sábado, 24 de novembro de 2018

O Incrível Crivella


                              O Incrível  Crivella

         Segundo noticia O Globo de hoje, o prefeito Marcelo Crivella que há dois anos atrás  fora eleito prometendo municipalizar nove hospitais federais, agora entra na Justiça com ação para devolver 23 unidades de saúde ao governo federal. As referidas unidades, segundo se indica, somam 1.053 leitos e incluem duas maternidades.
        A real intenção de Crivella era obter uma liminar que determinasse a devolução imediata das citadas unidades.  No entanto, ele esbarrou na decisão da juíza Maria Alice Paim Lyard, da 21ª Vara Federal do Rio, que, ontem, 23 de novembro, indeferiu o pedido do município.
        Segundo o entendimento da magistrada, qualquer transferência administrativa só pode ser definida após o Ministério da Saúde ser ouvido. A juíza Paim Lyard observou, outrossim,  que a prefeitura deu um prazo exíguo para o órgão federal responder a um ofício no qual é informado do desejo de Crivella de devolver as unidades. O documen-to foi protocolado no último dia treze, e a ação chegou à Justiça, anteontem, 22 de novembro. Nesse intervalo, houve dois feriados.
          Na ação em tela, a prefeitura argumenta que tenta negociar um aumento de verbas federais para as unidades de saúde desde 2017. A par disso, assinala que, desde 2005, a prefeitura recebe R$ 100 milhões por ano para custeio das instituições municipalizadas, valor que jamais foi corrigido pela inflação. Ainda no entendimento da prefeitura, caso tivesse havido correção, a ajuda da União estaria orçada em torno de R$ 205 milhões anuais, o que cobriria grande parte das despesas das unidades estimadas, no total, R$ 251 milhões. Cálculos à parte, a iniciativa de Crivella  foi alvo de críticas de especialistas em saúde pública.
        Nesse sentido, assim se manifesta Ligia Bahia, médica sanitarista e professora da UFRJ:  "A conduta de Crivella revela uma incompatibilidade entre o que ele indicou que seria prioridade e a gestão do dia a dia. E o que o prefeito propõe não faz o menor sentido. As unidades municipalizadas têm um perfil de atendimento básico, prestam serviços de menor complexidade. Uma eventual devolução dessa rede ao governo federal prejudicaria a população que precisa de consultas e exames."
         Integrante da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, o vereador Paulo Pinheiro (PSOL) não discorda da professora Lígia:
"Essas unidades servem de retaguarda ao restante da rede. Se o prefeito reclama que a saúde pública da cidade não tem suporte do governo federal, imagine como ficaria a situação com mais hospitais para a União administrar."                            
    Procurado pelo jornal O Globo, o prefeito não quis comentar o assunto. Em comunicado, o Ministério da Saúde informou que ainda não recebeu notificação oficial sobre o caso, e frisou que não tem qualquer política ou programa com previsão de maior aporte de recursos, tanto de investimentos como de custeio, para unidades municipais. Ainda de acordo com o órgão federal, os repasses atuais se encaixam no chamado limite financeiro de média e alta complexidade, que estabelece para o Rio um orçamento neste ano de R$ 1,02 bilhão.  A União também repassa R$ 354,6 milhões para a atenção básica do município.
        Aliás, o título do artigo "Jogo de Empurra" em O Globo mostra que as perspec-tivas não são boas de qualquer forma para o município, dada a posição das duas partes.

( Fonte: O Globo )

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