sábado, 8 de julho de 2017

Violência institucional na Venezuela

                        
        O processo de institucionalização da violência na Venezuela data de Hugo Chávez, embora esse líder, mais por habilidade do que por convicção, haja, desde o início da chamada revolução, nela impresso um viés autoritário, como se depreendia de sua relação com a imprensa, a própria justiça, e, não por último, com a criação dos chamados 'coletivos'.
        Em um processo que lembra o fascismo italiano, Hugo Chávez incentivou a criação desses 'coletivos', nas áreas periféricas das cidades venezuelanas. Seria a forma de garantir uma presença maior de grupos chavistas nos distritos populares.
        Tais grupelhos, formados nos subúrbios, passaram a constituir ver-dadeiras milícias chavistas, motorizadas e armadas pelo poder central.
         O exemplo fascista vem logo a mente, assim como na Itália de Mussolini, logo ficariam atuantes os grupelhos paralelos do Fascio, cuja função intimidatória também está muito presente nos coletivos atuais. E como têm as costas quentes, tais coletivos não se pejam de atirar em mani- festantes.
          O papel do coletivo, como milícia intimidatória, se já era plenamente conhecido como facinoroso,  ora se marca pela audácia fascista que sequer trepida em invadir a sede da Assembléia Legislativa.  E ao executarem tarefa que é própria do fascismo - segundo a acusação do Presidente da Assembléia Nacional, Julio Borges "havia funcionários da prefeitura de Caracas - controlada pelo chavismo  e candidatos à Constituinte de Maduro  (entre os invasores)".  O fato de os "coletivos" serem oficialmente apoiados pelo governo, com dinheiro, armas, veículos (em geral, motocicletas) e até plano de saúde, mostra de forma irrefutável que essa gente ,a exemplo dos esquadrões, não ousariam agir de tal forma sem o aval do poder que lhes provê e municia.
           A violência fascista esteve igualmente presente no seu modo de atuação com que marca o contubérnio com a brutalidade, que também preside às boçais ações das milícias de Mussolini.  A par disso - outra característica do velho Fascio - a própria covardia, eis que o seu ataque à instituição mais representativa da Liberdade, como o é a Assembléia,  só poderia ter ocorrido  nas suas lúridas características sob o conluio do poder chavista, por ser contra um poder dito desarmado, ação esta marcada  pela cínica permissão da Força Armada à irrupção fascistóide nas aras da instituição que mais se identifica com democracia e liberdade.
            É de resto muito interessante verificar essa estreita união entre violência política e as forças do fascismo. Não se deve esquecer que o nazismo, a exemplo de seu precursor fascismo, não dispensara nem na S.A. (Força de Ataque), nem mais tarde na ainda piorada em termos de violência assassina a SS (Esquadrões de proteção), que tanto se marcaria através do flagelo dos campos de concentração...  
             Para que se tenha ulterior ideia de o que se deve esperar da Constituinte de Maduro,  é que entre alguns dos covardes atacantes contra a Assembleia Nacional  se achavam candidatos a essa Constituinte.  Nunca os Lumpen haviam chegado a tanto...


( Fonte: O Estado de S.Paulo )

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