Reunidos ontem em São Paulo, os
Ministros das Relações Exteriores - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai -
decidiram finalizar o que fora deixado incompleto em abril último.
Naquele momento, por questões de
política interna, o Uruguai ainda tinha 'dúvidas' sobre a inexistência da
democracia na Venezuela.
Mesmo para aqueles cerceados pelos efeitos
internos da ideologia a eleição da Constituinte representou o nec plus ultra. Assim, o Uruguai teve de render-se à evidência, e
tomar por consenso a decisão de suspender a Venezuela do Mercosul.
Essa suspensão será doravante
discutida em nova reunião. Pelo
Protocolo de Ushuaia, as consultas são a etapa anterior às sanções.
Não faltaram
pesadas e mesmo irrespondíveis censuras ao procedimento do Governo Maduro,
pela sem-vergonhice da descarada manipulação do processo eleitoral, e a
aferição pela empresa Smartmatic - de
resto bastante conservadora - "estimamos que a diferença entre a quantidade
anunciada e a que aponta o sistema é de pelo menos um milhão de eleitores".
O especialista Rafael Villa,
professor da USP de Relações Internacionais, assinala que o dinamismo da
relação comercial entre Brasil e Venezuela diminuiu bastante nos últimos anos,
abrindo as portas para sanções mais duras.
O ápice do comércio
bilateral foi em 2011, com US$ 5,86
bilhões, com as exportações brasileiras para o vizinho país em US$ 4,59
bilhões. Depois da morte de Hugo Chávez e a decadência da Venezuela, o declínio
é a regra. Em 2016, as exportações atingem apenas US$ 1,69 bilhão, e nos
primeiros seis meses de 2017, a força da crise se espelha no valor de US$ 241
milhões.
Segundo o especialista, "a
Venezuela é um parceiro estratégico para o bloco em potencial, mas não real. Havia
expectativa de que a potência petrolífera pudesse desenvolver uma parceria, mas
não avançou."
Ainda de acordo com o cauteloso
Villa, as variações não estão ligadas à participação de Caracas no bloco, uma
vez que o país não chegou a implementar todas as regras e protocolos, impedindo
sua maior integração comercial.
Por outro lado, Villa lembra
que outros fatores tornaram o dinamismo bilateral menor ao longo dos anos.
É óbvio, por conseguinte, que
assinale a crise econômica e política da Venezuela, e a mudança do governo no
Brasil, com o desaparecimento político de Dilma Rousseff e sua política de apoio a
Caracas.
Nesses termos, de 8º maior
parceiro do país, em 2012, já em junho deste ano a Venezuela cai para o 56º
principal destino das exportações brasileiras...
Também tiveram influência os
escândalos de corrupção, envolvendo notadamente a Odebrecht, para reduzir
drasticamente o dinamismo da relação, e também os investimentos do BNDES.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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