terça-feira, 29 de agosto de 2017

Sanções americanas contra Maduro

                     

        Na sexta-feira,  25 de agosto corrente, o Governo Trump fechou as portas para a Venezuela e a petroleira PDVSA captarem novos recursos no mercado financeiro americano, no momento em que o governo Maduro enfrenta o risco crescente de não conseguir honrar os pagamentos da respectiva dívida.
       As sanções são as mais graves aplicadas pela Casa Branca até agora no novo governo Trump. São também as primeiras que atingem setores específicos da economia venezuelana e não apenas,como as anteriores, a pessoas com altos cargos no governo de Nicolás Maduro.
        Nesse sentido, a ordem executiva do Presidente Donald Trump proíbe empresas ou pessoas fisicas  com base nos EUA de comprar novos bônus emitidos seja pela Venezuela, seja pelo ente petrolífero PDVSA. Essas medidas não afetam os papéis já lançados no mercado internacional pelo país, e a estatal, negociados  no mercado secundário de títulos nem novos bônus de curto prazo.
          Malgrado o agravamento da crise econômica e da profunda recessão em que o país caribenho está mergulhado, Maduro vem priorizando o pagamento em dia da dívida soberana, e com isso evitou um default, mas às custas de brutal redução no volume das importações. O desabastecimento da economia venezuelana é consequência direta dessa medida, em que o ditador privilegia a precária situação financeira, sobre o abastecimento de víveres e remédios à Venezuela.
             No entanto, tal torna mais séria a piora na situação das reservas cambiais - que caíram para menos de US$ 10 bilhões em julho (o mais baixo patamar em vinte anos).
              O calendário financeiro não dá, contudo, refrigério para o governo do ditador Maduro. Entre outubro e novembro próximos, Caracas terá de honrar vencimentos no montante de US$ 3,5 bilhões. Já em 2016, vencem pagamentos no montante de US$ 9,6 bilhões.
              Tais medidas visam a pressionar Maduro a restaurar a ordem democrática. Como muitos outros países, também Washington se opôs à eleição - de resto fraudulenta - da tal Assembleia Constituinte, que representa golpe  contra a Assembléia Legislativa, eleita democraticamente em 2015 e com maioria da Oposição.  Tais são as premissas que condicionaram a reação da Casa Branca, e por isso um dia depois da eleição fraudulenta, a 31 de julho, da Assembléia Constituinte, foram aplicadas ulteriores sanções pelo governo estadunidense.
                Preferindo bater no elo mais fraco,  Maduro responsabilizou Julio Borges, presidente da Assembleia Nacional, pelas sanções. Nesse sentido, e imitando processos fascistóides,  o ditador "pediu" à Assembleia Nacional Constituinte e ao Tribunal Superior de Justiça, dois leais servos do regime autoritário chavista, que abram processos por "traição à pátria" contra esses "opositores".
                 No seu estilo bombástico, o demagogo Maduro afirmou: "As medidas ilegais anunciadas pelo Presidente Trump violam o direito internacional e a Carta das Nações Unidas",  em cadeia de rádio e tv.  Consoante o ditador, o objetivo dos EUA é forçar a Venezuela a dar um calote na dívida externa. Tais sanções, segundo a Casa Branca, existem "para negar à Ditadura de Maduro uma fonte vital de financiamento para manter seu poder ilegítimo."
                  "Na tentativa de se preservar, a ditadura de Maduro recompensa e enriquece autoridades governamentais e do aparato de segurança, por meio do acúmulo de pesada dívida".  São palavras de integrante do governo,  pronunciadas sob a condição de não ser identificado.
                    Segundo declaram assessores de Trump,  haverá escalada de sanções, caso Maduro não atenda exigências feitas pelos EUA e outros países da região, entre os quais o Brasil:  libertação de presos políticos, respeito à Assembleia Nacional, fim da repressão aos opositores e eleições livres.
                      As sanções proíbem ainda a compra de ações emitidas por entes estatais venezuelanos e a remessa de lucros e dividendos  ao país pela refinaria Citgo, localizada no Texas e controlada pela PDVSA. Também foi proibida a compra de dois bônus detidos exclusivamente por entidades localizadas na Venezuela. O escopo é evitar que os papéis sejam usados para contornar as medidas acima referidas.
                        Por sua vez, a Casa Branca descartou nesta semana a possibilidade de lançar operação militar contra a Venezuela "no futuro próximo". "Avaliamos ampla gama de opções. Qualquer decisão será tomada em acordo com nossos parceiros na região. Nenhuma ação militar está proposta no futuro próximo, reiterou o general McMaster, assessor de Segurança Nacional do Presidente Trump. "Nunca antes tínhamos estado tão em sintonia com nossos sócios na América Latina", sublinhou o general, ao reportar-se à recente viagem do Vice-Presidente Mike Pence, que, como se sabe, incluíu Colômbia, Argentina, Chile e Panamá, mas por motivos que podem ser presumidos mas não explicitados, o Brasil.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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