Na sexta-feira, 25 de agosto corrente, o Governo Trump fechou
as portas para a Venezuela e a petroleira PDVSA captarem novos recursos no
mercado financeiro americano, no momento em que o governo Maduro enfrenta o
risco crescente de não conseguir honrar os pagamentos da respectiva dívida.
As sanções são as mais graves aplicadas
pela Casa Branca até agora no novo governo Trump. São também as primeiras que atingem
setores específicos da economia venezuelana e não apenas,como as anteriores, a
pessoas com altos cargos no governo de Nicolás Maduro.
Nesse sentido, a ordem executiva do
Presidente Donald Trump proíbe empresas ou pessoas fisicas com base nos EUA de comprar novos bônus
emitidos seja pela Venezuela, seja pelo ente petrolífero PDVSA. Essas medidas
não afetam os papéis já lançados no mercado internacional pelo país, e a
estatal, negociados no mercado
secundário de títulos nem novos bônus de curto prazo.
Malgrado o agravamento da crise
econômica e da profunda recessão em que o país caribenho está mergulhado,
Maduro vem priorizando o pagamento em dia da dívida soberana, e com isso evitou
um default, mas às custas de brutal
redução no volume das importações. O desabastecimento da economia venezuelana é
consequência direta dessa medida, em que o ditador privilegia a precária situação
financeira, sobre o abastecimento de víveres e remédios à Venezuela.
No entanto, tal torna mais séria a
piora na situação das reservas cambiais - que caíram para menos de US$ 10
bilhões em julho (o mais baixo patamar em vinte anos).
O calendário financeiro não dá,
contudo, refrigério para o governo do ditador Maduro. Entre outubro e novembro
próximos, Caracas terá de honrar vencimentos no montante de US$ 3,5 bilhões. Já
em 2016, vencem pagamentos no montante de US$ 9,6 bilhões.
Tais medidas visam a pressionar
Maduro a restaurar a ordem democrática. Como muitos outros países, também
Washington se opôs à eleição - de resto fraudulenta - da tal Assembleia
Constituinte, que representa golpe contra
a Assembléia Legislativa, eleita democraticamente em 2015 e com maioria da
Oposição. Tais são as premissas que
condicionaram a reação da Casa Branca, e por isso um dia depois da eleição
fraudulenta, a 31 de julho, da Assembléia Constituinte, foram aplicadas ulteriores
sanções pelo governo estadunidense.
Preferindo bater no elo mais
fraco, Maduro responsabilizou Julio
Borges, presidente da Assembleia Nacional, pelas sanções. Nesse sentido, e
imitando processos fascistóides, o
ditador "pediu" à Assembleia Nacional Constituinte e ao Tribunal
Superior de Justiça, dois leais servos do regime autoritário chavista, que
abram processos por "traição à pátria" contra esses "opositores".
No seu estilo bombástico, o
demagogo Maduro afirmou: "As medidas ilegais anunciadas pelo Presidente
Trump violam o direito internacional e a Carta das Nações Unidas", em cadeia de rádio e tv. Consoante o ditador, o objetivo dos EUA é
forçar a Venezuela a dar um calote na dívida externa. Tais sanções, segundo a
Casa Branca, existem "para negar à Ditadura de Maduro uma fonte vital de
financiamento para manter seu poder ilegítimo."
"Na tentativa de se
preservar, a ditadura de Maduro recompensa e enriquece autoridades
governamentais e do aparato de segurança, por meio do acúmulo de pesada
dívida". São palavras de integrante
do governo, pronunciadas sob a condição
de não ser identificado.
Segundo declaram assessores
de Trump, haverá escalada de sanções,
caso Maduro não atenda exigências feitas pelos EUA e outros países da região,
entre os quais o Brasil: libertação de
presos políticos, respeito à Assembleia Nacional, fim da repressão aos
opositores e eleições livres.
As sanções proíbem ainda
a compra de ações emitidas por entes estatais venezuelanos e a remessa de
lucros e dividendos ao país pela
refinaria Citgo, localizada no Texas e controlada pela PDVSA. Também foi
proibida a compra de dois bônus detidos exclusivamente por entidades localizadas na Venezuela. O escopo é evitar que os
papéis sejam usados para contornar as medidas acima referidas.
Por sua vez, a Casa
Branca descartou nesta semana a possibilidade de lançar operação militar contra
a Venezuela "no futuro próximo". "Avaliamos ampla gama de
opções. Qualquer decisão será tomada em acordo com nossos parceiros na região.
Nenhuma ação militar está proposta no futuro próximo, reiterou o general
McMaster, assessor de Segurança Nacional do Presidente Trump. "Nunca antes
tínhamos estado tão em sintonia com nossos sócios na América Latina", sublinhou
o general, ao reportar-se à recente viagem do Vice-Presidente Mike Pence, que,
como se sabe, incluíu Colômbia, Argentina, Chile e Panamá, mas por motivos que
podem ser presumidos mas não explicitados, o Brasil.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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