terça-feira, 25 de julho de 2017

O genro não conspirou ?

                              

       O verbo não é dos mais usados na língua inglesa. Talvez porque to collude - segundo o Webster ser conivente com outro, conspirar, planejar (plot) - não semelha de uso muito corrente. E, pelas aparências, felizmente assim o é, dado o sentido pejorativo que perpassa o verbo collude.
       Pois um dos poderosos da Administração Trump - o seu genro Jared Kushner, e havido como o mais próximo assessor de Donald J. Trump - disse haver mantido quatro contatos com representantes russos durante a campanha presidencial de 2016 e o período de transição para o novo governo. Ele negou para os senadores, sem prestar juramento, que o questionaram em sessão secreta, haver conspirado com Moscou para influenciar a eleição na qual a candidata democrata, Hillary Clinton, foi derrotada na votação indireta.
          "Não conspirei, nem sei de ninguém mais na campanha que haja conspirado, com qualquer governo estrangeiro", afirmou  Jared depois da sessão.  E acrescentou: "Não contei com fundos russos para financiar minhas atividades empresariais no setor privado."
          Nesse encontro, esteve com um grupo de russos na Trump Tower, em nove de junho de 2016, ao lado de Donald Trump Jr. e do então coordenador da campanha republicana, Paul Manafort.
           A dita reunião foi marcada por seu cunhado e registrada em seu calendário como encontro com Don Jr./Jared Kushner. Por sua vez, e-mails divulgados pelo filho mais velho do Presidente há duas semanas mostram que a reunião foi marcada por sugestão do publicitário inglês Rob Goldstone. Em mensagem enviada a Trump Jr. em 3/06/2016, disse ele que conhecia pessoas que tinham informações comprometedoras contra Hillary. "Isso é obviamente informação de alto nível e sensível, mas é parte do apoio da Rússia e de seu governo ao sr.Trump", escreveu ele.
            Em oito de junho, Trump Jr. enviou mensagem a Kushner e Manafort sobre o encontro,  abaixo da qual estavam os e-mails que havia trocado com Goldstone. Kushner sustentou não ter lido o conteúdo das mensagens que tinham como assunto "Russia - Clinton: privado e confidencial". Quando chegou ao encontro, atrasado,  advogada russa estava discutindo a suspensão de adoções de crianças de seu país por americanos.
            Kushner disse ter encontrado uma desculpa para deixar a reunião antes de ela ser concluída. "Nenhuma parte do encontro de que eu participei incluíu qualquer coisa sobre a campanha, não houve seguimento do encontro de que eu tenha conhecimento, não me lembro quantas pessoas estavam presentes (ou os seus nomes) e não tenho conhecimento de que documentos tenham sido oferecidos ou aceitos."
             Durante a campanha, Kushner teve dois encontros com o embaixador nos EUA, Serguei Kislyak. O primeiro ocorreu em abril de 2016, quando ambos foram apresentados, e durou cerca de um minuto, segundo seu relato. O genro do presidente voltou a conversar com Kislyak, a 1º de de-zembro, durante a transição.
              A reunião teve a participação de Michael Flynn, que seria demitido do cargo de Conselheiro de Segurança Nacional por omitir contatos posteriores com o mesmo diplomata. Na discussão com Kushner, o embaixador disse que generais russos tinham informações relativas à política dos EUA para a Síria que gostariam de transmitir a integrantes da nova Administração.
               Como os militares teriam dificuldade para viajar aos EUA, ele perguntou se havia  linha telefônica "segura" para uma conversa com a equipe de transição. Flynn respondeu que não. Kushner perguntou a Kislyak se Flynn poderia usar os canais de comunicação existentes na embaixada russa em Washington, o que seria extremamente inusual. O enviado de Moscou afirmou que não seria possível.
               O quarto encontro de Kushner com russos ocorreu em treze de dezembro, quando ele recebeu o presidente do banco estatal do país, Serguei Gorkov, a pedido de Kislyak. Todos os encontros foram omitidos do formulário apresentado pelo genro de Trump para obter suas credenciais de segurança na Casa Branca. Segundo ele, o erro ocorreu por falhas de seu assessor.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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