancy Pelosi tenta reconstituir a sua base de apoio recorrendo aos democratas centristas, que até o presente se têm mantido afastados da batalha dos radicais em tentar afastá-la da direção da Câmara.
         Como que aprisionados por um slogan que visa mais à experiência da Pelosi, do que propriamente lhe questiona a capacidade, os radicais persistem  nessa campanha um tanto patética  que visa à expoente democrata mais pelas suas realizações, tanto nos longos anos na planície da oposição minoritária, quanto por seus exitosos períodos à frente da bancada democrata.
            Por isso, a Pelosi intenta reconstituir a própria base dentro da bancada recorrendo à direita democrata. É um jogo de paciência este em que se empenha a provada Speaker de tantas batalhas vencidas no passado.
             É de esperar-se que com a paciência e a habilidade que lhe são próprias, Nancy Pelosi logrará esvaziar a chantagem intrapartidária. Trata-se de trabalho de pertinácia e destreza, qualidades que decerto não lhe faltam.

MdeA/.

Trump, o Potoqueiro


                                         

         Não é só que Trump tenha problemas de caráter. Seria necessário um grande distanciamento da realidade para afirmar o contrário.
         Para ele, a realidade não costuma apresentar problemas.  Até o presente, o seu costume tenha sido  lidar com fatos agressivos - i.e., contrários às suas assertivas - através do que ele chama fake news, ou em linguagem mais rasteira,  noticias falsas. Senão, vejamos o extenso campo em que ele emprega a mentira  como primeira defesa.
          A notícia negativa, ele costuma tratá-la sob a sua distorcida perspectiva. Assim,  está no seu campo de bogus claims (falsas assertivas):
           a economia (que para ele está no melhor dos mundos);
            Investigação russa - ou o trabalho do  Procurador Especial Robert Mueller III;
             o Judiciário - em que faz pouco um presidente do Supremo (para variar, republicano) mandou-lhe - com educação - calar a boca;

              a Mudança do Clima  - basta ler Bill McKibben e outros especialistas na matéria para que se tenha um princípio de idéia de o quão negativas tem sido as suas 'iniciativas' em termos de meio ambiente, e o quão prejudiciais têm sido para a Humanidade;
               votações intermediárias - uma torrente de bazófias e palavras para tentar ofuscar a realidade da vitória democrata na Câmara, que não é senão um fundo respirar depois de extensa imersão na atmosfera carregada do gerrymander et. al.;

               Segurança Nacional - ou tout va bien Madame la Marchise...
                 E a guerra das tarifas de comércio?  Nunca esse instrumento que de tão velho já era reconhecido como podre no arsenal da defesa nacional - tem sido tão acionado por este Presidente. Nâo é que a General Motors venha ora enfrentando obrigações de 700 milhões em cotações tarifárias mais altas para o aço e esteja sendo forçada a fechar algumas de suas fábricas ?

                   Ele (Trump) não acredita nos embustes de Robert Mueller, que nos conta mentiras espalhadas por Paul Manafort. Epa! Algo está errado aqui, eis que este senhor,ora ouvido pelo Procurador Especial, vem a ser o Chefe da Campanha de Trump contra Hillary Clinton ...

                      E não é que Donald Trump "previu" que os democratas iriam perder  39 cadeiras nessas eleições intermediárias...   


( Fonte:  The New York Times )

terça-feira, 27 de novembro de 2018

O quê fazer do Brexit ?


                              
         Não se sabe o quê a aventura do Brexit trará para o povo da Inglaterra,  mas quanto ao exorbitante preço há poucas dúvidas.
           Agora que a festa acabou,  há que computar o exorbitante preço que aquele estranho plebiscito de um povo que optou por regredir irá trazer para a velha Álbion.
            Pois a aventura da Senhora May, ultimada no domingo, pelo menos no que tange à cúpula dos lideres que vieram despedir-se do filho pródigo,  está longe de terminar.
            Segundo análise do principal centro de estudos econômicos da velha Inglaterra, esse acordo do Brexit fechado entre a Primeira Ministra Theresa May e os líderes de 27 países da União Europeia que ficam irá custar a bagatela de cem bilhões de libras esterlinas, para a economia de Sua Majestade na próxima década.       
             Mas a par do preço, a análise acerca do Acordo sugere que a Grã-Bretanha, pelo capricho estival do Brexit terá perdido 3,9% em crescimento da própria economia - o que decerto não é pouco, pois equivale ao PIB do País de Gales.
                O desastre anunciado não se limita a tais previsões. É de notar-se que a economia  britânica tem desacelerado,  desde a aprovação do Brexit em 2016, de acordo com as  projeções feitas pelo instituto antes do referendo.
                  Ontem, 26 de novembro, a Primeira Ministro  informou, diante da Câmara dos Deputados, que o assunto deverá ser votado pelo Parlamento britânico no dia onze de dezembro. "Os deputados terão de decidir se desejam ou não que respondamos ao voto do Povo britânico, que decidiu pelo Brexit", declarou a May em um debate no Parlamento, onde tentou convencer os deputados a apoiarem seu acordo, que foi recebido com grande ceticismo.
                    Nesse sentido, a Primeira-Ministra de Sua Majestade Britânica começou intensa campanha para convencer os mais céticos  de que "não há melhor acordo possível". No entanto, uma fonte disse ontem que May admitiu, em Bruxelas, não ter maioria parlamentar para aprovar o pacto, mas advertiu aos deputados rebeldes que pelo menos metade deles corre o risco de perder as próximas eleições se o Acordo não for aprovado...
                       Segundo comenta o Economist, a prestigiosa revista inglesa, antes que o Acordo possa entrar em vigor, ele precisa ser aprovado por um grupo muito mais exigente (que os líderes da Comunidade Europeia):  o Parlamento Britânico.
                         A votação está marcada para o dia onze e os números são complicados para a Primeira Ministra.  Os trabalhistas e outros partidos de Oposição devem votar contra, conforme se espera.  Sem embargo, o que torna as coisas realmente difíceis é que talvez de setenta a oitenta dos parlamentares conservadores planejam se unir a eles, junto com os unionistas da Irlanda do Norte.  Se tais cômputos forem confirmados, o Acordo obviamente não será aprovado.
                                A Primeira Ministra  está fazendo o que pode - e quiçá o que não pode - para persuadi-los. Na semana passada, lançou ofensiva de relações públicas, dando entrevistas e respondendo a perguntas dos ouvintes de rádio sobre os termos do acordo. Também organizações empresariais se mostraram a favor, ainda que de maneira pouco entusiasmada. Os representantes dos partidos estão empregando, de sua parte,  todas as suas artes ocultas,  enquanto distribuem favores e ameaças aos deputados indecisos.
                                  Os dissidentes da linha dura estão indignados com o fato de que a Grã-Bretanha fará parte de uma união aduaneira com a UE, até nova ordem, para evitar a reintrodução de uma fronteira na Irlanda.  Os dissidentes preferem sair sem acordo do que com o apresentado pela Primeira Ministra, e, nesse sentido, esperam que votando contra alcancem esse resultado. O restante, contudo, ainda espera que toda a coisa possa ser  cancelada se o acordo de May for rejeitado.
                                    De forma embaraçosa para a May, os dois lados têm sua razão.  É tarde demais para renegociar novos acordos de saída da Grã-Bretanha, como o Labour afirma que faria. Então se o acordo não passar no Parlamento, a Grã-Bretanha pode acabar caindo no extremo de sair sem um acordo, ou então ter de realizar uma segunda votação para resolver a bagunça. Enquanto essas duas opções parecerem estar sobre a mesa, poucos deputados britânicos estarão dispostos a aceitar o compromisso da May.
                                   Há um velho ditado de um país longínquo da Inglaterra que poderia ter algum sentido para a barafunda em vias de formar-se que alguém que disponha de algum faro político se sentiria deveras arriscado a pronunciar o seguinte palpite:  se todas as manobras e saltos mortais de Theresa May forem para o brejo, não pareceria possível que toda essa confusão  do Brexit, solução impossível  aprontada em clima de vilegiatura, não seja despachada alhures, como foi o triste caso na estória de um filmeco francês de muitas décadas atrás - Une fille pour l´été  ?[1]  Não é que a garota desaparece, e tudo fica como dantes no quartel de Arantes ?

( Fontes:  O Estado de S. Paulo,  The Economist )
 


[1] Uma garota para o Verão

A Crise Russo - Ucraniana


                                            

              A Crise russo-ucraniana só existe pela fraqueza do Ocidente.  Com a dúbia e frágil posição de Washington perante esse ulterior desrespeito de Vladimir Putin ao Direito internacional e à livre navegação marítima,  as perspectivas se enegrecem na Europa e na Ásia quanto às reais possibilidades de pôr cobro a situação que recorda - para quem porventura queira lembrar-se daqueles tempos - da sobreveniência do desrespeito contumaz do mais fraco pelo mais forte, por mais sólidos e respeitáveis que sejam os direitos daquele diante deste último.
             Sob Donald Trump os Estados Unidos parecem condenados a ser um mero país inferior (underling) diante daquele que tanto lucrara com os próprios atrevidos esforços  para viabilizar a vitória eleitoral em 2016 de seu amigo, o atual presidente dos Estados Unidos.
              Ontem, Líderes europeus condenaram firmemente essa operação. Sem embargo, da fraca reação da Europa no que tange à conquista (rape of) da Criméia, de que Moscou sofrera apenas débil reprimenda das Nações Unidas através de recomendações da Assembléia Geral (a esquecer a atitude do governo de Dilma Rousseff indo contra toda a tradição brasileira em termos de respeito a limites, fronteiras, e last but no least ao apoiar, para vergonha do Brasil e de sua tradição internacional, a ação da Federação Russa, anexando sanhuda e ilegalmente a Crimeia) não deve induzir muitas esperanças quanto à eventual firmeza futura da Comunidade Europeia, excluídas quem sabe algumas sanções isoladas.
                 Apresar três navios no estreito de Kerch, que liga o Mar Negro ao Mar de Azov - mostra o quanto se permite na própria audácia diante da debilidade da Europa Ocidental e do ignavo silêncio americano, gospodin Vladimir V. Putin, que parece não encontrar limites diante da debilidade de União Europeia e da virtual inação de seu amigo Trump. É alto o preço do 45º presidente, ao marcar de forma tão desonrosa o papel da chamada Superpotência nesse triste e deplorável episódio, em que o Direito Internacional Público é conspurcado e espezinhado.
                     Quando haverá no Concerto das Nações quem aja com a adequada firmeza diante de quem faz retornar o mundo à ação das nações piratas e ao consequente ignóbil retrocesso na Lei Internacional e no Direito das Gentes?

( Fonte: O Estado de S. Paulo  )

Maduro recua ao aceitar remédios e alimentos da ONU


                                 
              Afinal, a ONU poderá enviar ajuda humanitária à Venezuela. O ditador Maduro se recusara até ontem, pois temia que o auxílio servisse  de pretexto  para intervenção militar no país.
                 Até outubro,  ele ainda temia que a ajuda internacional servisse de pretexto para a entrada dos militares. Por isso, Maduro rejeitava o termo "emergência humanitária.
                 Agora, um pacote inicial de US$ 9,2 milhões será liberado. O dinheiro ficará sob controle das agências internacionais.
                  A crise alimentar e sanitária naquele país resultou no êxodo de três milhões de pessoas, o que é considerado o maior fluxo migratório na história recente da América Latina.  Somente no corrente ano de 2018, cerca de 205 mil  venezuelanos solicitaram refúgio e centenas de milhares atravessam fronteiras como imigrantes.
                   Para as Nações Unidas o fluxo aumentará nos meses vindouros. Somente melhora real nas condições sanitárias e alimentares interromperá o fluxo.  Na semana vindoura, a crise na Venezuela entrará por primeira vez na lista dos programas humanitários divulgados pela ONU. Nessa ocasião, as Nações Unidas lançarão apelo global para crises no Iêmen, Síria, Líbia e outros países, como a Venezuela.  O covarde temor do ditador Maduro de que o auxílio humanitário poderia desestabilizar o próprio mando impediu que muitas pessoas fossem salvas.
                      O programa da Unicef destinará US$ 2,6 milhões para a "recuperação nutricional de crianças com menos de cinco anos, mulheres grávidas ou que esteja amamentando". Nesse sentido, oito Estados venezuelanos serão atendidos.
                       Outro montante, de US$ 1,7 milhão, será destinado ao atendimento de mulheres e meninas, principalmente nos estados de fronteira com Colômbia e Brasil. A maior porção  do dinheiro irá  para a Organização Mundial de Saúde, Essa agência tem US$ 3,6 milhões para dispender no fortalecimento de hospitais, ajudar a pagar salários e comprar medicamentos.
                         É de notar-se  que, consoante fontes ouvidas pelo Estado, as agências internacionais estavam lidando apenas "com os sintomas da crise". Até o presente, elas atuavam tao somente fora dos limites do país - nesse sentido, quarenta entidades têm a- tendido a população que deixou a Venezuela.
                           Nas Nações Unidas, fontes acreditam que esse primeiro passo de ajuda humanitária marque o início de processo que permitirá uma maior presença de entidades nesse país. Jorge Arreaza, ministro do exterior da Venezuela,  durante recente visita a Genebra, indicou que o país não vive uma "emergência humanitária", que "todos tinham acesso à saúde" e não se pejou em garantir que a crise era "manobrada" pelos americanos,  na tentativa de levar Maduro à renúncia.
                                   A Organização Pan-americana de saúde (Opas)  denunciou que um em cada três médicos venezuelanos já deixaram o país e informou o aumento nos  casos de Aids, malária, tuberculose, sarampo, difteria e de outras doenças.
                                     Por exemplo, em 2014 existiam registrados 66,1 mil médicos na Venezuela. Em 2018, 22 mil debandaram.  Segundo a Opas, em mortalidade infantil,o país  regrediu quarenta anos. Os índices de 2017 são equivalentes ao que se registrava na Venezuela em 1977.

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

domingo, 25 de novembro de 2018

Na Sala de Espera do Sonho Americano


                 
       Vindos na maioria de Honduras,  cerca de três mil imigrantes pacientam em acampamento improvisado em centro esportivo de Tijuana, cidade mexicana na fronteira com o ambicionado destino dos Estados Unidos da América.
        Parte da espera é feita em barracas de camping, ou de cobertor, que servem de abrigo. Diante delas o gigantesco muro-símbolo, que explica duas coisas: a enorme diferença de renda entre América del Sur y Estados Unidos, que motiva a empresa; e a embutida trágica ironia da rejeição.
         A vista em si já é uma provocação: o enorme Muro de Trump pode ser o fim de uma viagem de quase dois meses de caravana.  O desespero foi o guia dessa insana caminhada.
          Como seria de prever, a tensão domina em atmosfera de cansaço, que a longa, interminável espera condiciona.  Neste sábado 24 de novembro, a Casa Branca fez um acordo com a equipe de López-Obrador, ainda presidente-eleito de México, para manter naquele país os migrantes que anseiam por refúgio em Estados Unidos, enquanto seus pedidos são analisados. O tal acordo contraria a muitas regras da cruel burocracia que lida com as vidas das pessoas, mas na emergência é aceito. Para Olga Sanchez Cordero, futura ministra de López Obrador, que afinal assume a 1º de dezembro, o entendimento com a Casa Branca é "uma solução para o curto prazo" (segundo o Washington Post). Se o mecânico hondurenho Ever Montes começa a pensar em voltar à terra natal, esta não é opção para o também hondurenho Edgardo Garcia. Veio com a mulher e três filhos."Tinha casa própria, carro, minha mecânica e um restaurante. Estou jurado de morte pelas duas gangues de lá", por não conseguir pagar o imposto de guerra exigido pelos criminosos.
          Dentre os trabalhadores que se moviam em busca de emprego, está o eletricista Robinson Sabillón, 25. Também o motiva a ânsia do trabalho, mas ele tem medo dos mexicanos e dos cartéis de droga. "Dizem que há muito sequestro aqui".  Aliás, nesse último fim de semana, centenas de moradores de Tijuana protestaram contra a chegada dos imigrantes.

(Extraído da reportagem de Fernanda Ezabella,  da Folha de S. Paulo)

Judicialização da Dívida dos Estados ?


                   

       Segundo assinala o Estadão, uma série de decisões judiciais a favor de Estados está afetando o Caixa da União e já compromete a renegociação das dívidas de governos regionais.  Nesse contexto, há caso em que governadores conseguiram liminares na Justiça para tomar novos empréstimos com garantia do Tesouro Nacional, não obstante a fragilidade de suas condições financeiras não viabilizarem esse tipo de contratação.  Entende-se, portanto, que em tal contexto para conter o impacto de tais danosas decisões sobre as contas públicas, a equipe do Presidente-eleito queira fortalecer a articulação com o Judiciário.
      A "judicialização" dos tópicos relacionados aos Estados agrava a situação fiscal dos governos estaduais ao retardar as medidas dos impensáveis ajustes. Também serve de estímulo para que mais governadores  procurem a Justiça com o escopo de suspender a dívida com a União. Essa estratégia já foi adotada por Estados como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

        A situação do Rio e do Rio Grande, por exemplo, preocupa, pelo aumento da dívida, e que esse desregramento inviabilize a condição do Estado em pretender a normalização futura . Compõe, no entanto, o problema no Rio, o descalabro moral e ético da Alerj, que sequer encara a questão de sustar o pagamento dos honorários  e mesmo de proceder ao afastamento de três deputados condenados e presos pela Justiça do Rio de Janeiro.

( Fontes: O Estado de S. Paulo e O Globo )

Governar com o Centrão ?


                    
       O que é o Centrão? É uma coalizão de partidos ditos conservadores - DEM, PP, PR, PRB, e Solidariedade -, que se instalaram no suposto centro da Câmara de Deputados, e que ajustam os próprios interesses às chamadas conveniências políticas próprias, daí a circunstância de que adotem a suposta ideologia do chamado jeitinho brasileiro, em que um acordo mesmo ruim será sempre possível, dependendo das circunstâncias.
         No entanto, o modus faciendi de Bolsonaro está alijando das conversas para a composição do próprio governo os respectivos caciques do Centrão, o que não lhes tem agradado. Como refere o Estadão, as tratativas estão sendo feitas diretamente  com deputados e as frentes parlamentares, menosprezando o "presidencialismo de coalização", em que o loteamento de cargos garantiria apoio no Congresso.

         O caso mais recente foi a sondagem a Celso Russomanno (PRB-SP) convocado para uma pasta que reúne  Esporte, Turismo e Cultura, mas sem consulta ao presidente do partido, Marcos Pereira.
          Também a indicação de ministros do DEM, Onyx Lorenzoni, Luiz Henrique Mandetta e Tereza Cristina, igualmente causou certo ruído na legenda, que por ora resiste a integrar o Governo.

           Tal 'modus operandi' pouco tradicional ameaçaria a lua de mel do presidente-eleito com o Congresso.
             Terá de haver uma composição, eis que o presidente dependerá do Centrão para a aprovação de mudanças constitucionais sine qua non, como a reforma da Previdência, que o governo Temer teve de abandonar no caminho.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

sábado, 24 de novembro de 2018

A Crise das Livrarias


                            

        Essa crise tem afetado um bom número de livrarias.  Muitas dessas tinham apostado no modelo megastore, que não vem resistindo à concorrência na internet, de que o exemplo maior é  a Amazon, que vem suplantando as antigas cadeias tradicionais de livrarias.
          Jeff Bezos terá criado um novo modelo de bookstore, que opera na internet, que não tem horários para ser visitada, e que se especializa na rapidez e na disponibilidade através do espaço herziano.
            O modelo tradicional não tem condições de concorrer  com esse novo espécimen na selva de Johannes Gutenberg. Não há dúvida que o intelectual se sentia mais à vontade no ambiente de grande, tradicional livraria, no estilo da Barnes & Noble, mas o mundo da cibernética não costuma deter-se por tais supostas vantagens. O vento as leva assim como as posses da sulina Scarlet O'Hara...
             Recordo-me de um grande amigo meu já falecido, de quem teci o retrato nas Cartas ao Amigo Ausente, escrito sob o impacto de sua inesperada morte (o desaparecimento de uma grande amizade tem duas características: costuma ser súbito e silencioso).  Pois ele passou boa parte da vida coletando livros nos sebos do centro do Rio de Janeiro (que existiam e até mesmo floresciam, mas de súbito tiveram a sentença de morte exarada por um prefeito que queria modernizar o centro carioca. Ele teve um certo tipo de sucesso: pois deixou um bairro que palpitava em bares, livrarias, sebos (!), lojas e um público variado, vindo não se sabe de onde, mas que tinha um gosto pelas ruelas acanhadas e pelo afluxo diurno,  para hoje desaparecer em ermos becos e desertas ruas, quase sem vida,  a espera de virarem sabe-se lá o quê, no aguardo do modernoso futuro, que teima em não dar as graças, frustrando os planos de quem já pensava suplantar os antecessores).   

Estupidez ou má-fé ?


                                       
        Mais uma vez Donald Trump tem de engolir os prejuízos que a postura retrógrada de sua Administração vem causando aos Estados Unidos.
         Esse demagogo mostra na sua atitude quanto ao fator climático que a sua suposta denegação da deterioração no clima mais participa de postura e mesmo encenação, do que de uma real contradição desta influência na atualidade.
          Pode servir de exemplo que a Casa Branca não ousou impedir a divulgação de relatório de especialistas das principais agências ambientais federais americanas.
           É um comportamento no mínimo contraditório para quem não só permitiu a divulgação do relatório de expertos que mostrou o impacto causado por mudanças climáticas, de incêndios a furacões e ondas de calor cada vez mais agressivas, o que já está prejudicando os Estados Unidos e fará a economia encolher 10% até 2100, o que implicará no dobro das perdas da recessão de 2008.
            Donald Trump tem de forma irresponsável estimulado o consumo de combustíveis fósseis, sob o argumento de estimular a economia.  Como provado demagogo, ele tem o vezo de mesclar declarações de caráter retrógrado  - como duvidar de que o homem possa influenciar fatores climáticos -  a par de irrespon-savelmente reverter regulações ambientais aprovadas por seu antecessor e de acenar com a eventual saída dos EUA do acordo de Paris sobre o clima. Sem embargo, malgrado as declarações bombásticas, até o presente ele não tem tomado qualquer providência na matéria.
               Demagogo ou não, Trump vê a sua posição desmoronar sob o peso dos fatos. Assim, a porção continental dos Estados Unidos está 1,8 grau mais quente do que há cem anos, e cercada por mares em médio 20 centímetros mais elevados. Segundo o relatório, até 2050 a temperatura média estadunidense poderá ter mais 2,3 graus adicionais, assim como a destruição dos recifes de corais.
               O relatório calcula ainda o impacto climático para a economia americana: US$ 141 bilhões em custos por mortes relacionadas ao calor; US$ 118 bilhões pela elevação do nível do mar, e US$ 32 bilhões de danos de infraestrutura até o final do século.
                O impacto visto nos últimos quinze anos ficará mais forte e isto só se ampliará,  afirma Gary Yohe, professor de economia e estudos ambientais da Wesleyan University, que analisou o relatório. "Perdemos quinze anos de tempo de resposta. Se perdermos mais cinco anos, a história piora. Quanto mais você esperar, mais caro será."
                   A atitude a respeito de Donald Trump é enigmática, em termos de determinar porque o presidente se recusa a tomar uma postura que é a determinada pelo bom senso e/ou por quem tenha um Q.I. mínimo de inteligência.  Qual o propósito desta negação da evidência? Que ganho secreto ele conta colher se continuar a repetir tolices de um Q.I. de inteligência bastante inferior?

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Black Friday ?


                                                    
                                        
         Sob certos aspectos, pode ser vista como contristadora a atitude de boa parte da sociedade brasileira em acolher, de forma esfuziante e até mesmo excessiva, usanças estrangeiras.  O fenômeno de pronta, entusiástica mesmo, aceitação de modismos comerciais estadunidenses vem demonstrando que aquela velha observação quanto à alegada inclinação para a imitação do brasileiro em geral - a ponto de não poucos de nossos irmãos platinos chegarem  a chamar os brasileiros de macaquitos - não é tão destrambelhada quanto a princípio nos pareceria e - pelo menos para muitas gerações de brasileiros - há de ter revoltado pela alegada injustiça.
           Vivemos mesmo em uma sociedade global? Ou o fenômeno seria melhor descrito se o encararmos como um pendor para imitar ou copiar práticas alienígenas, de preferência de sociedade com as características de pujança e presença mundiais como a americana?
            Se a influência cultural tende a ser grande, como foram no passado a francesa e a inglesa, não é estranhável que a presença estadunidense cresça em termos culturais no nosso país.  Mas descambar para essa imitação desenfreada de práticas comerciais - mormente com a aceitação que tem a olhos vistos - não terá um efeito descaracterizador em nossa sociedade e, sobretudo, contribuir para que dê lugar a observações que, no melhor dos casos, se prestem a interpretações ambivalentes, como se a tendência brasileira de copiar - ou arremedar - hábitos e usanças estrangeiras, em especial de potências com grande presença mundial, como é o caso dos Estados Unidos na presente sociedade global, em que de resto a tendência para a imitação cresce em função - como é preciso admiti-lo, dadas à facilitação das comunicações mundiais - da dita sociedade globalizada, que caracterizaria o mundo atual?
           Ou será que, com todas as condições reforçando tal tendência à imitação, ainda assim tendemos a levar esta inclinação a posturas que poderiam ser interpretadas como se derivadas de certo servilismo cultural ?

O Incrível Crivella


                              O Incrível  Crivella

         Segundo noticia O Globo de hoje, o prefeito Marcelo Crivella que há dois anos atrás  fora eleito prometendo municipalizar nove hospitais federais, agora entra na Justiça com ação para devolver 23 unidades de saúde ao governo federal. As referidas unidades, segundo se indica, somam 1.053 leitos e incluem duas maternidades.
        A real intenção de Crivella era obter uma liminar que determinasse a devolução imediata das citadas unidades.  No entanto, ele esbarrou na decisão da juíza Maria Alice Paim Lyard, da 21ª Vara Federal do Rio, que, ontem, 23 de novembro, indeferiu o pedido do município.
        Segundo o entendimento da magistrada, qualquer transferência administrativa só pode ser definida após o Ministério da Saúde ser ouvido. A juíza Paim Lyard observou, outrossim,  que a prefeitura deu um prazo exíguo para o órgão federal responder a um ofício no qual é informado do desejo de Crivella de devolver as unidades. O documen-to foi protocolado no último dia treze, e a ação chegou à Justiça, anteontem, 22 de novembro. Nesse intervalo, houve dois feriados.
          Na ação em tela, a prefeitura argumenta que tenta negociar um aumento de verbas federais para as unidades de saúde desde 2017. A par disso, assinala que, desde 2005, a prefeitura recebe R$ 100 milhões por ano para custeio das instituições municipalizadas, valor que jamais foi corrigido pela inflação. Ainda no entendimento da prefeitura, caso tivesse havido correção, a ajuda da União estaria orçada em torno de R$ 205 milhões anuais, o que cobriria grande parte das despesas das unidades estimadas, no total, R$ 251 milhões. Cálculos à parte, a iniciativa de Crivella  foi alvo de críticas de especialistas em saúde pública.
        Nesse sentido, assim se manifesta Ligia Bahia, médica sanitarista e professora da UFRJ:  "A conduta de Crivella revela uma incompatibilidade entre o que ele indicou que seria prioridade e a gestão do dia a dia. E o que o prefeito propõe não faz o menor sentido. As unidades municipalizadas têm um perfil de atendimento básico, prestam serviços de menor complexidade. Uma eventual devolução dessa rede ao governo federal prejudicaria a população que precisa de consultas e exames."
         Integrante da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, o vereador Paulo Pinheiro (PSOL) não discorda da professora Lígia:
"Essas unidades servem de retaguarda ao restante da rede. Se o prefeito reclama que a saúde pública da cidade não tem suporte do governo federal, imagine como ficaria a situação com mais hospitais para a União administrar."                            
    Procurado pelo jornal O Globo, o prefeito não quis comentar o assunto. Em comunicado, o Ministério da Saúde informou que ainda não recebeu notificação oficial sobre o caso, e frisou que não tem qualquer política ou programa com previsão de maior aporte de recursos, tanto de investimentos como de custeio, para unidades municipais. Ainda de acordo com o órgão federal, os repasses atuais se encaixam no chamado limite financeiro de média e alta complexidade, que estabelece para o Rio um orçamento neste ano de R$ 1,02 bilhão.  A União também repassa R$ 354,6 milhões para a atenção básica do município.
        Aliás, o título do artigo "Jogo de Empurra" em O Globo mostra que as perspec-tivas não são boas de qualquer forma para o município, dada a posição das duas partes.

( Fonte: O Globo )

Colombiano o novo Ministro da Educação


                               
       Escolhido pelo presidente-eleito Jair Bolsonaro para o ministério da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez afirmou em carta que preservará valores morais e da família em sua gestão.
       No texto da carta, ele defende a Escola sem Partido: "Não à discriminação de qualquer tipo.  Não à instrumentalização da educação, com finalidade político-partidária".
       Na correspondência em tela,  Vélez Rodriguez afirmou "pretendo colocar a gestão da Educação no contexto de valores caros à sociedade brasileira, que, na sua essência, é conservadora."
        Nascido na Colômbia em 1943, e naturalizado brasileiro em 1997, o futuro ministro defende a descentralização da educação, com foco nos municípios.

( Fonte: Folha de S. Paulo )

Adiada cirurgia de Bolsonaro


                               

       A cirurgia para retirada da bolsa de colostomia do presidente-eleito, Jair Bolsonaro, de início prevista para dezembro próximo, foi adiada para depois da posse no Palácio do Planalto.
       O presidente-eleito passou ontem por exames no Hospital israelita Albert Einstein. A estimativa inicial dos médicos era que a operação pudesse ser feita já a partir de doze de dezembro, mas o procedimento teve de ser adiado por causa de problemas detectados nos testes realizados ontem, dia 23 de novembro.
        Segundo informa o boletim médico "os exames de imagem mostram inflamação do peritônio e processo de aderência entre as alças intestinais".  Esse fenômeno ocorre quando tecidos grudam uns nos outros, podendo levar à obstrução do fluxo intestinal.
          Por causa das condições citadas, a equipe médica anunciou que, em reunião multiprofissional, decidira "postergar a realização da reconstrução do trânsito intestinal".
           De acordo com a equipe médica que acompanha Bolsonaro, formada pelo cirurgião Antônio Luiz de Vasconcellos Macedo, pelo clínico e cardiologista Leandro Echenique e pelo diretor-superintendente do hospital, Miguel Cendoroglo, o presidente eleito "será reavaliado em janeiro para a definição do momento ideal da cirurgia".
           O boletim informou ainda que apesar dos problemas detectados,   o paciente "encontra-se bem clinicamente e mantém ótima evolução".
             É de notar-se que Bolsonaro carrega a bolsa de colostomia desde o dia 6 de setembro, quando foi esfaqueado num ato de campanha eleitoral, na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. O ataque causou lesões no intestino delgado e grosso, além de danificar uma veia da região.
               Foi por causa das lesões no intestino grosso que Bolsonaro teve que passar por uma colostomia, procedimento no qual parte do órgão é exteriorizado  por meio de uma abertura feita na parede abdominal, para que as fezes passem a ser coletadas em bolsa acoplada ao corpo do paciente.  O principal objetivo da colostomia foi isolar as áreas lesionadas da passagem de fezes, diminuindo assim o risco de infecções no local.
                É de notar-se que a cirurgia  para a retirada da bolsa será a terceira à qual o presidente-eleito se submete, desde o atentado em Juiz de Fora.
                 O próximo procedimento cirúrgico, embora mais simples do que os dois anteriores, vai levar a um corte abdominal de 25 a 30 centimetros, e demandar uma internação de pelo menos sete dias, segundo informação médica.
                  Tais precauções se explicam porque em casos como esses, o abdomen precisa ser reaberto para que as duas alças do intestino cortadas sejam recosturadas. Além disso, a internação costuma ser de uma semana para que a reintrodução alimentar seja feita aos poucos, até que o funcionamento do intestino se normalize e o paciente possa ter alta.
                   O cuidado também é necessário porque, assim como em qualquer outra operação, a cirurgia de reversão da colostomia não está isenta de riscos. Os mais comuns em procedimentos feitos no sistema digestivo são infecções, fístulas ou obstruções intestinais.
                     E depois da alta, os médicos ainda recomendam mais uma semana de repouso em casa. Nesse contexto, Bolsonaro estaria apto a normalizar a sua atuação como presidente cerca de duas semanas após a realização da operação cirúrgica.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )