sábado, 28 de novembro de 2020

No Rio, Covid cresce entre jovens

        A desenvoltura dos jovens - idade entre vinte e vinte e nove  anos -  colocou no Rio de Janeiro esta faixa etária nos quinze por cento das pessoas que foram tratadas por Covid-19, entre 25 de outubro  e 21 de novembro, o que contrasta com os 9,4% que tal faixa etária ocupara no auge da epidemia na metrópole carioca, entre abril e maio.

         Essa involução  corresponde à desenvoltura da juventude, em bares lotados e muitas festas e baladas. Dessarte, circulando nesses ambientes e inferninhos noturnos, os jovens estão contraindo e disseminando mais  o vírus, como refere a prefeitura. 

         Tal movimentação da juventude se realiza como se a "normalidade" houvesse voltado, e  o perigo do contágio fosse eventual ameaça do passado. Posto que tal não seja o caso, sem embargo, a prefeitura não cuida de dissuadir os jovens desse perigoso mergulho nas festas noturnas, como se a "normalidade" já estivesse de volta. 

           A exemplo de Pilatos, a autoridade municipal lava as mãos, como se não lhe coubesse a missão de conter excessos e as fatais oportunidades desse comércio de enganosos folguedos, que podem trazer muito sofrimento.

            Essa mesma atitude de estranho distanciamento também a encontramos no que tange às praias da Zona Sul.  Como venho referindo desde algum tempo, as chamadas "proibições" municipais não cuidam de afastar os banhistas dessas praias. Sôfregos de sol e mar, esse público, em que predominam os jovens, se ajunta, como se as praias lotadas não lhes recordassem do perigo que tais ajuntamentos trazem. 

              E a autoridade que deveria estar presente, ela se marca pela ausência.

               Com efeito, em outras aglomerações de jovens, tanto na Itália, quanto na Espanha e na França, já se assistira a tais movimentações de um público ávido de fruir dos jogos e das alegrias próprias dessa idade. Nesses tempos sombrios - que o fulgor das areias e as cores do mar dissimulam - confrange que cale a Autoridade e não advirta a gente jovem de o que se esconde no aceno das festas e nos ajuntamentos nos banhos de mar. 

                A esse ominoso silêncio se contrapõe o hospital de campanha do Rio Centro, único ainda ativo na cidade, que em contraponto a tal vontade de fruir do sol e da natureza,  já está lotado de pacientes que lutam pela vida, na azáfama da casa de saúde, uns nas UTIs, enquanto a outros, pela falta de vagas no nosocômio repleto, resta apenas aguardar, na espera sofrida que cabe aos pacientes que chegaram atrasados ao portão da esperança. 


( Fonte: O Globo )

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