Sem querer
tornar a situação mais grave do que é, parece-me importante relativizar a
suposta declaração do Presidente Putin, posta em manchete pelo Estadão, na sua seção internacional: "Em
meio à transição nos EUA, Putin ameaça bombardear alvos da OTAN".
Não me
colocando como defensor de Vladimir Putin - impressão que estou
certo não colherão os leitores do meu blog
- parece-me de interesse contextualizar a assertiva de Putin, dada ao diretor
cinematográfico Oliver Stone, em
entrevista: "A Rússia adotará medidas preventivas contra países da OTAN e
poderá disparar mísseis contra alvos que veja como uma ameaça à sua
segurança".
Dentro
do jogo intimidatório que sói caracterizar as reações russas ao armamento pela NATO (ou OTAN) de seus países membros,
alguns dos quais, como Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia, fazem parte de o
que o Kremlin denomina de "estrangeiro próximo", se inserem as declarações de Gospodin Putin.
O que
tende a criar desconforto em Moscou é a postura da NATO de fornecer armas (em geral mísseis
convencionais de pequeno e médio alcance), para que esses países (que lograram
liberar-se do jugo russo ) disponham de
sistemas de mísseis de defesa (em geral de pequeno e médio alcance).
Havia
também quando Obama tomou posse uma espécie de cinturão de defesa colocado pela
Administração Bush. O propósito era o de garantir a defesa do Ocidente, o que
poderia ser alcançado mais facilmente
por essa espécie de linha Maginot
preventiva.
Não
foi difícil a Vladimir Putin logo após a posse de Barack Obama convencer o
jovem presidente das boas intenções da Rússia, e por isso o cinturão defensivo
foi desativado.
O
comportamento ulterior de gospodin Putin mostraria que os
desígnios do antecessor republicano do democrata Obama não eram
despropositados. Ajudaram a convencer o novo Presidente das reais intenções do
presidente russo a anexação da Criméia e o ataque (supostamente por partisans pró-Rússia da Ucrânia oriental) de
uma vasta extensão desse grande país limítrofe da Rússia.
Por essas agressões, sanções são ainda aplicadas a Moscou.
Além disso, há, por fim, outro aspecto da matéria do Estadão que carece igualmente de ser
relativizado. O fato de asseverar que a Federação Russa tem na sua mira alvos
da OTAN para bombardear apenas quer dizer que os mísseis estão programados para
atingir tais e tais alvos. Isso é o mesmo que pode ocorrer com os mísseis
ocidentais, igualmente programados para visar objetivos russos. Isso é apenas um procedimento de rotina, e, em
última análise, significa que tais geringonças estão voltadas para tais e tais
alvos. Isso não implica ameaça imediata
e é do jogo, significando apenas que
aumenta a segurança do pequeno país assim armado poder eventualmente não só
defender-se, mas causar significativos danos às cidades russas colocadas no seu
visor...
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário