terça-feira, 1 de novembro de 2016

Qual a responsabilidade do Diretor do FBI?

          

         Logo após a divulgação da iniciativa do Diretor do FMI de informar o Congresso de desenvolvimento inesperado quanto à investigação sobre os e-mails do servidor privado da Senhora Clinton, o caráter imprudente da iniciativa já se entremostrava.
         Naquela data, Mr James Comey dissera que estava obrigado a atualizar a questão, porque ele havia testemunhado em julho que a investigação fora completada.  Eis que agora, no entanto, se determina que Comey nada sabia sobre o teor dos novos e-mails descobertos na investigação  feita no computador de Anthony Weiner, o marido separado de Huma Abedin (uma das colaboradoras mais próximas de Hillary).
          Agora, diante dessa decisão tão imprudente quanto irresponsável, o Departamento de Justiça e o FBI  estão correndo para processar centenas de milhares  de e-mails, para determinar se existe algo relevante neles antes da data de oito de novembro, o dia das eleições.
           Mr Comey semelha pouco importar-se com as consequências de sua insinuação quanto à relevância dos dados obtidos. Até agora, o que está claro é que o diretor do FBI agiu de forma irresponsável. Ao afirmar que se colocava fora da política, na verdade o Sr. Comey criou um falso suspense quanto à situação criada.
           Com muita razão, estão revoltados - e indignados mesmo - a direção da campanha de Hillary e seus partidários. Também altas autoridades de Administrações passadas, tanto Democratas, quanto Republicanas, se juntaram em condenarem de forma unânime a leviandade de Mr Comey. O que aumenta ainda mais a suspeita quanto a tratar-se de mero equívoco, ou de uma decisão mais séria e consciente, é a existência desde muito de regra no Departamento de Justiça  (de que o FBI faz parte) contra a difusão de informações  incendiárias para o público e mesmo para o Congresso, a menos de sessenta dias da eleição, porque tal pode ser visto como tentativa de influenciar o voto. O próprio Richard Painter, o principal assessor do Presidente Bush em ética, afirmou que muito provavelmente a carta de Comey ao Congresso violou lei federal que impede servidor público de servir-se da própria posição para influenciar o resultado de eleição.  Nesse sentido,  Mr Painter dirigiu carta de queixa para o Bureau do Conselheiro Especial, para que investigue a iniciativa de Mr Comey.
              Não deixa de ser intrigante  que, em outros campos, em que a conexão  afetaria mais o GOP,  Mr James Comey foi bastante mais estrito.  Nesse sentido, Comey agiu com sucesso para retirar  o nome do FBI  de relatório publicado pela difusora CNBC, quanto à tentativa do Kremlin de influenciar na eleição presidencial.  Comey acreditava  que a informação era correta, mas não queria que o FBI aparecesse nela já tão próximo da eleição...
                Por fim, mesmo se emails confidenciais aparecerem na coleção do computador de Mr Weiner, isto não vai alterar em nada a situação jurídica de Hillary Clinton, eis que anteriormente o FBI já determinara que o uso de informação confidencial pela Secretária de Estado não havia sido intencional.
                À medida que se torna cada vez mais insustentável e condenável a leviana atitude de Mr James Comey,  o New York Times frisa que a eleição marcada pelo desrespeito de uma série de normas políticas e sociais, ora se encaminha para o respectívo término com atos tendentes a minar a confiança do Povo em uma de suas principais agências para a implementação da Lei.


( Fonte: The New York Times )

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