sábado, 1 de julho de 2017

Quando Trump saberá lidar com críticas?

                                       

         Preocupa a incapacidade do presidente Donald Trump de lidar com as críticas  que venha a receber.
          Há dois tipos de crítica: as de natureza subjetiva, no que tange a quem as emita. Manda  o bom senso que a autoridade visada responda com o silêncio. Como o próprio George Washington asseverou, o melhor é não responder.
          Esse tipo de atitude tem sido o preferido pelos inúmeros antecessores de Trump. Em qualquer caso, se a autoridade singulariza o comentário de viés negativo, essa autoridade estará contribuindo para enfatizar um comentário que o próprio, por inúmeras razões, não deveria realçar.
          Esta em geral tem sido a atitude de seus predecessores no prestigioso cargo. A sua ocupação acarreta incômodos e alguns comentários acerbos. Quase sempre o silêncio será a melhor resposta.
          Quanto ao segundo tipo de crítica, vale dizer, as de categoria objetiva, há que separar o joio do trigo. Muitas delas serão respondidas pela sucessão dos atos do governo e, portanto, dispensam respostas ad personam.
          Dada a relevância do papel presidencial,  essas críticas objetivas, se elas exigem resposta, na maior parte dos casos o presidente delegará aos seus auxiliares - calibrando a hierarquia de acordo com a importância e a substância da crítica recebida, de conformidade com a diversa distribuição por departamento ou matéria.
           Na campanha presidencial, as atitudes vulgares de Trump, as suas observações desrespeitosas sobre as mulheres, já tinham provocado muitas críticas.    
          É, no entanto, no uso do tweeter cujo formato exige uma condensação da resposta ou do comentário, e que pelas suas características típicas de o que chamaríamos de "bateu, levou" mais atraem a Trump pela sua natureza combativa. Sem embargo, a experiência tem demonstrado, que seja pela linguagem vulgar, seja pela agressividade descabida, esse tipo de instrumento de comunicação pode em geral repercutir mal na opinião pública, máxime se for o tipo preferido de o presidente comunicar-se com o seu público.
           Além disso, como o tweeter não sói passar pelo crivo dos desk officers e outros redatores de maior importância,  seu uso, sobretudo em doses exageradas e dada a própria característica do imediatismo, pode encerrar também consideráveis perigos para a imagem do Presidente, como de resto o seu uso imoderado (e sem qualquer aparente controle de algum assessor em condições de moderar-lhe as expressões) tende a deixá-lo com imagem ainda mais negativa do que ela era antes da comunicação irrefletida.
             Para os psicólogos e os próprios psiquiatras, o exercício do tweeter pelo Presidente Trump representa uma verdadeira e oportuníssima advertência quanto à conveniência de manter-se a postura digna de um presidente. Nada melhor para enfatizá-lo será a sua observação quanto a Ms. Brzrzinski, que prima pela vulgaridade e inqualificável falta de respeito.
            Mas se a maior autoridade do Governo dos Estados Unidos da América não resiste em lidar com as respectivas pressões reagindo dessa forma, que em bom português se diria curta e grossa, o que se há de fazer, senão ponderar-lhe que a liberdade que o tweeter lhe confere é enganosa, e que o aparente prazer de desafogar-se por injúrias (reais ou supostas) acaso recebidas pode no final trazer-lhe mais incômodos do que satisfações. E talvez, no particular, a reação mais apropriada volta para um tempo, talvez com menores desafios, mas a dizer verdade a matéria prima envolvida tenderá a ser sempre a mesma.


( Fonte:  The New York Times ) 

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