domingo, 6 de agosto de 2017

Suspensão da Venezuela do Mercosul

                    

         Reunidos ontem em São Paulo, os Ministros das Relações Exteriores - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - decidiram finalizar o que fora deixado incompleto em abril último.
         Naquele momento, por questões de política interna, o Uruguai ainda tinha 'dúvidas' sobre a inexistência da democracia na Venezuela.
          Mesmo para aqueles cerceados pelos efeitos internos da ideologia a eleição da Constituinte  representou o nec plus ultra. Assim, o Uruguai teve de render-se à evidência, e tomar por consenso a decisão de suspender a Venezuela do Mercosul.
           Essa suspensão será doravante discutida em nova reunião.  Pelo Protocolo de Ushuaia, as consultas são a etapa anterior às sanções.

           Não faltaram pesadas e mesmo irrespondíveis censuras ao procedimento do Governo Maduro, pela sem-vergonhice da descarada manipulação do processo eleitoral, e a aferição pela empresa Smartmatic - de resto bastante conservadora - "estimamos que a diferença entre a quantidade anunciada e a que aponta o sistema é de pelo menos um milhão de eleitores".

             O especialista Rafael Villa, professor da USP de Relações Internacionais, assinala que o dinamismo da relação comercial entre Brasil e Venezuela diminuiu bastante nos últimos anos, abrindo as portas para sanções mais duras. 

              O ápice do comércio bilateral  foi em 2011, com US$ 5,86 bilhões, com as exportações brasileiras para o vizinho país em US$ 4,59 bilhões. Depois da morte de Hugo Chávez e a decadência da Venezuela, o declínio é a regra. Em 2016, as exportações atingem apenas US$ 1,69 bilhão, e nos primeiros seis meses de 2017, a força da crise se espelha no valor de US$ 241 milhões.   

               Segundo o especialista, "a Venezuela é um parceiro estratégico para o bloco em potencial, mas não real. Havia expectativa de que a potência petrolífera pudesse desenvolver uma parceria, mas não avançou."
                Ainda de acordo com o cauteloso Villa, as variações não estão ligadas à participação de Caracas no bloco, uma vez que o país não chegou a implementar todas as regras e protocolos, impedindo sua maior integração comercial.
                 Por outro lado, Villa lembra que outros fatores tornaram o dinamismo bilateral menor ao longo dos anos.
                  É óbvio, por conseguinte, que assinale a crise econômica e política da Venezuela, e a mudança do governo no Brasil, com o desaparecimento político de Dilma Rousseff e  sua política de apoio a Caracas.
                  Nesses termos, de 8º maior parceiro do país, em 2012, já em junho deste ano a Venezuela cai para o 56º principal destino das exportações brasileiras...
               Também tiveram influência os escândalos de corrupção, envolvendo notadamente a Odebrecht, para reduzir drasticamente o dinamismo da relação, e também os investimentos do BNDES.




( Fonte:  O Estado de S. Paulo )

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