terça-feira, 22 de novembro de 2016

Ameaças de Putin à OTAN?

                             
          Sem querer tornar a situação mais grave do que é, parece-me importante relativizar a suposta declaração do Presidente Putin, posta em manchete pelo Estadão, na sua seção internacional: "Em meio à transição nos EUA, Putin ameaça bombardear alvos da OTAN".
           Não me colocando como defensor de Vladimir Putin - impressão que estou certo não colherão os leitores do meu blog - parece-me de interesse contextualizar a assertiva de Putin, dada ao diretor cinematográfico Oliver Stone, em entrevista: "A Rússia adotará medidas preventivas contra países da OTAN e poderá disparar mísseis contra alvos que veja como uma ameaça à sua segurança".
              Dentro do jogo intimidatório que sói caracterizar as reações russas ao armamento pela NATO (ou OTAN) de seus países membros, alguns dos quais, como Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia, fazem parte de o que o Kremlin denomina de "estrangeiro próximo",  se inserem as declarações de Gospodin Putin.
                O que tende a criar desconforto em Moscou é a postura da NATO de  fornecer armas (em geral mísseis convencionais de pequeno e médio alcance), para que esses países (que lograram liberar-se do jugo russo ) disponham de sistemas de mísseis de defesa (em geral de pequeno e médio alcance).

                Havia também quando Obama tomou posse uma espécie de cinturão de defesa colocado pela Administração Bush. O propósito era o de garantir a defesa do Ocidente, o que poderia ser alcançado mais facilmente  por essa espécie de linha Maginot preventiva.
                 Não foi difícil a Vladimir Putin logo após a posse de Barack Obama convencer o jovem presidente das boas intenções da Rússia, e por isso o cinturão defensivo foi desativado.
                 O comportamento ulterior de  gospodin Putin mostraria que os desígnios do antecessor republicano do democrata Obama não eram despropositados. Ajudaram a convencer o novo Presidente das reais intenções do presidente russo a anexação da Criméia e o ataque (supostamente por partisans pró-Rússia da Ucrânia oriental) de uma vasta extensão desse grande país limítrofe da Rússia.
                   Por essas agressões,  sanções são ainda aplicadas a Moscou.

                   Além disso, há, por fim, outro aspecto da matéria do Estadão que carece igualmente de ser relativizado. O fato de asseverar que a Federação Russa tem na sua mira alvos da OTAN para bombardear apenas quer dizer que os mísseis estão programados para atingir tais e tais alvos. Isso é o mesmo que pode ocorrer com os mísseis ocidentais, igualmente programados para visar objetivos russos.  Isso é apenas um procedimento de rotina, e, em última análise, significa que tais geringonças estão voltadas para tais e tais alvos. Isso não implica ameaça imediata e  é do jogo, significando apenas que aumenta a segurança do pequeno país assim armado poder eventualmente não só defender-se, mas causar significativos danos às cidades russas colocadas no seu visor...



( Fonte:  O Estado de S. Paulo ) 

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