sábado, 15 de julho de 2017

Cidade Maravilhosa?

                             

         Os dados relativos a assaltos contra turistas no Rio de Janeiro são, na verdade, o reflexo do desgoverno na antiga Cidade Maravilhosa, e de quão rápido ela poderá sofrer dramática inflexão no fluxo de visitantes.
        De janeiro de 2016 a fevereiro de 2017, foram registrados 6.494 roubos e furtos a turistas (na noite de Copacabana, uma turista argentina foi assassinada, em latrocínio, de forma torpe). Pergunto-me se o responsável por tal brutal ataque a uma pessoa indefesa e que só queria fruir da fama da praia de Copacabana foi acaso detido e preso, estando esperando julgamento. Surpreender-me-ia deveras se a resposta for afirmativa. Eis que um dos principais fautores do crime brutal, cruel e violento está em uma certeza de não-punibilidade, que atinge, se objeto de estatística, a níveis que mais de assustadores são vergonhosos.
         Um turista é atacado a cada uma hora e 34 minutos, em uma média de 15 assaltos por dia.

        Este resultado é determinado pela decadência do Rio de Janeiro, decadência esta que se reflete nos subúrbios na dantesca farra das balas perdidas, que resultam de PMs despreparados e de bandidos à solta.

        Quanto ao turismo, a posição do Rio como cidade turística sofre a ameaça direta de falta de serviços essenciais interrompidos ou afetados diretamente pela insuficiência de verbas, e pela consequente ausência de policiamento em pontos de grande movimento.  Assim, o túnel Rebouças tem sofrido ataques de bandidos - e note-se que é a principal via de comunicação rápida entre a zona Norte e a zona Sul. Esses ataques não são raros, e são feitos pelo abandono das defesas da cidade contra a mala-vita.

         Por outro lado, não é só de assaltos (hold-ups) que o turista deve temer. Turista argentina, que estava acompanhada, foi morta por  assaltantes, supostamente de-menores. O motivo principal de sua morte se deve ao próprio desejo romântico de experimentar a noite na praia de Copacabana. Note-se que não estava sozinha, mas mesmo assim foi abatida - é o termo adequado - com crueldade e motivo fútil pelos assassinos. A certeza da impunidade é o móvel principal desse tipo de ataque. Faz-se necessário e imprescindível que a mão pesada da Lei caia sobre toda essa laia, que tem por ora demasiados motivos para acreditar-se impune. Será que nunca teremos a hom-bridade de fazer respeitar a Lei da Hospitalidade e da especial atenção aos Estrangeiros - e os argentinos são nossos irmãos sul-americanos ! - que pensando fruir  e admirar nossas belezas naturais, ao invés os submetemos, a eles  nossos  visitantes, a tal chusma covarde, que os ataca, com a torpe e virtual certeza de impunidade, eis que pelo visto Copacabana à noite é praia despojada de qualquer proteção, aberta a todo gênero de sórdida experiência por essa canalha, enquanto a gente da terra permanece a salvo, embaladas pelo egoismo e uma indiferença sem limites a esse gênero de experiência, que é deixado a tais feras que só à noite sóem mostrar os covardes, mas afiados e solertes dentes?
          Dentre os motivos da crise financeira do Rio de Janeiro, estão, além da corrupção desenfreada de governador que acabou preso, a chamada Alerj (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). As finanças do Rio não permitem o pagamento em dia dos aposentados e pensionistas (seria interessante verificar se os deputados da Alerj têm acaso remuneração atrasada, como sofrem  funcionalismo e aposentados).
           A crise da administração do Rio de Janeiro é muito mais grave e séria de o que desejam apresentar os próprios responsáveis pela situação calamitosa em que se acham as respectivas finanças. A solução - pela aparente incapacidade das autoridades estaduais (em todas as esferas de governo) em enfrentar o problema e resolvê-lo (e não à custa dos aposentados e do funcionalismo em geral), com o corte da corrupção na Alerj e alhures, e o afastamento da corja corrupta que se instalou no velho Palácio Tiradentes, que desde a saída da Capital Federal da Cidade Maravilhosa entrou em curva sem remédio e, dados os antecedentes, com prognósticos extremamente reservados em termos de soluções decentes e honestas.        



( Fonte:  O  Globo )            

Nenhum comentário: