terça-feira, 15 de agosto de 2017

Furado acordo Joesley - MPR

                              

      Noticia o Estado de S. Paulo que o empresário Joesley Batista e outros executivos do Grupo J&F esconderam crimes praticados no BNDES em delação premiada.

      O notório e polêmico acordo do grupo  J&F - negociado com a Procuradoria-Geral da República - que levou à sua delação premiada, em que o empresário Joesley Batista e outros executivos do Grupo J&F esconderam crimes praticados no BNDES, e se livraram de cumprir pena de prisão - agora é denunciado pelo Procurador Ivan Marx, do Ministério Público Federal em Brasília.
      O Procurador Marx afirma que - apesar da imunidade penal obtida pelos delatores no acordo com a PGR - as fraudes em aportes feitos na empresa estão demonstradas. 
       Nesse sentido, Marx pretende apresentar denúncia e cobrar R$ 1 bilhão por prejuízos ao Erário público.

        No inédito e polêmico Acordo de Leniência de R$ 10,3 bilhões firmado pelo Ministério Público Federal com a J&F, esse valor não foi coberto.   
        A negociação em tela foi conduzida pelos procuradores da Operação Greenfield, que apura desvios em negócios do frigorífico e em outras empresas do grupo com fundos de pensão. "Nós (da Bullish) não aderimos a esse acordo", afirmou. Tanto a JBS quanto o BNDES preferiram não se manifestar.

        Nesse sentido, o Procurador Ivan Marx, do Ministério Público Federal, em Brasília, afirmou que o empresário Joesley Batista e executivos do Grupo J&F esconderam em suas delações premiadas, crimes praticados no BNDES. Não obstante a polêmica imunidade penal obtida pelos delatores da J&F no acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR), Marx disse  que pretende apresentar denúncia pelos delitos e cobrar R$ 1 bilhão a mais da empresa por prejuízos ao Erário Público.

         O Procurador Marx é responsável pela Operação Bullish, que tem como objetivo os negócios da instituição financeira (BNDES) com o frigorífico. Nesse sentido, Marx afirma que as fraudes em aportes bilionários feitos na empresa estão demonstradas na investigação. "Onde eu digo que eles estão mentindo é no BNDES. A Bullish apontou mais de R$ 1 bilhão de problemas em contratos. Os executivos vão lá, fazem uma delação, conseguem imunidade e agora não querem responder à investigação", disse Marx ao Estado de S. Paulo.

             Entre 2005 e 2014 - portanto em pleno céu azul petista, nas administrações Lula e Dilma - o BNDES aportou R$ 10,63 bilhões ao Grupo J&F que controla a JBS, para viabilizar a aquisição de outras companhias, o que a transformou em líder mundial no segmento de proteína animal. Essa política foi amplamente adotada nos governos Lula e Dilma, com vistas à criação de campeões nacionais em alguns setores da economia.
                Em delação, homologada pelo STF,  executivos da JBS disseram ter pago propina ao ex-Ministro da Fazenda Guido Mantega para não atrapalhar (sic) os trâmites  das operações no BNDES. (Mantega nega).  Contudo, alegaram eles, que não houve interferência na análise técnica e na concessão dos aportes pelo banco.
               Laudos da Bullish, deflagrada em maio, apontam que houve fraudes em pelo menos seis aportes feitos pelo Banco na empresa. Marx disse que as investigações mostram que houve, no mínimo, gestão temerária nas operações. Para ele, tal justifica processar tantos os gestores do banco, quanto os executivos, na condição de coautores.
              "O BNDES não fez isso sozinho. Foi sempre por demanda deles (a JBS )", afirmou Marx, ressaltando que os crimes estão "muito bem detalhados" no inquérito. "A empresa errou quando se 'esqueceu' que o problema dela" é o BNDES, disse o Procurador Ivan Marx.
              A operação avalia agora se houve outros delitos, além de gestão temerária. Não há prazo para a eventual denúncia. Tanto a JBS quanto o BNDES não se manifestaram.
                No que tange à Delação, o Procurador Marx declara que não é sua tarefa, mas da PGR, tomar eventuais  medidas para suspender ou anular as colaborações, por possível omissão de fatos criminosos. E assevera: "O que me cabe é dizer que tenho prova dos crimes e processá-los."
                 Nesse sentido, o Procurador Marx criticou a conduta adotada com delatores, de chamá-los para complementar depoimentos quando se demonstra que ocultaram informações dos investigadores. Para ele, a prática, conhecida como recall,  passa a mensagem de que vale a pena esconder dados no momento dos depoimentos e só revelá-los depois, se descobertos: "Se você provar, eu faço recall".

                   O procurador também avalia ajuizar ação de improbidade administrativa para cobrar da JBS prejuízos causados pelas operações do BNDES, por ora calculados em R$ 1 bilhão. Segundo Marx, o valor em tela não foi compensado pelo acordo de leniência de R$ 10,3 bilhões firmado pelo próprio Ministério Público Federal com o Grupo J&F.
                     A negociação foi conduzida pelos procuradores da Operação Greenfield, que apura desvios em negócios do frigorífico e outras empresas do grupo com fundos de pensão. "Nós (da Bullish) não aderimos a esse acordo", disse Marx.
                  As críticas de Marx aos delatores da JBS  não se limitam a tais observações.  Como foi ontem mostrado pelo Estadão, o procurador alega que a empresa J&F tem sonegado documentos.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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