domingo, 2 de setembro de 2018

Qual será o legado de Trump ?


                              
        Dados os respectivos atos e eventuais atitudes, Donald Trump caminha com passos seguros para tornar-se um dos presidentes americanos com maiores marcas em termos de medidas negativas, e até mesmo repulsivas em matéria da afirmação de um legado respeitável enquanto ao respeito do ser humano, a par de uma política inclusiva para nortear o comportamento do próprio país.
            Ter-se-á presente dentro de sua obsessão de afastar o estrangeiro da pátria americana que Mr Trump começou já nos primeiros dias de seu mandato a tentar mudar a visão americana de acolher o estrangeiro que venha para a terra estadunidense guiado por boas intenções. Nada mais revelatório e ilustrativo dessa visão negativa do alienígena, que os seus primeiros decretos que tentavam barrar o ingresso dos forasteiros, mesmo armados das boas intenções de estudar e aperfeiçoar o próprio conhecimento da terra americana, que ao abrir os braços para ele junta a abertura da mente a uma disposição positiva, que faria grande contributo não só para a sua imagem mundial, mas também para postura generosa, voltada a acolher as mentes melhores, muita vez perseguidas pela tacanhice de tantas terras, que se empobrecem intelectualmente escorraçando intelectuais e todos aqueles que podem somar no contexto social.
                Sem o saber, a nova  Administração do GOP ao esbarrar na jovem Sally Yates que ficara encarregada temporariamente da Secretaria de Justiça, no interregno Obama-Trump, a exonerou com a violência da pena que enxota o estrangeiro. Convocada para o Senado, a jovem Yates pôs para correr o Senador Ted Cruz, pois ele desconhecia as avenidas abertas pelo ato do Congresso para a Imigração e a Nacionalidade. Parece que não é só o republicano Cruz que ignora o legado de uma disposição que mostra o que pode significar a valorização do estrangeiro para os Estados Unidos.
                    Infelizmente Trump projeta mensagem bastante diversa em termos de apoio e convívio com o estrangeiro. Desde que assumiu, a imagem no espelho da vida se deformou. A crueldade passou a ser um ingrediente do direito americano: agora as crianças são separadas de seus pais, os imigrantes legais são jogados na clandestinidade, por cruéis, abruptas mudanças na legislação, e milhares de pessoas têm a própria existência posta sob contingências que não têm outro motivo do que o preconceito contra o estrangeiro.  Sob os caprichos cruéis de tal rejeição, força em última análise o alienígena a refugiar-se no manto seboso, traiçoeiro e pesado da clandestinidade, obrigado a trocar, pela demagogia de Trump, a segurança de existência sob a proteção da Lei, para outra nos empregos clandestinos do submundo da ilegalidade. Qual pode ser a reação de quem tem a própria posição, fundada na legalidade e em vida voltada para o trabalho, de repente jogada para outra de sombras e da perene ameaça da expulsão, tudo isso sem outra causa que a ânsia mesquinha de fomentar o ódio ao alienígena, e para quê?  A quem aproveita perseguir o estrangeiro? Transformar a mãe gentil em madrasta injusta e impiedosa? Quem lança as sementes da cizânia e do ódio, terá decerto um futuro tenebroso pela frente...   

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

Nenhum comentário: