sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Kavanaugh - o quê dizer do embate?


                    
     
         Tantos anos depois, como tentar ler nas fisionomias do acusado, o alegado molestador,  juiz Brett Kavanaugh, e da acusadora, a suposta vítima, Christine Blasey Ford, quem mente e quem diz a verdade ?      
            Na tevê, o que dizer dos semblantes dos protagonistas desse drama tão americano?  A busca da verdade não seria apenas propósito acadêmico, mas o sacrifício da vítima, que não hesita em arrostar os holofotes da audiência pública na mais alta Câmara americana, ou uma missão kamikaze de alguém que por ideologia não hesita em afrontar os arrecifes e redemoinhos de Sillas e Charibdes em entrechoque que como desenlace lhe prometem afirmação ou desonra?
            Antes de procurar a verdade de quem acusa, ou de quem se defende, pensemos na molestada - que deixa um silêncio e consequente segredo de decênios , para afrontar o desafio da disputa sobre a atribuição de uma alegada culpa. E também no acusado, que pela sua condição, é arrastado para a arena.
             Conhecida a acusadora, e arrimados na lógica, será difícil negar que quem intenta responsabilizar uma alta autoridade, e que dispõe de um passado que não lhe retira a necessária credibilidade, há de partir nessa ingrata empresa com a suposição do sacrifício. Com efeito, a lógica não decide, mas tem argumentos fortes para dar credibilidade a quem arrosta ordálio de empreender pública acusação contra alta personalidade, se não dispuser de terrível experiência que empurra a vítima para o público sacrifício, dada a força da consciência a constrangê-la a confrontar o torpe molestador de um passado, que as surpresas da política jogaram de novo para a ribalta pública.
                A acusadora veste a pele da vítima uma vez mais, ao submeter-se às vespas públicas que a mando de outras forças estão consignadas a atacá-la e expô-la como se estivesse a inventar do passado uma calúnia?
                Para ter certeza em tal embate de personalidades,  é preciso a mente aberta, para lançar-se do alto das respectivas cátedras na arena pública. A vitima passada, pela sua situação presente, em que a condição de fraqueza ainda prevaleça, deve ser escrutinada em que olhos de promotor e defensor público se unam, na missão ingrata de buscar a verdade, por arcana que seja.
                 Dada a idade dos protagonistas desse embate que é transferido para o circo romano do Senado, será o cotejo entre convicções quanto a fisionomias, procedimentos passados, eventuais pendores para buscar o palco dos julgamentos alheios, e possíveis testemunhos contrastantes de personagens secundários. Nada, porém, como o exame detido das respectivas personalidades e o consequente juízo fundado em avaliações submetidas às respostas de cada um.

( Fontes:  CNN, New York Times )

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