terça-feira, 21 de novembro de 2017

Desafio para Ângela Merkel

                       
         Ao não conseguir  costurar um acordo quadripartite,  Angela Merkel, cuja vitória parcial nas últimas eleições seria desgastada por uma série  de desafios, a partir do momento que os líderes das demais legendas, diante da recusa de renovação da grande coalizão entre CDU/CSU e SPD  (cristãos democratas e socialistas), passaram a agir como se o respectivo poder tivesse saído aumentado nas últimas eleições.  
          Na verdade, a SPD optou pela oposição e não a grande-coalizão anterior, por não se conformar em ter a Merkel como líder da aliança, e não o próprio líder Jorgen Meuthen. Reações análogas ocorreram com o líder do FDP, um tradicional aliado da CDU,  que preferiu ir para a oposição do que participar da aliança quadripartite. 
          Com efeito, a desenvoltura de Christian Lindner, líder do FDP (Partido dos Democratas Livres) o levou a romper as negociações quadripartites, com uma arrogância de quem parece ter esquecido o longo tempo em esse aliado tradicional da CDU sequer pôde ingressar no Bundestag, por não cumprir o requisito dos 5% de votos.
           O programa dos Verdes - que fariam parte da aliança da Merkel - constituíu o pretexto para que Lindner afiançasse arrogância que a realidade politica alemã desaconselha.
            Na verdade, na presente circunstância, o único aliado de fé da CDU, é a sua própria irmã gêmea, a CSU (A União Cristã Socialista), que é o ramo cristão-democrata da Baviera.
             Apesar de haver vencido as eleições,  a CDU/CSU careceria de apoio externo, o que no passado era prestado pelos liberais democratas. O atual líder do FDP terá esquecido os anos em que passou fora do Parlamento Federal . Hoje ele atua como se a Alternativa  Alemã (os neo-nazistas), não houvesse entrado no Bundestag, com todas as consequências que um partido de extrema direita - e na Alemanha - tende a acarretar para o cenário político.  A presença dos neo-nazistas na Alemanha democrática logo reacenderá os velhos temores quanto a instabilidade da chamada República de Weimar, que acabou abrindo a porta para Herr Adolf Hitler. Se a situação não pode ser comparada aos anos vinte, tampouco se deve brincar com gabinetes fracos ou longos períodos de desgoverno.
                Tanto o FDP, quanto em menor grau a SPD (socialista) estão agindo politicamente como se a Alternativa para a Alemanha (o título dos neo-nazistas) não fosse um problema sério. Atuando com a irresponsabilidade de chefetes de partidos menores - como o FDP - ou com a arrogância dos sociais democratas,  os chamados partidos do arco constitucional  na Alemanha não semelham dar-se conta de que estão fazendo o jogo dos neo-nazistas, ao lançar a Alemanha democrática sob  o governo de gabinetes fracos,  minoritários ou de instàvel coalizão,  com que a atual Alemanha democrática parece cair na armadilha dos fracos e instáveis gabinetes da República de Weimar.

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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