Sim, leitor, constituinte com letra minúscula, por favor. Pois em se tratando de abstrusa imposição de
Nicolás Maduro, ela jamais terá o caráter soberano que faz parte da essência da assembleia, quando ela corresponde a genuíno anseio popular.
Na Venezuela, o repúdio a tal aborto
legislativo é imenso. Em termos de repulsa, o Povo soberano votou com os pés,
sequer comparecendo às juntas eleitorais para depositar o sufrágio. Daí a ânsia
de Maduro e sua coorte em fraudar o sufrágio, inflando os totais, de acordo de
resto com o clima de farsa que deve pairar neste exercício em que se tenta dar
a uma assembléia sem qualquer legitimação popular a aparência de legalidade.
A encenação está montada e a sua
presidenta é a notória Delcy Rodriguez. De forma sintomática, os retratos do
caudillo Hugo Chávez Frias, que haviam sido retirados da Assembleia - aonde sem
maiores cerimônias ontem se instalou a constituinte de fancaria - foram repostos nas paredes.
Essa constituinte sem nível e, no
entanto, acreditando-se sem limites, pode chegar a pensar que os parâmetros dos
poderes de tais órgãos soberanos também a essa escumalha legislativa se apliquem,
embora pelas características da respectiva "eleição" - com a mentirosa
afluência, que o próprio esperto sistema de aferição já determinara, com a
vergonha do forjado e inchado apoio popular - a sua "autoridade" só
se deriva do mando ditatorial do presidente Nicolás Maduro.
A par das ditaduras de China - esta ávida de ouro negro, que falta no Império do Meio - e
Rússia, não há apoio de monta a essa empulhação.
Por sua vez, o próprio Mercosul - com
o relutante voto do Uruguai, enleado por preocupações eleitoreiras da Frente
Unica - afinal votou pela suspensão da Venezuela do organismo.
Diante da católica Venezuela, o
próprio Papa Francisco condenou o simulacro de consulta popular e, por
conseguinte, esse arremedo de Constituinte, que já nasce desautorizado por maciça abstenção.
A diversão com as encenações tanto
de criação de órgão que se pretende com poderes totalitários, quanto os vazios
protestos dos "hermanos"
latino-americanos, na realidade deixam no abandono o sofrido Povo da Venezuela.
Por sua vez, o crescente isolamento internacional é apenas quebrado pelo "apoio"
da Federação Russa e da República Popular da China, esta última pela razão acima muy amiga do catastrófico regime de Maduro.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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