quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Comunicado da Crise Venezuelana

                              

       Duas agências de risco - a Standard & Poor's e a Fitch - declararam ontem o default parcial da dívida externa da Venezuela e da estatal do petróleo, a PDVSA.  O que acionou esta medida se deve à circunstância de que o país não conseguiu pagar US$ 200 milhões em bônus globais - a dívida total do país está orçada em US$ 150 bilhões.
        Não é segredo que a Venezuela sofre a pior crise economico-financeira de sua história. Essa crise se deve a vários fatores. Em verdade, se foi agravada com a baixa nas cotações do petróleo, a partir de 2014, dentre as razões determinantes dessa mega-crise está a provada incompetência do governo Maduro,  que agravou a inflação, que se tornou hiper-inflação, com a desvalorização extrema do bolívar, o desabastecimento extremo, a fuga de capitais e a queda de produção. Outro fator não-negligenciável é a  corrupção e o desgoverno generalizado.
        Com a sua cúpula envolvida no narco-tráfico,  e a falta de qualquer senso administrativo de parte dos chefes do partido chavista,  não há política que desperte confiança nos consumidores, dada a prevalência dos gastos sem atender a quaisquer objetivos que visem a uma gestão que possa inspirar confiança ao consumidor, tudo se busca resolver na base do compadrio, sem qualquer otimização dos gastos. Se na política, os resultados da gestão Maduro são os piores, pois afastam os melhores elementos da sociedade e criam um clima de anarquia, em que se desestimulam aqueles que poderiam contribuir para uma melhoria das condições, e se promove uma anti-política em que a regra é o favoritismo baseado em distribuição de moeda que se desvaloriza sempre mais. 
          A Venezuela se transformou em um verdadeiro inferno, não de Dante, mas de Orwell, sem perspectivas outras que o aprofundamento do favoritismo dos que integram os chamados coletivos, das regalias aos janízaros, enquanto se reserva a lei da polícia e das milícias  para vigiar e controlar pelo medo as demais classes a que restam uma cruel dicotomia: a emigração ou a sujeição, implantadas pelas polícias políticas bolivarianas.
             Como não se respeitam sequer os direitos que estavam na Constituição de Chávez - tenha-se presente que Nicolás Maduro resolveu o problema do 'recall' pela negação pura e simples. Como a república de Chávez sequer existe,  Maduro optou por uma constituição  que foi homologada pela fraude. Com isso, ele busca mostrar que a outra Assembleia que tem respaldo popular não tenha poder. Enquanto o exército o apoiar, Maduro nada tem a temer.
               Por isso, a opção aberta para o povo venezuelano é ou viver o inferno atual ou lançar-se em um demencial ataque contra o Regime Corrupto de Maduro que, na situação atual, parece ter condições de enfrentar uma insurreição. Está na total falta de opções outras que as do desespero, que reside a vantagem de Maduro. Como cães gordos, dificilmente o Exército se levantará contra o ditador, a menos de uma situação de desastre e penúria extrema.
                Sem embargo, fundado na malícia, no cinismo e em uma ruptura que a História só presenciou na Revolução francesa,  o Povão é a grande incógnita que, contra tudo e contra todos,  tendo a seu lado apenas o desespero e a falta de qualquer outra opção,  que surge a imagem da Esperança e do Poder popular.
                 Se esta força telúrica irá ou não prevalecer, o menetekel não está escrito em parede alguma.  Mas talvez o sofrimento, esse plasmador de vitórias impossíveis, surja ao lado das hordas do desespero.  E este reune as forças do imprevisível e da surpresa. Que o Deus dos Exércitos vos ajude nesta hora que não criastes, mas que vos desafia com a alternativa  da Fome e da Morte.


( Fonte: a história das revoluções contra as Tiranias).

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