domingo, 11 de novembro de 2018

Confrontar a Crise do Regime Maduro


                 
         A chamada crise venezuelana, com a formação de  diáspora de cerca três milhões de pessoas, não é decerto um fenômeno "circunstancial", conforme teve a cara de pau de afirmá-lo em Genebra Jorge Arreaza, o atual ministro do exterior de Nicolás Maduro.
           Participar de tal governo, que, com o contínuo agravamento da situação interna diuturnamente põe a nu o fracasso do regime chavista, já deve constituir não pequena pressão psicológica para aqueles que aceitem integrá-lo, no caso de lhes restar alguma conexão com a realidade, e que não formem entre os aproveitadores de sistema podre, que tem o próprio fim marcado, o qual  sequer reedita o que fora oferecido aos convivas do festim de Baltazar...
           Se não é por certo invejável a condição desse regime, em que Maduro e seus asseclas sofrem a inelutável pressão provocada pela sucessão de desmandos políticos, e a carantonha da crise cresce por todo canto, caracterizada pela falimentar situação de um país que, possuidor de reservas invejáveis de petróleo, leva a inépcia, junto com a cupidez a tais extremos que esse ouro negro, considerado pela qualidade equivalente nas vantagens comparativas a autêntico champagne, torna-se pela generalizada roubalheira e a deslavada inépcia do "sistema" político legado por Hugo Chávez uma verdadeira camisa de Nessus dentro da cupidez e da desonestidade que caracterizam o tal "regime".
           Por enquanto, a canalha chavista não tem outras forças a temer, de que a própria profunda e pertinaz ineficácia do suposto regime que, após malbaratar a riqueza do país e a extrema qualidade de seu único produto, proporciona à gang de Nicolás Maduro o que deve ser uma longa, insuportável espera do desastre que não é mais anunciado, pois ele se reflete nas supostas metrópoles, nas cidades e nos vilarejos de uma terra antes rica e produtiva, e que no tempo hodierno, corroída pela hiperinflação e. mais do que tudo, por um misto de  profunda desonestidade,  incompetência política e de desesperadas - e sempre malogradas - tentativas de entender e controlar o câncer da hiperinflação - a que pela sua inaudita gravidade traz consigo a pecha irremovível da sistêmica incapacidade desse anti-sistema de governança, legado por Hugo Chávez, e que segue sempre a agravar-se, desde que, com a morte do caudilho, desapareceram os últimos vestígios da remanescente seriedade num regime que, pendurado no cangote dos altos mandos castrenses, sua frio no calor do Caribe diante do enésimo golpe - tão anunciado e tornado tão provável - a que a própria ineficiência e incapacidade tem empurrado, com comovente regularidade e pertinácia, à criação da "situação ideal" para que a turma uniformizada se capacite afinal de que é preciso pôr um termo nesse pandemônio que assola tanto aos miseráveis, quanto à população em geral, a que muita vez não resta senão o recurso de afastar-se pelas próprias pernas do inferno chavista.
               Quanto isso,  depois do seu festim turco, em que exibiu a perda de qualquer sentimento de ombridade e de mínimo respeito pela miséria em que vive, por um misto de incompetência e de volúpia de ganhos escusos, a pobre gente venezuelana, que em má hora acreditara nas patranhas de Chávez et cia. Resultado desse crime contra a Humanidade, que se espelha no próprio Povo, existem cerca de três milhões de pessoas que, despojadas de recursos, vivem existência deplorável na América Latina, e também nos Estados Unidos, Espanha e Canadá.
                    O refugiado, tangido a terras estranhas, pela necessidade nua e crua, é o retrato de sistema fracassado de governança, que por incapacidade do regime corrupto tange gente de todos os níveis sociais para o exílio, que pode ser muito poético nos versos de Gonçalves Dias, mas que constitui um sistema abominável de vida, em que os desgraçados, longe da própria terra e daqueles que lhe são próximos, se arrastam por terras e rincões em que a condição do alienígena será sempre uma marca, senão um estigma, por lhe afastar do próprio ambiente e de uma situação a que tudo fizera para não abandonar, pelas circunstâncias e, sobretudo, os desafios do desconhecido  que a terra estrangeira possa causar, por mais boa vontade que mostrem aqueles que estão à sua volta.  
                      Por isso, diante da agressividade desse quadro negro  que escorraça para outros países e mesmo outros continentes três milhões de desgraçados e miseráveis, surge inequívoca situação de calamidade pública - e não aquela dentro de seu próprio país, e feita para atender desastres ou climáticos ou humanos - mas outra muito diversa, com cores muito mais agressivas e mesmo hostis, a que a hipocrisia dos representantes de um regime hiper-corrupto não poderá jamais ocultar.
                       As Nações Unidas e os diversos sistemas políticos que nela confluem não podem mais em sã mente tolerar esta trágica tempestade, fabricada não por forças climáticas e mesmo estrangeiras, que transforma em párias pessoas que não faz muito viviam placida e satisfatoriamente, com razoáveis condições de vida em seu próprio país.
                      A Venezuela de Maduro se transformou em flagelo humano, fabricado pela inépcia de seu recente fundador, pela funda e entranhada corrupção do próprio governo dito chavista, e um escândalo público para quem, com agressiva má-fé, teima em agarrar ao Libertador das Américas a sua sorte, com o caviloso cinismo de uma ditadura podre, como a de Nicolás Maduro, que parece ter como único objetivo o aviltamento da própria terra e de todas as suas riquezas.
                   Infelizmente, não há nenhum Cícero no semifechado Congresso da Venezuela. Até quando terá esse Povo que aguentar todas essas maldições, baixarias e crimes de  regime que faz muito clama para ser proscrito?

( Fontes: Simón Bolívar, a tragédia na Venezuela, a primeira Catilinária de Cícero, Gonçalves Dias).        

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