domingo, 30 de dezembro de 2018

A gestão Temer


                                           
      
         Temer tem apenas uns poucos dias pela frente. Se ele nunca perdeu o humor, mesmo que tingido pela ironia, levará tempo até que a sua gestão seja contextualizada, uma vez passada a tempestade.
         Ser vice de Dilma Rousseff não é pouco.  O Fora Temer! o perseguiu durante todo o restante do mandato, mas os decibéis baixaram. Porque em fim de contas, Temer planejava boas coisas para a economia. A melhor seria a Reforma da Previdência, aquela que deu chabu.

          A sucessão de escândalos e mini-escândalos que a precederam  acabou com ela e sobretudo com a dita base  de 340 deputados, que, segundo dizem, a levariam a bom porto.  Todo bom projeto que falha nas Câmaras será sempre um alvo fácil para a turma da denigração. Ficam para trás os medíocres No caso, apesar das razões em contrário, sobrou o insondável, que foi uma série de escândalos.  A começar por Temer se cercar de investigados na Lava Jato...

         Apesar de Marcela e Michelzinho, não caiu no goto do povão. E, dessarte, o seu índice de aprovação mergulhou nos baixios já visitados por Collor e Sarney.
            Não obstante, as eventuais baixarias levariam ao erro-mãe : "Tem que manter isso, viu ?", frase dita para Joesley Batista, da JBS, naquela jamais bem-explicada reunião noturna nos subterrâneos do Palácio do Jaburu, que ainda valeria, por especial concessão de alto órgão público, viagem dos senhores da JBS com o enorme avião particular e tudo (incluídos os familiares) para a meca de America del Sur y adjacencias,  los Estados Unidos de America.

            Vira e mexe, imitamos os desejos tão subdesenvolvidos de cultivar as ditas maravilhas do paraíso de Miami...       

( Fonte: O Globo  )

Bom negócio ?


                     
           Teve primeira página com destaque no Globo a visita ao Brasil, do premier  Benjamin Netanyahu, convidado à posse de Jair Bolsonaro.
             Os dois tiveram encontro privado, de trinta minutos, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. Chamaram-se de "irmãos" e prometeram construir uma aliança iné- dita entre os dois países.  Passaram cerca de uma tarde juntos, na sexta, 28 de dezembro, e  Bolsonaro anunciou ter  aceito convite para visitar Israel, acrescentando que o fará até março "para colocarmos em prática o mais rápido possível essa política de grande parceria com o Estado de Israel.
                De tarde, visitaram juntos a sinagoga de Copacabana. No templo, Netanyahu chamou Bolsonaro de "mito",em hebraico,no que foi secundado pelo coro dos presentes. O presidente-eleito retribuíu dizendo que o premier "é um capitão como ele" e que os dois países formam uma irmandade. Destacou, na oportunidade, a afinidade ideológica entre ambos:
                 "Como os Estados Unidos, entre tantos outros que pensam e têm uma ideologia parecida com a nossa, temos tudo para nos ajudar e fazer o bem para os nossos povos.  Senhor ministro (sic), obrigado pela oportunidade e que Deus nos abençoe."

                  Em resposta, Netanyahu respondeu no mesmo tom, afirmando que  Bolsonaro será recebido como "um grande amigo, um aliado, como um irmão". Netanyahu, que é o primeiro chefe de governo israelense a visitar o Brasil, classificou o encontro como "histórico".

                     Entretanto, não houve menção  pública à transferência de embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, uma promessa que Bolsonaro fez na campanha e reiterou depois de eleito. Contudo, a medida é decerto controversa, eis que resoluções das Nações Unidas determinam que o status da cidade deva ser decidido em negociações com os palestinos. Por isso, essa abrupta decisão do presidente Donald Trump - que transferiu a embaixada estadunidense de Tel Aviv para Jerusalém - enfrenta a oposição dos países árabes, com os quais - e uma menção de suma importância - mantém relações comerciais e diplomáticas importantes.
                        Assinale-se, e que mais de uma vez ora enfrenta investigações de corrupção  e uma crise política, o que levou à antecipação das eleições gerais para abril, além de chegar a cogitar  limitar sua visita ao Rio de Janeiro. Sem embargo, na última quarta- feira anunciou-se  que ele ficará para a posse em Brasília.
                          No poder desde 2009, Netanyahu tendo tido os seus démêlés com a Justiça, ele encabeça a coalizão mais à direita que já governou Israel.  Por isso, o processo de paz com os palestinos  está parado há cerca de quatro anos e a situação na Faixa de Gaza constitui um acinte aos direitos humanos, em que morrem muitos palestinos, nas suas marchas para reivindicar áreas de que Israel se apossara no passado. 
                          Não obstante, e como seria de esperar , Netanyahu conta com o apoio incondicional da Administração de Donald Trump. Além disso, Netanyahu tem procura-  do nos anos recentes aproximar-se  de lideres de quase extrema direita, como a controvertida administração de Viktor Orbán, o húngaro de quase extrema-direita, que também, e não será decerto por acaso, que estará entre os líderes presentes à posse de Jair Bolsonaro.    

( Fonte: O Globo )

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Antonio Candido, crítico


                                 

         Nascido em 1918 e morto, no limiar dos cem anos, em 2017, com a sua pena precursora e pressaga  apontou o valor de muitos iniciantes como Guimarães Rosa (Sagarana), Graciliano Ramos  (Caetés),  Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto (1943 a 1945).

(Fonte: Aliás Literatura - ESP)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Will Trump Have a Nervous Breakdown ? (1)


                             
         Que me perdoe o leitor se coloco o título deste blog em inglês. O motivo é simples:  um break-down nervoso não é coisa de somenos,  e é difícil que ocorra em alguém tão clinicamente protegido quanto um presidente americano. Mas pelo seu temperamento, a manifesta dificuldade que tem em controlá-lo, e, máxime, pelo vezo que tem de inventar problemas, mesmo quando eles não existem ou se acham em situação  em que outros políticos teriam condições  de dominá-los, mais passe o tempo, mais contemple a front-page dos jornais americanos, a sensação que tenho é que Trump, ou não está em condições de lidar com os problemas do cargo, eis que,  de uma maneira ou de outra, logrou na sua costumeira forma impetuosa de arrebatá-los  para si, ou o 45º presidente procura essa chusma de magnos problemas, numa forma de vedetismo - como se a cena presidencial já não fosse um espaço prenhe de questões anosos e conflituosas, assim como de problemas que exigem um espaço prudencial para resolvê-los. 
          A par disso, se o chefe da Nação bem faria em não exacerbá-los, buscando sempre que possível mante-los em espécie de banho-maria, o que fazer se a sua atitude é justamente a contrária?
            Senão, vejamos à guisa de tomada cinematográfica  - como se fosse panorâmica em que o diretor tentasse transmitir a ideia de que, através de variegados malabarismos,  Sua Excelência desenvolvera a agressiva técnica de conviver e controlar à distância essa chusma de desafios de diferentes potências, sejam elas externas ou internas, passadas ou presentes.  
             No começo, está o muro, como símbolo de uma visão tão pretextuosa quanto instrumental das relações com o México e, por conseguinte, com um país que já tanto sofreu com o colosso americano e as suas invasões de conquista territorial. É preciso mais do que arrogância para transformar a imagem do invasor mexicano na deformada visão de um estuprador de mulheres americanas, que a plus fort raison[2] se impõe controlar, barrando-lhe o caminho de América del Norte. A razão apresentada é decerto absurda, prepóstera mesmo, mas com todo o alarido da imprensa, em que o original, mesmo se aético muita vez comanda, quer queiram quer não,captou boa porção de ouvintes republicanos, e tornou a caminhada política das primárias do GOP um passeio para Trump.
             Na tentativa de entender melhor o personagem Trump, não se pode perder nunca de vista essa estranha figura de manipulador da mídia, que se delicia em afrontá-la, sem talvez o desejo de restabelecer a verdade, mas com escopo quiçá ainda mais ambicioso, transformá-la, quem sabe domesticá-la, de forma a apresentá-la  não pelo que é no suposto catecismo trumpiano. Não é uma assertiva despropositada dizer que Trump é a essência do anti-intelectual, do político multifacético que quer parecer muitas coisas ao mesmo tempo. Nesse sentido, como já o demonstrara antes da pré-eleição, Trump é um personagem de faz-de-conta, mas sem nenhuma tendência romântica. Faz  de conta - não é o que disse, mas o desejava fazer, ao buscar destruir um herói americano como John Mc Cain, enquanto intentou retirar-lhe a base do respeito popular,  ao buscar diminuir este herói americano justamente por sua condição de herói-prisioneiro na guerra do Vietnam. Esta tendência de atacar o inatacável já se vê na sua exposição  de uma alegada teoria do birtherism, uma ideia de projetar-se à custa de Barack Obama - que não teria nascido nos Estados Unidos e sim no Quênia... 

              Daí a periculosidade de Donald Trump, que os seus adversários e mesmo Hillary tentaram ignorar, mas com substancial risco pessoal. Ele cunhou ou se serviu da expressão Crooked Hillary,  na verdade uma calúnia mal disfarçada, inspirada talvez na frase de Beaumarchais, calomniez, il en reste toujours quelque chose![3]
              Talvez o histrionismo de Trump lhe tenha valido para amealhar votos. Sendo a disputa eleitoral com Hillary bastante renhida, infelizmente seria determinante o estranhíssimo comunicado de um James Comey desgarrado, em uma Secretaria de Justiça  na prática sem Secretário, o que lhe abriu o caminho para a capciosa mensagem para o período da chamada votação antecipada: de que se descobrira um outro computador na entourage de Hillary - o do marido afastado de Huma Abedin, a secretária da candidata - "aviso" que veio junto de que poderia levantar novas lebres em uma campanha, em que a democrata tinha curta vantagem.
                Mas deixemos essa página pouco feliz da história política americana, e voltemos para o tema que nos interessa precipuamente. Nas últimas semanas, quem sabe, exacerbado pelas tensões de que sofrem os presidentes, Trump tem recorrido a uma estranha, estranhíssima mesmo, estratégia.  O 45º presidente afronta aos problemas políticos de sua presidência, ao invés de intentar resolvê-los. Assim, como se fosse um novo Houdini, ele prefere manipular os problemas que tentar resolvê-los. Talvez se possa dizer que o cerne da questão esteja aí, mas como se verá adiante, Trump exagera...
                 Na verdade, Trump vem adotando uma estratégia perigosa. Se se pode individuar algo na mente conturbada desse ocupante da Casa Branca, ele adota uma teoria do caos um pouco arrevesada. De problemas, quanto presentes e intrusivos melhor.
                  É bom não esquecer que continua muito atuante para sua inquietação o Conselheiro Especial Robert Mueller III, que, ao que consta, continua levantando questões delicadas para o presidente. O que ele fará das declarações do advogado particular de Trump, Michael Cohen, nas quais mentira para o Congresso americano? 
                  O problema com Trump vai muito além do perjúrio de Cohen,mas também na circunstância de que o causídico tratara de escamotear encontros de Trump com duas call-girls. O que é grave aí não seria o fato em si - a ocultação não do fato em si, mas sim a mentira para o Congresso.
                   Pelo seu comportamento, de certa forma, Trump desvaloriza o escândalo, embora o acúmulo deles configure já um belo caso para inquietar qualquer mortal.
                    Sem embargo, o voluntarismo desse presidente não é avaro em criar ulteriores problemas.  Entre esses, estão as questões do muro, e a derivada do fechamento de funções estatais.
                     A construção do muro é uma exigência perene  para Trump, o que lhe provoca desgaste crescente, pela série de consequências derivadas deste sine qua non para o presidente.  O dito fechamento do Estado implica na clausura de atividades que são úteis para o coletivo de pessoas. Como a clausura implica em não-utilização, e as consequentes dificuldades que dela decorrem para os habitantes de Washington, atendido ainda o caráter impopular da injunção com as dificuldades que acarreta, não é de estranhar que a exasperação aumente.
                       Outro erro pesado do presidente foi a determinação do fim da participação americana em dois conflitos: o da Síria (que é largada à própria sorte e a Putin),  assim como a guerra contra o E.I. (exército islâmico), sob o frágil pretexto de que a ameaça desse movimento terrorista já esteja controlada. O consenso no Pentágono é que esta desastrada medida de Trump dará nova vida ao movimento do califa al-Bagdaadi, que, de resto, não se acharia longe da própria extirpação. Daí, as desculpas de Trump irritaram sobremaneira o general Mattis, que, pelo bom senso e equilíbrio, vinha assegurando um papel muito eficaz aos Estados Unidos, com ajuda dos bravos guerreiros curdos,  cujo abandono poderia causar mais uma derrota para um futuro Curdistão, o que constituiria válida posição de segurança para uma comunidade que é apoio do Ocidente, contra as perenes incursões do turco Erdogan.
                       A maneira abrupta adotada por Trump sem qualquer consulta com o Secretário Mattis,com experiência e grande prestígio no estamento militar - e que estava sendo fator de estabilidade diante do errático presidente - afastou a influência do Secretário - e dele qualquer veleidade que poderia manter com esse presidente qualquer sistemazione apropriada, no esquema militar. O próprio Trump abriria - igualmente sem preparação - as suas supostas "reformas" nos compromissos militares da Superpotência, com um desastroso ensaio de mudança tanto no Afeganistão, quanto na Síria e no Mediterrâneo.
                      
(Fontes: The New York Times, Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais) 



[1] Terá Trump um Break-down  nervoso?
[2] por razão mais forte
[3] Caluniai, caluniai sempre, fica sempre alguma coisa...

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

A Hora de Paulo Hartung


                                  
        Desde muito, acompanho com atenção a carreira pública como político e notadamente enquanto Governador do Espírito Santo, de Paulo Hartung, que se encontra no fim de seu terceiro mandato como chefe do Executivo daquele pequeno Estado.

           Em uma terra que vem primando nos últimos tempos pelo desrespeito da Lei de Responsabilidade Fiscal - talvez o principal dom do governo de Fernando Henrique Cardoso à República - Hartung tem primado pelo respeito inflexível à LRF. Para que se contextualize - na pobreza circunstante - o valor singular da atuação de Hartung como Governador, bastaria ter presente o último e lamentável desrespeito da atual cultura política, que o recente gesto do presidente da Câmara,  Rodrigo Maia, desfigurando sem qualquer veto a publicação de lei para as finanças municipais, acolhendo um lamentável facilitômetro para a legislação de que o presidente Temer, ausente em compromisso externo, anunciara a intenção do respectivo veto.

             Tenho acompanhado a trajetória como Governador do Espírito Santo de Paulo Hartung por motivos sobejos, que o texto a seguir torna manifestos. Pois no fim de seu terceiro mandato como governador, Hartung lançou recentemente livro sobre sua experiência na gestão da crise no governo capixaba - o único Estado a ser avaliado com a nota máxima no equilíbrio fiscal pela Secretaria do Tesouro Nacional em 2018.
             A seguir, ocupo-me da entrevista do Governador Hartung. Quero crer,  no entanto, que o mais importante é cingir-se a certos aspectos fundamentais, e, dessarte, acentuar o que realmente me parece básico no pensamento de Hartung e que deveria, por consequência, ser enfatizado e aprofundado.

             Hartung se refere à lei de responsabilidade fiscal e a conversas com novos governadores.  Ele tem estimulado  que eles abram um diálogo com o STF, no sentido de julgar uma ação no Supremo que trata de um dispositivo da LRF. O primeiro aspecto é muito importante: o orçamento público é uma estimativa de receita e uma fixação de despesa. Se você estima uma receita e depois  tem um frustração de receita, essa frustração só vale para o Executivo, mas não vale para o Judiciário, para a Assembléia, e tampouco para o Ministério Público, para o Tribunal de Contas, e também não vale para a Defensoria Pública. Nós precisamos resolver esse dispositivo que está judicializado. A Lei de Responsabilidade Fiscal permite que você diminua a jornada de trabalho e salário no momento em que você estoura o limite da LRF. Isso está judicializado. Era importante e pedagógico, no momento em que um dispositivo desses funcionar, eu tenho certeza de que até os sindicatos que representam os grupos funcionais vão se preocupar com o limite de gasto público.

                É preciso mudar a LRF?  Com esse clima bagunçado que está no Brasil, toda vez que se mexe na LRF é para piorar, como o Congresso fez em relação aos gastos dos municípios. Então, o melhor é não mexer na LRF. Esse instrumento é bom, porque o único jeito de você devolver para a sociedade uma parte dos impostos que são pagos. Precisamos cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. A única coisa em que eu trabalharia é em relação a essa ação que está no Supremo.

                 O que esperar do governo Bolsonaro ?   Acho que o nosso primeiro dever é soltar esse cabo de guerra e o País voltar a ter capacidade de discutir os seus problemas. Quero ressaltar que o governo Bolsonaro toma posse com muito capital político da eleição, que não é pequeno. Não foi baixa a votação do PT, mas a margem de diferença de votos foi significativa, deu uma legitimidade. Trazer o Moro para o Ministério da Justiça agregou mais capital político.  Então, o governo toma posse com muito capital político na sociedade, no Parlamento. Evidente que é uma lua de mel que tem prazo. O problema é não perder tempo e a impressão que eu tenho, eu sinto que o governo tem dois governos dentro dele. Um que está pensando de maneira mais reformista e um pensa de maneira mais corporativa.

                   Tivemos recentemente a Cúpula Conservadora das Américas. É um assunto primordial no Brasil? O Foro de São Paulo precisa de um contraponto?                          
              Não. O Presidente Fernando Henrique, em uma entrevista que concedeu recentemente, coloca alguma coisa  de que isso é uma falsa questão. Nós não estamos na discussão de comunistas versus anticomunistas, não é isso que está sendo debatido no País. Isso beira uma certa fantasia. O que nós temos de fortalecer são as instituições democráticas do País.

                   Como é que o centro político do País deve se organizar, após uma eleição na qual se fragmentou e sofreu uma derrota significativa? 
                   Primeiro fazer uma autocrítica bem-feita. Se nós perdemos relevância na política nacional - e eu estou me colocando junto - seguramente, isso não vem por acertos, vem por erros. Segundo, eu acho que o nosso papel nesse momento é debater, apresentar boas propostas para o país. A terceira coisa é a gente ter paciência e não ser precipitado. Tem um quadro que vai decantar agora naturalmente. Qualquer movimento agora é um movimento fora de hora. Todo movimento que a gente puder  ajudar, seja o Renova, o Agora!, o Livres, para produzir novas lideranças, que tenham capacidade de pensar o País. É visível o vazio de lideranças que se formou no País nesses últimos tempos.  Tem muito tempo que não se injeta sangue no Congresso e agora tem.  Quando chegar eleições municipais precisamos ter mais gente nova e qualificada disputando prefeituras, disputando Câmaras municipais e perder esse preconceito.

                  O empresário Luciano Huck já é um desses líderes?  
                   Fizemos uma mesa aqui recente, eu, ele (Luciano Huck) e o Edu (Eduardo Mufarej, empresário) discutindo formação de lideranças, foi um belo debate. Eu acho que o Luciano quando ele decidiu não ser candidato ele simultaneamente decidiu continuar ajudando na formação de lideranças, foi uma atitude bacana. Acabou a eleição ele deu uma entrevista dizendo: 'Olha, estou dentro, vou continuar participando'. Ele está mantendo a vida profissional dele com sucesso e ao mesmo tempo dando uma contribuição nesse campo de formação de lideranças.

                   E o PSDB?  Qual vai ser o papel do PSDB? O ex-presidente Fernando Henrique admitiu até deixar o partido se a legenda tomar uma posição de apoio irrestrito ao governo Bolsonaro. Como será a participação do PSDB na formação desse novo centro?
                    Eu sou um social-democrata que aprendeu com a vida as limitações de meios. Acho que você operar na política brasileira sem olhar a desigualdade social, esquece, né? Estou fazendo isso para chegar dentro do PSDB. Por que eu acho que tem que ter calma e não ter precipitação? As coisas precisam decantar. Fui fundador do PSDB.  Eu tenho muitos amigos dentro do PSDB e tenho que ser  cauteloso em relação a isso. Seguramente, quando eu falo no campo reformista do País - da centro-esquerda até os liberais reformistas da economia - essa turma está dentro disso. Não adianta precipitar. É passo a passo, vamos ver o que mais à frente a gente faz em termos de diálogo nesse campo.

                    Mas esse movimento não terá de convergir em um partido ?
                     Bem provável. Mas não está na hora de mexer com o partido. Eu estou muito cauteloso com as palavras até aqui, me perdoe. Mexer com o partido agora é gastar energia boa com uma ação que não é uma ação construtiva no momento. Também não quero fugir de nenhuma resposta. Acho que esse momento vai chegar e na hora que chegar a gente discute essa questão de uma maneira muito aberta e transparente. Mas não é hora para isso. A hora nossa é de formar novas lideranças, é de apresentar boas políticas públicas, boas propostas para esse momento que o País está vivendo, de ajudar para distensionar o País, para diminuir a intolerância, a intransigência, essa coisa raivosa e às vezes até odienta que a gente tem percebido nas redes e infelizmente também nas ruas. Acho que temos uma agenda boa para trabalhar nesses primeiros tempos de 2019. Vou cumprir uma missão profissional na vida privada, mas vou estar também dedicado em ajudar numa ação de boa política, de política de qualidade.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Tsunamis sem aviso

         Essas gigantescas vagas provocadas por movimentos submarinhos - em geral são terremotos, mas, como ora se verifica, também podem ser causados por erupções vulcânicas, como essa última na Indonésia - tendem a fazer centenas de mortos, como a decorrente de erupção vulcânica que atingiu tanto a Ilha de Java, quanto a oeste de Sumatra,  na Indonésia.

         Dada a natureza do flagelo,  o número de mortos tende a ser impreciso  a  princípio.  O problema de originar-se de erupção vulcânica - e não terremoto, que é a forma mais comum desse flagelo encontradiço no Sudeste Asiático -  não costuma ensejar aos habitantes das áreas próximas o  precioso favor de um aviso do abalo tectônico.  Sendo mais raro, e de mais difícil localização,  a povoação circunstante não terá a favorecê-la os pré-avisos que os movimentos tectônicos tendem a proporcionar.  Nesse caso de flagelo, os minutos na antecipação podem salvar muitas vidas, como a prática tem demonstrado.

         Recordo-me de uma feita em que o dever diplomático me arrastou muito cedo de madrugada a ir receber no Galeão uma atriz global, que, se não me engano, perdera parentes por conta dessa súbita desgraça submarina, de que por enquanto a costa brasileira está aparentemente salva.
 
          Depois daquele dia - em verdade, madrugada - o meu olhar para o plácido mar das Cagarras à minha frente nunca mais foi o mesmo. Naquele tempo -  já transcorreu mais de decênio - penso amiúde na hora difícil que a simpática senhora atravessara, marcada ainda por cima pelo seu caráter subitâneo - hoje, com o progresso, presumo que os avisos quanto à calamidade não sejam mais os gritos terríveis de crianças e adultos colhidos de surpresa pela vaga assassina, e sim pontuais e burocráticas comunicações telegráficas - que, por enquanto, parecem indisponíveis na Indonésia - e que costumam salvar centenas, senão milhares de vidas.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )



domingo, 23 de dezembro de 2018

O problema Trump


                               
            Por mais que pelo seu relevo na estrutura governamental estadunidense a figura do Presidente avulte em importância,  a auto-exoneração do Secretário de Defesa James Mattis - que Trump tentara escamotear como se devida à aposentadoria - soa um alerta no governo americano, dado o desequilíbrio - tanto emocional, quanto intelectual do Presidente e o seu consequente descontrole ao confundir as próprias conveniências pessoais, com o interesse da Nação americana.
              No princípio imediato dessa questão, está a construção do famigerado "muro", uma promessa eleitoral que Trump deseja implementar contra tudo e contra todos. Se vou poupar os meus leitores de mais uma lembrança do criminoso erro cometido contra Hillary Clinton em não permitir que ela viesse a tornar-se a primeira Madam President dos Estados Unidos da América,  o fanfarrão, demagogo e irresponsável  45º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump é, por si só, um risco ambulante a não ser minimizado.
              Contava-se até ontem que aí se tinha para garantir o mundo e a paz da manifesta falta de equilibrio desse presidente, a garantia de um militar cujas posições Sua Excelência respeitava. No entanto, ele próprio colocara em movimento, de forma inteiramente desproporcional ao interesse da Nação Americana,  o problema da construção do famigerado  "muro".  O presidente elegeu como meta principal do próprio governo a elevação de um muro fronteiriço, que nos remete à sua antiga promessa eleitoral, com vistas a afastar a "ameaça" do imigrante mexicano para a sociedade americana.
              O próprio egotismo da sua personalidade veio a projetar fora de qualquer contato com a realidade a elevação de tal muro, que viria a proteger as jovens americanas desses estupradores em potencial, como rezam as suas demagógicas promessas desde o já longínquo início de sua campanha presidencial.
              Vamos esquecer por um momento essa proposta, formulada pela colossal ignorância de Mr. Trump,  pois se ele tivesse algum conhecimento da história internacional saberia que os impérios no passado, a começar pelo romano, além de só recorrer a tal expediente em fase de decadência, puderam verificar da ineficácia desse meio de impedir o estrangeiro quem quer que ele fosse de adentrar o território imperial.
              Isso posto, reza o bom senso que tal monomania - como essa vontade de construí-lo a qualquer preço - possa vir uma vez fechar o governo dos Estados Unidos, que se corresponde a um processo aonde muitos tem grande responsabilidade, não se pode esquecer que tudo parte dessa monomania presidencial,  que, ao parecer, desarticula a administração americana como uma criança mimada que quer porque quer ter o seu muro. Sabe ele agora que o muro é um processo custoso e de mais do que dúbios resultados.
              Esse fantasma do muro não é motivo para pôr a segurança dos Estados Unidos em risco. Mas é o que está acontecendo, pelo evidente desequilíbrio emocional do Presidente americano.
              Sabemos que Sua Excelência já tem muitos outros problemas, para agir dessa forma irresponsável, transformando manias pessoais em causas de potenciais desequilíbrios na segurança dos Estados Unidos e do mundo civilizado.
              O general James Mattis acaba de exonerar-se  do Ministério da Defesa estadunidense. A causa: a irresponsável decisão do Presidente de considerar como realizada a missão do exército americano na Síria,  com as seguintes consequências imediatas: ressurge para o terrível E.I., o Exército Islâmico, a clara possibilidade de que o  objetivo das grandes nações de extirpar essa sinistra força do retrocesso, torna-se não só possível, como provável  que, ajudado por Trump como o foi,  ele possa voltar a ameaçar confiáveis aliados americanos como os curdos - que são abandonados à própria sorte. A par disso, determinar a retirada americana sob o pretexto de uma missão já realizada, não passa de grosseira mistificação, mas, ainda por cima, ruinosa, porque bem conhecemos o que representaria como retrocesso para esta determinada região a circunstância de  criar condições para que esse inimigo da Humanidade não venha a ser militarmente eliminado.
              Decisões irresponsáveis, feitas para mascarar tropeços políticos, só tendem a criar condições negativas e contrárias aos fundamentos da missão dos militares americanos na Síria. Decisões iguais a essa só as encontramos em períodos tenebrosos da história universal, em que impérios decadentes, sob soberanos demenciais, encenavam falsos triunfos sobre inimigos demasiado reais. O mais triste disso tudo é que se jogue ao mar o esforço de anos, e, ao fim e ao cabo, temos a Rússia de Vladimir Putin, com ainda mais poder na Síria, a despeito da intervenção americana. E, além disso, por um capricho, os Estados Unidos abandonam aliado confiável e corajoso, como é o povo curdo, que por sua firmeza e confiabilidade na guerra muitos serviços têm prestado  à Superpotência.

( Fontes: O Estado de S. Paulo; A Study of History, de A.J. Toynbee )

Povos isolados pela Funai


                                  

            A Justiça Federal determinou à Funai que faça a reestruturação física e a contratação de pessoal para atuar nas bases da Fundação responsáveis pela proteção a grupos indígenas isolados ou de recente contato que vivem no Amazonas.
               A decisão em apreço atendeu pedido do Ministério Público Federal no Amazonas e prevê a apresentação de um cronograma de atuação, por parte da Funai, no prazo de noventa dias. As unidades possuem 42 servidores, quando, conforme a própria Funai, seriam necessários, no mínimo, 96 servidores.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

PF busca Battisti em 32 operações


                
 O diretor da PF, Rogério Galloro, declarou ontem, 21 de dezembro, que já foram realizadas 32 operações para encontrar Cesare Battisti, foragido desde que Min. Fux determinara sua prisão e o presidente Michel Temer autorizara sua extradição na semana passada. Segundo Galloro, a PF recebeu muitas informações, após divulgar  possíveis fotos dos presumíveis disfarces do italiano. 
Ele será encontrado, afirmou o diretor da PF.

Excertos da Entrevista do Min. Aloysio Nunes


               
Saída do Acordo de Migrações.
          Em alguns temas, os interesses do país são mais eficientemente tutelados quando há cooperação com outros países. A cooperação não contradiz a soberania do Pais. A lei brasileira de migração foi aprovada pelo Congresso Nacional. Longe de escancarar as portas do Brasil, fixa critérios seguros para receber imigrantes. A pauta do combate à imigração pode ser dos Estados Unidos, da França, da Itália, da Hungria. Mas não é pauta brasileira.O futuro presidente terão toda a latitude para propor mudança da lei e se afastar de um pacto, que não é obrigatório. Apenas acho que essa comunicação poderia esperar o 1º de janeiro. Não precisava ser feito quando eu apenas descia da tribuna. Não foi um gesto cordial.
E a saída do Acordo do Clima ?  
            As metas do Acordo do Clima, nós propusemos. Se não conseguirmos atingir, vão invadir o Brasil? Vão replantar a vegetação do cerrado na marra ? Não. Tem quem ache que o aquecimento global é uma ficção. Há gente que acredita que a humanidade nasceu de Adão e Eva. É uma crença. Mas o aquecimento global é cientificamente constatado. O Brasil se engajou voluntariamente no Acordo, e fico feliz quando o futuro ministro do Meio Ambiente (Ricardo Salles), transmitindo posição do Presidente Bolsonaro, diz que o Brasil se manterá no Acordo.
Qual sua opinião sobre a mudança da Embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém?
Isso ( a mudança da embaixada) acrescenta ao interesse nacional? Acho que não. E (a consequência negativa) não é só a questão do comércio. É uma condição de respeito do Brasil à lei internacional.  É um padrão de comportamento nosso ao qual temos de nos apegar,porque não somos um país poderoso a ponto de chutar o balde quando alguma regra internacional não nos beneficia. Temo um azedume intercomunitário no Brasil. Temos comunidade árabe, judaica que convivem bem. Não quero briga  da José Paulino com a 25 de março ( ruas de São Paulo).
Estamos sendo pressionados a escolher um lado na guerra comercial entre EUA e China ?
O professor Kissinger, com quem estive em Nova York, me disse: 'Olha, vocês vão ser pressionados  a tomar partido'. Acho que seremos instados a tomar partido à medida que a confrontação China-EUA adquira tonalidades mais dramáticas. Seria um erro.Não creio que o próximo governo incorra nele.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )

sábado, 22 de dezembro de 2018

Stupid woman ?


                                            
         Jeremy Corbyn, o líder trabalhista, preza a reserva, e de um tal modo, que a sua bancada por vezes se incomoda com o seu excessivo silêncio. Afinal, ele é contra ou a favor do Brexit? Trazendo as próprias cartas muito próximo do colete, não estaria sendo demasiado discreto, e por isso até capaz de induzir em erro a seus liderados?
           Mas a atual batalha no Parlamento inglês é uma luta renhida, e as palavras stupid woman terão sido ouvidas pela bancada dos tories, e de imediato atribuídas a alguma observação ferina do leader Corbyn a respeito da Primeira Ministro.
           As novas regras do convívio humano tornariam tal comentário um anátema parlamentar a ser evitado de toda maneira. E foi o que fez o líder Corbyn, explicando à cética Premier que ele se reportava a women (mulheres no plural) e que decerto não se referia à Primeira Ministra.
             Merecendo ou não o apodo, os protagonistas dessa batalha originada do plebiscito de 2006 muita vez dedicam mais atenção a questões colaterais do que propriamente ao problema central, i.e., qual é o interesse do Povo inglês nessa questão ?
              Os pioneiros, aqueles que por primeira vez colocaram a aspiração britânica de integrar o Mercado Comum - e sofreram a negativa do general de Gaulle - pensavam no essencial da questão, e por isso não alimentavam dúvidas sobre quaisquer desvantagens que adviriam para o povo inglês, eis que se limitavam às essências do interesse nacional, e as vantagens que lhes adviriam, se comparadas com as da rede esparsa da Associação de Livre Comércio, um fraco substituto para o gordo prêmio do Mercado Comum.
                Já a leva seguinte - que não nutria dúvidas sobre as vantagens comparativas - aproveitou pressurosa a oportunidade de aceder à organização de Bruxelas. Havendo passado  pelas deficiências do substitutivo,  conheciam demasiado a questão para terem dúvidas em matéria de vantagens comparativas.

                Com os anos cinzentos da planície,  a presença do Reino Unido em Bruxelas perderia com o tempo a própria essencialidade do benefício.  Ao insular companheiro de jornada, como que recolhido na planície de uma convivência já longa, eis que lhe tornam os românticos pensamentos dos grandes triunfos da Álbion no passado, e o quanto agora, na companhia continental, lhes luziam com o brilho da ascendência nos mares e dos triunfos em terra, contra aqueles mesmos povos continentais que com ela conviviam nos grandes salões da grande organização europeia de que hoje participavam, assim como muitos outros povos sem história a ela comparável ?

                    Essa difusa insatisfação levaria ao primeiro plebiscito, que Tony Blair convocaria. Naqueles dias não se deu muita importância a que se houvesse, por vez primeira, considerado a consulta como necessária, a ponto de motivar aquela pergunta sobre a saída do mercado comum europeu.Retrógrado ou não, o desejo de secessão permanecia válido às novas gerações. Na verdade, as ilusões das glórias passadas e de um certo magnífico isolamento do Continente permaneciam. E de forma quase sub-reptícia, a possibilidade de reverter à situação anterior permaneceria válida para muitos.
                    Por isso, aquela incrível consulta no verão de 2006 seria encenada de novo. Os irredentos do passado, esquecidos das vantagens do intercâmbio com o Continente, acharam natural que David Cameron, com a mesma displicência com que cruzava os largos salões da organização continental a que ora a velha Inglaterra pertencia, também acedesse a organizar naquele período estival mais um referendo sobre se valeria a pena permanecer num bloco com todos aqueles países, alguns dos quais desconhecidos para ele ?
                       Parece que não se deram conta que aquela disjuntiva - se quer permanecer (remain) ou se quer deixar (leave) a Organização - era na verdade uma pergunta trágica, que deveria ser lida dessa maneira:  tem plena consciência das vantagens que adquiriu, e que ora concorda em abandonar, nisso contrariando o bom senso dos líderes do passado?     

                       E aquele quesito já tinha até um paraninfo - David Cameron !


( Fontes:  Folha de S. Paulo, O Estado de S.Paulo, O Globo )

A luta de Papa Francisco contra o abuso na Igreja


                  
          A Igreja Católica não vai mais ignorar as "abominações" dos membros do clero que cometeram abusos sexuais. Ela "não se cansará de fazer todo o necessário para levar à Justiça  qualquer um que tenha cometido crimes", afirmou nesta Sexta-feira o Papa Francisco em sua mensagem anual à Cúria Romana. Em alocução dura e direta, o Santo Padre insistiu que não se guarde silêncio sobre os casos que atingem a Igreja "porque o maior escândalo nesta matéria é encobrir a verdade".
              A Igreja nunca tentará acobertar ou subestimar nenhum caso. É inegável que alguns responsáveis, no passado, por falta de cuidado, incredulidade, falta de preparo, inexperiência ou superficialidade espiritual e humana, trataram muitos casos sem a de-vida seriedade e rapidez. Isto nunca deve voltar a acontecer. Esta é a escolha e a decisão de toda a Igreja - frisou Francisco, diante dos principais prelados do Vaticano.

             As declarações de Sua Santidade foram feitas dois meses antes de um cúpula extraordinária sobre a crise de abusos sexuais no âmbito da Igreja Católica, à qual de-vem comparecer chefes de cerca de 110 conferências nacionais de bispos e dezenas de especialistas e líderes de ordens religiosas. Nas passadas ocasiões de Mensagem de Natal,  o Papa denunciara casos de corrupção e má-gestão da Cúria. Desta feita, concentrou-se na crise global de abusos sexuais.

              Francisco reservou palavras duras para os "homens consagrados, que abusam dos fracos, valendo-se de seu poder moral e da persuasão."  Cometem abominações e continuam exercendo seu ministério como se nada houvesse acontecido. Eles não têm medo de Deus e de Seu julgamento,mas apenas de serem descobertos e desmascarados -  apostrofou o Pontífice. Dilaceram o corpo da Igreja.
                No entanto,  Sua Santidade pediu que as pessoas diferenciem os verdadeiros casos de abusos sexuais das calúnias sem fundamento, dentro da Igreja e também em outras esferas da sociedade.
                 Aos que abusam dos menores, queria dizer: convertam-se e entreguem-se  à Justiça humana, e preparem-se para a Justiça divina - afirmou o Pontífice, em apelo direto aos religiosos agressores para que se submetam à Justiça civil de seus países.

( Fonte:  O Globo )
                


Nicarágua acusada de crimes de lesa-Humanidade


                    
        Dois dias depois de ser expulso pelo governo nicaraguense,  o Grupo Interdisciplinar de Especialista Independentes (GIEI) divulgou relatório em que afirma que "o Esta-do da Nicarágua cometeu ações que, de acordo com o direito internacional, devem ser consideradas crimes de Lesa-Humanidade. Entre os delitos, particularmente assassinios,  privação  arbitrária de liberdade e o crime de perseguição."
          O Giei é iniciativa da OEA, em conjunto com a Comissão interamericana de Direitos Humanos (CIDH). No documento em tela,  o grupo recomenda que sejam investigados por estes crimes o presidente Daniel Ortega "como chefe supremo da Polícia Nacional" e outras forças de segurança.
           De acordo com as investigações, somente entre dezoito de abril e trinta de maio p.p. foram registradas 109 mortes relacionadas ao conflito político entre o governo e manifestantes da oposição, e mais de 1.400 feridos e 690 detidos. Das 109 mortes analisa-das pelo Giei, pelo menos  95 foram provocadas por armas de fogo, que tiveram impacto em três regiões do corpo: crânio, tórax e pescoço.
            Segundo organizações de defesa dos direitos humanos, desde o começo da crise na Nicarágua, nos primeiros meses do ano, morreram pelo menos 350 pessoas.  "A maioria das mortes por disparo de arma de fogo ocorreu em ações de repressão comandadas pela Polícia Nacional e grupos paraestatais  (as chamadas turbas sandinistas)", consoante especifica o documento em tela.
             O grupo trabalhou simultaneamente com enviados do Mecanismo Especial para a Nicarágua (Meseni), formado no âmbito da CIDH, que também foram obrigados a abandonar o país por ordem do Executivo. Depois de haver tentado obstaculizar em todo momento o trabalho dos pesquisadores internacionais, segundo os próprios confirmam no relatório final, o governo Ortega impediu a divulgação do documento em Manágua na quarta-feira passada, como previsto.
              A atitude do presidente Ortega foi verberada por governos da região e pela ex-presidente chilena e chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Também para os que participaram das investigações acima referidas, dentro e fora da Nicarágua, a decisão de Ortega é inadmissível.
                É de notar-se que a princípio o citado GIEI foi formado com o consentimento do governo Ortega, mas uma vez que os enviados  internacionais chegaram à Nicarágua, a colaboração foi nula. Segundo frisou o relatório: "O Executivo negou-se de forma sistemática a fornecer as informações solicitadas, num contexto de violência e repressão estatal", assinalou o relatório em  causa.

( Fonte: O Globo )

Battisti segue foragido


                                     
       A Polícia Federal, consoante anunciou, já fez 32 operações de busca, em que intentara localizar o ex-ativista Cesare Battisti, que está foragido da Justiça desde  o último dia treze de dezembro.
          Nessa data, o ministro Luiz Fux, do  Supremo Tribunal Federal determinou-lhe a prisão, mas até o momento não tem sido possível determinar o paradeiro e apreender o foragido da Justiça.
            Segundo o Diretor-Geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, a corporação tem recebido grande volume de denúncias desde que divulgou no último sábado as imagens relativas a Battisti,  com muitas simulações de possíveis disfarces do suspeito italiano.
              Galloro continua acreditando que ele vá ser encontrado: "Não sei se no território brasileiro, mas ele será encontrado".
                Nesse sentido, foram emitidos alertas para polícias internacionais. Lembrou ele, por oportuno, que a P.F. já prendera o antigo ativista três vezes no Brasil, mas ele sempre fora solto depois.
                E, por oportuno, Galloro explica a falta de preparo da P.F.
                 "No momento em que foi decretada a prisão, ele era um cidadão que não tinha nada pesando contra ele. A PF sequer podia fazer a vigilância... Agora, todos os protocolos já foram acionados",  disse, explicando a situação, o diretor-geral.
                   No dia seguinte à decisão do juiz Fux que determinou a prisão, o presidente Michel Temer fez publicar decreto que decide pela extradição do ativista, o que constitui antigo pleito do governo da Itália.  O presidente da Itália, Sergio Mattarella agradeceu a Temer pelo decreto de extradição de Battisti: "O gesto de Vossa Excelência constitui significativo testemunho da antiga e sólida amizade entre Brasil e Itália e revela  a sensibilidade para uma situação complexa e delicada, que suscita sentimentos de intensa participação na opinião pública do nosso país."
                      A defesa do ex-ativista recorreu da decisão de Fux, pedindo que ele reconsidere a determinação ou que leve o assunto para ser analisado no plenário da Corte. Mas o Judiciário entrou em recesso e só voltará aos trabalhos em fevereiro.

( Fonte:  O Globo  )