quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Orban, na mira da UE


                    
         O Parlamento da União Europeia vota hoje proposta de inédita intervenção política na Hungria.  A iniciativa se deve à crescente ingerência neo-fascistoide de Viktor Orban, Primeiro Ministro húngaro, que vem ampliando 'reformas' que coercem a autonomia dos poderes Legislativo e Judiciário.
            Dessarte, para os eurodeputados, a Hungria sob a gestão do premier Orban, de extrema direita, representa "risco claro de violação grave dos valores" propugnados pelo bloco europeu.
            Assinale-se que a votação em Estrasburgo, na França, tem caráter inédito, porque até o presente o Parlamento Europeu nunca chegara a ser acionado em caso de infração ao Artigo 7º do Tratado Europeu. Assinale-se que o processo em tela, contra a Hungria, corre desde dezessete de maio de 2017. 
             Um mês depois de assumir essa postura, em 26 de julho de 2017, a Comissão Europeia - braço executivo da U.E. - abre iniciativa similar contra o governo da Polônia, pela qual contesta suas medidas  restritivas da liberdade de imprensa e de independência do Ministério Público e da Justiça.
              Assinale-se que o processo ora aberto no Parlamento é visto como menos técnico e unilateral do que o da Comissão Europeia contra a Polônia, por envolver os parlamentares e o voto direto. Com efeito, os eurodeputados não podem impedir eventuais reformas, mas podem punir a Hungria com a suspensão de direitos políticos e subvenções econômicas. Como a obediência é obrigatória, as autoridades húngaras - com Viktor Orban à testa - igualmente podem ser punidas.
               De que é acusado Orbán ?  Ele é objeto de acusações no que tange a haver aparelhado o Estado com membros de seu partido, o  Fidesz, e restringido a ação dos órgãos de controle. Exemplo disso  é o Tribunal Constitucional, que perdeu autonomia.
                Está também na mira de Orban uma vítima habitual das ditaduras: a imprensa húngara, controlada por órgão regulador, que pode sancionar veículos de informação que difundam notícias consideradas "falsas", i.e., contrárias aos interesses do premiê, de seu governo, de seu partido, do "cristianismo" e da "família tradicional".
                Parte importante nessa luta é assumida pelo americano George Soros, que não por acaso se acha na alça de mira do Estado fascistóide preconizado por Viktor Orbán. Não é de estranhar, por conseguinte, que instituições de ensino como a Universidade da Europa Central, financiada em parte pelo americano George Soros tiveram a liberdade acadêmica restringida, segundo a UE (e também como referiu a  New York Review of Books).
                Todos os regimes da laia do presente, por diversas que sejam as respectivas designações se assemelham e muito entre si, como se deve àqueles da linha fascistóide e autoritária.
                  Esse temor do estrangeiro, do alienígena, nós o distinguimos não só na pequena Áustria, que gerou o neofascismo propugnado por Viktor Orban.  Esse autoritarismo, nós o encontramos também, no gigante russo, sob a "esclarecida" direção de Vladimir Putin.  Não surpreende, por conseguinte, que as ONGs sejam amiúde classificadas como "agentes estrangeiros" e têm a sua atuação limitada tanto na pequena Hungria, quanto na gigantesca Rússia.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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