segunda-feira, 6 de novembro de 2017

O Enigma da Câmara

                                                                     

        É oportuno ter presente que a Câmara de Representantes desde 2010 tornou-se um verdadeiro dinosauro da direita americana. Tal se deve notadamente ao politicamente desastroso biênio inicial do jovem Presidente Barack H. Obama.
        Os seminários na Casa Branca não foram um freak fenômeno, mas indicação de certo distanciamento da realidade da política de parte do novo presidente.
        Com a exceção da aprovação da Lei do Tratamento  auto-custeável da Saúde (ACA), e da Lei de Incentivos à Economia, o primeiro biênio de Obama mostraria esse relativo afastamento do dia-a-dia da política, em peculiar atmosfera que é apropriadamente descrita pelo livro de Ron Suskind, Confidence Men (homens de confiança), em que essa ambiência é recriada, ajudando a entender a débacle da primeira eleição intermediária, na qual os democratas perderam a Câmara de Representantes. Se o Senado seria, entrementes, mantido,  essa ambiência influenciaria o lider Mitch McConnell a fazer a desastrada promessa de criar as condições para que  Barack Obama fosse presidente de um só mandato...
          Por fortuna, a predição do líder republicano não se realizaria, embora por uma série de circunstâncias, a começar pelo gerrymander generalizado em estados de maioria do GOP, Nancy Pelosi não mais voltaria para a presidência da Câmara de Representantes.  A maioria do GOP por seis anos na Câmara representou, outrossim,  portentosa barreira para o programa legislativo democrata, que só pôde ser implementado durante o biênio inicial, com a grande conquista do Obamacare (essa designação, dada pelos republicanos, com intúito pejorativo, ao cabo se generalizou, chegando quase a perder o seu ranço preconceituoso do Tea Party).
            Atualmente, prevalece no que tange à Câmara de Representantes atmosfera de fim de reino (no caso, republicano),  depois do longo - e não marcado pelo brilhantismo - domínio da Câmara Baixa pelo Grand Old Party.
             Segundo aponta reportagem do New York Times,  são 27 republicanos na Câmara que ou já a deixaram,  ou anunciaram as respectivas renúncias ou declararam que se encaminham a assumir posições mais importantes.
              Por outro lado, prevalecem os ventos que anunciam o fim do longo período de controle da Câmara pelo Partido Republicano. Tudo isso junto cria típico ambiente de fim de reino.
              Quando se congrega uma atmosfera que antecipe o fim de supremacia que decerto não se traduziu pelo excesso de brilho,  pode haver no caso que se configure a expectativa de um retorno democrata, seja com Madam Speaker Nancy Pelosi,  seja com outro representante democrata. Por certo, essa longa permanência dos republicanos no mando da Câmara de Representantes acaba por contribuir para que se desfaça a aura associada ao poder, e a respectiva consequente capacidade de renovação.
                  De todo modo, a Câmara perdeu tanto durante a permanência do deputado John Boehner, do Ohio,  quanto de seu sucessor  Paul Ryan, a vivacidade e o brilho que a tinham caracterizado em anos anteriores.
                    É de verificar-se  se um novo ciclo há de começar, com a Câmara de Representantes recuperando uma porção do brilho e da contribuição ao Poder Legislativo que deixara de evidenciar durante o período que se inicia com o segundo biênio do Presidente Barack Obama.


(Fontes: Confidence Men, de Ron Suskind; The New York Times )   

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