Segundo noticia a imprensa a
construtora Odebrecht não poderá tocar
nenhuma das onze obras inacabadas que tem na Venezuela. Um tribunal do país
determinou a suspensão e mandou que a Guarda Nacional assegure que nenhum
material seja tocado nos canteiros da obra inacabada.
A decisão, tomada pela Segunda Corte
do Contencioso Administrativo, em sentença de 9 de agosto, acatou pedido feito
pela Procuradoria Geral da República, para que salvaguardasse os bens da
sucursal venezuelana da empresa, com o fim de resguardar o patrimônio público.
O tribunal justificou a decisão
afirmando que 11 das 20 grandes obras que os governos de Hugo Chávez e Nicolás
Maduro encomendaram à empresa estão totalmente paralisadas.
A Procuradoria-Geral pediu a várias
instâncias que realizem inspeções nas
construções. Verificou-se, outrossim,
que em algumas já não há um só operário e que a maioria das obras está longe do
término. Exemplo disso é a terceira ponte sobre o Orinoco, no estado de
Bolívar, que faz fronteira com o Brasil. Inacabada, ela está pela metade. Em
outras obras, como a segunda linha de metrô de Los Teques, cidade satélite de
Caracas, a construção não chega a 38%.
Antes de sua destituição pela
Constituinte de Maduro, a Procuradora-Geral Luísa Ortega Díaz denunciou o
pagamento pela Venezuela à Odebrecht de US$ 30 bilhões por obras de
infraestrutura (pontes, represas, linhas de metrô e teleféricos). Sem embargo,
a maioria dela está muito longe da sua conclusão, apesar de que diversas delas
hajam sido pagas integralmente. A ex-Procuradora-Geral indicara que havia
indícios de que pelo menos 20 funcionários, ex-funcionários e parentes
respectivos tenham recebido propina, em troca da concessão dos contratos para a
empresa.
Embora a sentença não ofereça
motivo algum para a paralisação das
obras - muito ao contrário, ela afirma que "estão paralisadas sem
justificativa" - no setor de construção se garante que os atrasos nos pagamentos
pelo governo e, previsíveis razões, as investigações que sob a responsabilidade
da Procuradora e problemas com entrega de material impediram a empresa de cumprir
com suas obrigações, dentro dos prazos previstos.
Dadas as condições da
economia, não surpreende que na Venezuela a escassez não seja apenas de
alimentos e remédio, mas também de material de construção, como cimento e vigas
de aço, apesar de serem de fabrico nacional.
Por óbvias razões - a investigação pela Procuradora-Geral Ortega que vinha sendo realizada no que tange à Odebrecht está ameaçada de paralisação.
Ontem, o novo
Procurador-Geral, Tarek William Saab, nomeado pela notória Assembléia
Constituinte sob a presidência de Delcy Rodriguez, não só anunciou a
destituição de Pedro Lupera e seu auxiliar, Luis Sanchez, mas também providenciou a detenção de ambos, por supostamente participarem de rede de procuradores
que extorquiam dinheiro e chantageavam pessoas e, por isso, devem prestar
contas à Justiça.
Na verdade, Lupera e Sánchez estavam encarregados de
investigar a Odebrecht. Foram eles que, no início de agosto,viajaram a Salvador
para encontro com o publicitário João Santana e sua companheira, Monica Moura,
com o escopo de obter em informações sobre suposto financiamento ilegal da
última campanha de Chávez de parte da Odebrecht e outras empresas brasileiras.
A dupla também buscava provas dos
subornos pagos pela companhia a funcionários chavistas em troca de fraudados contratos
milionários. Fontes do Judiciário garantem que ambos não voltaram à Venezuela. Saab também requereu a prisão preventiva do deputado German Ferrer, marido de sua antecessora no cargo, acusando-o de ser o
"o líder desse bando de chantagistas". Depois disso, a residência de Ortega
e Ferrer em Caracas foi invadida pela polícia, afirmou a ex-procuradora que não
estava no local.
Não surpreende que a
investigação, na verdade, haja sido pedida por Diosdado Cabello, homem forte do
chavismo, que segue métodos gangsteristicos. Por isso, e diante da ameaça de Lupera e Sanchez de investigarem a Odebrecht e suas conexões com os governantes - Diosdado terá tratado de denunciar por antecipação a Procuradoria que se "transformou por culpa da
administração anterior, em grande centro de chantagem e corrupção",
afirmando que "procuradores extorquiam empresários, detentos. Temos
gravações".
Consultada a respeito das acusações contra o marido, a mulher de Lupera afirmou: "Como eles temem o caso Odebrecht..."
Consultada a respeito das acusações contra o marido, a mulher de Lupera afirmou: "Como eles temem o caso Odebrecht..."
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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