domingo, 30 de julho de 2017

Trump & Foggy Bottom (1)

                                

       O New York Times publica longo artigo de Roger Cohen sobre "O desespero de nossos diplomatas".
       Dado o transtorno que o Presidente Donald Trump está provocando nas várias Secretarias, não surpreende decerto o que esteja ocorrendo no Departamento de Estado. Como o seu último chefe foi Hillary Clinton, a primeira reação é a de atribuir à implicância derivada de sua eventual relação conflitiva com a candidata democrata.
       Afinal, dentro da confusa lógica de Mr Trump ali estava o reduto da rival que ele simpaticamente chama de "crooked Hillary"[2]. Decerto, a sua raiva aumenta porque, nos meandros da própria mente, essa versão de Con Man (vigarista)[3] que o multimilionário Trump tentou pespegar em Hillary não pegou no público americano, malgrado os comoventes esforços do atual presidente nesse sentido...
        Mas voltemos ao que hoje é - frise-se que o título da reportagem é "o desespero de nossos diplomatas" - o State Department. Rex Tillerson é o sucessor de Hillary, mas ao contrário dela, o respectivo conhecimento diplomático nesse nível é muito fragmentário e incipiente, apesar de haver sido embaixador em Moscou, junto ao bom e grande amigo (de Trump) Vladimir Putin. Tampouco parece que Tillerson esteja muito interessado em manter contato maior com os chefes do Departamento...   
      Não me surpreenderia se, na presente administração, com exceção do Departamento de Defesa, que é chefiado por alguém com grande experiência (e dispõe do natural apoio do Presidente, que não tem queda por diplomacia, e sim por secretarias como a da Defesa, que a seu ver melhor refletem o poderio americano), os eventuais despachos preferidos do presidente com os seus secretários tendam para o tempestuoso, quando não para o enfado do Grande Chefe.
            O caos que hoje prevalece no Departamento de Estado não é decerto fruto do acaso. É decorrência de seu temperamento belicoso, com laivos infanto-juvenis, eis que Trump não tem tempo a perder (perdoe-me o leitor a linguagem, mas intento refletir o pensamento presidencial) com conversas fiadas e outras frescuras do gênero.
            Nos tempos que correm, é decerto difícil encontrar alguém no quadro dos líderes mundiais menos predisposto às visões intelectualizadas de uma diplomacia da realidade pragmática. Armado do respectivo anti-intelectualismo militante, entende-se porque o seu relacionamento com líderes articulados e com muitas idéias na cabeça seja difícil. Para isso, a impressão da Chanceler Angela Merkel a  seu respeito, com todo o seu passado de experiência com líderes dos US, pode talvez servir de exemplo indicativo...
             A propósito, porque Trump se entendeu tão bem com Theresa May, a Primeiro Ministro de Sua Majestade, que pela própria incompetência política o terá enternecido, a ponto de segurar-lhe a mãozinha?... Já com Frau Merkel, alguém imagina Trump tendo uma relação, não digo terna, mas cordial, tipo aceitar o cumprimento da Chanceler, que é a decana dos estadistas do Ocidente?
             Ouço a propósito a discordância de que a reunião com Emmanuel Macron, o novel Presidente da França, correu a contento. É verdade, mas como me parece bom demais para garantir que assim  vá continuar, tenho para mim que, dados os antecedentes, eu agiria no capítulo como o técnico de nossa equipe de volley-ball, em momento de tensão em match internacional : eu pediria tempo...


( Fontes:  The New York Times,  Rede Globo )



[1] Foggy Bottom é o cognome coloquial do Departamento de Estado, que apositamente estaria localizado em lugar baixo com muitos nevoeiros.
[2] algo como "a delinquente Hillary".
[3] Na verdade, seria "Con woman", mas o termo não semelha usual.

Trump ou o erro capital

                              
                                  

       Não carece ser especialista em Washington para notar-se que algo está muito errado na capital federal, ou no que chamam o Belt-way. E não é necessário ser experto nos assuntos do governo estadunidense para determinar a causa do pandemônio.
       Esta causa, óbvia e evidente, reponta em quase todas as páginas e, sobretudo, nas folhas de rostro e nas colunas políticas. Foi necessária grande operação político-legislativa para torná-la possível. Como dizem os nossos irmãos hispânicos, no acredito en brujas pero que las hay las hay.

       Para desmontar a candidatura real da primeira mulher à Presidência, muita coisa foi necessária. De início, a entrada em cena de estranho chefe do FBI, que começou por destratar gratuitamente a candidata a Presidente, ao referir-se com desdém sobre a maneira que ela tratava a correspondência por e-mail.  Hillary Clinton em má hora julgara oportuno utilizar terminal privado de computador. Em seguida, e a fortiori, as estranhas comunicações de Comey ao Congresso que, de forma ainda mais surpreendente, só levantavam suspicácias acerca de possíveis irregularidades na tal correspondência oficial que nunca foram encontradas a posteriori.

        Não contente com isso, a estranha figura de James B.Comey deixaria para levantar estranhíssima lebre junto aos eleitores - justo na hora da votação antecipada - quanto a possíveis irregularidades no computador do marido afastado da secretária (de Hillary) Huma Abedin. Para tanto, o republicano que Barack Obama colocara no FBI não atentou, nem para as disposições da Secretaria de Justiça, nem para o próprio juízo pessoal, em não levantar problemas políticos no período eleitoral, mormente quando inexistiam quaisquer elementos de prova contra a Secretária do Departamento do Exterior. Pelo visto, James B.Comey era experto em levantar lebres, a despeito das explícitas disposições oficiais que o proibiam de fazê-lo. E quão acertadas eram tais disposições, os fatos o comprovariam, pois ao zelo denunciatório de James Comey, não correspondeu nada de concreto! 

      O que ele fez, com singular desrespeito das normas do próprio Departamento, foi levantar lebres sobre a candidata, o que realizou nas horas mais apropriadas para causar o maior dano possível à candidatura da democrata.  Que tais denúncias tenham sido todas elas falsas e sem qualquer apoio na realidade, como dizem os italianos, qui se ne frega? (quem se importa?).  Pois posso dizer que a visada Hillary se importou e muito, pela descomunal injustiça que lhe foi feita.

      James B. Comey receberia a paga de quem mais ajudou, ao ser demitido do FBI por Donald J.Trump, pouco depois que este assumisse a Presidência.

      Sequer vale a pena sublinhar o que perderam os Estados Unidos ao ser forçada a eleição de Trump, com todos os escândalos que ora pululam na Administração Federal.

      Mas infelizmente outros contribuíram e muito para a derrota de Hillary Clinton na votação indireta (mas não naquela direta, em que ela venceu, mas não levou)... Temos a famigerada intervenção russa através do hacking de computadores (com atenção especial para o Comitê eleitoral democrata, aquele do partido de Hillary), sem falar de outras invasões russas da cibernética, todas elas levantando alto o galardão republicano de Trump...

        O amigão Vladimir Putin logrou o próprio objetivo, colocando o cupincha Donald Trump na Casa Branca.  Mas se o eleitor americano  errou,  o engano foi ainda maior pelo estranhíssimo silêncio daquele por quem Hillary renunciara - muito contra a opinião do próprio marido, o ex-presidente Bill Clinton - em gesto de grandeza[1] que terá sido difícil para muitos captar, tão rara é tal atitude nos tempos que correm.

         Por mais opositor que alguém seja de Hillary Clinton, parece difícil - pois depõe contra a própria inteligência - afirmar que o candidato republicano estivesse mais preparado do que a primeira mulher a disputar, com grande chance de vitória, a presidência dos Estados Unidos.

           Acima desfiei muitos dos responsáveis por esse triste resultado eleitoral, em que a melhor candidata foi preterida pelo pior que imaginar-se possa para a Casa Branca.
            Talvez o Povo americano, mal-informado que o foi, por estranhíssimas intervenções como as dessa polêmica figura de James Comey, que surgem como cometas, cumprem a sua missão, e sóem desaparecer para sempre. Mas dentre os autores desse crime sem sangue, mas com marcas visíveis - de que os Estados Unidos hoje se ressentem - cumpre-me acrescentar o inefável ex-favorecido de Hillary, que a repagou estranhamente com olímpico, sepulcral silêncio, a despeito de todas as alvoratadas solicitações do Comitê Democrata.

               Nunca tantos ficaram devendo tanto a um só personagem, que preferiu, por motivos que a razão desconhece, guardar silêncio. 

                O resultado está aí. As cavalariças de Augeas estão sujas de novo. E como estão!


( Fontes: The New Yorker, The New York Times, Trabalhos de Hércules )   




[1] Hillary disputara todas as primárias com Barack Obama. Às portas da Convenção, achou mais apropriado renunciar à própria pré-candidatura, pois via no seu jovem adversário democrata mais condições de vencer ao candidato republicano. E com isso não concordava o seu marido Bill Clinton...

sábado, 29 de julho de 2017

E o protesto deu chabu...

                              

         O protesto convocado pela Oposição para ontem deu chabu, dada a reação do governo Maduro, que ameaçou sancionar os participantes com condenações até dez anos de prisão firme.
         A despropositada pena valeria para quem violasse a proibição de manifestações  antes da eleição de amanhã, trinta de julho,  para a Assembleia Constituinte. Por isso, poucos venezuelanos ousaram sair ontem, 28 de julho, às ruas e avenidas para protestar contra a votação.
         Por isso, o apelo da Oposição não foi atendido. Algumas ruas de Caracas amanheceram bloqueadas pelas barricadas erguidas durante os dois dias da greve, mas a maior parte delas estavam vazias.
         A OEA prepara uma denúncia contra  o governo de Maduro  no Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a Humanidade.
          Em informe sobre a situação na Venezuela, o organismo inter-americano  deixou meridianamente claro que as violações, assassínios e torturas da Administração Maduro ocorrem como parte de um plano para suprimir (sic) a Oposição.
          Desde 1º de Abril do corrente ano, foram registradas cento e oito mortes relacionadas, seja direta, seja indiretamente com os protestos da população venezuelana.
          Está nos planos da OEA, a meta presente é de reunir provas bastante para que a questão - que afeta a toda uma população latino-americana - seja encaminhada ao Tribunal Penal Internacional na Haia, e com vistas a isso se empenha em obter  o apoio  dos países democráticos da região,  que são maioria e não estão vinculados ao chavismo.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

Estados Unidos denuncia aliado de Maduro

                      

        O governo estadunidense congelou US$ 500 milhões em conta do Vice-presidente da Venezuela, Tareck El-Aissami, e de seu testa-de-ferro, Samark Lopez Bello.
         Os objetivos do bloqueio pelo governo estadunidense é de reforçar a pressão de Washington sobre Nicolás Maduro e seu governo. El-Aissami é atacado por suas ligações com o narcotráfico (Diosdado Cabello, o líder chavista, também é dito singrar nessas águas).
          O congelamento dos fundos tem o objetivo de forçar Maduro a respeitar a democracia e, por conseguinte, a oposição, e nesse sentido, convocar eleições abertas e limpas, e não o simulacro atual da convocação da assembléia constituinte dos barrios, e da brutal radicalização do regime.
            Segundo o Estado, Michael Fitzpatrick, subsecretário assistente para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado, "tais recursos passaram a ser bloqueados em fevereiro último, quando o Departamento do Tesouro designou el-Aissami  como narcotraficante internacional". Consoante Fitzpatrick, os ativos bloqueados decorrem do tráfico de drogas e da corrupção.
              Nesta quarta-feira, em operação voltada a contra-arrestar a ação dessa quadrilha de Maduro, o governo estadunidense anunciou sanções a treze indivíduos ligados ao governo de Nicolás Maduro.  Entre eles, estão os responsáveis pela organização da eleição da Assembleia Constituinte, marcada para amanhã, 30 de julho de 2017. Os Estados Unidos e outros doze países da região verberaram a "consulta" e asseveraram que o seu propósito é o de concentrar os poderes nas mãos de Maduro.
                Ontem, 28 de julho corrente, o vice-presidente americano, Mike Pence, conversou por telefone com o líder oposicionista Leopoldo López, que, como se sabe, se acha em prisão domiciliar. Conforme o relato divulgado pela Casa Branca, Pence afirmou no telefonema que os Estados Unidos imporão sanções econômicas caso o governo Maduro mantenha a votação de amanhã, trinta de julho corrente.
                   Por enquanto, o apoio de Washington à frente democrática contra Maduro se tem limitado a sanções contra indivíduos, havendo sido as primeiras em 2015, na Administração de Barack Obama. Já em maio último foram anunciadas sanções contra o presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Maikel Moreno, e sete integrantes da Câmara constitucional da Corte que se envolveram na decisão que usurpou poderes da Assembleia Nacional.
                     Nesta última quarta-feira, 26 de julho, autoridades americanas alertaram que as 545 pessoas (!) que serão eleitas para a Constituinte de Maduro também estarão sujeitas a sanções, caso assumam os respectivos cargos. Nesse caso, a penalidade será o congelamento de bens que tenham nos Estados Unidos, a proibição de entrar em território americano e o veto a qualquer transação com residentes no país.
                     Como se sabe - e foi oportunamente transmitido pelo blog - em consulta informal promovida pela Oposição 7,6 milhões de venezuelanos se  pronunciaram contra a convocação dessa "Constituinte". Dadas as circunstâncias, e as pessoas que estão marcadas para integrá-la, a expectativa é a de que ela seja totalmente controlada pelo Governo Maduro.
                     Por sua vez, o congelamento dos ativos de El Aissami resultam de vários anos de investigação sobre o tráfico de drogas na Venezuela. Por conseguinte, embora se integrem na operação, ele não faz parte das sanções adotadas por Washington por força da situação política vigente na Venezuela. Não obstante, é claro que a medida em tela aumenta a pressão sobre Maduro, tendo sido inclusive mencionada por ocasião do anúncio de novas sanções nesta quarta-feira, 26 de julho.
                     Este senhor El-Aissami assumiu o cargo de vice-presidente em janeiro último.  Antes, fora governador do estado de Aragua, havendo também dirigido o Ministério do Interior e Justiça no governo de Hugo Chávez Frias. Assinale-se, por oportuno, que o nome de el-Aissami está na lista de procurados pela Interpol.
                      Ainda conforme a fonte estadunidense, El Aissami facilitou o transporte de drogas a partir de bases aéreas e portos da Venezuela. Nesse contexto, El Aissami supervisionou múltiplos carregamentos de mais de uma tonelada de narcóticos, parte dos quais foi destinada a território estadunidense.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

O Obamacare sobrevive!

                              

         A principal conquista da Administração Obama resiste uma vez mais aos ataques do Senado para enterrá-la da vez. De nada adiantaram os substitutivos apresentados pela maioria republicana para mandar para o beleléu de vez a detestada (pelo GOP) Obamacare.
          Não bastava decerto jogá-la por terra. Era preciso colocar no seu lugar legislação que sustentasse o grande número de pessoas que dela dependem.
        Há uma semana enfrentam-se dois blocos de 48 senadores. De um lado, a bancada democrata, toda ela fechada com a preservação da Lei aprovada nos primórdios da primeira Administração Obama, quando os democratas tinham a maioria nas duas câmaras.
           Agora, eles são minoria no Senado (48 x 52), e na Câmara, subjugada esta pelo gerrymander, a bancada  de Nancy Pelosi também é minoria.
           Quanto ao Senado, há três senadores republicanos que votam a favor da manutenção do Obamacare, Lisa Murkowski,do Alasca, e Susan Collins, do Maine, que sendo moderadas e de acordo com as preferências de seus estados votam pela Lei do Tratamento Custeável.  Por sua vez, o herói de guerra, John McCain (tornado desafeto de Trump pelo modo grosseiro com que o candidato a Presidente ofendera gratuitamente a McCain), hoje operado por câncer cerebral. Bastaram esses três votos para levar à breca a nova tentativa de dar vida a um substitutivo  republicano para a Lei do Tratamento Custeável.
            E a famosa Lei de Obama (o ACA), por ter sido bem feita, não pode ser derrubada como uma legislação qualquer.  Muitos republicanos temem por seus votos, eis que se a derrubam sem um substitutivo que proteja os eleitores que dependem do Obamacare,  o resultado será muito negativo para os republicanos que façam aprovar algum substitutivo inepto, com graves prejuízos para aqueles que dependem, para o tratamento médico, do Obamacare.
            Quem decretou a morte de mais esta tentativa da bancada republicana  de enterrar a detestada (pelo GOP) Lei do Seguro Médico Custeável (ACA) foi o próprio  John McCain, com o sinal romano do polegar para baixo.
              Assim, a tentativa de Donald Trump - sem outra base que a inveja pelo sucesso da Reforma da Saúde  de Barack Obama, tornada possível e aprovada por Congresso então de maioria democrata - mais uma vez naufragou.  Cabe a pergunta: tentar derrubar uma lei sanitária que ajuda a tantos americanos, só por que é democrata e funciona, será motivo válido e honesto para dela desfazer-se, pela circunstância de que nada mais persegue do que pôr abaixo a grande Lei, cujo principal "defeito" é ser popular, apoiada pelos democratas e pela massa de contribuintes que carecem de sua ajuda para o tratamento médico?
               Quando voltarão os tempos do bi-partisanship, quando havia auto-respeito entre os dois partidos, e não se perdia tempo com intentos que só prejudicam aqueles que dependem de uma boa e eficaz lei da assistência médica?  Será mesmo necessário derrubá-la unicamente porque foi aprovada por Congresso de maioria democrata e que ainda por cima serve à muita gente, que carece deveras de ter acesso a indispensáveis tratamentos de saúde,e que de outra forma seriam inatingíveis para o americano contribuinte de baixa renda ?


( Fonte: The New York Times ) 

sexta-feira, 28 de julho de 2017

O que significa a Constituinte de Maduro

                    

        Sob a dúbia premissa de forçar o empolgamento do poder pelo chavismo, Nicolás Maduro se lança em perigosa trilha com vistas a afastar do quadro político a Assembleia Nacional Venezuelana, a própria Constituição vigente, e, em consequência, implantar a ditadura.
        Quando o Povo da Venezuela lhe perguntar em que direito ele baseia sua pretensão, a resposta do Ditador tentará expressar que se tratará do mandado imposto pela nova realidade encarnada pela Assembleia Constituinte.
         Embora armado e com tropas distribuídas pelo país, Maduro convidou a oposição a participar de "uma mesa de paz" e reconciliação antes das eleições.  Com esse murcho ramo de oliveira, ele pediu à oposição que "abandone o caminho da insurreição", volte seu foco para a Constituição e participe de uma "mesa de diálogo, acordo nacional e reconciliação da pátria".
           Às melífluas palavras introdutórias de uma paz peculiar, que tem sido repudiada pela população nas ruas, praças e avenidas das cidades venezuelanas,  Maduro não tardaria em aditar o que quase todo o Povo da terra de Bolívar de há muito entrevê e prevê: se sua proposta não for aceita,  ele entregará à Constituinte "todo o poder de convocar de maneira obrigatória um diálogo nacional de paz com uma lei constitucional".  E aditou: Vocês escolhem, disse Maduro, dirigindo-se aos líderes opositores.
             Em desafio ao governo, a coalizão opositora  Mesa da Unidade Democrática (MUD) anunciou que estenderá a toda a Venezuela a mobilização que havia convocado para hoje (28 de julho)  em Caracas, como parte  da pressão para que o Governo desista de reformar a Constituição.
              Consoante o líder opositor Henrique Capriles : "Diante de outra violação dos direitos do povo, amanhã será a tomada da Venezuela, não de Caracas."  Ex-candidato a presidente, Capriles confirmou que a marcha ocorrerá em todo o país, e não apenas na capital, como previsto.
                    No esforço de empunhar as achas da guerra, o ministro do Interior, o general Nestor Reverol, segundo a intenção de engessar os órgãos estaduais, as Forças Armadas assumirão o controle de diversos órgãos dos Estados e dos municípios. Não tarda de resto a desvelar-se a verdadeira intenção da manobra: "Temos uma equipe de membros credenciados das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, que será responsável e terá controle operacional da polícia estadual e de 19 corpos policiais municipais."
                       Como um elefante na sala, o controle operacional das polícias estaduais e de corpos municipais aponta claramente para medidas preventivas para ter dominadas eventuais tentativas de resistência nos estados.
                        Tudo isso,  além das medidas usuais para os dias de votação, como o controle reforçado nos acessos fronteiriços, a proibição de venda de bebida alcoólica e de deslocamento de maquinária pesada. Também ratificou a proibição da comercialização de fogos de artifício...
                          Como é notório, no entanto, a eleição dos membros da Assembleia Constituinte está prevista  para ocorrer em meio a inúmeros atos de desobediência civil promovidos pela Mesa da Unidade Democrática (MUD) com vistas a criar condições para impedir o processo, que a justo título a oposição qualifica como fraudulento.
                          Maduro, com seus generais e chefes policiescos, tenta impor a paz dos cemitérios na terra venezuelana.  Para que os acólitos dessa intentona se conscientizem de que não está morta a resistência democrática, várias circunscrições de Caracas e outras cidades amanheceram ontem, 27 de julho, com escombros e barricadas em diversas ruas, no segundo dia da greve proclamada para 48 horas.
                           Quatro pessoas morreram nos confrontos dos manifestantes com as forças da segurança - três na quarta-feira e uma ontem. Em consequência, se eleva a cento e sete o número de mortos nos protestos desencadeados desde o primeiro de abril.  Há centenas de manifestantes presos pela polícia e por membros da chamada Guarda Nacional Bolivariana- mais uma força repressora com que o ditador mancha o nome do Libertador.
                                       Enquanto a Oposição avalia em 92% a adesão à greve do dia 26 de julho, não obstante que o governo a taxe de fracassada, valendo-se para tanto do funcionamento da indústria petrolífera que o Governo controla.
                               Em ambiente surrealista, diante do crescimento das pressões internas e externas,  Maduro buscou convocar  os partidários para o encerramento da campanha pela Constituinte.  O governo procurou reagir contra o anúncio do governo americano de sanções contra  treze funcionários venezuelanos  por minar a democracia na Venezuela,
                                       Conforme à cartilha chavista,  Maduro pediu aos venezuelanos que votem em massa na eleição dos 545 integrantes da Constituinte que serão responsáveis por reformar  a Carta Magna e hão de liderar a Venezuela por tempo indefinido com poderes absolutos.    
                                De uma parte, o governo busca reiterar      que a sua Constituinte é "o único caminho para a paz" em meio à grave crise política e econômica.  De outra,  a voz da Oposição recorda que o governo de Maduro, que é reprovado por 80% dos venezuelanos, busca com a Constituinte perpetuar o chavismo no poder.     
                                            *       *
              Há poucas dúvidas sobre o grande movimento popular de resistência ao ditador. A sua incompetência, tanto política, quanto administrativa, a desonestidade de seus apelos à concórdia, em que, contando com o apoio dos chefes castrenses, pensa servir-se do braço armado do exército para fundamentar o próprio governo - com os braços da corrupção e da origem militar  do já deformado regime chavista. A tal constituinte é uma ideia de Maduro - o que já lhe desmerece a capacidade intelectual. Na verdade o que ele pretende implantar à força é um regime firmado em frágil base, porque destituído da legitimidade do voto universal, que ele tratou de adulterar com o recursos aos subúrbios  e às bases dos chamados coletivos, neles buscando a unicidade de pensamento radical, sem outra ligação que aquela ao poder chavista. Nesse sentido, a convocação dessa falsa Constituinte se inicia com o repúdio - subentendido é claro - ao universalismo, que é a base de toda a Constituição digna de tal nome. Por isso, o tal livrinho que os tais constituintes escolhidos com a lisura da nossa República Velha deverão aprovar é apenas o chão em que se pisoteia a democracia,e que como todo o Povo deve sabê-lo só preserva a respectiva autenticidade e respeito ás aspirações populares com diferente pleito, que responda aos princípios que constituem a ossatura de um organismo livre, por homens livres formado, e não um Frankenstein que nada mais é que cartilha mal copiada de ditames já gastos e desmoralizados.
                  Como pode ser democrático e, por conseguinte, cativar o demos, se outras forças o instituem, como a de quem se pretende Chefe máximo, e que tem governado, com notável coerência, apoiado na corrupção, na conivência das igrejinhas, e no chavascal dos regimes que se dizem democráticos e que se refocilam no populismo e da demagogia. Para que continue vivo carece do apoio das forças armadas, aquelas que prezam os luzentes uniformes, as regalias que lhes enchem a mesa, e costumam engordá-los muito além do militar viril, que honra à Constituição e à Democracia.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

A vez e a hora de Bendine

                        
        Faz tempo, como nos lembra Miriam Leitão, que Dilma Rousseff, com a mendacidade habitual, indicou Aldemir Bendine para "botar ordem" na Petrobrás, ao invés manteve o esquema.
         Os investigadores disseram ter provas contra Bendine e o publicitário André Gustavo Vieira, também preso pela Lava-Jato e que seria o intermediário da propina.
          Bendine foi preso ontem após a descoberta de que teria recebido R$ 3 milhões em propina da Odebrecht, já quando ocupava o cargo deixado por Graça Foster.
           Aldemir Bendine foi o alvo principal da 42ª fase da Operação Lava-Jato, que como apontado acima prendeu igualmente  André Gustavo Vieira, havido como o operador responsável pelo repasse milionário da empreiteira para o ex-presidente da Petrobrás.

          Bendine foi ontem levado de carro do interior paulista para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde dividirá espaço com Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa que abastecia o esquema do ex-executivo  na companhia.
            Na chamada Operação Cobra (apelido do ex-executivo ) a Justiça expediu, a pedido da Força Tarefa do Ministério Público Federal no Paraná, três mandados de prisão temporária - o ulterior preso foi Antônio Carlos Vieira, irmão de André, enquanto tentava embarcar para Portugal.
             Assinale-se que a relação de Bendine com a Odebrecht se  transformou no maior alvo dos investigadores. Há,segundo a Justiça, evidências de que, numa primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões foi realizado por Bedine à época em que era presidente do Banco do Brasil para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht Agroindustrial.
              Há também um ulterior pagamento da Odebrecht de R$ 3 milhões que tinha receio de ser prejudicado na Petrobrás. Tal foi descoberto na Operação Xepa,  que repassou o montante em três 'entregas' de um milhão cada.

               Havia perigo de que Bendine fugisse do país, eis que só dispunha de uma passagem de ida para Portugal, em vôo marcado para amanhã, 29 de julho. Apesar da tentativa do advogado de defesa de Bendine, Pierpaolo Cruz Bottini, de viabilizar a viagem de Bendine, o Juiz Sérgio Moro lembrou da dupla cidadania do ex-presidente da estatal. "Bendine estaria em busca de um banco no exterior, o que pode ser motivado pela intenção de ocultação do produto do crime. Aldemir Bendine ainda tem dupla cidadania, no caso brasileira e italiana, com o que, caso se refugie no exterior, haverá dificuldade para eventual extradição".

              Por fim, os procuradores aproveitaram a nova fase da Operação para criticar a redução dos recursos para investigações. "Preocupa a todos nós o arrefecimento do investimento na Lava-Jato pela direção da Polícia Federal" - sublinhou o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato. No mesmo sentido, se manifestou a colega Jerusa Burmann Viecili: "Há quem fale que as investigações contra a corrupção têm que acabar, mas casos como esse deixam claro que os criminosos não vão parar.  Pregar o fim da Lava-Jato é defender a liberdade para os ladrões do dinheiro público prosseguirem."
               Cabe ainda assinalar o que disse Athayde Ribeiro Costa, procurador da República: "É assustador que encontremos uma pessoa que supostamente foi indicada para a presidência da Petrobrás para estancar a corrupção e tenha praticado crimes nesse sentido."


( Fontes:  O  Globo, Guimarães Rosa )

Etiene vence os 50 m costas



      A pernambucana Etiene Medeiros, de 26 anos, marca seu nome na história da natação brasileira. Ela se tornou a primeira nadadora do país a ganhar a  medalha de ouro,  no principal campeonato da Federação Internacional de Natação, eis que ontem, no Mundial de Desportos Aquáticos, ela bateu várias medalhistas olímpicas nos cinquenta metros costas - que é a sua especialidade - e ainda alcançou o récorde das Américas, com o tempo de 24s14, um centésimo à frente da chinesa  Yuanhui Fu.

       Etiene estava na raia quatro - consoante declarou ela "pela primeira vez eu balizei na raia quatro em um Mundial e sempre tem aquela tensão, mas querendo ou não, conta a experiência. Antes de entrar para a  TV, a chinesa virou para trás e me desejou boa prova. Ela nunca fez. Quando eu entrei, o pessoal que autoriza a nossa entrada brincou com isso e eu ri. Isso até ajudou a entrar mais relaxada."

         Hoje, Cesar Cielo e Bruno Fratus disputam as eliminatórias  dos 50 

Rio, com ou sem Lei?

                              
       A situação do Rio de Janeiro, apesar de inquietante, custou, pela federal penúria de fundos, a receber a atenção que merecia.
        A arrogância dos bandidos - a começar pela morte em série dos PMs, que permaneceu sem resposta por demasiado tempo - talvez agora tenha a resposta merecida.
         Além do roubo de cargas em série - com a descarada venda dos produtos saqueados de caminhões em feirinhas populares - o tiroteio estendeu-se para a Avenida Brasil, onde nos últimos doze meses foram registradas 1205 trocas de tiro em favelas às margens dos 58km da principal via de comunicação do Rio com a rede estradal brasileira.
         Esses tiroteios não foram inócuos, mas sim deixaram 255 mortos e 348 feridos. Na Penha se registrou o maior número de casos.  
         Agora chegou a Força Nacional, com dez mil homens, que encetou o patrulhamento das áreas mais afetadas.
          Segundo o Ministro Raul Jungmann, da Defesa, a população não pode esperar  "resultados milagrosos", e que a reação do tráfico será "de guerra".
         Será acaso pela circunstância de que o Estado do Rio deixou a situação deteriorar-se a tal ponto, que os traficantes e os demais bandidos se julgam com força suficiente para aguentar o tranco?


( Fonte:  O  Globo )  

quinta-feira, 27 de julho de 2017

A Baixaria de Trump

                              
         O Presidente Trump pode ser visto sob dois ângulos: (a) ser indicativo de abissal queda de nível intelectual e ético, o que pode vir a ser interpretado como ulterior mostra da fase de declínio do poder americano no mundo; e (b) de seu tratamento do Procurador-Geral,  Jeff Sessions, pelo qual subordina a avaliação da qualidade do Ministro da Justiça a interesses pessoais dele próprio como presidente. Um primeiro mandatário de um país subdesenvolvido ou de uma ditadura do Terceiro Mundo, também teria essa visão de que os ministros existem para em primeiro lugar servir aos próprios interesses enquanto chefe de estado.
          Além de egoismo e egotismo, a instrumentalização da presidência de parte de Trump - e essa visão deformada do serviço público como exemplo para a população - mostra para o americano comum estranho paradigma. Tal modelo subordina a presidência ao interesse próprio, no caso em que ele se apresente como na subordinação ao Procurador-Geral do Conselheiro Especial encarregado pelo Congresso de analisar a responsabilidade do Presidente na eventual interferência russa, com vistas a favorecer a candidatura Trump, e a prejudicar a da candidata democrata Hillary Clinton.   
           Aplicar esse gênero de "princípio" à atuação da Presidência Trump seria admitir que o interesse público não mais norteasse o exercício dos ministros, mas sim pautá-lo pelo atendimento  das supostas conveniências pessoais do presidente, como sói acontecer em estados autoritários do Terceiro Mundo. 
            Nesse contexto, como seria de esperar, a incrível guerrilha mediática realizada pelo Presidente Trump contra o seu Secretário de Justiça, Jeff Sessions, tem sido objeto de amplas, gerais e oportunas críticas da imprensa e dos meios de informação, tanto os liberais, quanto os conservadores. Nesse sentido, o Chefe de Estado vir a misturar interesse pessoal com o público é decerto prática muito comum, mas em geral restrita a governos de Terceiro Mundo.


( Fonte: The New York Times ) 

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Sanções: revés para Trump

                           

         Donald Trump deveria desconfiar de que o seu esforço em aproximar os Estados Unidos da Rússia era trabalho ingrato e inútil. Há também no Congresso profunda desconfiança contra Vladimir Putin.
          A sua visível e afrontosa tentativa de intervenção nas eleições estadunidenses do ano passado, feita em favor de seu "amigo" Trump, constituía prato demasiado pesado para ser engolido pelo Congresso americano.
          A Câmara de Representantes, nesse sentido, aprovou ontem projeto que cerceia o poder do Presidente estadunidense de levantar sanções dos Estados Unidos contra a Rússia. Por 419 votos a três, os deputados ampliaram as penalidades contra Moscou, determinando, outrossim, que algumas dessas penalidades só poderão ser revogadas com a aprovação do Congresso.
           A Casa Branca se opõe à legislação, sob o pretexto de que ela interferiria na capacidade do Presidente de conduzir a política externa estadunidense.
            Se Trump resolver meter a sua mão nessa cumbuca, incorre em muito provável risco de fracassar. A questão é delicada, pela postura habitual do Kremlin e de seu atual senhor, Vladimir Putin. Se a amizade de Trump com Putin toca em cordas dissonantes para os parlamentares (e o Povo) americano, causa estranheza o empenho da Casa Branca em retirar as minas desse terreno, quando pesam sérias suspeitas acerca da intervenção russa (leia-se a mando de Putin) nas últimas eleições, por meio de hackers e de desinformação no intento de influir de seu favorito Trump.
              A ficha de Moscou em termos de política externa não é favorável e por muito boas razões.  A Rússia de Putin já fora objeto de sanções em 2014, pela sua invasão da Ucrânia, além da anexação da Criméia.  Tudo isso foi maquinado por Putin, para "castigar" os ucranianos de terem posto para correr o corrupto presidente russófilo Viktor Yanukovich, em decorrência da revolta da Praça Maidan,que se estendera por boa parte de 2013.
                 A Rússia foi objeto de várias sanções dos Estados Unidos, de caráter seletivo, visando a amigos e cupinchas de Putin, assim como pela descarada invasão da Crimeia, por um exército russo vestindo uniformes descaracterizados, assim como pelo emprego de alegados "separatistas" pró-Rússia, na parte oriental da Ucrânia. Essa invasão branca da Ucrânia causou também uma desgraça aérea, com o alvejamento e queda de um avião de passageiros que sobrevoava o território ucraniano. Mais tarde, se confirmou que o projetil era de fabrico russo, tendo causado a morte de 280 passageiros e 15 tripulantes do voo da Malaysian Airlines MH-17.  Após longa pesquisa, foi comprovado o megacídio do Kremlin através de míssil russo trazido para a Ucrânia pelos rebeldes apoiados por Moscou.
                  Até hoje estão em vigor várias sanções internacionais contra a Federação Russa, pela sua agressão contra a Ucrânia, e, em especial, pela anexação da Crimeia. Os visitantes dessa península encontram várias dificuldades para visitá-la, inclusive em termos de transporte aéreo.



( Fontes: O Estado de S. Paulo e internet )

Tropelias de Maduro

                               

         A esdrúxula convocação por iniciativa do Ditador Nicolás Maduro de assembléia constituinte (as minúsculas não estão aí por acaso) não é nada mais do que  ulterior golpe contra a democracia na Venezuela. Golpes, esse ditadorzinho de fancaria, já deu muitos, a partir de ignorar a convocação da votação constitucional pela qual o Povo venezuelano decidiria acerca do seu recall (saída do poder). Empregando série de pretextos espúrios, a ratazana - que fora empulhada ao povo da Venezuela pelo seu moribundo padrinho Hugo Chávez Frias - escapou, cínica e ignominiosamente das forcas caudinas da indignação popular com o seu trágico desgoverno.
           Valendo-se das desavergonhadas desculpas dos maus governantes, Maduro pensou livrar-se da ira popular, para cair na cólera da gente venezuelana, mais do que cansada, farta de governo tão inepto quão desonesto. Nada mais claro e evidente para justificar o levante da população, que a situação em que esta corja chavista veio a criar para a terra venezuelana.
           Além de hiperinflação que já tornou risível o valor do bolívar, mistura de incapacidade e deslavada desonestidade, transformaram a Venezuela no país da fome, em que os armazéns, supermercados, as farmácias e as próprias feirinhas estão às moscas, efeito das desastrosas e incompetentes políticas da corja de Maduro & Diosdado Cabello. Por outro lado, o fantasma da quebra do país - e a transformação da Venezuela em uma gigantesca Somália - não mais pode ser empurrado com a barriga.
            Na Venezuela de Maduro, o cinismo da súcia que se apoderou do mando imaginou agora o golpe dentro do golpe, i.e., a Assembléia Constituinte de fancaria, sem qualquer legitimidade, eis que não obedece à regra nenhuma e muito menos à universalidade que impõe o vestimento indispensável da soberania popular.
           É a falsa Constituinte, saída dos bairros e das favelas onde se refugiam as posses chavistas, com os famigerados coletivos, que matam a rodo, apoiados que estão na provisória garantia que lhes dá um regime podre. Pois este lhes 'confere'  a infame autorização de matar a todos os opositores da canalha chavista. O cinismo, de resto, constitui  a marca ou o estigma de todas as corporações supostamente legais, formadas pela ditadura de Maduro, que se intitulam bolivarianas. Nada mais contrário ao que pensou, postulou e pregou o Libertador do que as tristes tarefas ora realizadas pela canalha chavista, que denomina de "bolivarianos" os órgãos de repressão da democracia.
           Não tem outro escopo essa lúrida Constituinte chavista que derrogar os poderes da Assembléia Legislativa legitimamente eleita pelo Povo da Venezuela, ao passo que essa mini-Constituinte faz o sujo trabalho da ditadura, sem o respaldo do voto universal. Adrede selecionada dentre as confrarias chavistas e as favelas dominadas por essa gentalha, o seu escopo é um só: ab-rogar o poder da Assembleia Nacional e vestir de falsa legalidade constituinte que muito pouco representa, eis que a inquina a falsidade dos próprios títulos, colhidos pela ditadura sem a universalidade que é o sagrado  sinal da legitimidade.
             Já se vive na Venezuela o inferno da ditadura. A eleição desta Constituinte - que decerto não representa o Povo da Venezuela - serve apenas a fins espúrios e antidemocráticos.
            É mais do que hora que a terra de Bolivar seja limpa da corja chavista e desse incongruente regime, que só atende à quadrilha de Nicolás Maduro.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )         

terça-feira, 25 de julho de 2017

O vergonhoso ataque contra o ACA

           
         O Partido Republicano no Senado, constrangido pela incessante campanha de Trump contra a Lei do Tratamento Custeável, deu mais um ignominioso passo contra o acesso do Povo americano ao tratamento de saúde.
         De início, verificou-se empate, com cinquenta favoráveis à ab-rogação da lei, e cinquenta pela sua manutenção. Além dos 48 democratas que votaram contra o projeto, houve duas senadoras republicanas, Susan Collins, do Maine, e Lisa Murkowski, do Alaska, que também votaram não.
         Estabeleceu-se o impasse com os cinquenta votos de senadores republicanos, inclusive John McCain que veio ao Congresso, apesar de diagnosticado com câncer cerebral. McCain preferiu o esprit de corps, defendendo o inaceitável projeto, movido pela vaidade do presidente, que não trepidou em prejudicar milhões de pessoas por derrubar uma grande lei, que tem favorecido milhões de pessoas. John McCain, a despeito de defender esse projeto nascido da vaidade de Trump, e de dizer palavras duras sobre a revogação, mostrou ao cabo mais espírito de fidelidade partidária do que empenho para assegurar a manutenção de grande e exitosa lei. 
            De acordo com a praxe, coube ao Vice-Presidente Mike Pence o voto que é prerrogativa do Vice, quando há o empate dos contra e dos a favor, na sua qualidade de presidente do Senado.
           Muitos senadores republicanos são vaticinados a colher pela derrota nas urnas do povo americano o merecido castigo por optar pelo orgulho de cerrar fileiras em projeto legislativo que responde apenas à vaidade e à pequenez do Presidente Donald Trump. Nunca tanto esforço foi gasto para derrubar uma tão grande lei, cujo único defeito foi o de assegurar tratamento médico acessível para milhões de pessoas que de outra maneira não lograriam tê-lo.
             Duas corajosas mulheres votaram contra o projeto de Trump. O Povo americano há de lembrar-se disso, mandando para casa  senadores como Ted Cruz, do Texas, Chuck Grassley, do Iowa, Marco Rubio, da  Flórida, além do inefável Mitch McConnell, do Kentucky, desde muito líder da maioria, nessa longuíssima sazão de domínio republicano no Senado, a ele que muito trabalhou pela triste e ignóbil causa de fazer naufragar o ACA, cujo principal defeito não é tornar acessível o tratamento médico para os americanos, sobretudo os mais pobres, mas sim ter sido criado e votado por Congresso democrata, o que sobremodo desagrada o  atual chefe de Mitch,  i.e. Donald J. Trump.
              Se a tola e vazia vaidade de Donald Trump colherá mais breve de o que pensa o amargo fruto  de estúpido, mesquinho e obnóxio gesto, a sua falta de inteligência e sobretudo empatia deverá ser determinante para castigo memorável pelo Povo americano, nas próximas eleições.


( Fonte: The New York Times )

O genro não conspirou ?

                              

       O verbo não é dos mais usados na língua inglesa. Talvez porque to collude - segundo o Webster ser conivente com outro, conspirar, planejar (plot) - não semelha de uso muito corrente. E, pelas aparências, felizmente assim o é, dado o sentido pejorativo que perpassa o verbo collude.
       Pois um dos poderosos da Administração Trump - o seu genro Jared Kushner, e havido como o mais próximo assessor de Donald J. Trump - disse haver mantido quatro contatos com representantes russos durante a campanha presidencial de 2016 e o período de transição para o novo governo. Ele negou para os senadores, sem prestar juramento, que o questionaram em sessão secreta, haver conspirado com Moscou para influenciar a eleição na qual a candidata democrata, Hillary Clinton, foi derrotada na votação indireta.
          "Não conspirei, nem sei de ninguém mais na campanha que haja conspirado, com qualquer governo estrangeiro", afirmou  Jared depois da sessão.  E acrescentou: "Não contei com fundos russos para financiar minhas atividades empresariais no setor privado."
          Nesse encontro, esteve com um grupo de russos na Trump Tower, em nove de junho de 2016, ao lado de Donald Trump Jr. e do então coordenador da campanha republicana, Paul Manafort.
           A dita reunião foi marcada por seu cunhado e registrada em seu calendário como encontro com Don Jr./Jared Kushner. Por sua vez, e-mails divulgados pelo filho mais velho do Presidente há duas semanas mostram que a reunião foi marcada por sugestão do publicitário inglês Rob Goldstone. Em mensagem enviada a Trump Jr. em 3/06/2016, disse ele que conhecia pessoas que tinham informações comprometedoras contra Hillary. "Isso é obviamente informação de alto nível e sensível, mas é parte do apoio da Rússia e de seu governo ao sr.Trump", escreveu ele.
            Em oito de junho, Trump Jr. enviou mensagem a Kushner e Manafort sobre o encontro,  abaixo da qual estavam os e-mails que havia trocado com Goldstone. Kushner sustentou não ter lido o conteúdo das mensagens que tinham como assunto "Russia - Clinton: privado e confidencial". Quando chegou ao encontro, atrasado,  advogada russa estava discutindo a suspensão de adoções de crianças de seu país por americanos.
            Kushner disse ter encontrado uma desculpa para deixar a reunião antes de ela ser concluída. "Nenhuma parte do encontro de que eu participei incluíu qualquer coisa sobre a campanha, não houve seguimento do encontro de que eu tenha conhecimento, não me lembro quantas pessoas estavam presentes (ou os seus nomes) e não tenho conhecimento de que documentos tenham sido oferecidos ou aceitos."
             Durante a campanha, Kushner teve dois encontros com o embaixador nos EUA, Serguei Kislyak. O primeiro ocorreu em abril de 2016, quando ambos foram apresentados, e durou cerca de um minuto, segundo seu relato. O genro do presidente voltou a conversar com Kislyak, a 1º de de-zembro, durante a transição.
              A reunião teve a participação de Michael Flynn, que seria demitido do cargo de Conselheiro de Segurança Nacional por omitir contatos posteriores com o mesmo diplomata. Na discussão com Kushner, o embaixador disse que generais russos tinham informações relativas à política dos EUA para a Síria que gostariam de transmitir a integrantes da nova Administração.
               Como os militares teriam dificuldade para viajar aos EUA, ele perguntou se havia  linha telefônica "segura" para uma conversa com a equipe de transição. Flynn respondeu que não. Kushner perguntou a Kislyak se Flynn poderia usar os canais de comunicação existentes na embaixada russa em Washington, o que seria extremamente inusual. O enviado de Moscou afirmou que não seria possível.
               O quarto encontro de Kushner com russos ocorreu em treze de dezembro, quando ele recebeu o presidente do banco estatal do país, Serguei Gorkov, a pedido de Kislyak. Todos os encontros foram omitidos do formulário apresentado pelo genro de Trump para obter suas credenciais de segurança na Casa Branca. Segundo ele, o erro ocorreu por falhas de seu assessor.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Hillary precisa ser investigada !

                             
        O Presidente Donald Trump está chegando ao fim da linha, mas os seus auxiliares pelo visto esqueceram de alertá-lo.
        Mas algum sentimento quanto ao perigo que o ronda ele deve ter, pois de repente não é que chama a crooked Hillary e os seus crimes para serem de novo investigados?
         Será que no seu frenesi  Trump esqueceu duas coisas importantes, a saber que não havia crime nos computadores. O que neles interessou foi a sua instrumentalização por Mr Comey, e o quanto ela lhe rendeu, caro Trump!
         Trump, o senhor chama o seu fiel e assediado auxiliar  à atenção por não estar investigando a candidata democrata e seu envolvimento nas relações com  a Rússia !
          Se não partisse do Senhor,  Presidente Trump, isto seria o cúmulo do cinismo.
         Se me permite uma sugestão, quem o senhor deveria investigar é o seu antecessor Barack Obama, pela descarada maneira com que favoreceu a sua vitória, ignorando todos os apelos do comitê de campanha de Hillary, com uma postura de Buddha, sem levar ao conhecimento do Povo americano as investidas do Kremlin contra a candidata democrata.
          Agora no desespero, quando o nó dos conluios com a Rússia se vai desenrolando, não lhe adiantará muito investir contra o seu mais fiel auxiliar e tentar trazer de volta ao picadeiro a sua rival preferida.
           Não sei quanto tempo o Povo americano aguentará essa palhaçada. Não lhe aconselho que escolha para Cristo a Senhora Clinton. Ela já enfrentou situações mais desagradáveis, e talvez ao final lhe agradeça pela oportunidade de mostrar ao Povo Americano o que ele perdeu indo na sua conversa.

( Fontes: The New York Times, The New Yorker, The[1] New York Review)     



[1] beleaguered (assediado)