Volta e meia surgem nas colunas de
VEJA, comentários sobre possibilidades de autoridades do Governo e de
parlamentares de tentarem neutralizar a Operação Lava-Jato. A causa estaria na chamada 'delação do fim do mundo' que se
acharia em fase final de negociação entre o M.P. e executivos da
Odebrecht.
A
possibilidade de que tal delação implique políticos com gabinetes no Palácio do
Planalto, na Esplanada dos Ministérios e no Congresso Nacional, é decerto
grande.
Acuados, esses políticos pensam em partir
para o ataque: aprovar leis que possam garantir a impunidade dos protagonistas
do Petrolão, ou, no pior dos casos, mitigar os danos.
Essa suposta
contraofensiva, de que se fala muito, mas que não se concretiza até agora, é
capitaneada pelo Presidente do Senado, o peemedebista Renan
Calheiros. Só no âmbito da Lava-Jato, ele responde a oito inquéritos no Supremo. Também é investigado no STF por ter
tido despesas bancadas pela empreiteira Mendes Júnior. Desde algum tempo, se
conta com a sua passagem para a condição de réu. Mas por mistérios que a razão política desconhece, a espada de Dâmocles
no caso balança mas não cai.
O que faz
Renan Calheiros? Com as costas contra a parede, Sua Excia. resolve...
atacar. Nesse contexto, vejam a última
o que o Presidente do Senado aprontou: ele pretende convidar o procurador
Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, e o Juiz
Sérgio Moro, responsável por julgar o Petrolão na primeira instância,
para debater um projeto sobre abuso de autoridade. Não é que o texto desse
projeto data de 2009 e como declara a VEJA estava em uma gaveta até que ação de
busca e apreensão no Senado Federal, realizada neste junho passado, levou Renan a ressuscitá-lo... O propósito do
peemedebista seria na aparência nobre: quer evitar excessos de parte das
autoridades. No entanto, como é alvo dos investigadores, sua motivação já
capenga.
O Juiz Moro e os procuradores
interpretam a iniciativa como uma
tentativa dissimulada de intimidação. É difícil visualizar tal situação, mas
VEJA alvitra a possibilidade de Renan tentar colocá-los contra a parede, com a
ajuda de seus colegas, muitos dos quais
estão sob suspeita de embolsar propinas desviadas dos cofres da Petrobrás. Por estranha coincidência, no mesmo dia em
que o peemedebista manifestou a intenção
de debater com Moro e Dallagnol, o ex-presidente
Lula disse ser vítima de um "pacto
diabólico", firmado pela dupla.
Vê-se claramente que o eventual intento de constranger essas duas autoridades
pode querer ser passado como interesse supra partidário...
( Fonte: artigo de Daniel Pereira, na VEJA )
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