Na estória triste da geral involução -
política, econômica, e jurídica - da atual Venezuela, o que acontece com a
Procuradora-Geral Luísa Ortega Díaz, é emblemático de o que ocorre com pessoas
de caráter e espírito democrático nessa nação caribenha e sul-americana, que
marcha a passo de ganso para o desfazimento e
a decadência. Se as ratazanas do poder, como Diosdado Cabello, e os
adesistas a todo preço, como a destemperada Delcy Rodriguez, que de
anti-chanceler pula para a cadeira micro-magna da Constituinte-lumpen, de onde de certo tronejará bazófias e
impropriedades do agrado de seu Amo e Senhor, o ex-caminhoneiro que colheu das
últimas luzes do agônico Hugo Chávez o
sinistro bastão do mando pela fraude e repressão conquistado - negociada a
participação das Forças Armadas, com os luzentes uniformes e os sinistros tacões
que mancham a triste história de tantos países da America Latina, em que Liberdade
e Justiça são personagens que, muita vez tripudiados como agora na pátria de Simón Bolívar, o imortal Libertador, hoje cinicamente abusado pelos anões de Lilliput,
procura, lá do espaço celeste, com muita raiva e tristeza, como desfazer-se
possa da sinistra cambada que tenta apropriar-se de sua terra amada, que
séculos atrás brilhou como fanal para a América Latina.
A estória da Venezuela - que no século
último luzira como uma das duas remanescentes democracias da América Latina -
enquanto o resto do Continente mergulhou na longa castrense volta às sombras e
trevas das ignavas e ridículas ditaduras, dos homens-forte - que na verdade são
fracos e desprezíveis, a pavonear-se nos próprios luzidios uniformes - que
triste essa fixação dos autocratas, dos Gómez, dos Strossner, dos Trujillo e
tantos outros que passeiam por esse teatro da indigência intelectual e da
mísera pobreza dos miseráveis - que, hélàs,
sequer pertencem à escumalha de Victor Hugo - e que são os verdadeiros algozes
da América Latina, com os seus ditadores de turno (que na verdade fracos são,
eis que, prisioneiros do Palácio - porque temem o Povo autêntico, o sofrido lutador
do cotidiano dessa América Latina - tratam da própria bolsa com o maior desvelo,
eis que, como traidores que são,cuidam da respectiva fazenda, e preparam a própria
fuga com cuidado - a exemplo dos ditadores africanos que depositam na Europa o
luzente fruto da miséria de seus Povos).
Diante da ressurgência de mais este
fantasma, que bem-alimentado olha com desconfiança o seu machucado e
mal-tratado Povo, que em grande maioria já o repele e repudia. Como copia os
defeitos de outros ditadores, e vive no temeroso jardim cercado pelo deserto da
própria incompetência, o caminhoneiro Nicolás Maduro, refém dos militares
engalonados e condecorados, terá pouco tempo para encher as burras, arrancadas
à custa da miséria e da fome de um Povo miserável, a que a incapacidade e a
cupidez do próprio regime condena a uma vida breve.
Diante de tal espetáculo, é de esperar-se
que o centro do parlatório das Américas tenha consciência do ridículo em que
mergulhará se enredar-se em teorias de soberania - que concedem ao Leão o
direito da livre caça dos bichos menores - e que não passa de um pesado deboche
do Direito, esse filho tantas vezes trânsfuga da Liberdade e do devido respeito
ao próprio Povo venezuelano.
(
Fontes: O Estado de S. Paulo, Thomas Hobbes,Simon Bolivar, Victor Hugo, George
Orwell )
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