A ex-Procuradora-Geral da
Venezuela, uma vez asilada na Colômbia,
veio ao Brasil para participar hoje, em Brasília, de encontro com
procuradores-gerais de países do
Mercosul.
Nessa reunião, ela promete apresentar
provas que vinculam o Presidente Nicolás Maduro e seu círculo mais próximo a
diversos casos de corrupção, entre os quais a construtora Odebrecht.
A senhora Ortega passou ontem pelo
controle migratório colombiano. O presidente da Colômbia Juan Manuel Santos
declarou a propósito que ela estava sob "sua proteção e poderia requerer
asilo se quisesse".
Não obstante, especula-se na imprensa
de Bogotá que o destino final da Procuradora Ortega poderia ser os Estados Unidos.
Em comunicado enviado ao site
antichavista La Patilla, a senhora
Ortega prometeu revelar em Brasília provas da corrupção que incriminam Maduro e seus colaboradores mais
próximos. Nesse sentido a senhora Ortega
disse: "Ratificarei minha denúncia sobre a ruptura constitucional na
Venezuela. Reitero meu compromisso com a paz e volta das liberdades usurpadas
pela ditadura. Não abandonem a Venezuela".
Em entrevista coletiva em Caracas,
Nicolás Maduro disse, sem oferecer
provas, que Ortega fingiu por anos ser chavista, enquanto colaborava com o
governo americano. Dando prova ou do próprio cinismo, ou de afastamento da
realidade, ele prometeu solicitar à Interpol a captura de Ortega e do marido, o
deputado Germán Ferrer: "A Venezuela vai solicitar à Interpol um código
vermelho para essas pessoas envolvidas em crimes graves", declarou com o semblante sério, o presidente Maduro.
Mas Maduro não se cingiu a tais
pedidos que agridem a realidade. Chegou
a pedir ao Papa Francisco ajuda para
diálogo com a oposição e para impedir que se concretizasse a advertência de
Donald Trump de que poderia intervir
militarmente na Venezuela.
"Que o Papa nos ajude no
diálogo respeitoso. Na verdade, que o Papa nos ajude a impedir que Trump lance
suas tropas e invada a Venezuela. Peço ao Papa ajuda contra a ameaça militar
dos Estados Unidos."
É pouco provável que seja dada
atenção aos pedidos de Maduro, entre os quais atender à ordem de captura do
marido da procuradora, supostamente por ser "parte de um esquema extorsão
dentro do Ministério Público".
Não contente com as assertivas
acima, Maduro declarou que gostaria de "conversar" com Donald Trump,
e que enviaria carta ao líder estadunidense, pedindo diálogo. Sem trepidar,
afirmou que "lamentavelmente" as relações entre os dois países
"estão em seu pior momento", mas que ele Maduro pretende iniciar um
diálogo para "poupar tensões".
Aliás, assinala-se que o Secretário de Estado, Rex Tillerson já fez
saber que Trump não pretende aceita qualquer conversa com Maduro enquanto a
democracia não for restabelecida na Venezuela. Aliás, o atual ditador venezuelano foi incluído em uma lista de autoridades
daquele país proibidas de viajar ao território americano e de fazer negócios
com cidadãos ou empresas dos Estados Unidos.
Lembrando o que cantava Chico
em canção no tempo da ditadura militar no Brasil, a situação lá está preta. A
ardorosa chavista e membro da entourage de Maduro, Delcy Rodriguez, presidente da "Assembléia
Constituinte" , como se chama essa Câmara que lembra as assembléias
comunistas da então Europa do Leste, reportou-se a um twitter de um partido de oposição como
exemplo de "discurso de ódio", e anunciando a próxima introdução da
censura ou "discurso do ódio", disse de paso que a punição para tais
"delitos" será severa. Nesse sentido, a oposição teme que tanto a
"Constituinte" , quanto uma "comissão da verdade" a ser
criada pelo regime chavista constituam na realidade bases para lançar autêntica "caça às bruxas".
(
Fonte: O Estado de S. Paulo, Chico Buarque de Holanda )
Nenhum comentário:
Postar um comentário