segunda-feira, 20 de novembro de 2017

As lojas de New York

                             

  
        Hoje o destaque  do New York Times  é a decadência do comércio de vizinhança  de  Nova  York.
        O que antes era uma das principais características da metrópole estadunidense - o pequeno comércio vicinal  -  que tornava acessível a seus moradores tantos artigos do dia-a-dia,  com as suas lojas de esquina, a oferecerem um pouco de tudo,  está lenta, mas inexoravelmente, desaparecendo.
        É uma retirada por vezes encabulada, que se esconde em cartazes discretos, a oferecerem espaços para alugar.
        Será um passado que não mais tem forças para sustentar um movimento viável e que, muita vez se dissimula em anúncios pressagos de oportunidades disponíveis.
         De certo modo, são recantos que se descaracterizam, à medida que como cicatrizes mal-disfarçadas, surgem nos quarteirões fantasmas de antigas, movimentadas lojas de bairro,  que trazem na poeira do abandono o  estigma  de  um  passado que, por um tempo, quiçá demasiado tempo,  se tenha insurgido contra o súbito deserto de fregueses, antes tão comuns, e agora, traído pelas portas fechadas,  pela patética pasmaceira  da  hora que de repente passou,  virando  mais esgar do que sorriso, do acanhado, buliçoso comércio de bairro, que sabe-se lá quando, vira outro recanto de velhas sombras, que sob o mortiço olhar de rugosos, cansados vendedores de um pequeno comércio que, por falta de público  já secou, ainda que não saiba do triste evento que não houve, e pareça tenha raiva de quem, por não saber, inadvertidamente soe as velhas campainhas  para quê ?... para nada!, como dizia um outro poeta que pouco, muito pouco terá a ver com essa estória, de um canto que sem ser rico, ainda parecia estar bem, sim senhor, até que de repente baixe a cruel certeza da irrupção  do maldito progresso.      


Nenhum comentário: