sábado, 5 de agosto de 2017

Instalada a constituinte de Maduro

           

       Sim, leitor, constituinte com letra minúscula, por favor.  Pois em se tratando de abstrusa imposição de Nicolás Maduro, ela jamais terá o caráter soberano que faz parte da essência da assembleia, quando ela corresponde a genuíno anseio popular.

       Na Venezuela, o repúdio a tal aborto legislativo é imenso. Em termos de repulsa, o Povo soberano votou com os pés, sequer comparecendo às juntas eleitorais para depositar o sufrágio. Daí a ânsia de Maduro e sua coorte em fraudar o sufrágio, inflando os totais, de acordo de resto com o clima de farsa que deve pairar neste exercício em que se tenta dar a uma assembléia sem qualquer legitimação popular a aparência de legalidade.

        A encenação está montada e a sua presidenta é a notória Delcy Rodriguez. De forma sintomática, os retratos do caudillo Hugo Chávez Frias, que haviam sido retirados da Assembleia - aonde sem maiores cerimônias ontem se instalou a constituinte de fancaria  - foram repostos nas paredes.

          Essa constituinte sem nível e, no entanto, acreditando-se sem limites, pode chegar a pensar que os parâmetros dos poderes de tais órgãos soberanos também a essa escumalha legislativa se apliquem, embora pelas características da respectiva "eleição" - com a mentirosa afluência, que o próprio esperto sistema de aferição já determinara, com a vergonha do forjado e inchado apoio popular - a sua "autoridade" só se deriva do mando ditatorial do presidente Nicolás Maduro.
          A par das ditaduras de China - esta ávida de ouro negro, que falta no Império do Meio - e Rússia, não há apoio de monta a essa empulhação.
               Por sua vez, o próprio Mercosul - com o relutante voto do Uruguai, enleado por preocupações eleitoreiras da Frente Unica - afinal votou pela suspensão da Venezuela do organismo.

             Diante da católica Venezuela, o próprio Papa Francisco condenou o simulacro de consulta popular e, por conseguinte, esse arremedo de Constituinte, que já nasce desautorizado por maciça abstenção.
            A diversão com as encenações tanto de criação de órgão que se pretende com poderes totalitários, quanto os vazios protestos dos "hermanos" latino-americanos, na realidade deixam no abandono o sofrido Povo da Venezuela. 
          
          Por sua vez, o crescente isolamento internacional é apenas quebrado pelo "apoio" da Federação Russa e da República Popular da China, esta última pela razão acima muy amiga do catastrófico regime de Maduro.



( Fonte: O Estado de S. Paulo )       

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