quinta-feira, 20 de julho de 2017

Entrevista de Trump ao Times

                          

         Por mais que o neguem, é próprio do jornalista e, em consequência do jornal, apreciar as informações que colhe do Poder sobre conflitos de opinião.
        Quanto mais irritado e espontâneo esteja o entrevistado, maior será para o veículo de informação o interesse sobre o que o personagem tem a admitir.
        O temperamento do atual Presidente, Donald Trump, o predispõe a ser 'prato' para o profissional que logre entrevistá-lo, eis que más notícias sóem ser acolhidas com favor, dadas as circunstâncias e o tempero  que trazem, que é potente ativante do interesse público, em geral cansado com os habituais lugares comuns e as fórmulas de eludir o que está por trás da pergunta.
         Não se vá acaso pensar que Trump seja um iniciante em política, mas na realidade o seu ego é grande demais, para que logre controlá-lo. Por isso, não nos devem surpreender os seus reclamos contra o republicano Senador Jeff Sessions, a despeito da extrema lealdade demonstrada quando de seu depoimento aos antigos companheiros no Senado.
         Não é todo dia que um desabafo presidencial chega bruto e com todas as imperfeições ao conhecimento do ávido grande público. Ao agir assim, o comportamento de Trump não se distingue daquele de um iniciante na política.
         Trump não hesita em tornar público o próprio desentendimento com um de seus mais antigos (e fiéis) correligionários, ao revelar a decisão de Sessions de recusar-se a assumir o caso da investigação das relações de Trump com a Rússia. Se tinha tal disposição, nas palavras de Trump, ele deveria informar o Presidente, que então escolheria outro para o lugar dele.
          'Prato adicional' da entrevista foi James B. Comey, o diretor do FBI, que ele demitiu em maio último. Supostamente, Comey teria tentado valer-se de maço de material comprometedor para manter o lugar.
          E para não deixar pedra sobre pedra, também atacou  Robert S.Mueller, o respeitado conselheiro especial que chefia a investigação da intromissão russa na eleição do ano passado.
          Por isso, Trump pode ser injusto em atribuir a Sessions a designação do Conselheiro Especial, que lhe tem  trazido desgaste político nos últimos seis meses. Por outro lado, a investigação de Mueller o incomoda. Entrementes cai na negação, ao dizer que está sob investigação. E a sua resposta ao jornalista traz muito do pathos do investigando: "Tanto que ele saiba, não está sob investigação".  E aduz: "Eu não acho que nós estejamos sob investigação. Por quê? Eu não fiz nada errado."
         Tem-se a impressão ao ler tal resposta, que Richard Nixon está de volta...
        Quanto à sua adversária, Hillary Clinton, Trump procurou negar que estivesse interessado (na campanha) em obter material contra a candidata democrata. A respeito disso, a despeito dos e-mails relativos à obtenção de material incriminante acerca da candidata democrata, Donald Trump disse "que ele não precisava desse material da Rússia acerca de Mrs. Clinton eis que no ano passado já dele dispunha de mais de o que precisava".
           Trump não sai bem da entrevista. Dá a impressão de mesquinhez para com auxiliar que o defendeu com pertinácia em todas as perguntas que lhe dirigiram os antigos companheiros no Senado, além de exibir o conhecido ego que com toda a grandeza que se atribui deixa ver um extremo egoismo.


( Fonte:  The New York Times )   

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