quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A Híperinflação na Venezuela

                    
       Prossegue o desgoverno de Nicolás Maduro.  O deputado José Guerra, presidente da Comissão de Finanças da Assembleia Nacional da Venezuela disse ontem à imprensa que a inflação deste ano fechará o ano acima de 2000%, segundo estimativas do Legislativo.
      A Assembleia Legislativa é o único poder ora controlado pela Oposição. A sociedade venezuelana, se tal necessário fosse, se empapa na experiência do caos, como ambiente de um país, que por uma série de fenômenos estaria sob o relativo pleno domínio da corrupta chavista, em um ambiente no qual o ditador/presidente Nicolás Maduro procura transmitir a impressão da normalidade do caos - que é a tradução na realidade de uma mistura da generalizada incompetência, com a corrupção em todas as esferas do poder nacional.
      Com o avanço - na verdade, a vertiginosa queda - das estruturas e regras da normalidade do caos,  em meio ao turbilhão do desgoverno hiper-inflacionário, os tempos se vão reduzindo, enquanto as ditas máximas autoridades 'brincam' com o seu pequeno universo, e o respectivo controle de tais senhores,  com a figura do ditador/presidente lutando para dar a impressão de que disponha de alguma fração de controle sobre o prevalecente turbilhão.
        Talvez no futuro a sociedade na Venezuela possa habilitar estudiosos a introduzir novos conceitos sobre a híperinflação, mormente em país subdesenvolvido, que na prática é escravo de uma mono-cultura, que se desvirtua diariamente, impelida pela absoluta falta de regras da mesma corrupta sociedade, em que, além de seu indivíduo-presidente, há outros entes que apresentam condições de lucrar objetivamente no atual inferno, ainda que, sob os termos de absoluta falta de condições de uma situação que involui de modo a não permitir que nenhum dos dirigentes possa dispor de um horizonte previsível.
       A chamada constituinte lumpen - ou aquela que Maduro terá julgado pudesse transformar na sua máquina mágica - pode ser uma maravilha para a sua serva-presidenta Delcy Rodriguez, que tomou posse, após a fraudulenta eleição dos respectivos constituintes, e se pôs à obra na tarefa de tentar desconstruir a Assembléia Legislativa - que, por ser legítima e na mão da Oposição, carecia de ser esvaziada da forma mais rápida.
      Tudo em  sociedade como a atual da Venezuela será uma mistura de propostas demagógicas dessa constituinte fabricada pela fraude, e que passa ao trabalho de desconstruir a realidade venezuelana.
      São boas as perspectivas da Falsa Constituinte, porque a realidade na Venezuela já entrou na área da ficção, e todas as estruturas  e os diplomas legais a elas relativos carecem de uma característica básica dos demais órgãos constitucionais nos outros países.
       A realidade na Venezuela é uma criatura da ficção, e como tal lhe falta um predicado básico que pode ser encontrado no restante do mundo. Falta a essa suposta realidade a característica da permanência conjugada com uma razoável expectativa de duração.
       Assim, apesar dos fardados militares lhe prestarem continência, o ditador Maduro tem pela frente um sério problema, que se a história do mundo merece crédito, é a previsão de sua potencial capacidade de resistência ao desafio da realidade, que no momento se aproxima de zero.  


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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