Apesar de bisonho e violento, o esquema do ditador Maduro de implantar a
ditadura chavista - em mistura de força bruta, desrespeito aos princípios
democráticos e de cinismo - acha-se em pleno desenvolvimento.
Os deputados da Assembléia Legislativa -
os legítimos, porque eleitos em eleições regulares, e na disputa partidária - foram
impedidos de adentrar o prédio do Parlamento, como se fosse espaço a que não
tivessem direito de ingressar.
Por outro lado, a vis ditatorial - ou o que vai no bestunto de Nicolas Maduro - não
admite resistências ou exceções. A Chefa da Constituinte, Delcy Rodriguez
contou com apoio militar para apossar-se, na noite de segunda, do salão de
sessões do Parlamento.
Além disso, a chamada Comissão da Verdade deverá virar uma
espécie de comissão estalineana (Cf. os expurgos determinados pelo ditador
Stalin, em que foram executados vários líderes revolucionários na década de
trinta do século passado.
Segundo o ditador, a Comissão da
Verdade pode julgar qualquer um, o que configura poder discricionário em
tese absoluto. Na História, se tivessem algum nível Maduro e seu bando, só há
dois exemplos similares, e que marcaram a orgia assassina de regime
enlouquecido pelo poder absoluto na luta das facções. Maduro pode escolher
entre Fouquier Tinville, o presidente do Tribunal Revolucionário, em que a convocação
do suspeito anunciava a sua próxima ida à Praça da Concórdia e à guilhotina; e
o Camarada Joseph Stalin, que, tangido pela paranóia, prendia e julgava os antigos
companheiros revolucionários, que deviam confessar os próprios desvios antes de
marcharem para o pelotão de fuzilamento.
O sinistro TSJ - Tribunal Supremo de
Justiça - em sessões na madrugada condenou o prefeito de Chacao, Ramón Muchacho (julgado in absentia
pois está foragido) a quinze meses de prisão, sua destituição do cargo e sua
inabilitação política (espécie de cassação, conforme a prática da justiça
militar de nossos militares). Muchacho, cujo paradeiro é desconhecido, divulgou
na sua conta do Twitter um
comunicado: "Nos condenam por fazer
nosso trabalho, por garantir o legítimo direito aos protestos pacíficos e ao
exercício dos direitos civis e políticos dos venezuelanos. Nos condenam por
lutar por uma mudança na Venezuela."
Em escalada na sua
estratégia de pressionar diplomaticamente a Venezuela através da comunidade
internacional, ministros do exterior e representantes de doze países decidiram
adotar ontem, oito de agosto, um conjunto de medidas para tornar evidente e
indiscutível sua condenação aos atos ilegais e de força do governo de Nicolás
Maduro.
Depois do anfitrião da reunião em
Lima, Ricardo Luna, discursou o Ministro
das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes: "Essa reunião dá um passo muito importante
no rumo do isolamento diplomático de um regime que perdeu a razão e castiga seu
povo com o horror da crise econômica, do desabastecimento e da repressão."
Na "Declaração de Lima",
os ministros do exterior de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia,
Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru afirmam não
reconhecer a Assembléia Constituinte, eleita na semana passada, e reiteram seu
apoio à Assembleia Nacional, controlada pela Oposição venezuelana. Pela
declaração, os atos que dependam da aprovação do Legislativo só serão reconhecidos
após aprovados pela Assembleia Nacional.
Em termos de providências
práticas, os ministros concordaram em não apoiar nenhuma candidatura
venezuelana em mecanismos de organizações regionais internacionais, e informam
que darão prosseguimento à aplicação da Carta Democrática Interamericana, na
OEA. Decidiram ainda pedir o adiamento da reunião de cúpula entre a União
Européia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, que estava
programada para este outubro. Além disso, os chanceleres igualmente asseveraram
que "a Venezuela não cumpre com os requisitos nem obrigações dos membros
do Conselho de Direitos Humanos da ONU."
É de notar-se que além dos países
do bloco chavista - Nicarágua, Equador, Bolívia - também não participou da
Declaração o Uruguai - decerto por conta da liderança de Mujica - o que é lamentável, pela obtusidade em
negar-se a condenar a violenta ditadura de Nicolás Maduro.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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