A procuradora-geral da Venezuela, a Senhora Luísa Ortega Díaz fez
ontem séria acusação contra o ditador Nicolás Maduro. Feita em mensagem de
áudio enviada à reunião de membros do Ministério Público da América Latina.
Esse congresso se realiza em Puebla, no
México.
Temos os detalhes de toda a
operação, quantias e personagens que enriqueceram, disse a Procuradora.
Por falta de condições na ditadura
de Maduro, ela se sentiu obrigada a abandonar a Venezuela, depois que a Assembleia
Constituinte, na farsa montada pelo ditador, a tirou do cargo e mandou prender
o marido, o deputado Germán Ferrer.
A corajosa Procuradora-geral assegurou que "a investigação envolve o
senhor Nicolás Maduro e seu entorno".
A Odebrecht, que é acusada de pagar
propina em vários países da América Latina, afirma que está colaborando com as
investigações.
A Procuradora Ortega criticou o
ataque conduzido por militares ao Ministério Público venezuelano, após a sua
destituição do cargo, a cinco de agosto corrente. "Mais de trezentos
oficiais da Guarda Nacional Bolivariana participaram desse desonroso evento", declarou a Procuradora.
No ambiente de perseguição na
Venezuela ditatorial de Maduro, a
Procuradora - que foi proibida de deixar o país e teve seus bens congelados -
disse que sofre perseguição sistemática e pediu que suas declarações fossem
repassadas à imprensa. "Podem inventar crimes, prender meus parentes, mas jamais renunciarei
à defesa da democracia, da liberdade e dos direitos humanos."
A Procuradora Ortega, por óbvios motivos, não revelou o próprio paradeiro. Ortega tampouco revelou o seu paradeiro atual. Uma fonte da
Procuradoria mexicana disse que autoridades locais não sabem se ela está no México.
Já em Caracas, a apparatchick do chavismo
imperante, a Presidenta Delcy Rodriguez
acusou Ortega de exercer a "supremacia branca" durante seu período à
frente do Ministério Público. "A ex-procuradora-geral fez da cor de sua
pele (sic) uma ideologia para perseguir jovens pobres,
negros e mestiços", acusou, sem oferecer quaisquer provas.
A Procuradora Ortega foi
destituída de seu cargo na primeira ação dessa falsa Assembléia Constituinte.
Tanto ela, quanto o marido, o deputado German Ferrer foram alvos de ação de busca
e apreensão e a Constituinte decidiu remover a imunidade parlamentar de Ferrer.
Em atitude que reflete a falta
de qualquer princípio moral e de mínimo respeito à verdade, agora a dupla vira
"os mentores intelectuais" dos protestos que ocorrem na Venezuela
desde 1º de abril e já deixaram 125 mortos. Maduro também teria ordenado o confisco dos passaportes do casal - em
prática comum nas ditaduras - e, por isso ela teria fugido "para a
Colômbia ou para o Brasil". Já rede colombiana assegura que a fuga foi na
direção do México e que os dois escaparam juntos.
Nessa hora difícil para
Ortega e seu esposo, é importante que se dê constância que ela rompeu
definitivamente com o ditador após a convocação da Assembléia Constituinte -
que "elegeu" 545 novos representantes - quase todos chavistas, para
"reescreverem a Carta venezuelana".
A Procuradora Ortega mandara investigar
nos últimos meses abusos de militares chavistas contra manifestantes e dera prosseguimento a algumas investigações no caso Odebrecht, que teria pago na
Venezuela US$ 98 milhões em propinas.
É de notar-se que a Assembléia Constituinte
permitiu a Maduro que demitisse a Procuradora Luisa Ortega, substituindo-a por gente da própria confiança do ditador. Foram afastados também os seus colaboradores mais próximos.
Ortega fora nomeada para o cargo pelo próprio Presidente Hugo Chávez Frias.
A Procuradora Luisa Ortega Díaz é um desses casos clássicos de personagens que crescem na adversidade.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário