domingo, 6 de agosto de 2017

Expulsão de Luísa Ortega, Procuradora-Geral

                         

        Na estória triste da geral involução - política, econômica, e jurídica - da atual Venezuela, o que acontece com a Procuradora-Geral Luísa Ortega Díaz, é emblemático de o que ocorre com pessoas de caráter e espírito democrático nessa nação caribenha e sul-americana, que marcha a passo de ganso para o desfazimento e  a decadência. Se as ratazanas do poder, como Diosdado Cabello, e os adesistas a todo preço, como a destemperada Delcy Rodriguez, que de anti-chanceler pula para a cadeira micro-magna da Constituinte-lumpen, de onde de certo tronejará bazófias e impropriedades do agrado de seu Amo e Senhor, o ex-caminhoneiro que colheu das últimas luzes do agônico Hugo Chávez  o sinistro bastão do mando pela fraude e repressão conquistado - negociada a participação das Forças Armadas, com os luzentes uniformes e os sinistros tacões que mancham a triste história de tantos países da America Latina, em que Liberdade e Justiça são personagens que, muita vez tripudiados como agora na pátria de Simón Bolívar, o imortal Libertador, hoje cinicamente abusado pelos anões de Lilliput, procura, lá do espaço celeste, com muita raiva e tristeza, como desfazer-se possa da sinistra cambada que tenta apropriar-se de sua terra amada, que séculos atrás brilhou como fanal para a América Latina.                    

        A estória da Venezuela - que no século último luzira como uma das duas remanescentes democracias da América Latina - enquanto o resto do Continente mergulhou na longa castrense volta às sombras e trevas das ignavas e ridículas ditaduras, dos homens-forte - que na verdade são fracos e desprezíveis, a pavonear-se nos próprios luzidios uniformes - que triste essa fixação dos autocratas, dos Gómez, dos Strossner, dos Trujillo e tantos outros que passeiam por esse teatro da indigência intelectual e da mísera pobreza dos miseráveis - que, hélàs, sequer pertencem à escumalha de Victor Hugo - e que são os verdadeiros algozes da América Latina, com os seus ditadores de turno (que na verdade fracos são, eis que, prisioneiros do Palácio - porque temem o Povo autêntico, o sofrido lutador do cotidiano dessa América Latina - tratam da própria bolsa com o maior desvelo, eis que, como traidores que são,cuidam da respectiva fazenda, e preparam a própria fuga com cuidado - a exemplo dos ditadores africanos que depositam na Europa o luzente fruto da miséria de seus Povos).

        Diante da ressurgência de mais este fantasma, que bem-alimentado olha com desconfiança o seu machucado e mal-tratado Povo, que em grande maioria já o repele e repudia. Como copia os defeitos de outros ditadores, e vive no temeroso jardim cercado pelo deserto da própria incompetência, o caminhoneiro Nicolás Maduro, refém dos militares engalonados e condecorados, terá pouco tempo para encher as burras, arrancadas à custa da miséria e da fome de um Povo miserável, a que a incapacidade e a cupidez do próprio regime condena a uma vida breve.
         Diante de tal espetáculo, é de esperar-se que o centro do parlatório das Américas tenha consciência do ridículo em que mergulhará se enredar-se em teorias de soberania - que concedem ao Leão o direito da livre caça dos bichos menores - e que não passa de um pesado deboche do Direito, esse filho tantas vezes trânsfuga da Liberdade e do devido respeito ao próprio Povo venezuelano.



( Fontes: O Estado de S. Paulo, Thomas Hobbes,Simon Bolivar, Victor Hugo, George Orwell )

Nenhum comentário: