segunda-feira, 3 de julho de 2017

De Mitch McConnell e seus iguais

                      
     
        Tempos ruins fornecem em geral belas metáforas. Vejam, por exemplo, a pouco dignificante estória do furto por Mitch  McConnell - o líder certo para a atual maioria no Senado - de uma cadeira na Suprema Corte.
        Às urtigas o plano do Presidente Barack Obama de nomear por fim um Juiz digno das mais altas tradições para o Supremo.  Cabia ao Partido Democrata preencher a vaga aberta pela súbita morte do Juiz Antonin Scalia, em 13 de fevereiro de 2016.  Mal se inicia o último ano de seu mandato, e o presidente escolhe para o lugar alguém que realmente se insere na mais bela tradição da grande judicatura americana.
         O professor universitário Obama sonhara com aquela ocasião, de unir ao justo o mérito. Seria trazer de volta o mítico passado em que repontam os grandes nomes para as memoráveis sentenças. O 44º Presidente americano deseja trazer um real expoente para a curul da Corte Suprema.  A sorte parece favorecê-lo, eis que lhe permite afinal indicar um dos juristas mais bem qualificados, alguém que poderia sentar-se naquele augusto tribunal, a ele trazendo as melhores qualificações na certeza de que as augustas sombras dos passados gigantes não veriam com desprazer que a grande tradição de cuidar do justo valor acima de tudo não mais é menosprezada.
          Nunca ninguém elevou mais alto o medíocre, do que o líder McConnell. Nunca ninguém se jactou com tanto estardalhaço de feito tão pequeno. Pensou ofender ao Presidente por retirar do cenáculo quem o dignificaria. Se não pensam em elevar as próprias instituições, quando para tanto a fortuna lhes estende a mão, não é hora de diminuir-se replicando às suas pobres palavras.
            Não é de crer-se também que há de lamentar no futuro o medíocre cenário a que contribuíu. E não se fale mais nessa hora triste do declínio, em  deparar a tosca, turgida tristeza do momento, com tanta gente pequena que, como os néscios que são, só podem ser aplaudidos pelos próprios iguais.    



( Fontes:  The New York Times, Homero )          

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