O recesso do Congresso americano se
inicia em situação política na qual os republicanos não têm muito o que dizer
sobre o seu controle das duas Câmaras e da Casa Branca.
O objetivo de neutralizar o Obamacare não foi atingido. Agora, se
delineia a perspectiva de retomada, ainda que tímida, do bipartidismo, como as
crescentes promessas de trabalho conjunto das duas bancadas, GOP e democrata,
para corrigir erros no ACA e ensejar a ressurgência da reforma da saúde.
As duas bancadas - diante do malogro republicano em desmontar a reforma
da saúde - partem agora, após anos de desunião, para um trabalho de comissões
para rever pontos disfuncionais na Lei do Tratamento Custeável.
Se o Congresso lograr superar os
obstáculos, ambos os partidos poderão reivindicar reforma sanitária que
preserve os cidadãos de baixa renda, e que retire do caminho, notadamente para
o GOP, o espantalho de graves falhas no sistema de saúde, com a consequente
reação do Povo americano sobre os seus representantes - no caso republicanos -
sob a imputação de haver-lhes tirado, de forma irresponsável, o tapete de um
indispensável atendimento sanitário.
Por outro lado - diante da forma
errática de atuação da Casa Branca - o Congresso reage também em outra
área. O Conselheiro Especial é blindado
pelos parlamentares. Nesse sentido, a forma típicamente americana do Grand Jury
é vista como a melhor maneira de preservar o Conselheiro Robert Muller, no que
tange à nixoniana tática de que Trump apele para destituí-lo.
O formato grand jury preservaria o
Conselheiro Especial, tornando muito mais difícil que o presidente Donald Trump
tente com êxito desvencilhar-se de sua
presença fiscalizadora.
Por outro lado, mais uma autoridade
sob a linha de tiro do presidente, no caso o Attorney General Jeff Sessions vem
recebendo ajuda do Congresso, em termos bipartidistas, para preservá-lo de
possíveis incursões de Trump, que intenta enfraquecer a posição do Procurador-Geral, desde que Sessions se
declarou impossibilitado de supervisionar a designação de Muller.
Dado o caráter pouco confiável do
presidente, tal se tem traduzido em uma ressurgência dos poderes
constitucionais de outras áreas da governança, como está sucedendo com a
crescente autonomização do Congresso, que se reflete na preservação do
interesse da Nação americana, como está demonstrado nas relações com o Kremlin.
Por outro lado, o New York Times
assinala o trabalho do general John F. Kelly na Casa Branca. Por ele
considerada como o organismo mais disfuncional em Washington, Kelly ora se
empenha em dar coordenação à sede do poder executivo, e é mesmo possível -
embora a probabilidade tende a baixar - que o general consiga de algum modo
controlar a atuação do Presidente, posto que, dadas as suas características e respectivas
potencialidades, semelha muito pouco provável que esse touro selvagem possa ser
de alguma forma condicionado, mesmo seguindo o enfoque de medidas que estejam
objetivamente no interesse do atual Chefe do Poder Executivo. O General Kelly,
que é Secretário da Segurança Interna, tem procurado atuar na Administração
Trump de forma a dar-lhe viés mais objetivo e conforme às implícitas
necessidades da própria designação deste órgão do Governo americano.
( Fontes: The Washington
Post, The New York Times )
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