O colunista - e Prêmio Nobel - Paul Krugman, do Times, escolheu para o atual presidente o cognome alternativo do
louco Imperador Romano Calígula.
Filho de Germanico e Agripina, nascido
em 31 de agosto de 12 depois de Cristo,Calígula impera por quatro anos (37 a 41) da era cristã.
Torna, pela própria loucura e crueldade, inevitável e mesmo necessária sua eliminação por uma conjura do Senado Romano.
Que Krugman haja julgado oportuno o seu cognome alternativo para o
atual presidente estadunidense, já diz um pouco sobre as características do
sucessor de Barack Obama.
Obviamente, há propósito facecioso
nessa designação, mas como se vê pela prosa de Krugman, há também certa adaptação às
condições da atualidade.
Trabalhando com o absurdo, Krugman
considera que essa comparação é injusta... para Calígula. Pois, tanto quanto se
sabe, as proezas do Imperador não atrapalharam muito o governo do Império, a
ordem continuou a ser mantida pelos governadores provinciais, o exército tratou
de defender (bem) os limes imperiais
e não houve crises econômicas...
No entanto, ainda segundo Krugman,
quando o comportamento do imperador se torna insuportável, a elite romana
encontra maneira de ver-se livre de Calígula, o que o Partido que atualmente
controla o Congresso parece incapaz até mesmo de examinar seriamente...
Não é apenas o entorno de Trump que
se vai capacitando da crescente dificuldade de lidar com esse presidente. O temor seria generalizado, mas a base também se
capacita do perigo que significa enfrentá-lo, mexer com os próprios redutos -
que, em grande parte, aprovam as posturas do Presidente - ou tende a desencadear
consequências imprevisíveis, o que em geral se traduz em ameaças diretas às
respectivas bases políticas.
A
sucessão de crises internas, máxime na Casa Branca, reflete a dificuldade de
Trump em liderar - vale dizer assumir uma linha de governo coerente. Os
contínuos shakedowns na sede do mando
refletem a incapacidade de um mínimo denominador comum. Por vezes, é muito difícil controlar gente que tem a sua
própria agenda, e pensa possível impingi-la aos demais.
Decerto, o GOP, valendo-se dos erros da candidata democrata - que pensara sensato fosse valer-se do
famigerado "servidor privado do computador" (da Secretária de Estado)
e que infelizmente ignorara as advertências de republicanos que a tinham antecedido
na direção do Departamento de Estado, e que também haviam caído na trampa de
ter braço de computador público no próprio domicílio - lograra fazer com que um
incapaz sucedesse a Obama - que, por sua vez, preferira não alertar a Nação a tempo - com a equívoca, enigmática ajuda de alto funcionário da
Administração Obama - que a seu devido tempo e com maravilhoso timing conseguira transformar o que
pensara fácil vitória na assustadora realidade da súbita irrupção da força
hobbesiana de enigmático prócer do mundo dos negócios para as maravilhas da
Casa Branca...
( Fonte: The New York
Times, esp. coluna de Paul Krugman )
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