domingo, 30 de setembro de 2018

Maiden speech do sucessor dos Castro

                    Miguel Diaz-Canel, o novo sucessor de Fidel Castro  - é protegido de Raul Castro - e em seu discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas não  tratou de abertura econômica e menos ainda política em Cuba, mas sua alocução veio prenhe com velha oposição aos Estados Unidos, e uma crítica ao Brasil, com o que chamou de prisão com fins políticos do presidente Lula da Silva.
              Mostrou ser lacônico em sua alocução, com 19 minutos,  que definham perante os 269 minutos empregados por Fidel Castro, recém-chegado da vitória sobre Baptista em 1960.
                Na sua lista de ataques, não poderia faltar Trump,  acusado de implantar uma política imperialista na América Latina e de atacar com especial sanha a Venezuela. Na mesma linha, rejeitou a aplicação de sanções econômicas contra a Venezuela.

                 Mostrando que tampouco mudou quanto a uma visão democrática da América Latina, o ersatz-Fidel do presente declarou rejeitar as tentativas de desestabilizar o governo da Nicarágua, a que teve a petulância de definir "como um país de paz", muito embora o relatório das Nações Unidas indique que mais de trezentas pessoas foram mortas  pela repressão do regime de Daniel Ortega, desde abril p.p., para tentar esmagar os protestos do povo nicaraguense que está cansado da corrupta ditadura do casal Ortega.

                   Dentre os inocentes mortos pela ditadura de Daniel Ortega está a quase médica brasileira Rayneia, que foi abatida por um guarda-costa dos poderosos de turno na Nicarágua, que já conheceu melhores dias. Ela pagou pelo crime de voltar à noite de seus estudos de medicina, ao passar de carro por um bairro dos poderosos do regime, e de seus nervosos capangas.

 ( Fonte:  Folha de S. Paulo )  

Discurso de Maduro na Onu; Trump responde


                    
          Nicolás Maduro falou na plenária semivazia, perante audiência atenta, na noite de quarta-feira, 26 de setembro, e como de hábito acusou os Estados Unidos, declarando "nosso país está sob ataque". Repetiu a  conhecida linha de que "a oligarquia global " tem interesse nas reservas de petróleo e ouro de seu país, e por isso quer estrangular-lhe a economia com ameaças e sanções.
              Por sua vez, o grande inimigo, Donald Trump declarou, com a habitual sutileza: "Todas as opções estão sobre a mesa, no caso da Venezuela. As fortes e as menos fortes". E completou: "vocês sabem o que quero dizer com todas as opções sobre a mesa no caso da Venezuela. E vocês sabem o que quero dizer com forte ", aludindo  a uma possível intervenção militar americana. E completou:
               "Só quero a Venezuela endireitada. Quero que as pessoas tenham segurança. Vamos cuidar da Venezuela. O que acontece na Venezuela é uma vergonha", completou o Presidente dos Estados Unidos.

( Fonte: Folha de S. Paulo )

Seis países americanos denunciam Maduro ao TPI


                    
        Seria de esperar que o número de países das Américas fosse maior do que o sexteto de Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru. Com efeito,somente cinco países sul-americanos e o norte-americano Canadá enviaram nesta 4ª feira, dia 26, ao Tribunal Penal Internacional (TPI) um pedido para investigar crimes de lesa-Humanidade cometidos pelo regime de Nicolás Maduro, a partir de fevereiro de 2014.
         Esta é a primeira vez que governos nacionais acionam a Corte, sediada na Haia, contra outro país signatário do Acordo de Roma. O Governo brasileiro resolveu não se juntar ao pedido porque a Procuradoria-Geral já estava investigando a  Venezuela, desde fevereiro, e o Itamaraty acredita que a carta poderia ser encarada como pressão política sobre ela.
         Segundo informa, outrossim, a Folha, o governo brasileiro também entende que o fato de um Estado pedir investigação de outro abre um precedente que não seria bom. Quer-me parecer, contudo, que, SMJ, há limites para nortear a posição de um Estado, e o Brasil, com a sua posição na América Latina, e tendo já problemas com a migração venezuelana em Roraima, deveria participar da iniciativa dos seis países acima citados.
           Entre as acusações listadas pelo representante argentino, Jorge Faurie, acham-se "detenções arbitrárias, assassinatos, execuções extra-judiciais, torturas, abusos sexuais, violações e atentados contra o processo devido."
           É de notar-se que algumas das vítimas são menores de idade, segundo afirmou o Ministro, para quem,se as denúncias forem comprovadas "ficariam claramente configurados os crimes de lesa-Humanidade".
           A carta pede, outrossim, à  Procuradora-geral Fatou Bensouda que sejam investigadas acusações desde 12 de fevereiro de 2014  "para que se determine se se deve acusar uma ou várias pessoas", disse o chanceler peruano, Néstor Popolizio.
           O pedido se baseia em dois informes sobre a violação dos direitos humanos na Venezuela, um da OEA, e outro do Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas.
             Nesse contexto, a chanceler do Canadá, Chrystia Freeland acrescentou: "Em um momento em que muitos países dão as costas à ordem internacional baseada em regras e quando o próprio TPI está sob ataque, é alentador ver e participar de um esforço para transmitir os crimes do regime de Maduro a esse órgão".
              Freeland se referia à decisão dos Estados Unidos de sancionar o Tribunal, em reação à movimentação do TPI  para investigar supostos crimes de guerra cometidos pelos EUA no Afeganistão. Washington retirou seu apoio ao TPI em 2002, apenas dois anos após assinar o Estatuto de Roma.
              Já há um exame preliminar em curso na Corte sobre a situação na Venezuela. Essa etapa antecede a abertura de investigação formal e não tem prazo para terminar.
               A aludida pré-apuração, anunciada pelo TPI em fevereiro deste ano, se ocupa de crimes cometidos durante manifestações contra Maduro que deixaram mais de 120 mortos de abril a junho de 2017.
                Investiga-se o uso excessivo de força pelas tropas do governo para dispersar e reprimir manifestantes, além de detenções aleatórias e abusos cometidos contra eles durante a prisão. Agressões cometidas por oposicionistas contra as forças de Maduro também estão no escopo do TPI.
               A carta acima referida também pede ao TPI que acelere a investigação em causa e apresente conclusões.
                   Ainda nesse sentido, os países da região têm intensificado a pressão sobre o regime da Venezuela, que, como se sabe, se acha mergulhado  em grave crise humanitária, econômica e política, que se vem intensificando nessa década, com o continuado aumento da emigração para países vizinhos.
                     Consoante as estimativas das Nações Unidas cerca de 2,3 milhões de venezuelanos deixaram o país, a maior parte deles está hoje na Colômbia - e o Brasil abriga cerca de 55 mil, a maior parte em Roraima.         
           
( Fonte: Folha de S. Paulo )

Ainda da audiência sobre o Juiz Kavanaugh


                    
         A acusação movida contra o juiz Kavanaugh por Christine Blasey, Deborah Ramirez e Julie Swetnick pode não chegar a  conclusão alguma contra o candidato do Presidente Trump ao Supremo, em termos definitivos, embora os vários depoimentos já sejam mais do que suficientes para dar ao público e ao Senado lúrida e triste ideia do nível moral das concernentes festas universitárias, das orgias com homéricas bebedeiras e da participação das jovens e dos rapazes em ambiência que não fica muito a dever, em matéria sexual, ao que se possa entender por verdadeiras bacanais.
            A sucessão dos depoimentos dos jovens -  tanto rapazes, quantos moças envolvidos nessas festanças - dá aos assistentes um quadro em que quase tudo é permitido, e, por conseguinte, diante das liberdades que caracterizam tais reuniões, semelha bastante difícil estabelecer barreiras ou limites, que separem uma juventude que se poderia considerar bem-comportada, de uma festa em que o abuso da bebida, de carícias mais ousadas e até a ocorrência de contatos que não mais parecem ter limites além dos atos que o velho latim definia como nudus cum nudam in eodem lecto.
                Se a ambiência semelha permissiva, e se a bebida alcoólica corria livremente não será fácil, nesse orgiástico entorno, que se possa invocar, em principio, que eventuais avanços sexuais seriam inadmissíveis.
                 Em tal ambiente,  constituiria um esforço de imaginação e de boa vontade que se possa exigir a  suposição de um comportamento que deveria excluir atos libidinosos ousados.
                  Se levarmos em conta, a degradação moral e de costumes a que os participantes e as participantes pela respectiva presença em tais "festas" possa deixar presumir, seja pela influência do ambiente, seja pela própria presença em tal concurso de evidente liberação sexual, que tanto o entorno, quanto o desregramento imperante, dariam aos participantes e às participantes a presunção de que aí estavam por sua livre vontade, e se existia alguma compulsão, seria a da próprio ambiente.

                     Nesse contexto, de presumível degradação moral e de certa e inegável liberação sexual, o que deveria ser determinado, SMJ, é se os dois querelantes  - Christine Blasey  e Brett Kavanaugh - deram pelos seus atos respectivos - tanto um quanto o outro - (i) que ambos participavam conscientemente da ambiência à sua volta, ou (ii) se Christine demonstrara clara e inequivocamente não querer participar da orgia a seu redor, eis que o comportamento de Brett não parece deixar dúvidas de que ele queria divertir-se no sentido lato, e que o ambiente à própria volta lhe teria dado  a impressão quanto a alegada disposição consensual de Miss Christine Blasey.     


( Fonte:  Folha de S. Paulo )

O Brasil não é Venezuela !


                         
         Quem acompanha a política no Brasil com a seriedade que o tema requer, já ouviu o PT se manifestar em termos elogiosos - notadamente  a Senadora Gleisi Hoffmann - a favor da iniciativa de Nicolás Maduro sobre a "convocação" da Constituinte na Venezuela.
           Parece-me oportuno referir a admiração manifestada por vários dirigentes do Partido dos Trabalhadores sobre a dita Constituinte. Nesse contexto, a proposta enunciada pelo candidato Haddad partiria de uma manobra do ditador Maduro, que "convocou" uma "Constituinte" sem obedecer ao critério da universalidade. Intitulada Constituinte dos Bairros foi mais uma manobra grosseira pelo ditador Nicolás Maduro, eis que a sua "convocação" e respectiva eleição foi fraudulenta, como é a característica na ditadura venezuelana. De resto,  não sou eu quem o afirma, mas a própria empresa europeia a quem Maduro encarregara de organizar a convocação...
            Como todo procedimento nessa Venezuela de Maduro, tal "Constituinte" não passou de uma burla das "dificuldades legais" que o poder legislativo criava para o imaginoso presidente. Com essa "Constituinte"  o ditador inventou um órgão que afastou a Assembleia Legislativa dominada pela Oposição (e originária de votação legal). Só posso atribuir os elogios de dignitários do PT como Gleisi Hoffmann e, pelo visto, o candidato Fernando Haddad à admiração que devotam a essa excrescência jurídica que é a dita  "Constituinte venezuelana", que é uma assembleia "ready made" por Maduro (prescinde da consulta popular), e não tem qualquer base jurídica séria.
            Ao contrário de o que pensam os ditadores como o tirano Maduro, as "Constituintes"  não são instrumentos que servem para resolver os "problemas" criados pelas Constituições, que se fundam na universalidade de sua convocação e de seus membros, o que nada tem a ver com o aleijume jurídico representado por essa falsa Constituinte, presidida pela fac-totum Delcy Rodriguez.
              Não sei o que o candidato petista Fernando Haddad pretende com essa esdrúxula imitação da Constituinte venezuelana, como se o Brasil estivesse  na condição lamentável de nossos pobres vizinhos.  A Constituição de 1988 atende plenamente aos desafios do presente. Sabemos da postura teatral do PT, recusando-se a princípio a assiná-la, mas tal atitude - ou alguma ordem emanada do padrinho do candidato petista -  não me parece motivo bastante para encenar mais uma patacoada que costumam atribuir a America del Sud.   HoffHHo   Ho
        

( Fonte: O  Globo )

sábado, 29 de setembro de 2018

Condenação de Garotinho


                           

       Candidato ao Governo do Rio, Anthony Garotinho (PRP) está impedido de votar nas eleições. Nesse sentido, o juízo da 98ª Zona Eleitoral, na qual Garotinho está registrado, determinou que o impedimento conste no caderno de votação.
         A informação foi confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ). A proibição deve valer porque o candidato tem uma condenação criminal transitada em julgado.
           A lei prevê nesses casos a suspensão dos direitos políticos, enquanto durar a pena. No caso de Garotinho, esse período é de dois anos e oito meses.
            Não há, no entanto, uma decisão final sobre se Garotinho poderá ou não ser votado, sendo candidato a governador do Rio de Janeiro. Quem dará a palavra final é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesse sentido, o procurador regional do Rio, Sidney Madruga, entregou parecer em quinze de setembro em que pede à Corte que considere a suspensão dos direitos políticos em virtude de condenação criminal já finalizada e que rejeite, por conseguinte, a candidatura de Garotinho.
             
( Fonte:  O Globo ) 

O escândalo da UNRWA


                                          

        Como definir o escândalo praticado pela Administração Trump no que tange ao cancelamento da contribuição norte-americana à UNRWA, a agência das Nações Unidas para os refugiados da Palestina?
          Essa atitude de Donald J. Trump vai entrar para o registro histórico, não como um erro de Sua Excelência, mas como um crime por ele cometido por vis motívos, pensando agradar à clique israelense que tenta cultivar e também ao eleitorado de confissão judaica nos Estados Unidos da América.    
           Quero pensar que tão ignóbil medida, que golpeia um Povo escorraçado de sua própria terra, hoje transformada em bolsões de pobreza, para não dizer miséria, terá sido tomada por mau assessoramento.
            A despeito de que em suas recentes decisões concernentes àquela região tenha primado por orientação preconceituosa e mal-informada,  criando ulteriores dificuldades a esse povo heróico que é consignado aos infernos de Gaza e similares, aconselho a que tenha a grandeza de repensar tal resolução impensada e imprudente. Tenha presente que o seu mandato atravessa grandes dificuldades, inclusive no que concerne à próxima perda da maioria na Câmara de Representantes, onde lhe caberá proximamente enfrentar não os lacaios a que está habituado, mas maioria democrata, presidida por Madam Speaker Nancy Pelosi, que muito contribuirá para dar ao que resta de sua Administração uma visão mais realista, não só dos Estados Unidos, senão também de o que chamava o grande poeta brasileiro Drummond de Andrade,  esse mundo, vasto mundo.
                 Como o senhor está fadado a ser um Presidente de um único mandato, como o seu distante antecessor Buchanan, deveria cuidar mais da própria imagem, reduzindo e mesmo eliminando as ignóbeis mesquinharias de cancelar a assistência aos refugiados da Palestina, indo na contramão de seus antecessores, tanto democratas, quanto republicanos, que jamais ousaram fazer tal maldade aos sofridos palestinos.
                 Nada pior para a sua imagem e a de sua Administração  que, ao encerrar o seu primeiro e único mandato, deixe para o Povo Americano uma triste aparência, não só de mesquinharia, mas de crueldade contra os infelizes desse mundo.
                 Presidente Trump, não faça economia com a miséria alheia!  

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

PS. Sobre Trump e a determinante influência na eleição de 2016 de James Comey



            Esse presidente, de nome Donald Trump, eleito que foi pela pontual ajuda do diretor do FBI, James Comey, através da atitude tão estranha e difícil de definir quanto a própria inoportuna e descabida mensagem ao Congresso estadunidense, em plena votação antecipada na eleição de 2016 para Presidente, em que, de forma irresponsável, alude à possível existência no computador do marido-afastado de Huma Abedin, secretária de Hillary no Departamento de Estado, de novos elementos a serem examinados no contexto da investigação de seu uso como canal privado desse servidor pela Secretária de Estado Hillary Clinton. Esse aviso, feito por Comey, levantou falsas lebres a respeito da candidata Hillary, que já fora suficientemente castigada pela seu uso a titulo particular do servidor público do computador do State Department. A mensagem, contudo, como revelou a investigação posterior, nada de relevante para a questão do dito servidor apresenta contra a candidata do Partido Democrata. Mas houve uma decalagem fatídica para ela, provocada pelo aviso, no mínimo imprudente, feito por Mr James Comey: primo - a mensagem intempestiva levantou uma falsa lebre junto aos eleitores antecipados. Nada havia contra a candidata no computador desse marido afastado da secretária de Hillary que acaso depusesse contra a candidata. Mas esse aviso de Mr Comey -  seja dito de paso -  desrespeitava todas as regras do Departamento de Justiça - de evitar comunicações políticas que criassem confusão na mente do eleitor e que pudessem ser acaso prejudiciais para os eventuais candidatos à Presidência. E foi o que ocorreu com essa inenarrável leviandade - to say the least - em termos de possível confusão - e indução a erro - na mente dos eleitores antecipados.  Quando ela foi divulgada - refiro-me à irresponsável leviandade de Mr Comey - a candidata Hillary tinha a vantagem de 6% no cômputo de votos para presidente.  Estava, então, em pleno curso a dita votação antecipada pelos eleitores, que é praxe nos Estados Unidos, nesse período que antecede o processo eleitoral propriamente dito.       
            Concluído esse breve período, a apuração já indica que, sem dúvida influenciada pela informação tendenciosa, e que induziu a suspeita de que algo houvesse de errado quanto ao dito computador do marido separado da secretária de Hillary, as prévias dos resultados de uma eleição estreitamente disputada passaram a indicar que a candidata democrata, de sua vantagem de seis por cento no escrutínio geral, passara a uma desvantagem  de exatamente seis por cento, mas agora, vejam só o que lograra a mensagem de Mr Comey, esses mesmos seis por cento passam a ser em favor do candidato republicano, Mr Donald Trump !
              Alem de desrespeitar as sensatas e sempre oportunas determinações da Secretaria de Justiça, a que esse diretor do F.B.I., Mr James Comey, deveria obedecer, se juízo tivesse, o que aconteceu foi justamente o contrário, com a descabida e inoportuna quebra das sábias injunções do regimento da Secretaria de Justiça, que colimam manter condições de fair play em vigor durante o pleito eleitoral, e, como é lógico, tal regra deve merecer a maior atenção para evitar o que justamente ocorreu, em detrimento de influência negativa que a inadmissível intromissão de Mr Comey provocou, causando  inadmissível interferência no processo eleitoral, com efeitos desastrosos para a candidata Hillary e a fortiori para o Povo, provocando uma brusca e artificial mudança no cômputo dos sufrágios, que passou a ser em favor do candidato Donald Trump, o que antes não era a tendência da votação decerto apertada, mas com clara vantagem de seis por cento a favor da democrata Hillary.
                Destarte, não se deu até o presente o realce necessário de que se houve um grande eleitor nessa eleição de 2016, esse estranho papel foi assumido na prática pelo então Diretor do Federal Bureau of Investigations, Mr James Comey.
                Empalidecem, por conseguinte, as insinuações e tudo aquilo que o hacking  do diretório do Partido Democrata, feito pelo serviço secreto russo não lograra obter, dentro de seu escopo de distorcer os propósitos da candidatura de Hillary;
               a própria divulgação por Wiki-Leaks, supostamente a cargo de Julian Assange, então asilado na Embaixada do Equador em Londres, em esforço para divulgar mensagens diplomáticas  confiden-ciais da Administração Obama,  que seriam supostamente comprometedoras  e tudo o mais coletado pelos hackers russos, que pudesse de algum modo prejudicar a candidatura da Secretária de Estado Hillary Clinton.
              O que é relevante, no caso, não é apenas a circunstância de que grande parte dessa movimentação estrangeira partira do Kremlin e, em especial, de gospodin Vladimir Putin, na sua dúplice qualidade de desafeto de Hillary Clinton e principal apoiador estrangeiro da candidatura de Donald Trump, como já sobejamente demonstrara, através de diversos enviados seus que contactaram Trump e respectiva equipe de campanha no Partido Republicano. 

( Fontes: What Happened, de H.R. Clinton;The New York Times; The New York Review; The New Yorker ). 

A denúncia de Abbas


                                  

           Em seu discurso na Assembleia Geral, o Presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, declarou a 27 do corrente que os direitos do povo palestino "não estão disponíveis para barganha", e nesse sentido, acusou os Estados Unidos de enfraquecer  a solução de dois Estados no conflito com Israel.
            Em tal contexto, Abbas asseverou que os palestinos nunca rejeitariam uma negociação mas "é irônico que o governo americano ainda fale sobre o que chama de 'acordo do século'.E, retoricamente, o presidente palestino questionou: "O que resta para os EUA darem ao povo palestino? ", inquiriu ele.
           Essa declaração, inserida no discurso perante a Assembleia-Geral,ocorreu  um dia depois de o presidente Donald Trump haver sugerido que apóia a ideia, há muito tempo discutida como a maneira mais eficaz de resolver o conflito.
          Diante da abstrusa decisão do governo Trump, de dezembro último - em que os Estados Unidos reconheceram Jerusalém como a capital de Israel, Abbas decidiu suspender os laços com o governo Trump em dezembro.
           Para os palestinos, que também reivindicam Jerusalém como a capital de seu Estado, a decisão impediu que qualquer plano para a paz seja levado adiante. Além dessa medida, outras foram tomadas pelo Governo americano, recentemente vistas  pela Autoridade Palestina como favoráveis a Israel. Nesse sentido, dada a falta de equilíbrio e de respeito à igualdade nos direitos respectivos, o presidente Abbas declarou : "Jerusalém não está à venda."


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Resolução da ONU contra Maduro


                      

         A despeito da resistência do governo da Venezuela e de sua representação nas Nações Unidas, o Conselho de Direitos Humanos reconheceu, por primeira vez, que a Venezuela vive "uma crise humanitária". A votação foi marcada por apelo de Brasil, México e a Europa, contra qualquer iniciativa dos Estados Unidos de recorrer à intervenção militar para resolver a crise.
            Como se sabe tanto a OEA, quanto a Administração Trump vêm levantando a possibilidade da intervenção contra o ditador Nicolás Maduro. Além das conversações militares de iniciativa contra o regime de Maduro, que vazaram nesse mês, houve mesmo contatos com militares venezuelanos que se opõem ao governo e sobretudo à situação de crise econômica e humanitária que tem forçado um êxodo em massa de boa parcela da população venezuelana. Como referi em blog anterior, o povo da Venezuela, dada a penúria, a astronômica hiperinflação, a falta geral de medicamentos e mesmo de gêneros, vem votando com os pés, ao buscar em países vizinhos e não tão-vizinhos o minimo existencial que não mais encontram na sua pátria.
            Por enquanto, a maioria dos países latino-americanos se opõe à intervenção militar na Venezuela, embora não haja unidade consensual no Grupo de Lima.  O Itamaraty, conforme à tradicional posição contrária do Brasil ao emprego da força,  de que participam muitas - mas não todas as nações do Continente - se tem negado por ora associar-se, ainda que retoricamente, a formas mais contundentes de ação contra o regime de Maduro. Nesse ponto, a OEA mantém posição mais incisiva no capítulo, como o demonstrou recentemente o Secretário Geral Almagro.
              O texto ora aprovado pelo Conselho de Direitos Humanos reconhece, por primeira vez, que a Venezuela vive "uma crise humanitária". Na pressão diplomática contra o regime de Nicolás Maduro - com o seu desrespeito à democracia e aos direitos humanos elementares - a aprovação de Resolução pelo Conselho de Direitos Humanos não é gesto vazio e óbvio, pois abre as cancelas para atitudes mais incisivas no plano internacional.  O corrupto governo de Maduro reconheceu a seriedade da ameaça, e por isso Caracas envidou pressões para convencer vários países a não apoiar o documento.
                 O temor de Caracas é de que a crise seja declarada "desastre humanitário", e justifique a intervenção militar.  O regime chavista - que desde a "eleição" da "Constituinte dos Bairros" descambara irremediávelmente para a ditadura e a espúria convocação - com amplo recurso à fraude eleitoral para a "eleição" da dita "Constituinte" - o que é fato comprovado pela própria firma estrangeira encarregada da instrumentália para arregimentar esse estranho corpo de eleitores.  Não é de resto por acaso que no próprio Brasil houve partido que entoou loas ao "método" e à própria ideia desse aleijume constitucional, ignorando adrede que a tal convocação desse organismo espúrio, que é presidido pela notória "incondicional" Delcy Rodriguez, serviu na prática a dissolver a Assembleia Legislativa, eleita por todos os venezuelanos, e onde a oposição era maioria - o que foi a razão precípua da formação da falsa Constituinte e a clausura na prática da legítima câmara legislativa.
                    A tropa de choque de Maduro - como o Ministro do Exterior, Jorge Arreaza - chegou mesmo a criticar o uso dos direitos humanos como arma (sic) para justificar eventual intervenção. Chegou mesmo a dizer que a assistência humanitária é cínica, como se fizesse parte da hipocrisia de uma "guerra econômica".
                     Dentro da facúndia desses servos de Maduro, o seu cinismo retórico os leva à audácia de responsabilizar as sanções americanas e europeias pela crise humanitária. Perdem, dessarte,  qualquer razão nessa discussão, quando ignoram o mínimo respeito que devem à calamidade trazida pelo sucessor de Chávez à terra de Bolívar. Ao voltarem para casa deveriam, portanto, evitar sobremaneira olhar-se no espelho maldito da miséria que Maduro trouxe para a Venezuela.

  ( Fonte:  O Estado de S. Paulo )    

Kavanaugh - o quê dizer do embate?


                    
     
         Tantos anos depois, como tentar ler nas fisionomias do acusado, o alegado molestador,  juiz Brett Kavanaugh, e da acusadora, a suposta vítima, Christine Blasey Ford, quem mente e quem diz a verdade ?      
            Na tevê, o que dizer dos semblantes dos protagonistas desse drama tão americano?  A busca da verdade não seria apenas propósito acadêmico, mas o sacrifício da vítima, que não hesita em arrostar os holofotes da audiência pública na mais alta Câmara americana, ou uma missão kamikaze de alguém que por ideologia não hesita em afrontar os arrecifes e redemoinhos de Sillas e Charibdes em entrechoque que como desenlace lhe prometem afirmação ou desonra?
            Antes de procurar a verdade de quem acusa, ou de quem se defende, pensemos na molestada - que deixa um silêncio e consequente segredo de decênios , para afrontar o desafio da disputa sobre a atribuição de uma alegada culpa. E também no acusado, que pela sua condição, é arrastado para a arena.
             Conhecida a acusadora, e arrimados na lógica, será difícil negar que quem intenta responsabilizar uma alta autoridade, e que dispõe de um passado que não lhe retira a necessária credibilidade, há de partir nessa ingrata empresa com a suposição do sacrifício. Com efeito, a lógica não decide, mas tem argumentos fortes para dar credibilidade a quem arrosta ordálio de empreender pública acusação contra alta personalidade, se não dispuser de terrível experiência que empurra a vítima para o público sacrifício, dada a força da consciência a constrangê-la a confrontar o torpe molestador de um passado, que as surpresas da política jogaram de novo para a ribalta pública.
                A acusadora veste a pele da vítima uma vez mais, ao submeter-se às vespas públicas que a mando de outras forças estão consignadas a atacá-la e expô-la como se estivesse a inventar do passado uma calúnia?
                Para ter certeza em tal embate de personalidades,  é preciso a mente aberta, para lançar-se do alto das respectivas cátedras na arena pública. A vitima passada, pela sua situação presente, em que a condição de fraqueza ainda prevaleça, deve ser escrutinada em que olhos de promotor e defensor público se unam, na missão ingrata de buscar a verdade, por arcana que seja.
                 Dada a idade dos protagonistas desse embate que é transferido para o circo romano do Senado, será o cotejo entre convicções quanto a fisionomias, procedimentos passados, eventuais pendores para buscar o palco dos julgamentos alheios, e possíveis testemunhos contrastantes de personagens secundários. Nada, porém, como o exame detido das respectivas personalidades e o consequente juízo fundado em avaliações submetidas às respostas de cada um.

( Fontes:  CNN, New York Times )

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A Esfinge Jeremy Corbyn (2)


                       
          Diante da confusão no governo, e sua falta de unidade, refletida nos ires e vires da "líder" Theresa May, tem crescido bastante nos últimos tempos a insatisfação no Parlamento, notadamente no principal partido da Oposição,  que é o Labour (Trabalhista ) de Jeremy Corbyn. Acresce notar que o próprio Corbyn tem especial inclinação pelo euroceticismo, o que tende a aumentar a reinante balbúrdia.
            De uns tempos para cá, no entanto, o euroceticismo tem mostrado alguns matizes que semelham ir ao encontro de certa inclinação no partido de Attlee que favoreceria a composição com Bruxelas.  Assim, tendo como pano de fundo as piruetas (antics) dos gêmeos Johnson, e a mediocridade da Primeira Ministra May, o Partido Conservador - que semelha ser o esteio dos "princípios" do brexit - reflete uma genérica falta de coordenação e de senso objetivo quanto a obter da parte continental europeia um acordo tipo soft brexit (brexit suave).
           Nesse quadro de falta de liderança de quem é suposta exercê-la, a outra parte, representada por boa parte dos trabalhistas, tem procurado avançar em uma linha que abra a possibilidade de acordo com Bruxelas, passando pelo prelúdio de um novo referendo.
             Com a ambição espicaçada pela probabilidade de eleições antecipadas, o líder da Oposição, Jeremy Corbyn, parece cultivar a possibilidade de recuperar a maioria em Westminster, enquanto se apega simultaneamente a uma estranha adesão ao culto do ambíguo quanto ao tópico cardeal no corrente embate ideológico-partidário na Inglaterra - vale dizer, acreditar possível  marcar o próprio norte pelo  Remain ( i.e., optar pela permanência na U.E.) e ao mesmo tempo, à primeira vista incongruamente, abraçar a mensagem do brexit.
             Talvez pensar no poema-livro de Carlos Drummond de Andrade, o Claro Enigma, possa ajudar de alguma forma a deslindar o que semelha ter todo o aspecto de inarredável contradição. Cultivar em público a possibilidade de ensejar o convívio de dois conceitos antagônicos, como se se pudesse carregar a dúvida como espécie de bengala, para que esse anti-conceito fosse capaz de manter-se incongruamente viável  diante das arremetidas de campos opostos, constitui decerto um preciosismo retórico,  mas em se tratando das idiossincrasias do presente líder do Labour, não poderia ser excluído.
               Para muitos, o chefe do Labour prima por uma atitude pouco consentânea com a de quem pretenda liderar gabinete a sair das próximas eleições. Como toda a ideia nova,  não há negar a própria originalidade, o que tende a constituir uma espécie de passe-livre para viabilizar algum caminho de meta-entendimento com a União Europeia.
               Rogo a paciência do leitor para dois aspectos que estão nessa proposta. De um lado, ela trata o paradoxo como um instrumento. Ao admiti-lo como se fora espécie de contestação que tentaria com ela conviver, não estaria o líder trabalhista convidando para a mesa de jantar conceitos antagônicos na aparência, mas que na realidade não excluem uma forma de coexistência?
               Não há negar que o brexit coexiste com inúmeros erros. A proposta tem ranço reacionário, ao negar a óbvia plenitude lógica do europeismo, surgido na usina de seu núcleo do carvão e do aço, e na obra de recomposição e reconstrução de o que o flagelo da guerra destruíra - contra o fanatismo terrorista de Gavrilo Princip e a destruição cósmica que esse atentado acarretaria.
               No plebiscito do brexit, no seu veleitarismo e consequente primarismo,  a necessidade da união europeia avulta como injunção de nova Europa, em que a soberania individual seja posta de lado, como os velhos trajes dos cortesãos de aristocracias peremptas. Dado, no entanto, o caráter complexo e mesmo delicado do tema, e o travo amargo da soberania individual de estados que na prova da História tinham indicado da sua carente necessidade de travas e instrumentos conducentes a consensos e não a regimes fundados em premissas do absolutismo e da negação da liberdade, como ora se busca implantar em Hungria e  Polônia, vestindo os velhos trajes dos regimes da MittelEuropa do entre-guerras, Jeremy Corbyn talvez busque conseguir melhores condições para o remain,  enquanto trata de compor as eventuais resistências à restauração da situação antebélica com as necessárias composições, seja para aplainar o caminho da marcha para um new deal que esvazie núcleos porventura resistentes - seja no Continente, seja nos remanescentes bolsões ingleses, alargando e pavimentando  a avenida para a sua triunfal afirmação eleitoral, com a volta ao aprisco de uma Inglaterra por fim pacificada.   

(Fontes: Carlos Drummond de Andrade; Sean McMeekin, Basic Books; O Estado de S.Paulo; The Independent ).

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A Esfinge Corbyn ?


                              

          O Reino Unido continua dilacerado por um nacionalismo que a inépcia de David Cameron chamara de volta, concordando em realizar mais um plebiscito sobre a permanência na União Europeia. Acabou sendo ouvido o reclamo por mais uma chance, feito notadamente pela estridente extrema direita e por outros mais personagens que pensam na reedição de glórias passadas quando a Inglaterra governava o mundo com a própria esquadra, e os braços longos do império aonde o sol não se punha.
            A par desse nostálgico sentimentalismo - em que os proponentes de romper os liames com o Continente se inspiravam - , em verdade ele  se fundava em visões pouco realistas da atualidade na Europa e no mundo. Não era difícil entender a pertinácia daqueles personagens que tinham da realidade econômico-política do século XXI uma visão tingida seja por velhos preconceitos, seja pela ignorância e o simplismo de concepções arraigadas, a par de propósitos confusos e de miríficos planos de jogar, ainda que metaforicamente, nos alvos penhascos de Dover, os supostos e até mesmo reais crimes cometidos por ingleses que, uma vez desaparecido da cena européia, em Colombey-les-deux Eglises o herói francês Charles de Gaulle, a quem Londres, em hora sombria para a causa do Ocidente e da Democracia, dissera não e passara a preparar, junto com Winston Churchill,  a longa batalha que só terminaria no abrigo subterrâneo do Fuhrer.
             Não tardaria muito em que de uma Europa arrasada pelo conflito se reiniciaria a construção da Comunidade Econômica Europeia, com nomes cuja grandeza surge não pelos cargos políticos porventura ocupados, mas pelo seu trabalho paciente para recompor um novo Continente político, que para melhor arrimar-se recorria ao aço e ao carvão, para reconstruir, de um velho continente arrasado pela insânia guerreira, um novo futuro, fundado na paz e na indústria.  
           Dentre os personagens que compõem a caminhada pelo Brexit, decerto não havia mais entre eles os representantes do partido Conservador e do Labour, que tinham tenazmente atravessado as duras negativas do general de Gaulle, que a partir de uma conferência de imprensa - reuniões no Elysée assim chamadas embora mais fossem longos monólogos do velho líder, que a Álbion tinha acolhido nas suas terras, enquanto no continente europeu o poderio germânico parecia invencível.
             Os vetos do general de Gaulle, tantos anos depois, não arrefeceram o ânimo dos líderes ingleses que batiam à porta da Comunidade Econômica Europeia. Não os movia nem a nostalgia, nem superficiais desejos construídos por efêmeros anseios. Era movimento capitaneado por conservadores e trabalhistas, fundado não em sonhos mal digeridos, ou em propósitos do momento. Com a pertinácia que é própria da nacionalidade, o Reino Unido se juntou àquela caminhada europeia. Era um desígnio nacional, porque os políticos que tinham na própria jornada entendido de o que significa representar um povo,  abraçavam uma meta que, de certo modo, transcendia a todos, que é o da busca intemerata não por ilusões que qualquer demagogo pode abraçar, mas por um amanhã que encarasse com serenidade e firmeza o melhor futuro onde construir a continuação da própria caminhada.
                A respectiva condição insular, que tanto contribuíra para sua projeção através dos tempos, mostrava agora que a História - essa construção humana que reflete a caminhada dos povos, seus êxitos, tropeços, suas horas difíceis e da própria realidade das nações - apontava para que a velha Inglaterra não batesse em vão na aldrava do ingresso na Europa Continental, e que, sacudindo antigos preconceitos, buscasse o próprio lugar na comunidade econômica dos povos tão europeus quanto a velha Álbion, para participar da travessia por uma presença mais estruturada em antigas nações, que após milênios substituem estruturas hierarquias imperiais pela cooperação comum de tantas nacionalidades que partilham do mesmo solo e de tantas tradições e usanças forjadas nessa invisivel usina de reinos, regiões, repúblicas e potestades, amiúde tão próximas nessa terra, de gente abraçada pelo enigma da cercania, das línguas e das práticas, por vezes tão diversas e tão prenhes de inopinados desafios.   
                    Por uma série de circunstâncias, o capricho de um político de uma nota só cairia no colo de quem não teria a necessária atenção nem a inteligência de assumir que a pressa muita vez ao invés de responder e arrostar a um desafio pode dar-lhe forças que ele não tinha quando lhe foi posto sobre a mesa.
                   A crônica das nações está cheia desses personagens que pensam tergiversar com o destino e, para tanto, imaginam que o próprio desinteresse justificaria um tratamento apressado, superficial, e necessáriamente estulto de problema que se arraste por tempo demasiado, mas que como tantos outros, aguardam apenas o momento em que a insânia se põe ao largo, e a indiferença da autoridade, e seu consequente menosprezo por subestimada causa, não tarda em carregar para um conhecido penhasco o político que pensara conceder à ideia estulta só um destino breve e medíocre, quando na verdade, ora desperto pela própria estupidez, ele a via crescer, mostrando-lhe insuspeita, demônica força, que um misto de indolência  de alguém incapaz de separar o joio do trigo, se via condenado a entrar na História pela porta dos fundos.
(a continuar)                                                                                                

Choque de Alianças no Oriente Próximo ?


                       
       A Rússia anunciou a 24 do corrente que fornecerá, dentro de duas semanas, um sistema com mísseis antiaéreos S-300 à Síria, para permitir que as forças do governo sírio possam defender-se de ataques aéreos, como o que Israel lançou na semana passada no noroeste do país. Segundo o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, também serão bloqueadas igualmente as comunicações no Mar Mediterrâneo de aviões que bombardearem  a Síria.
          Na semana passada, bateria siria da era soviética derrubou, por engano, um avião russo com 15 tripulantes, depois que vários aviões de combate israelenses bombardearam a Síria. Nesse sentido, Shoigu deixou claro que a decisão de fornecer os S-300 se dá em represália ao ataque aéreo israelense contra instalações sírias."Agora a situação mudou, e não por nossa culpa.", afirmou o ministro.
          Temeroso de eventual reforço da posição síria, Israel pressionava faz tempo para que Putin não enviasse os S-300 à Síria, temendo dos reflexos táticos e mesmo estratégicos dessa decisão, temendo que tal reforço sírio prejudicasse sua capacidade de impedir o crescimento de forças do Irã e do Hezbollah em solo sírio, através dos ataques aéreos.
            O ministro russo da Defesa disse a propósito esperar que a chegada dos S-300 à Síria "esfrie as cabeças quentes" contra atuações que ponham  em perigo militares russos. "Caso contrário - acrescentou - seremos obrigados a reagir de acordo com a situação."
            O Ministério da Defesa da Rússia responsabilizou Israel pela derrubada do avião russo Il-20, abatido pela defesa síria no dia dezessete.  O porta-voz da pasta, general Igor  Konanshenkov, qualificou de "falta de profissionalismo" e "negligência criminosa" a atuação dos pilotos israelenses no local do incidente e os acusou de utilizar a aeronave russa  como escudo contra a defesa antiaérea síria.
             A 24 do corrente, o primeiro ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse a Vladimir Putin que fornecer sistema de armas avançadas a "elementos irresponsáveis" aumentará os perigos na região, segundo o gabinete do premiê. Em telefonema realizado pouco depois de a Rússia anunciar que fornecerá o sistema antimísseis à Siria, Netanyahu relatou igualmente haver dito a Putin que Israel continuará protegendo sua segurança e seus interesses.  O lider israelense também informou  ter combinado com o Presidente Putin manter a coordenação entre as Forças Armadas dos dois países.
                O governo americano, por sua vez, pediu que a Rússia desista de fornecer o sistema de mísseis antiaéreos à Siria, por considerar que isso representaria aumento significativo da violência na região.
                  "Acreditamos que entregar os S-300 ao governo sírio significaria uma escalada importante por parte dos russos. E esperamos que eles reformulem a decisão", disse o novel Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, em New York.
                    O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, antecipou que pretende discutir a venda do sistema em reunião com o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, em New York, em encontro paralelo à Assembléia-Geral.
                    É de notar-se que tais mísseis S-300 permitiriam à Síria de enfrentar um ataque aéreo israelense ou americano, com caças Stealth, helicópteros, bombardeios e mísseis balísticos. Tendo um alcance de até 250 km, os mísseis poderiam habilitar a Siria dispor de um escudo antimísseis para defendê-la e suas infraestruturas vitais no caso de um possível ataque exterior.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Projeto bipartidário para a Venezuela


                    
         Senadores democratas e republicanos apresentaram ontem no Senado projeto de lei para lidar com a crise venezuelana, com o intento de aumentar a pressão "política, econômica e diplomática" contra o governo de Nicolás Maduro.
          O Congresso tem, nesse sentido, a ideia de forçar o governo Trump a isolar ainda mais o regime chavista. Também se prevê a concessão da chamada ajuda direta.
           Os dois principais pontos do projeto são o aumento das sanções para "agentes do Governo venezuelano" e o envio de US$ 40 milhões para assistência humanitária. Desta soma, US$ 20 milhões iriam para a crise interna - não estão esclarecidos os meios e a natureza desse fluxo, dada a postura hostil a Washington do regime de  Maduro; e os outros US$ 20 milhões para os países vizinhos, diante dos "desafios do crescimento da migração venezuelana".
            Como não poderia deixar de ser, o Brasil está incluído nos países que receberão assistência. Havendo vários países afetados pela migração causada pelo desgoverno de Maduro, a começar, dada a cercania e o número de refugiados ali já presentes, pela Colômbia. Quanto ao Brasil, a migração venezuelana afeta em especial a Roraima, como tem sido noticiado pelo blog.
             A proposta em tela  é  apresentada sob a liderança dos senadores democratas Bob Menendez, Bill Nelson, Dick Durbin e Ben Cardin,  juntamente com os republicanos  Marco Rubio, John Cornyn e David Perdue.  Obviamente, o projeto de  lei  depende também da aprovação da Câmara de Representantes.
              A intervenção volta a ser discutida: segundo Fernando Cutz, que foi conselheiro sobre a América do Sul no Conselho de Segurança da Casa Branca, o uso de forças americanas "não é a solução ideal, mas não vejo outra saída, além de tirar Maduro pela força".
               No Wilson Center, que é centro de estudos em Washington, consoante declarou Mr Cutz: "A pergunta é como fazer isso. Maduro não vai embora, porque não se importa que as pessoas estejam morrendo de fome, e fugindo do país, e muito menos com o enorme problema criado para Colômbia, Peru e Brasil ."

( Fonte: O Estado de S. Paulo )