domingo, 2 de julho de 2017

Trincheiras da Liberdade - Hong Kong

                       
       Seria de prever que o grande admirador de Mao Zedong[1], o novo presidente chinês, Xi Jin-ping, fosse confrontado no vigésimo aniversário da devolução de Hong Kong à China por um desafiador protesto, com cerca de sessenta mil pessoas pelas ruas da ex-colônia britânica.
        Como a chuva foi forte, o panorama lembrava a revolução dos guarda-chuvas em 2014.
       Xi Jinping emitiu o que dele se esperava:  alerta contundente contra os movimentos pró-democracia, traçando uma linha vermelha que os críticos às ingerências de Beijing não devem cruzar na sua empreitada autonomista.
       Na ocasião, e não por acaso, tomava posse a nova chefe do governo regional, Carrie Lam, por muitos acusada de títere do poder chinês.
        Na sua linguagem autoritária, disse Xi: "qualquer tentativa de pôr em perigo a soberania e a segurança da China, desafiar o poder do governo central ou usar Hong Kong para realizar atividades de infiltração ou sabotagem contra o continente é um ato que atravessa a linha vermelha e é absolutamente inadmissível."
        Um dia após a chancelaria chinesa afirmar que a declaração sino-britânica de 1984, que estabelecera os termos da devolução e o princípio de "um país, dois sistemas", até 2047, já não é pertinente.
         Os manifestantes pela democracia pediram a libertação do dissidente chinês e Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo. Apesar de estar gravemente doente, com câncer terminal,  e condenado a onze anos de cárcere, Liu recebeu liberdade condicional, mas continua proibido de deixar o país.
        Persistem os temores que Hong Kong seja engolido pela China. A maior da população considera que a China não respeita a autonomia da região.
       O deputado pró-democracia Nathan Law, preso até um dia antes do protesto disse: A repressão pelo regime nunca parou e não antevejo seu fim.
         Por sua vez, o atual Secretário do Foreign Office, Boris Johnson, antes dos festejos do aniversário, incentivou todas as partes de Hong Kong a progredirem em direção a um sistema de governo mais democrático e responsável.
          A assertiva de Johnson mereceu a habitual resposta do Ministério das Relações Exteriores da China, de que "Hong Kong é assunto interno da China"...
( Fonte:  O Globo )
  



[1] Ou Mao Tsé-tung, como era a grafia anterior.

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