sexta-feira, 21 de julho de 2017

Maduro reprime greve no setor privado

                    
        A Venezuela ficou ontem parcialmente paralisada.  A greve teve o apoio da cúpula empresarial, das câmaras de comércio e indústria, e até dos sindicatos.  Os únicos a não participarem da parede foram os setores controlados pelo governo,  como os do petróleo e do serviço público.
         A greve exige que Maduro cancele a eleição de Assembléia  Constituinte, marcada para o domingo, trinta de julho. Através dessa peculiar Constituinte,  que não é de convocação universal, e que se restringe a setores próximos ao chavismo,  Maduro pensa manter-se no cargo, com a provável (mas inconstitucional) dissolução da Assembleia Legislativa, em que a Oposição tem maioria, mas ora se encontra travada pelo Tribunal Supremo (a que Maduro estendeu o esdrúxulo poder de controlar o Poder Legislativo e, no caso, a ele substituir-se, como chegou a verificar-se).
          O presidente Maduro assegurou que cem por cento das indústrias básicas e dos setores petrolífero, energético e de serviço público estavam trabalhando.  Ele só reconheceu falhas no serviço de ônibus urbano: "Eles que nunca trabalharam que fiquem sem trabalhar. Vamos é em frente."
         Já o estudante e comerciante Andrew Fuentes, da capital, afirmou:"Há pessoas nas ruas, mas estão trancando as vias e muitas lojas estão fechadas. As empresas foram obrigadas a funcionar, se não seriam fechadas, mas com as ruas trancadas, a gente não conseguiu sair de casa. A paralisação está funcionando. Não consigo sair da região onde estou desde quarta-feira, porque as ruas estão cerradas."
          Segundo o presidente do Instituto Datanálisis, Luis Vicente León: "Essa paralisação é um embate de força, de um lado, entre o empresariado e uma população famélica e pauperizada, e de outro, um governo também quebrado que controla os poucos recursos de um país produtor de petróleo".
            Já os empresários, a quem Maduro acusa de travar uma "guerra econômica" para derrubá-lo, apóiam a greve, alegando que a Assembléia Constituinte vai instaurar um modelo econômico que irá piorar a crise no país, afetado por uma severa escassez de alimentos e de remédios, assim como por uma voraz inflação.
             O Presidente Donald Trump vem sendo pressionado por importantes políticos americanos para impor sanções contra a Venezuela, e até mesmo vetar as importações de petróleo venezuelano se Maduro levar adiante a votação para a Constituinte.
              Um terço dos 2,1 milhões de barris diários de petróleo da Venezuela é exportado para os Estados Unidos.  Nesse sentido, as eventuais sanções ao petróleo desse país poderiam limitar o acesso da indústria petrolífera venezuelana aos mercados financeiros americanos.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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