domingo, 16 de julho de 2017

Efeitos da Condenação

                   

        Parece cada vez mais provável que o ex-presidente Lula será judicialmente afastado da eleição do ano que vem. Não creio - embora possam me imputar de imprudência quanto a tramitações judiciais - que o TRF 4º enveredará por sentença contrária àquela do Juiz Sérgio Moro.
        Por maior que seja desta feita a atenção nacional sobre a evolução judicial da condenação de Lula, é pouco crível que surgiria maioria  contrária à decisão do Juiz Moro.
        Além de estar muito bem redigida e fundamentada, ele teve muito presente o que pode ser entendido como o ligeiro tropeço no juízo do tesoureiro Vaccari (por falar nisso, alguém já prestou atenção na sucessão delituosa dos últimos tesoureiros do Partido dos Trabalhadores?), que ensejou a recusa por maioria de 2x1 na sua condenação.
         Com a pressa que caracteriza a notícia em Pindorama, terá alguém outrossim se dado conta que a "inocência" de Vaccari Neto durou pouquíssimo, tal o peso das condenações anteriores?
         Mas teve no caso grande utilidade, porque representou a extra-pílula de prudência que levou o Juiz Sérgio Moro às mais de duzentas páginas na própria fundamentação da condenação ao ex-presidente Lula.
        Ali está senão o trabalho de uma vida - pois se espera muito mais do bom Juiz Sérgio Moro - pelo menos um instante relevante, desses que se guarda na memória, antes de retomar a caminhada.
        Porque com diligência, afinco e serenidade, o Juiz Moro enfrentou o suposto enigma, e mostrou - para quem deseja saber - o caminho a ser seguido se se almeja que justiça seja feita.
        Para mim, a emenda Cândido - a da extra-prorrogação, que equivaleria à hiper-judicialização do processo - se desmontará por si mesmo, não porque se queira fazer justiça de qualquer maneira, mas porque o Brasil avançou desde 2013 - e não vamos desmerecer das manifestações que saíram da São Paulo daquele ano, como tantos outros grandes movimentos que dali partiram em nossa história pátria - e a conscientização do Povo grande - aquele que se reúne em multidões pacíficas, porém conscientes e determinadas por esses Brasis afora.
         Há muitas coisas por fazer nesse imenso Pindorama (entre as primeiras, acabar com a ridícula multiplicação das legendas), mas  estará entre as pré-primeiras que se resolva democraticamente a questão Lula da Silva. Ele não é coitadinho, nem perseguido político, como quer aparentar às vezes. O tríplex do Guarujá está aí, a primeira Pedra no seu caminho. Mas outras aí vem, como a do sítio de Atibaia que parece ainda mais difícil de ser apresentada como "perseguição política",ou o que é ainda mais cínico, como ulterior instância de judicialização.


( Fontes: Carlos Drummond de Andrade;  O Estado de S. Paulo;  O Globo; Folha de S. Paulo) 

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