sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Como neutralizar Trump?

          

        O recesso do Congresso americano se inicia em situação política na qual os republicanos não têm muito o que dizer sobre o seu controle das duas Câmaras e da Casa Branca.
        O objetivo de neutralizar o Obamacare não foi atingido. Agora, se delineia a perspectiva de retomada, ainda que tímida, do bipartidismo, como as crescentes promessas de trabalho conjunto das duas bancadas, GOP e democrata, para corrigir erros no ACA e ensejar a ressurgência da reforma da saúde.
        As duas bancadas - diante do malogro republicano em desmontar a reforma da saúde - partem agora, após anos de desunião, para um trabalho de comissões para rever pontos disfuncionais na Lei do Tratamento Custeável.
          Se o Congresso lograr superar os obstáculos, ambos os partidos poderão reivindicar reforma sanitária que preserve os cidadãos de baixa renda, e que retire do caminho, notadamente para o GOP, o espantalho de graves falhas no sistema de saúde, com a consequente reação do Povo americano sobre os seus representantes - no caso republicanos - sob a imputação de haver-lhes tirado, de forma irresponsável, o tapete de um indispensável atendimento sanitário.
          Por outro lado - diante da forma errática de atuação da Casa Branca - o Congresso reage também em outra área.  O Conselheiro Especial é blindado pelos parlamentares. Nesse sentido, a forma típicamente americana do Grand Jury é vista como a melhor maneira de preservar o Conselheiro Robert Muller, no que tange à nixoniana tática de que Trump apele para destituí-lo.
           O formato grand jury  preservaria o Conselheiro Especial, tornando muito mais difícil que o presidente Donald Trump tente com êxito desvencilhar-se  de sua presença fiscalizadora.
           Por outro lado, mais uma autoridade sob a linha de tiro do presidente, no caso o Attorney General Jeff Sessions vem recebendo ajuda do Congresso, em termos bipartidistas, para preservá-lo de possíveis incursões de Trump, que intenta enfraquecer a posição  do Procurador-Geral, desde que Sessions se declarou impossibilitado de supervisionar a designação de Muller.
            Dado o caráter pouco confiável do presidente, tal se tem traduzido em uma ressurgência dos poderes constitucionais de outras áreas da governança, como está sucedendo com a crescente autonomização do Congresso, que se reflete na preservação do interesse da Nação americana, como está demonstrado nas relações com o Kremlin.
            Por outro lado, o New York Times assinala o trabalho do general John F. Kelly na Casa Branca. Por ele considerada como o organismo mais disfuncional em Washington, Kelly ora se empenha em dar coordenação à sede do poder executivo, e é mesmo possível - embora a probabilidade tende a baixar - que o general consiga de algum modo controlar a atuação do Presidente, posto que, dadas as suas características e respectivas potencialidades, semelha muito pouco provável que esse touro selvagem possa ser de alguma forma condicionado, mesmo seguindo o enfoque de medidas que estejam objetivamente no interesse do atual Chefe do Poder Executivo. O General Kelly, que é Secretário da Segurança Interna, tem procurado atuar na Administração Trump de forma a dar-lhe viés mais objetivo e conforme às implícitas necessidades da própria designação deste órgão do Governo americano.


( Fontes: The Washington Post, The New York Times )

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