domingo, 13 de agosto de 2017

Elizabeth Warren quer a Casa Branca

                                     

        Estimulada pela estranha derrota de Hillary Clinton contra o direitista Donald Trump, a Senadora Elizabeth Warren (Mass./Dem)  já parece em campanha pela Casa Branca.
        Sem mencionar explicitamente, seja Hillary, seja a sua corrente, o Senador Bernie Sanders, a Sra.Warren julga mais oportuno sublinhar que o esforço da ala  Clinton em posicionar o partido no centro deva ser relegado à História.
        A tática democrata do Presidente Clinton garantiu-lhe dois mandatos seguidos. Alinhar o Partido de FDR com os radicais - a exemplo da senadora por Massachusetts - é condená-lo a seguidas derrotas, dada a atual preferência da maioria do Povo americano pelo centro. Se os democratas passarem a ser confundidos com os radicais - liberals no vocabulário político estadunidense - eles perderiam  parcela substancial do eventual apoio que os votantes latinos, afro-americanos e outras minorias  costumam dar-lhes.
        A direita americana busca desmerecer da vitória por milhões de votos no sufrágio popular por Hillary.A votação indireta - por colégios eleitorais - tem sido grande trunfo dos republicanos, com o indicam os triunfos na votação popular por Al Gore, no começo deste século, e pela própria Hillary, em 2016, para serem ambos derrotados pela votação indireta dos colégios eleitorais.
         O celeiro dos democratas está na votação das minorias - afro-americanos,  mesti-ços, extratos de menor renda - e cabe ao Partido de Roosevelt defendê-los dos truques do GOP, ao restringir-lhes o acesso às seções de votação, através de exigências burocráticasnuma tendência que ultimamente tem crescido, agora que já foi esvaziada a legislação anti-racista do Sul, pelo enfraquecimento do controle pelo Congresso das tendências sulistas de afastar as minorias que costumam apoiar o Partido que lhes apóia os direitos políticos. O Chief Justice Roberts (mais uma indicação de presidente republicano) chegou a declarar que felizmente não era mais necessário recorrer a tais medidas pelo Congresso federal, eis que o Sul já estava livre do racismo...
          Será uma luta longa, mas vejo muito mais possibilidades de os democratas crescerem na Casa Branca, no Congresso e nos Estados, o que se rea lizado repercutiria na Corte Suprema de Justiça, quando a desejada maioria progressista nos juízes fosse afinal recuperada.  Tal avanço repercutiria na melhoria das condições jurídicas e, por conseguinte, políticas, das minorias defraudadas pelos conservadores (i.e.,republicanos) com a volta dos bons tempos de  Supremo que estará do lado das massas defraudadas e da política progressista (época das grandes decisões liberais na Justiça - Miranda e a Roe vs. Wade, sentença pró-aborto, que vem sendo esvaziada pelo GOP).
            Nada disso será conseguido se o Partido Democrata passar a ser confundido como dominado por  corrente radical e de esquerda, o que nos Estados Unidos equivaleria a condená-lo a  virtual beco político.
            Indicar Elizabeth Warren  para  a nomination na futura eleição para a Casa Branca é concedê-la de mão beijada, para o GOP, com todos os benefícios colaterais que tal implicaria para os republicanos.
            Ver um grande partido, como o de Roosevelt, passar ao controle de radicais  - ao ver do eleitorado estadunidense  - seria conceder a Casa Branca, e a maioria nas duas Câmaras legislativas - Senado e Câmara de Representantes,  por antecipação  a longos períodos de domínio pelas forças do atraso, vale dizer do Grand Old Party, i.e. o Partido Republicano.


( Fonte: The New York Times )

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