domingo, 30 de setembro de 2018

Ainda da audiência sobre o Juiz Kavanaugh


                    
         A acusação movida contra o juiz Kavanaugh por Christine Blasey, Deborah Ramirez e Julie Swetnick pode não chegar a  conclusão alguma contra o candidato do Presidente Trump ao Supremo, em termos definitivos, embora os vários depoimentos já sejam mais do que suficientes para dar ao público e ao Senado lúrida e triste ideia do nível moral das concernentes festas universitárias, das orgias com homéricas bebedeiras e da participação das jovens e dos rapazes em ambiência que não fica muito a dever, em matéria sexual, ao que se possa entender por verdadeiras bacanais.
            A sucessão dos depoimentos dos jovens -  tanto rapazes, quantos moças envolvidos nessas festanças - dá aos assistentes um quadro em que quase tudo é permitido, e, por conseguinte, diante das liberdades que caracterizam tais reuniões, semelha bastante difícil estabelecer barreiras ou limites, que separem uma juventude que se poderia considerar bem-comportada, de uma festa em que o abuso da bebida, de carícias mais ousadas e até a ocorrência de contatos que não mais parecem ter limites além dos atos que o velho latim definia como nudus cum nudam in eodem lecto.
                Se a ambiência semelha permissiva, e se a bebida alcoólica corria livremente não será fácil, nesse orgiástico entorno, que se possa invocar, em principio, que eventuais avanços sexuais seriam inadmissíveis.
                 Em tal ambiente,  constituiria um esforço de imaginação e de boa vontade que se possa exigir a  suposição de um comportamento que deveria excluir atos libidinosos ousados.
                  Se levarmos em conta, a degradação moral e de costumes a que os participantes e as participantes pela respectiva presença em tais "festas" possa deixar presumir, seja pela influência do ambiente, seja pela própria presença em tal concurso de evidente liberação sexual, que tanto o entorno, quanto o desregramento imperante, dariam aos participantes e às participantes a presunção de que aí estavam por sua livre vontade, e se existia alguma compulsão, seria a da próprio ambiente.

                     Nesse contexto, de presumível degradação moral e de certa e inegável liberação sexual, o que deveria ser determinado, SMJ, é se os dois querelantes  - Christine Blasey  e Brett Kavanaugh - deram pelos seus atos respectivos - tanto um quanto o outro - (i) que ambos participavam conscientemente da ambiência à sua volta, ou (ii) se Christine demonstrara clara e inequivocamente não querer participar da orgia a seu redor, eis que o comportamento de Brett não parece deixar dúvidas de que ele queria divertir-se no sentido lato, e que o ambiente à própria volta lhe teria dado  a impressão quanto a alegada disposição consensual de Miss Christine Blasey.     


( Fonte:  Folha de S. Paulo )

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