quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Equador: cisão no chavismo?


       No Equador, o atual presidente, Lenin Moreno, vem mostrando atitude diversa daquela de seu padrinho político eleitoral, Rafael Correa. Ele está preocupado - e com justa razão se diga de paso - "com a quantidade de presos políticos" na Venezuela.
       A atitude do novo presidente, embora faça questão de frisar o respeito à autodeterminação dos povos e a não-ingerência - que é a posição de Quito desde o início da crise venezuelana - não deixou, outrossim, de condenar "de forma enérgica" as mortes nas manifestações (provocadas pelos meios letais utilizados pelas forças repressoras de Maduro).
        Ainda crítica a voz de Lenin Moreno verberou: "Não deixa de nos preocupar também a quantidade de presos políticos. A democracia é aquela em que os problemas se resolvem  com o diálogo entre todos os atores."
         Auspiciosamente, assim continuou o novel presidente equatoriano: "Lembro que o melhor mecanismo é a democracia direta, que para os mandatários deveria ser a última palavra. Nossa profunda solidariedade com o Povo venezuelano, e o mais profundo desejo de que cheguem à Paz logo e que não se derrame nem uma gota de sangue a mais."
         É de assinalar-se  que esta é a primeira declaração de Moreno sobre a crise venezuelana, desde a sua posse em 24 de maio. Nesse período, quem se manifestou sobre o conflito foi a ministra das relações exteriores, Maria Fernanda Espinosa.
         Afastando-se do apoio incondicional anterior dos aliados chavistas, o discurso não parece contribuir para compor a já difícil relação entre o sucessor Moreno e o seu padrinho, Rafael Correa. Ainda mais, porque no sábado doze, o ex-presidente chamou o sucessor de traidor e o acusou de querer destruir seu legado e cassar seus direitos políticos.


( Fonte: Folha de S. Paulo )

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